sexta-feira, 3 de março de 2017

Macroscópio – O tempo de todos os riscos. Primeiro obstáculo: Holanda.

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!
 
 
Esta quinta-feira participei numa iniciativa muito interessante. A nova administração da Caixa-Geral de Depósitos iniciou no Porto um ciclo de encontros, a que chamou “Fora da Caixa”, em que pretende ir ao encontro das empresas portuguesas e apresentar-lhes a sua estratégia neste novo tempo. A novidade deste encontro, a que se seguirão mais umas duas dezenas por todo o país, é que equipa liderada por Paulo Macedo não queria ir só falar de números e de planos estratégicos a uma audiência porventura cansada do “economês” em que vivemos mergulhados. Por isso inovou. Por um lado, acolheu alguém que se tinha feito convidado – e a quem não se pode recusar enviar o convite da volta do correio: o Presidente da República, que fez naturalmente uma intervenção política sobre as condições que ele considera essenciais para restabelecer um clima de confiança favorável à retoma do investimento e a um crescimento “acima dos 2%”.
 
Logo a seguir foi a equipa do Conversas à Quinta – eu, Jaime Gama e Jaime Nogueira Pinto – que subimos ao palco do auditório de Serralves e alo gravámos mais um programa, desta vez pensado para responder à inquietação daquela audiência de empresários e gestores, mas não só: falámos dos riscos que, neste mundo imprevisível em que vivemos, nos rodeiam por todos os lados. Programa aberto, que terminou com um período de perguntas e respostas da audiência, permitiu um diálogo interessante pois, ao contrário do que muitas vezes parece, Portugal não é uma ilha, antes uma pequena economia aberta e cada vez mais virada para as exportações. O que pode fazer Trump para fazer regressar o proteccionismo ou o que pode acontecer à Europa se Marine Le Pen ganha em França é porventura mais importante para todos do que as décimas de taxas de juro que andamos a discutir. Por mim, pelo diálogo que depois se estabeleceu, pelo que antes e depois foi possível apreender das preocupações daqueles que estão entre os que têm puxado pela nossa economia, a experiência não podia ter sido mais valiosa. Para todos – agora também para os leitores desta newsletter – fica o registo desta edição muito especial do Conversas à Quinta, Todos os riscos deste mundo imprevisível (podcast aqui).
 
 
A nossa conversa começou pela eleição que vem já aí: a 15 de Março os holandeses vão às urnas e a generalidade das sondagens têm dado como vencedor provável o Partido da Liberdade (PVV), dirigido por Geert Wilders e que se tem notabilizado como o partido do “não”: não aos emigrantes, não às mesquitas, não ao euro e à subordinação da Bruxelas. Ganhando este partido as eleições continuará a Holanda a manter o seu “cordão sanitário” de forma a afastá-lo do poder? Ou sucederá o que já sucedeu noutros países mais a norte (Dinamarca, Suécia, Holanda) onde partidos semelhantes já fizeram parte de coligações de governo? Já nos referimos em anteriores Macroscópios a estas eleições (nomeadamente à reportagem do Financial Times na vila mais pobre do país, Is far-right populism winning in the Netherlands?), mas hoje justifica-se voltar ao tema propondo algumas leituras nem sempre convergentes sobre o que se está a passar na Holanda.
 
Começo pela Spiegel, que foi falar com o irmão mais velho de Geert Wilders, Paul Wilders, para tentar compreender melhor quem é o líder do populismo holandês. Em Dutch Populist's Brother Speaks Out pode ler-se, por exemplo, que flamboyant Geert é alguém que, com a mulher, “have been living in a secret location for 12 years, and they need permanent personal security. He has already received several serious death threats from Islamists. (…) Geert's world has become very small. It consists of the parliament, public events and his apartment. He can hardly go anywhere else. He is socially isolated and alienated from everyday life. This isn't good for anyone.” Para além disso, “He has tunnel vision, and he doesn't believe in compromise”, o que na Holanda, país de compromissos e coligações, o poderá afastar de qualquer governo.
 
Já o El Pais faz em Geert Wilders el político holandés que abandera la identidad um retrato muito completo de um político que nasceu numa família onde havia judeus e viveu na Indonésia antes da independência, de alguém que começou a conhecer o mundo trabalhando num kibutz em Israel e que encontra na oposição dos muçulmanos aos costumes liberais da Holanda uma das razões da sua islamofobia. No final conclui-se que “Su electorado es de clase media y media baja, y apela ahora a la media alta, temerosa de la pérdida de valores y normas nacionales. Nadie quiere gobernar con él si gana. En estas elecciones, la palabra clave no es economía. Con una tasa de crecimiento del 2,3%, y un 5,4% de paro, el vocablo esencial es identidad. Y ahí Wilders ha sacado siempre ventaja a sus colegas.”
 
Não é porém certo que, mesmo liderando as sondagen, Wilders termine na frente. Já lhe aconteceu ter desilusões no momento da contagem dos votos, e é isso mesmo que Kaj Leers, jornalista e analista do diário holandês de Volkskrant explica em Why Geert Wilders Loses, um texto publicado pelo Real Clear World: “Yet for all his popular support and bluster over the past 12 years, Geert Wilders has consistently underperformed his strong numbers in the polls. In each election he has risen to record highs, only to disappoint when the results come in. The reason for this is twofold, and Wilders personally carries some of the blame.” Em concreto: “First, although many PVV voters want Wilders to be the voice of their protest, not all are keen on him becoming prime minister”; e “Second, the Dutch are calculating voters. Although the majority of Wilders’ voters support him on election day in a protest vote, a sizeable group first consider the possible coalition government formations.”

 
Mas se Wilders recolhe mais depressa apoios na classe media baixa com menos instrução, e não nos bairros onde é maior a pressão das comunidades de emigrantes, como explicava hoje o Financial Times em How education level is the biggest predictor of support for Geert Wilders, talvez neste momento, em vez de procurarmos pormo-nos a adivinhar para que lado se irão enganar as sondagens desta vez, procurer compreender How the Dutch Fell Out of Love With the EU com a ajuda da Carnegie Foundation Europe. Neste trabalho Rem Korteweg escreve, por exemplo, que a crise das dívidas soberanas teve um papel importante neste crescente desamor: “The perception that the Dutch were left paying the bill while other countries flouted the rules became fertile ground for Euroskeptic politicians. It boosted the anti-immigrant, anti-EU popularity of Geert Wilders and made the Dutch government increasingly critical of the commission and ever-closer EU cooperation.” Houve mais factores, mas para este analista a situação actual é clara, como menos ou mais parlamentares do eurocéptico e populista PVV no próximo parlamento: “The Dutch government seeks a more pragmatic European Union, not a federalist fairy tale. In response to Brexit, some European leaders now talk of a flight forward toward deeper integration. But the Dutch law that enabled a referendum to block the EU-Ukraine Association Agreement could similarly be used to block a new EU treaty. And so, as long as that law exists, The Hague will oppose changes to the treaties.”
 
Esta semana a Comissão Europeia fez sair uma espécie de “livro branco” sobre os vários caminhos que se abrem à Europa agora que a EU vai completar 60 anos, uns com mais integração, outros com menos. Consigam os líderes ter menos os seus umbigos em Bruxelas e mais os seus ouvidos junto dos eleitores quando tiverem de discutir essas diferentes alternativas, e talvez se recuperem os favores das opiniões públicas. Senão os riscos que se alinham neste ano (eleições holandesas, francesas e alemãs) podem ser apenas os primeiros de uma longa série. As próximas semanas serão esclarecedoras.
 
Neste fim-de-semana de tempo instável, aproveitem para descansar e ler. O Macroscópio regressa segunda-feira. 

 
Mais pessoas vão gostar da Macroscópio. Partilhe:
no Facebook no Twitter por e-mail
Leia as últimas
em observador.pt
Observador
©2017 Observador On Time, S.A.
Rua Luz Soriano, n. 67, Lisboa

Portugal ‘leva’ seis da Dinamarca, Canadá volta a vencer na Algarve Cup

Portugal sofreu hoje uma pesada derrota perante a Dinamarca, por 6-0, na segunda jornada da Algarve Cup de futebol feminino, enquanto o detentor Canadá voltou a vencer e assegurou o primeiro lugar do Grupo
No Parchal, Lagoa, Stine Larsen, com dois golos (01 e 32 minutos) e duas assistências, foi a figura do encontro, com Line Jansen (09), Sanne Troelsgaard (25 e 68) e Katrine Veje (58) a marcarem os restantes tentos das nórdicas, num encontro em que a seleção lusa cometeu vários erros defensivos.
Com este resultado, e depois do desaire com a Rússia na estreia (1-0), Portugal não tem qualquer ponto somado, nem golos marcados, e já não pode sair do último lugar do agrupamento.
No Estádio Algarve, o Canadá bateu a Rússia por 2-1, com golos de Sophie Schmidt (09 minutos) e Christine Sinclair (26), e garantiu o primeiro lugar do grupo, antes de defrontar Portugal na última ronda, agendada para segunda-feira.
Depois do surpreendente triunfo sobre o Japão na estreia (2-1), a Espanha voltou a vencer, desta vez a Noruega, por uma expressivos 3-0, e segue na liderança do Grupo 2, com seis pontos.
Um autogolo da norueguesa Maria Thorisdottir (25 minutos) e os tentos de Jennifer Hermoso (38) e Olga Garcia (41) deixaram a seleção espanhola tranquila à entrada para o intervalo, no Estádio Algarve, apesar de a central Mapi León ter sido expulsa pouco antes da pausa (43).
No segundo lugar do grupo, com três pontos, segue o Japão, que somou a primeira vitória na prova sobre a Islândia, por 2-0, no primeiro encontro do dia.
No Estádio Municipal da Bela Vista, no Parchal, a equipa nipónica precisou de apenas um quarto de hora para decidir o encontro com um 'bis' de Yui Hasegawa, aos 11 e 15 minutos.
Mais disputado está o Grupo 3, com a Suécia na liderança com apenas um ponto de vantagem sobre Austrália e Holanda.
Em Vila Real de Santo António, suecas e chinesas empataram a zero, enquanto a Austrália bateu a Holanda por 3-2.
Fonte: Lusa

ANÚNCIO DE "SÉCULOS DE SOLIDÃO"...

Martinho Júnior, Luanda  
… Outro livro em que sou coautor será publicado em breve em Luanda…

… Séculos por que, em imensas regiões, África era um continente impenetrável, um continente opaco e quase apenas povoado de rotinas palúdicas, nas artes vivenciais dos homens e até nas guerras entre irmãos...

... E esse tempo mede-se em solidão, nos termos da antropologia da vivência humana, não só nas duas estações tropicais de cada ano, mas também do que emergiu do adobe esventrado, ou da palha ensopada, ou da explosão das recém-chegadas granadas, apenas um pouco para além das histórias típicas da luta pela sobrevivência com os pés gretados e empoeirados nos ignotos trilhos, sulcando a cadência de séculos!...

Nascer para a história e para a humanidade em África, foi mesmo (ou ainda está a ser), um parto difícil e ensanguentado, lento para além dos limites de várias gerações e pejado de quadros terríveis e monstros, quadros dantescos de escombros e armas, de quinquilharias e enfatuados ladrões, de limites desenhados pelas garras dos abutres, quadros povoados de invasores gestos de suave, ou de cruel opressão, para os tradicionais tempos que estão sendo tragados tanto faz…

… Na voragem desses tempos agora em parto, as espécies evaporam-se nos longínquos planaltos e nas alturas que dominam os grandes lagos, bem por dentro do coração das trevas, seus genes são queimados entre vulcões…

… E nós mesmo estivemos e estamos por dentro desse colapso húmido, ou abrasador de lava pungente, como pequenos náufragos, clamando por nossa mãe, porventura saltando só agora do berço da própria humanidade!…

… Por vezes, houvera que ser, os pequenos náufragos, afrontarem os convulsivos tempos revoltos e revolvidos, ainda que no meio das lavras ardentes, de armas na mão!

Este será ainda um tempo transitório, doloroso, a que se habituaram e nos habituaram os europeus, sorvendo um planeta pequeno para a sua desmedida ambição transcontinental e global, em nome do lucro, da máquina e da electrónica, sepultando o cadenciar dos tambores ancestrais em cemitérios de onde não mais irão poder sair, bem fundo nas entranhas duma terra que afinal não passa dum pólen perdido no espaço sideral...

... Em África hoje o tempo ganha outra dimensão para muitas comunidades e até mesmo para muitos povos, esvaídos que estão os tempos tradicionais que como ilhas se refugiam meio envergonhados no que resta das grandes selvas, ou nos desertos mais ardentes e inóspitos do globo, que não se cansam de avançar em múltiplas direcções!...

... Em África há por isso uma dialética feita de sobressaltos constantes, por causa desse (des)compasso entre dois campos humanos com tempos culturalmente distintos e, quantas vezes, dilacerados, abissais, antagónicos, mas aspirando como  nunca a todas as vidas que lhe foram negadas e ainda hoje quantas vezes lhe são negadas!...

… Em África acelera-se a busca pelo espaço vital e pela água incontinente do interior, quando os desertos avançam com areias de soterrar o verde das paisagens e tudo isso outrossim, para que o convulsivo tempo moderno que sopra de fora, se imponha sobre a natureza, sobre os homens e sobre as mais legítimas aspirações à clarividência da vida!

… África que se arrasta desde os tempos drásticos que vão deixando de ser impenetráveis e opacos, sorvida em ventos que invadem a pele e revoltam as entranhas do tambor, como um poderoso assassino de inocentes!...

… Podemos assim confessar, ganhando fôlego, que (sobre)vivemos aos dois tempos antagónicos como muito poucos tiveram tão sensível quão palpável oportunidade de (sobre)viver, com a convicção humilde, singular, dolorosa, mas ardente, que finalmente África vai perenemente renascer e vencer o opróbrio de “Séculos de solidão”!... 

Apontamento por um livro que urge continuar a escrever…

ÁFRICA, MOTOR ECONÓMICO GLOBAL?

O continente africano pode converter-se num motor económico global na próxima década. A afirmação é de Li Yong, director geral da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), e está contida num artigo publicado no dia 22 de fevereiro deste ano no jornal espanhol El Pais. Mas, segundo o autor, para que isso aconteça, “a comunidade internacional tem de comprometer-se a apoiar financeiramente” a região

Yong acrescenta que o desenvolvimento de África, mediante uma industrialização rápida e responsável, é imprescindível para que o mundo atinja os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), completando assim a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

A importância do apoio financeiro mundial para a industrialização do continente, lembra o director geral da UNIDO, foi realçada em várias conferências internacionais recentes, como a 6ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano (TICAD VI), realizada em Agosto de 2016, e a cimeira do G20 en Hangzhou, China, no mês seguinte. Pela primeira vez, o G20 incluiu na sua agenda a industrialização de África e dos países menos desenvolvidos (PMD). A Agenda 2063 da União Africana também apoia este compromisso. De igual modo, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução que declara o período 2016-2025 como a Terceira Década do Desenvolvimento Industrial de África.

Li Yong defende enfaticamente, no seu artigo, ser imperioso traduzir todos esses compromissos em “ações concretas e eficazes para o avanço da industrialização africana, a criação de empregos e a promoção de um crescimento e desenvolvimento sustentáveis”.

Para faze-lo, o autor indica dois requisitos básicos e simples: dinheiro e ação. Ele recomenda também que os programas a executar identifiquem e respondam de facto aos sérios desafios enfrentados pelo continente.

Segundo o economista, o crescimento económico africano nas últimas décadas não aconteceu de forma estruturada, sustentada e inclusiva. Embora a classe media tenha crescido muito no continente, impulsionando o investimento interno, há ainda muita gente que luta pela sua sobrevivência. O desemprego é muito elevado, em particular entre os jovens e as mulheres, o que tem levado muitos africanos a emigrarem para o norte.

Os países africanos, diz Yong, não devem limitar-se a produzir matérias primas, mas precisam de desenvolver igualmente indústrias dinâmicas e competitivas, participando em cadeias de valor regionais e globais. Necessitam ainda de adotar medidas “cuidadosamente desenhadas” para atrair o investimento estrangeiro.

A necessidade de conhecimento para desenvolver estratégias industriais adequadas não foi esquecida pelo autor. ”É imperativo investir em educação e na formação para facilitar uma industrialização bem sucedida e duradoura”, escreveu ele, acrescentando: - “Com base nas inovações que funcionaram em outros lugares, África pode dar saltos e, em pouco tempo, aproximar-se tecnologicamente dos países mais desenvolvidos, produzindo bens mais sofisticados e de maior valor”. O conhecimento das experiências alheias deve também servir aos países africanos para evitar os erros cometidos por outros países, em particular em matéria do respeito pelo ambiente.

O director geral da UNIDO não tem dúvidas: o continente africano está num bom momento para industrailizar-se. Além dos seus enormes recursos naturais, diz ele, a região dispõe de um perfil demográfico favorável (devido ao crescimento populacional, os africanos serão brevemente a maior força laboral do planeta) e um alto índice de urbanização. Conta ainda com uma diáspora altamente educada.

África 21 com El Pais

PARLAMENTO HOLANDÊS REJEITOU O EURO

MEDIA PORTUGUESES SILENCIAM PARLAMENTO HOLANDÊS
Os media corporativos portugueses, inclusive os jornais económicos, fizeram um silêncio quase sepulcral sobre a decisão do Parlamento holandês de rejeitar o Euro .

A iniciativa de propor o abandono da Eurozona coube ao maior partido da oposição. A proposta de elaborar um relatório a respeito foi aprovada por unanimidade no parlamento holandês.  

Este silêncio dos media locais diz muito quanto à qualidade da informação que administram aos portugueses. Eles fazem desinformação tanto por acção (as historietas mentirosas e diversionistas, agora chamadas de fakenews ) como por omissão.


Portugal. Futebol: ANIMAIS IRRACIONAIS AMEAÇAM ÁRBITROS E FAMILIARES

A irracionalidade de uns quantos mostra a que ponto o futebol dos milhões faz sobressair a animalidade de pacatos cidadãos em condições normais. Porque os árbitros erram (errare humanu est) nas decisões ou porque no ângulo de visão dos que assistem vêem faltas sem que considerem o ângulo de visão dos árbitros. 

Para complicar, as televisões apresentam registos em outros ângulos diferentes dos árbitros e mostram que realmente era penalti (por exemplo), só que na posição do árbitro essa falta não é visível e não é marcada. Tomada de consideração pela posição do árbitro e dos jogadores, associada ao ângulo de visão do juiz de campo, somada a tolerância, é o que falta nos que assistem aos encontros de futebol – que é aquilo que estamos a abordar de nossa lavra e em abertura ao artigo que se segue, ilustrativo da irracionalidade que demonstra que também homens e mulheres são animais irracionais quando as situações assim se proporcionam.

Ainda mais irracional é fora de campo, depois das iras de momento passarem, ameaçarem os árbitros de represálias contra eles e/ou familiares. É na verdade um ato criminoso, desprovido de racionalidade. Próprio de mentes criminosas que merecem estar enjauladas em vez de se passearem e viverem em comunidade. Pensem nisso. Pensem também que o desporto só é são quando prevalece a sanidade mental, dos jogadores e daqueles(as) que assistem e apoiam as suas equipas. Isto vale em qualquer modalidade desportiva como em tudo na vida. Sermos pessoas, humanos e racionais, civilizados, é o que nos diferencia dos animais. (MM / PG)

 Queixas por ameaças e agressões a árbitros duplicaram em relação à época anterior

Luciano Gonçalves, presidente da APAF, revela que já foram feitas 52 participações. Jorge Ferreira é a vítima mais recente

A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) já apresentou esta época 52 participações por delitos cometidos contra equipas de arbitragem, um número que, segundo Luciano Gonçalves, presidente daquele organismo, "mais do que duplica as registadas no período homólogo da época passada". Aliás, em toda a temporada 2015/16 "foram feitas entre 26 e 28 participações ao Ministério Público, à PSP e à GNR".

Ao DN, o dirigente dos árbitros revelou que "esse número abrange desde os escalões distritais até aos campeonatos profissionais" e dizem respeito a "agressões, carros de árbitros danificados e ameaças".

Neste número avançado por Luciano Gonçalves já se incluem as situações mais mediáticas resgistadas neste ano, como a invasão ao centro de treinos dos árbitros na Maia, no início de janeiro, e os atos de vandalismo na madrugada de ontem, em que elementos alegadamente afetos à claque SuperDragões fizeram inscrições no estabelecimento comercial do pai de Jorge Ferreira, em Fafe. Refira-se que este foi o árbitro que na terça-feira dirigiu o Estoril-Benfica para a Taça de Portugal, que terminou com um golo obtido em fora de jogo por Mitroglou, que ditou o triunfo dos encarnados.

Jorge Ferreira garantiu ontem ao DN que este caso "está entregue aos advogados que, em sintonia com a APAF e o Conselho de Arbitragem, vão agir em conformidade". Luciano Gonçalves confirmou este facto, acrescentando que "será entregue uma participação ao Ministério Público".

O árbitro Jorge Ferreira não quis alongar-se sobre o caso envolvendo o seu pai, remetendo para as declarações que havia prestado à Fafe TV, quando admitiu estar de "consciência tranquila", mas revelando alguns receios: "Temo um bocadinho pela minha família, pelo meu pai, pelo meu filho, por todos." O árbitro da Associação de Futebol de Braga lamentou ainda que se tenham "atingido determinadas situações que não se coadunam com a realidade", mostrando-se convencido de que os atos de vandalismo têm a ver com a sua arbitragem no jogo da Amoreira. "Nem me passa pela cabeça outra coisa. É triste. É lamentável que as pessoas sejam cobardes, seja de que clube for. Não estou a colocar em causa seja que clube for. Está lá escrito. Neste momento sinto-me triste. Uma pessoa não pode continuar a vida, o trabalho", sublinhou.

"Saberemos dizer basta"

Luciano Gonçalves afirmou ao DN que a situação que envolveu a família de Jorge Ferreira "é mais uma que envergonha o futebol português". E deixou uma certeza: "Todos temos de pensar bem aquilo que podemos fazer para alterar este estado de coisas."

O presidente da APAF deixou a garantia que, apesar dos casos que têm sucedido ultimamente, "os árbitros estão tranquilos e descansados". Mas deixou um aviso: "A arbitragem tem tido calma durante todo este processo mas saberemos quando o momento de dizer basta." Ainda assim, o dirigente escusou-se a especificar qual será o limite a que estará sujeita a paciência dos árbitros de primeira categoria. "Queremos mais calma e tranquilidade no futebol, mas se isso não acontecer é preciso fazer alguma coisa", acrescentou ao DN.

Questionado sobre as declarações de Luís Filipe Vieira que, em entrevista à CMTV, revelou ter-se reunido com o Conselho de Arbitragem para falar sobre os "indícios públicos de condicionamento e intimidação" aos juízes, Luciano Gonçalves recusou-se a dizer se esta é uma situação que se enquadra nesse cenário: "Não faço quaisquer comentários sobre o que disse o presidente do Benfica, senão amanhã teria de comentar aquilo que dizem outros clubes."

Em comunicado, a APAF repudiou ao início da tarde de ontem os incidentes que envolveram Jorge Ferreira, responsabilizando os "agentes desportivos e alguns comentadores que intervêm em representação dos clubes e cujo principal objetivo é criar pressão, justificar resultados e levantar suspeições". Aquele organismo defende que as pessoas em causa "não têm noção do grave problema que estão a criar ao futebol português, criando desta forma uma onda de violência moral e física, sem fim à vista".

Carlos Nogueira – Diário de Notícias

Portugal. Offshores: "Paulo Núncio ou está a dar peito às balas ou empolou a função que tinha"

Manuela Ferreira Leite comentou esta quinta-feira, na antena da TVI24, a polémica em torno da não publicação de dados relativos à saída de cerca de 10 mil milhões de euros para paraísos fiscais.
A antiga ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, acredita que a questão das transferências não publicitadas de 10 mil milhões de euros para offshores ainda carece de explicação. Uma das questões que a comentadora aponta como confusa é a ligação entre a não publicação dos dados e a fiscalização por parte da Autoridade Tributária.

“O que é que tem uma coisa a ver com a outra? Porque é que se está a ligar no mesmo problema a publicitação [das operações] – um problema quase de natureza estatística – com a falta de controlo por parte da Autoridade Tributária?”, inquiriu.

“Não me parece que a Autoridade Tributária só possa controlar se foi publicitado para efeitos estatísticos”, acrescentou.

No que diz respeito às explicações por parte do secretário de Estado para os Assuntos Fiscais implicado, Paulo Núncio, dadas numa entrevista à estação de Queluz, a antiga líder do PSD é perentória: “Respostas a estas questões não vi”.

A social-democrata destacou que Paulo Núncio afirmou não ter divulgado as estatísticas para não “beneficiar o infrator”. “Uma coisa que não entendo”, adianta a comentadora, destacando não só que a publicação destas listas tem o efeito contrário, “inibe o infrator”, e que o antigo secretário de Estado usou a palavra infrator. “Devia ter explicado melhor a questão do infrator”, afirmou.

Uma outra questão levantada no espaço de opinião de Ferreira Leite é a questão das competências, uma vez que um secretário de Estado só beneficia de competências delegados, isto é, que lhe são atribuídas pelo ministro que o tutela.

“Das duas uma: ou está a querer dar o peito às balas para defender o ministro ou não tem a noção do que é ser secretário de Estado, empolou a função que tinha e tomou decisões que não devia tomar”, vaticinou, sublinhando que “não é possível um secretário de Estado tomar uma decisão desta natureza sem perguntar ao ministro”.

Recorde-se que Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque foram os ministros das Finanças que tutelaram Paulo Núncio no período em análise no âmbito das transferências. A vice-presidente do PSD já respondeu que está e estará “sempre disponível para prestar esclarecimentos” sobre a sua atuação “enquanto membro do Governo”.

Anabela de Sousa Dantas, em Notícias ao Minuto

Portugal. OFFSHORES: AS FUGAS DE CAPITAIS SÃO POR CULPA DAS EMPREGADAS DA LIMPEZA

No jornal Expresso e outros podemos ler que do BES saíram milhares de milhões de euros para paraísos fiscais, a informação faz manchete no Jornal Económico, a fonte. No Expresso tem o título: "Offshores. Mais de metade dos 10 mil milhões transferidos saíram do BES", para os que quiserem ler sobre o auge do banditismo do tal sujeito e afins a que chamam DDT (dono disto tudo), parece que um arraçado de Al Capone rodeado de outros afilhados. Um e outros dignos de Dom Corleone, o tal da máfia de lá de fora. Estes são portugueses, em Portugal. O prémio deles é a impunidade. Cá estaremos para ver.

Ainda no Jornal Económico os offshores dão o litro e são notícia. Desta feita sobre técnicos da Autoridade Tributária (autoridade?). Estão a ser investigados por uma enorme quantidade de “fundos” passaram ao lado do controlo. Oh, pois, foi sem querer. Oh, pois, foi uma falha. E quem é que acredita nisso? Ora vão lá ver o património desta cambada toda que é para acreditarmos. Não vale fazer pagar o justo pelo vígaro mas temos de saber tudinho de fio a pavio e a corja, porque existe algures, deve ser passada a pente fino.

Como nas novelas de cordel pode muito bem acontecer que a conclusão seja só uma nestes meadros dos offshores e dos milhares de milhões que voam sem controlo: as fugas de capitais são por culpa das empregadas da limpeza. Pois. (MM / PG)

Offshores: técnicos da AT investigados

A Inspeção Geral de Finanças (IGF) está a investigar, a pedido do Ministério das Finanças, a enorme quantidade de fundos que passou ao lado do controlo da Autoridade Tributária (AT).

O Jornal Económico sabe que na mira da IGF estão os funcionários dos sistemas de informação para apurar se houve alguma actividade ilícita ou pouco diligente que esteja na base dos problemas nos procedimentos e nos mecanismos informáticos que levaram a que os dados das transferências entregues pelos bancos (declarações do Modelo 38) não tivessem ido correctamente extraídos para o sistema central da AT.

O JE apurou que os problemas informáticos que ditaram o não tratamento da informação ocorreu após uma actualização do software, fornecido por uma multinacional, que acabou por não fazer correr todos os dados constantes nas declarações entregues pelos bancos.

Questionada sobre a actualização do software (e data em que ocorreu) e a investigação aos técnicos da AT, fonte oficial das Finanças afirma: “esta matéria está em investigação pela IGF pelo que não nos pronunciamos.

Nesta quarta-feira, 1 de março, o SEAF deu conta no Parlamento que o relatório da IGF estará pronto em março e que da auditoria em curso deverá resultar uma auditoria forense, para apuramento de responsabilidades.

Segundo Rocha Andrade, já em julho de 2016, quando entrou em funcionamento um novo sistema informático de processamento dos ficheiros recebidos dos bancos com a informação das transferências (aplicado às estatísticas de 2015), que se percebeu a divergência de dados, após ordem para o novo software fazer correr os ficheiros dos anos anteriores. Acabaram por encontrar-se divergências não apenas nos valores de 2014, mas nos dados dos três anos anteriores.

Lígia Simões – Jornal Económico

TIMOR-LESTE CATIVA… MAS HÁ MAIS MUNDO NO MUNDO

Invocar o nome de deuses até acontece com os hereges, logo mais em baixo irão entender. Por isso não pomos mais na escrita. Da guerra e da paz no mundo ou em Portugal são feitas as notícias. E também de eleições, em Timor-Leste. Esta é a nossa abordagem ao Expresso Curto, por Ricardo Marques, trabalhador por conta do tio Balsemão/Impresa – que é diferente desse tio Bilderberg que está para durar.

Expresso Curto depois do almoço cai muito bem, principalmente se almoçou à portuguesa farta. Se for acompanhado de um bom digestivo, então, é ouro sobre azul. Já sabe que para isso, dependendo de onde vai almoçar, pode preparar 20 a 25 euros… E não é nada demais. Poderá ser é demasiado para si. Alegre-se, há uns quantos privilegiados para quem isso são trocos. A maioria nem sequer ganha isso por cada dia de trabalho no duro. É assim, é a democracia deles. Pronto, tomem lá que já almoçaram, provavelmente uma barrigada de fome made in os que nos tramam.

Sem delongas é bem fazer aqui ressaltar as eleições presidenciais em Timor-Leste. Começou há horas a campanha eleitoral. São 8 candidatos. O vencedor é o candidato apoiado por Xanana Gusmão (nunca falhou). O felizardo, desta vez, é Lu Olo, atual dirigente da Fretilin. Da Fretilin? Interrogam os mais desatualizados. Sim, é verdade. Xanana e a Fretilin voltaram a ser unha com carne, ou os tim-tins. Andam sempre juntos. “Tão amigos que nós somos.” Cantam. Ou se cantassem diria a gota com a perdigota.

Este período eleitoral para a Presidência da RDTL vai ser morno, prevê-se. E oxalá que não haja confrontações e complicações provocadas por uns quantos rapazolas das chamadas artes marciais. “Tenham juízo, rapaziada”. Apetece dizer. Eles até são bons tipos mas de vez em quando parece que se “passam dos carretos” e só fazem trampa… por nada. Que coisa!

Sabem, Timor-Leste, está em alta no índice asiático do exercício da democracia. Assim afirmam organizações internacionais. Bem, mas não consideraram a corrupção existente, a fome ou desnutrição avantajada, nem aquilo que lá é chamado Pensão Vitalícia para os políticos – deputados e outros cargos dessa índole. Curioso, aquilo é de cota elevada de democracia mas a maioria dos timorenses são contra a Pensão Vitalícia. E no Parlamento os deputados vão arrastando a durabilidade da dita pensão que os torna exclusivistas e detentores de garantias da velhice com somas exorbitantes para a maioria dos cidadãos de lá. Haverá no interior do país muitos timorenses que na vida não ganharão o que um deputado ganha num ano com aquela Pensão Vitalícia. Ou seja: a maioria dos timorenses estão tramados. Injustamente tramados porque a igualdade é só treta. Faça-se notar que há duas semanas, mais coisa menos coisa, os partidos no Parlamento deram um ar de sua graça e aprovaram uma maquilhagem na tal dita pensão. Uns pós aqui e outros ali… Tudo fizeram para nunca ficarem a perder e assim manterem a vantagem injusta relativamente aos outros cidadãos… É, minha gente! Nada de mais. Em Portugal e em todo o mundo é assim. Os diretamente interessados legislam a seu favor e abusam que se fartam. É a vida. Não é a democracia.

Já vai longa esta conversa. Timor-Leste cativa, até nas prosas. E tanto que havia para escrever.

Basta. Apesar de Timor-Leste cativar, basta. Há mais mundo no mundo e disso trata o Expresso Curto, a seguir. Por hoje já chega de jogar com as letras e compor palavras. Daqui, da parte do PG, é tudo.

Tome lá o seu expresso curtinho… Parece que não, pois já está aí com umas seis laudas ou mais. Olhem, paciência. Disso é que precisam para ler isto tudo. Não esqueçam, usem a cabeça. Melhor dito: usem o cérebro. Até porque não dói nada. Deixem-se de ser uns “Maria-vai-com-as-outras”. A manipulação é inimiga da inteligência  e de muito mais coisas. É nossa inimiga. Ponham-se a pau. – MM / PG

Guerra e palavras

Ricardo Marques - Expresso

Há dias em o Expresso Curto nos sai do pelo. A sério. Por melhores que pareçam as previsões, o mais certo é falharmos monumentalmente. E por isso é impossível não nos sentirmos tentados, de quando em vez, a invocar, ainda que em vão, o nome de Deus. É um verdadeiro milagre, e não dos de Fátima, chegar ao fim da última frase e saber que só em circunstâncias muito especiais, e insustentáveis numa base diária a longo prazo, é possível colher da enorme e fértil árvore de que é feita a atualidade o fruto certo e decisivo para servir, pela fresca, aos nossos leitores.

Hoje é um desses dias. De guerra.

A Suécia vai restabelecer o serviço militar obrigatório e, a partir de 1 de julho, mais de 13 mil jovens nascidos em 1999, homens e mulheres, vão alistar-se e realizar provas. Quatro mil começam a recruta no dia 1 de janeiro de 2018. Este é o fio. Agora vamos à meada.

Há duas razões estratégicas e outras duas conjunturais para explicar a medida, como se pode ler neste artigo, em inglês, de um jornal sueco. Começando pelas últimas: o fim do recrutamento obrigatório foi apenas há sete anos e, talvez por isso, a opinião pública está a favor da medida. A nível estratégico, verifica-se que, apesar das campanhas, não há voluntários em número suficiente e, certamente por isso, os recursos começam a ser escassos para os desafios. O mais sério é a situação no Báltico – onde a presença russa é cada vez mais forte (exemplo 1exemplo 2exemplo 3). Sueco prevenenido...

Sem esquecer a esquecida Ucrânia, basta subir um pouco à arvore da atualidade para perceber que a Rússia gera tanta preocupação a oriente como a ocidente – e há informações de que mais mil soldados deverão seguir em breve para o arquipélago das Curilas, disputado pelo Japão. Esta semana, o primeiro-ministro japonês disse que não está disposto a poupar nos gastos com a Defesa – será o quinto ano consecutivo de aumento no orçamento militar, muito por culpa dos russos, dos testes balísticos da Coreia do Norte e das movimentações chinesas no mar da China.

(Pequim, de repente, deu conta que está entre os mísseis norte-coreanos e os misseis americanos que os sul-coreanos querem instalar).

O discurso japonês é semelhante ao alemão – soube-se, há dias, que ideia é gastar mais e ter mais soldados - e muito pouco diferente do anunciado por Donald Trump: mais 9% para a Defesa.

Recordando que há uma guerra em curso há mais de uma década no Médio Oriente, regressamos à Suécia, mais precisamente à Signalistgatan 9, Solna, em Estocolmo, onde funciona o SIPRI – o Instituto Internacional de Investigação para Paz… de um país que vai voltar a chamar os jovens para a tropa. Dizem os investigadores suecos, em relatório publicado há cerca de duas semanas, que desde o final da Guerra Fria que não se vendiam tantas armas no mundo.

Aqui chegados, os mais pessimistas poderão recordar as palavras de Adelino Mendes escritas há precisamente um século, na primeira página de “A Capital” de 3 de março de 1917.

“Tudo indica que estamos a aproximar-nos do ultimo momento. A situação escurece cada vez mais. A tragédia adensa-se constantemente. A guerra aperta sem cessar, em volta do pescoço de todos os povos, a sua garra de ferro em brasa.”

Assustador? Sim. Mas na mesma página, logo após a assinatura, há duas linhas capazes de fazer sorrir até um rapaz sueco de 18 anos que previa, com a graça de Deus, gastar o dinheiro que lhe saíra do pelo a ganhar numas milagrosas férias de curto prazo em Lisboa, em janeiro do ano que vem.

“Querem lanchar bem e cear melhor? Vão à Argentina, Rua 1.º de Dezembro, 75”

OUTRAS NOTÍCIAS

Vamos antes a um breve guia para levar esta sexta-feira até à hora da ceia com toda a tranquilidade.

Fique a saber desde já que se assinalam hoje os seguintes dias: Internacional do Omega 3, Internacional dos Cuidados do Ouvido, Internacional da Vida Selvagem e Mundial da Oração.

Se estiver perto da televisão, o ministro dos Negócios Estrangeiros é entrevistado na SIC Notícias dentro de minutos. A relação com Angola deverá ser um dos temas da conversa com Augusto Santos Silva.

Comecemos devagar. A discussão sobre o milagre do défice - que motivou uma estranha e quasi teológica troca de recados entre Teodora Cardoso, presidente do Conselho de Finanças Públicas, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa – poderá ter alguns desenvolvimentos durante o dia de hoje.

O mais provável, porém, é que as conversas se mantenham centradas nos milhões que voaram para offshores, o assunto preferido da classe política e que veio logo a seguir à discussão sobre os SMS do ministro das Finanças, coisa de que agora já não se fala tanto.

A confirmar-se, tem aqui um bom ponto de partida. Pacheco Pereira, comentador residente do programa “Quadratura do Círculo” e ex-deputado do PSD, acha que Paulo Núncio, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo PSD-CDS, “proferiu uma sucessão de mentiras”. Já Manuel Ferreira Leite, antiga ministra das Finanças do PSD, considera que “ainda está tudo por explicar”.

Nuno Melo, do CDS, quer o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, a dizer em Bruxelas tudo o que sabe sobre transferências financeiras para o Panamá, no âmbito da comissão de inquérito em Bruxelas aos Panamá Papers. Isto depois de Rocha Andrade, que, com o novo Governo, sucedeu a Paulo Núncio na secretaria de Estado, ter revelado que muitas das transferências para offshores em 2014 foram feitas para o Panamá. O Diário de Notícias fala de 2,6 mil milhões de euros.

[A propósito do Panamá, convém que lembrar que é muito mais do que um offshore com um canal por onde passam barcos grandes. Não só vão recuperar um enorme parque verde, com um orçamento de 5 milhões de dólares, como esperam ter o terminal 2 do aeroporto de Tocumen concluído dentro do prazo e, segundo o governo, o PIB deverá crescer 5,8 % este ano. Há muito para ler aqui – inclusive que foi recusada fiança aos senhores Mossak e Fonseca. Lembra-se deles?]

Como isto está tudo ligado, parece que parte considerável do dinheiro que voou de Portugal tinha origem no universo BES. É o que diz o Jornal Económico, hoje, em primeira página. Mais de metade dos 10 mil milhões ocultos e a maior parte do dinheiro foi movimentada por empresas, não por particulares. Ora, Ricardo Salgado, que ontem esteve na capa de duas revistas, disse ao Ministério Público que nada sabia sobre as sociedades offshore que movimentaram o dinheiro suspeito de ter saído do “saco azul” do GES para Helder Bataglia, que acabaram na conta do amigo de José Sócrates. Só quando viu no Expresso.

E hoje é dia de ver o fim do Assalto ao Castelo, a grande reportagem SIC sobre o Banco de Portugal e os dias do fim do BES.

Prossegue hoje em Guimarães, no quartel dos bombeiros, o julgamento da Operação Fénix, relacionada com a atividade ilícita de segurança privada. Um caso com 57 arguidos, entre os quais está o presidente do Futebol Clube do Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, e um administrador da SAD do Porto, Antero Henrique.

Está prevista uma greve da Soflusa, mas fora da hora de ponta. Os trabalhadores vão parar no Cais do Barreiro, durante a tarde, para discutir em plenário o Acordo de Empresa e a falta de navios.

No mar agitado da alta finança, o Snapchat fez a estreia em bolsa e com uma valorização de 40%, para níveis quase nunca antes alcançados – exceto pelo Facebook, em 2012. O pequeno fantasma branco que vive nesse quadradinho amarelo que todos os miúdos têm no telemóvel está, por isso, bem-disposto. Assim como os seus fundadores, agora ainda mais milionários.

Sim, é agora. A trapalhada do momento com Donald Trump envolve russos e o homem que o presidente escolheu para Procurador-Geral dos EUA. Trump manteve-se firme ao lado de Jeff Sessions e garantiu que o Procurador não iria manter-se à margem do inquérito que visa apurar a ingerência russa na última eleição presidencial. Isto foi depois de ter sido revelado que Sessions tinha mantido encontros com responsáveis russos – e depois de Sessions ter dito o contrário no Senado. No fim, depois de Trump ter dado o peito ás balas, Sessions, que fizera uma tentativa de negar as notícias, confirmou que, afinal, se encontrara mesmo com o embaixador russo, em setembro. Por isso, Sessions não vai ter qualquer intervenção no referido inquérito. Simples como um penteado complicado.

Começa hoje em Timor-Leste a campanha para as eleições presidenciais de 20 de março. Há oito candidatos e três eurodeputados portugueses entre os observadores internacionais.

A propósito, o bispo D. Ximenes Belo, Prémio Nobel da Paz em 1996, vai ser homenageado esta tarde em Lisboa, numa organização da Associação Académica de Direito da Universidade Católica Portuguesa, em parceria com a Associação de Estudantes de Teologia e a Associação de Estudantes Timorenses em Lisboa.

DESPORTO

“Um susto terrível”, diz o jornal Marca, sobre o que sucedeu ontem a Fernando Torres. O jogador do Atlético de Madrid caiu inanimado no relvado durante o encontro com o Deportivo da Corunha. As últimas notícias dão conta de que nada de grave terá sido detetado. “Fernando Torres sofreu traumatismo cranioencefálico e foi transportado a um hospital para realizar exames médicos. O nosso jogador, que se encontra estável, sofreu um golfe forte na cabeça e teve de ser retirado de ambulância”, explicou, ao final da noite, o clube de Madrid.

Menos tranquila está a arbitragem portuguesa e ontem, horas depois de ter sido vandalizado o restaurante da família do árbitro Jorge Ferreira, a APAF pediu calma e responsabilidade a todos os que giram à volta da bola que gira. Há um jornal que fala disso (é já a seguir).

A campanha eleitoral no Sporting acaba esta noite e a votação decorre durante todo o dia de amanhã, em Alvalade. O novo presidente, que pode ser o atual ou o estreante, Bruno de Carvalho ou Pedro Madeira Rodrigues, será conhecido às dez da noite de sábado.

MANCHETES

DN: “115 mil fiadores chamados a pagar dívidas a bancos”

JN: “Câmaras avaliam casas e passam a definir o IMI”

Público: “Governo tentou repartir Novo anco entre BCP e CGD”

Correio da Manhã: "Linha SOS protege árbitros"

I: “Manuel Alegre: Na minha segunda candidatura, o apoio do PS foi uma armadilha. O PS ajudou Cavaco a ganhar”

O QUE ANDO A LER

Há pouco mais de dois meses, o Expresso publicou na revista E um ensaio de Daniel Oliveira sobre o futuro do mercado do trabalho e as consequências desta quarta revolução industrial que estamos a viver.

Lembrei-me desse trabalho porque, há dias, o Financial Times voltou à carga com um artigo que merece cada um dos longos minutos que leva a ler.

Dizem os manuais de jornalismo que os leitores olham primeiro para o título – e este vale a pena “Do Androids dream of personal deductions?”. Depois, espreitam a fotografia e a legenda – uma simpática jovem japonesa chamada Kodomoroid, um robot fabricado pela empresa Hiroshi Ishiguro. Atentam ainda nas pequenas caixas de informação – há duas: uma diz que a maioria dos 5,6 milhões de empregos perdidos entre 2000 e 2010 aconteceu devido à automação; a outra é uma conta, segundo a qual um robot (que pode ser uma máquina ou um programa informático) custa à empresa 8 dólares por hora, enquanto um humano custa 25 dólares.

Chegamos, por fim, ao artigo, que pode ler aqui. O ponto de partida? Bill Gates sugeriu que seja criado um imposto para robots, de modo a compensar os enormes custos humanos que resultarão da crescente automação do mercado de trabalho. Mas há quem defenda o contrário, argumentando que a carga fiscal pode enfraquecer a tecnologia que vai criar os empregos do futuro.

Robots e humanos, escreve Richard Walters, poderão um dia sentir-se seguros nas suas respetivas esferas de emprego. Mas isso não significa que será fácil repartir o esforço fiscal.

Nunca é fácil. Nada é fácil.

Não se esqueça do guarda-chuva e do casaco. E se por acaso lhe perguntarem, ou se surgir em conversa, pode dizer que Manuel Salustiano Damasceno Monteiro foi presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre 1854 e 1858.

Há Expresso Diário às seis da tarde e Expresso nas bancas amanhã bem cedo. Até lá, basta passar por aqui para saber tudo o que precisa.

Tenha um bom dia e um excelente fim de semana.