Sempre ouvimos falar que crianças têm sido mal alfabetizadas, que a população brasileira não gosta de ler e que as universidades cada vez mais ensinam menos a pensar. A política, por exemplo. Muitos levantam brados em favor de palavras de ordem, no entanto, quando chamados ao debate para que exponham a compreensão profunda do que dizem ou do sistema que combatam, não conseguem responder com precisão nem a primeira pergunta que lhes seja feita.
Temos vivido tempos de mudanças que ao invés de enriquecerem, só empobrecem, afinal, está tudo nos computadores, no ciberespaço, e ali se pode buscar a informação a qualquer momento. Isso não é ruim, contudo, a perda da capacidade de pensar a partir de informações precisas e pontuais sobre determinado assunto, não raro tem sido a tónica. Para dar um exemplo, não são poucas as pessoas que se esqueceram ou desconheçam as regras de ortografia apenas por terem se acostumado às correcções de texto em seus computadores. A falta do incentivo à leitura é a causa dessa perda inestimável. Da mesma forma, os que são incapazes de uma simples interpretação de texto.
E se a questão fosse o desaparecimento das escrituras pela imposição de uma nova ordem mundial, com uma religião única? O que fariam os cristãos se lhes fossem tiradas as escrituras? Quantos, de facto, as teriam estudado com afinco, se dedicando à sua plena compreensão, podendo inclusive citar seus versos de memória? Milhares se desesperariam se essa hipótese se concretizasse, e por diversos motivos. As escrituras apresentam não apenas a riqueza dos testemunhos, das promessas, dos acontecimentos futuros e seus sinais, mas a educação para que o homem se oriente neste mundo desequilibrado.
Tal como parte da humanidade se entrega à relativização da educação de base – afinal, por que estudar se está tudo na rede –, não raro a igreja de Cristo se entrega aos sermões de um sacerdote quando este lhe pareça confiável ou carismático, ou ainda, quando a palavra lançada seja de interesse pessoal. Poucos são os que agem pelo diapasão dos judeus de Beréia, que ao receberem a palavra de Paulo e Silas, conferiam-na diariamente nas escrituras para se certificarem que era mesmo assim o que ouviam.
Por não ser a conferência o acto corriqueiro da igreja de Cristo ao longo dos tempos, sobretudo na actualidade, que a nossa atitude e oração sejam no sentido de o homem crente no Deus de Abraão, Isaac e Jacó, o Deus de Israel, Ele que enviou o Messias, a quem aguardamos o retorno, posto que centro de toda a obra que nos conduz de volta ao Eterno, se debruçar na palavra e por ela aprender a viver pela fé, em oração, pelo espírito, retendo-a firmemente em seu interior, assim colocando em prática toda a fiel instrução, afinal ela é viva e eficaz, apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.
Por | 22 de outubro de 2016
Sadi – O Peregrino da Palavra