O secretário de Estado dos Assuntos Europeus francês pediu solenemente ao antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso para não aceitar trabalhar na Goldman Sachs, lembrando o papel do banco na Grécia e durante a crise financeira.
“O senhor Barroso fez a cama dos antieuropeus. Apelo, pois, solenemente, a que abandone esse cargo”, afirmou esta quarta-feira Harlem Désir perante os deputados franceses, referindo-se ao cargo de presidente não executivo e conselheiro da Goldman Sachs no seguimento da decisão britânica de sair da União Europeia.
Para o governante francês, esta contratação “é particularmente escandalosa tendo em conta o papel desempenhado pelo banco durante a crise financeira de 2008, mas também o papel na camuflagem das contas públicas da Grécia“.
Defendendo alterações às regras sobre as incompatibilidades dos líderes europeus quando saem dos cargos, Harlem Désir considerou que “moralmente, politicamente, eticamente, é uma falha por parte do senhor Barroso”.
E acrescentou: “este é o pior serviço que uma ex-presidente de uma instituição europeia poderá dar ao projeto europeu num momento da história em que, pelo contrário, precisa de ser sustentado, mantido e reforçado”.
Também Pierre Moscovici, comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, admitiu que apesar de “não estar proibido”, o ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso deveria ter feito uma “reflexão política, ética e pessoal” sobre os efeitos da contratação pelo banco Goldman Sachs.
Em entrevista à estação de rádio francesa Europe 1, Moscovici acrescentou que quando um político passa para o setor privado deve “pensar na imagem que projeta”, sublinhando que quando terminar o mandato que ocupa atualmente como comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros da União Europeia não vai para a Goldman Sachs.
“Criticado por ter cão e por não ter”
O banco norte-americano Goldman Sachs anunciou a 8 de julho a contratação de Durão Barroso como presidente não-executivo da instituição e de consultor na subsidiária Goldman Sachs International (GSI), em Londres, num momento em que o setor financeiro foi abalado pelas dúvidas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.
José Manuel Durão Barroso, 60 anos, foi Primeiro-ministro de Portugal entre 2002 e 2004 e presidente da Comissão Europeia entre 2004 e 2014.
“Evidentemente, que conheço a União Europeia e o contexto britânico relativamente bem. Se o meu conselho for útil em tais circunstâncias, estou pronto a ajudar”, comentou Durão Barroso, em declarações ao Financial Times.
Durão Barroso não violou qualquer regra, uma vez que, 18 meses depois de ter terminado o seu mandato, nada obriga os ex-membros da Comissão Europeia a prestar contas à instituição.
“Os ex-comissários, obviamente, têm o direito de prosseguir a sua carreia profissional ou política”, disse um porta-voz da Comissão Europeia, acrescentando que é legítimo as pessoas com grande experiência e qualificações desempenhar funções de liderança no setor público ou privado.
Em declarações ao semanário Expresso, Durão Barroso afirmou que se é “criticado por ter cão e por não ter“.
“Se se fica na vida política é porque se vive à conta do Estado, se se vai para a vida privada é porque se está a aproveitar a experiência adquirida na política”, acrescentou o antigo primeiro-ministro ao semanário.
ZAP / Lusa
Comentário: Senhores como
este destruíram o País onde nasceram (?), desonraram a sua Pátria, esmagaram a
dignidade de quem neles votaram, ora, creio eu que, cometeram um conjunto de
crimes de abuso de confiança, senão mesmo de burlas formes mais além.
Se se tratasse
de um cidadão comum, estaria a cumprir uma pena efectiva de prisão. Porque não
estes?
J. Carlos