Assunção
| MIGUEL LOPES / LUSA
Já de olho nas autárquicas, os
centristas escolheram para a sua rentrée política Oliveira do Bairro, uma câmara
que lhes escapou por 700 votos e que querem ganhar ao PSD
Uma "oposição construtiva",
com apresentação de propostas em áreas transversais, como a social, a saúde, a
educação e a demográfica, vai ser a linha estratégica do CDS--PP no próximo
ano. Os centristas querem marcar desta forma a sua diferença em relação ao PSD.
Isto apesar de, como frisou ao DN Nuno Magalhães, presidente da bancada
parlamentar do CDS-PP, a política económica e financeira do governo mereça a
"oposição firme" a todos os níveis, alinhando aqui com os
sociais-democratas, cujo líder, Pedro Passos Coelho, criticou duramente o
executivo de António Costa nesta matéria.
No último domingo, no discurso da
rentrée política, Passos aconselhou o governo a corrigir a trajetória que vem
seguindo" uma vez que os dados que constam do Orçamento do Estado (OE)
"estão a ser desmentidos pela realidade". Nuno Magalhães subscreve e
remete para as recentes declarações do deputado centrista e ex-ministro da
Segurança Social Pedro Mota Soares, quando foram divulgados os últimos números
do INE sobre o crescimento económico (0,8%). "É muito óbvio que a
estratégia económica dos socialistas está errada. O governo, por fobia
ideológica, atacou a atividade económica, o investimento caiu, as exportações
caíram e nem a procura interna serve como motor da economia, havendo um
problema de confiança", disse Mota Soares.
Nuno Magalhães acrescenta que "tudo
o que o governo tem defendido, quanto a criar crescimento só através do consumo
privado, provou-se estar errado e por isso nesta matéria o CDS manterá uma
oposição absoluta e muito firme".
Quando a propostas para o OE de 2017,
ainda nada está decidido. No último orçamento, o CDS apresentou várias
propostas, bem como durante a legislatura. "Embora tivessem sido todas chumbadas,
entendemos que devemos continuar a defender as nossas ideias", sublinha o
líder parlamentar.
Mas há no CDS quem entenda que a
estratégia que o partido tem seguido não está a dar resultados e que deve mudar
para uma ação política mais "combativa e eficaz". É o caso de Filipe
Lobo D"Ávila, ex-porta-voz do partido com Paulo Portas e atual deputado.
"Espero que o CDS consiga fazer um maior combate político ao governo. Há
que continuar a apresentar alternativas sólidas mas há que fazer uma oposição mais
combativa. A oposição não tem sido suave mas tem de ser mais eficaz do que tem
sido. Há que apontar politicamente os erros que o governo tem cometido e
fazê-lo em todas as frentes da governação." Ávila, que encabeçou a única
lista de oposição à de Assunção Cristas, para o conselho nacional, dá alguns
exemplos de "frentes" que podiam ser mais trabalhadas. "O CDS
tem estado bem a pôr a agenda social em cima da mesa sobretudo na natalidade,
na segurança social e na saúde. Mas, no envelhecimento ativo, poderíamos ter
ido mais longe. Principalmente falta política, falta combate político. É
preciso fazer que António Costa deixe de estar tão confortável como
primeiro-ministro e que isso seja resultado da oposição do CDS. É o que espero
que possa acontecer neste próximo ano."
O momento alto da rentrée do CDS será
este ano em Oliveira do Bairro, no dia 10 de setembro. "A pensar nas
eleições autárquicas", explica fonte centrista. Isto porque em 2013 esta
câmara foi uma das grandes apostas do CDS e que foi perdida para o PSD por 731
votos. Agora o CDS quer apostar tudo para a conquistar.
Antes (de 1 a 3) decorrerá a
"Escola de Quadros" do partido, em que o tema Educação terá grande
destaque e é assumido como um dos assuntos mais relevantes para rentrée
parlamentar dos centristas. O antigo presidente do partido Paulo Portas
regressa também aqui ao palco político para um debate com António Vitorino.
Fonte:dn.pt/portugal/interior