Uma equipa de
cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra (FCTUC) está a desenvolver métodos analíticos
instrumentais e de inteligência artificial (IA) que permitem prever
se um determinado óleo lubrificante usado pode ou não ser
regenerado, atendendo ao seu potencial de coagulação.
Este trabalho
está a ser realizado em colaboração com a
Sogilub -
Sociedade de Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados, Lda.,
no âmbito do projeto Intelligent Computation and Analytics for the
Regeneration of Oils (ICARO).
Em Portugal, a
taxa de regeneração está acima dos 80%, porém, alguns óleos
usados levantam problemas de coagulação durante esse processo que,
se não detetados, provocam uma paragem e consequente perda de todo o
óleo potencialmente regenerável.
«Os
óleos recolhidos nos pontos de recolha (oficinas automóveis e
indústria, por exemplo) são encaminhados para os Operadores de
Gestão de Resíduos (OGR) e, posteriormente, regenerados em unidades
industriais. O fenómeno de coagulação é complexo e os seus
mecanismos não são completamente conhecidos»,
começa por explicar Marco Reis, docente do Departamento de
Engenharia Química (DEQ) e investigador do Centro de Engenharia
Química e Recursos Renováveis para a Sustentabilidade (CERES).
Portanto,
continua
o coordenador do projeto, «estamos
a desenvolver uma ferramenta baseada em IA, que permita prever a
regenerabilidade desses óleos.
Pretendemos
que este processo se realize de forma rápida, sem sobrecarregar os
laboratórios, pelo que a aquisição da informação deve ser ágil.
O processo atual
de deteção, feito durante a admissão dos óleos lubrificantes
usados nos OGR, baseia-se num processo laboratorial que é complexo,
demorado e dispendioso, e que, por esse motivo, deve ser melhorado.
Nesse sentido,
conta,
«explorámos
o uso de métodos espetroscópicos, como a espectroscopia MIR e NIR,
que permitem recolher a informação química fundamental para
alimentar o algoritmo de IA».
Neste momento, os
investigadores da FCTUC estão a iniciar a terceira fase de testes à
escala real e os resultados são muito promissores. «Nas
duas primeiras fases realizámos os testes em apenas um OGR, mas o
plano é estender a vários. No futuro, apesar de muito ambicioso,
queremos estudar o cenário desta decisão ser tomada logo nos pontos
de recolha, agilizando ainda mais a logística e eficiência do
processo de circularização dos óleos lubrificantes»,
revela.
O professor do
DEQ destaca ainda que «os
óleos lubrificantes são fundamentais para o funcionamento de muitos
tipos de máquinas usadas intensivamente na indústria e na
sociedade, pelo que a sua regeneração é crucial para maximizar a
eficácia com que se usam os recursos naturais e minimizar o impacto
ambiental».
No projeto, além
de Marco Reis, participam os professores Licínio Ferreira, Margarida
Quina e Pedro Faia e os investigadores, Tiago Rato, Rúben Gariso e
Sofia Braz.
*Sara
Machado
Assessora
de Imprensa
Universidade
de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia