quarta-feira, 10 de maio de 2017

TRUMP DESPEDE QUE SE FARTA | CUIDADO COM AS “TORNEIRAS” DO OXIGÉNIO CEREBRAL


Boa tarde. Bom resto de dia. Oxalá que tenham almoçado, e bem. Esta é a abertura do Expresso Curto que nos chega de manhã mas que por razões várias publicamos só à tarde. Por aqui estamos a concluir que os dias são curtos nas suas 24 horas. Queremos dias com 30 horas ou mais. Por favor.

O senhor Guerreiro é quem serve a cafeína do Expresso que aqui vai tendo lugar… até que a morte nos separe? Pois. Quem sabe se assim não será? Adiante. Hoje é dia de abrir com os despedimentos Trump. Lana caprina mas que se calhar vende, vai daí os média não fazem outra coisa durante as horas curtas do dia. Tá bem. Lá por isso não pense que este Curto não vale ler. Vale sempre, desde que se dê uso à engrenagem que vai do occipital ao frontal. Pois.

Depois da seca Trump, FBI e etc., será de bom-tom fazer notar a greve dos médicos. Pois. Querem melhores condições de trabalho, de atendimento no SNS, e mais daquilo com que se compram os melões. O pilim. Pois. Entretento os que recorreram aos serviços médicos deram com a cara na porta. E há enfermeiros também em greve, por solidariedade e zelo. Cartel. Fixe. Pelo que corre, o governo negociou com os médicos para evitar esta greve… mas não negociou. Foi um encontro muito acertivo que tiveram já lá vão uns dias mas satisfazer as exigências dos profissionais de saúde é que não pode ser nada. Truz. Toma lá Zé Povinho que já te tramaste. Pois. Hospitais e coisa e tal, nicles. Leia mais e melhores esclarecimentos pela pena do senhor Guerreiro do Curto. 

Para acabar, fora do esquema: ontem, numa repartição de finanças, um senhor da GNR cortou o oxigénio que devia ir ao cérebro de um contribuinte que estava a reclamar (não se sabe bem o quê). Vai daí o tal GNR, que vestia à civil e também estava a ser usuário dos serviços do saca-saca aos pagantes destas rebaldarias dos bancos, banqueiros, políticos e afins… essa tal coisa a que chamam Finanças, pronto. Dizia, o GNR fez um truque com um nome de leão no reclamante que num ápice o pôs inconsciente e assim perdeu o pio. Plim. Gravado e mostrado em vídeo. Mau. Muito mau espetáculo. O que se pergunta é porque não foi algum dos funcionários das Finanças a chamar a PSP se o contribuinte em questão estava a ser incorreto e inconveniente. E se não era nada demais aquela reclamação ou protesto porque foi o GNR fazer o que fez na sua intervenção. Intervenção que dá para perceber pela voz (no vídeo) que o deixou muito satisfeito, assim como que a exultar que tivera ali a oportunidade de brilhar fechando a “torneira” do oxigénio ao protestante. Provavelmente nunca tinha experimentado fazer aquilo e pensou: “olha, olha, isto até resulta!” Que felicidade!

Ficamos combalidos por saber que há agentes de autoridade a atirar para o esquisito, que provavelmente andam mal das cucas ou usam-nas de modo muito afastado daquilo que deviam naquela dificil profissão. E depois, senhores, porquê a intervenção dele sem que a solicitassem? E porque não chamaram a PSP? Certo que não se sabem todos os pormenores mas que só pela voz do GNR se percebe que ele estava mesmo feliz, isso sem dúvida. Quem sabe dessas coisas de som sabe que até havia um ligeiro sorriso na saída da cavidade bocal do sujeito. Feliz porquê?

Acabemos. O resto já sabe. O tal reclamante saiu com termo de identidade e residência e ao GNR esperam-no dois inquéritos. Só por ironia: por castigo deviam também incluir uns cortes na torneira do oxigénio que vai para o cérebro do GNR. E deviam ser em modo self-service. Para ver se gostaria. E para ver o tal sorriso prazenteiro que se adivinhou. Fosse como fosse, o que vimos… Não havia “nexexidade…” Foi mais uma exibição de um exibicionista. Mais isso que outra coisa. Quanto ao reclamante, pelo visto, talvez tenha sido um bocado calhau. E quando dois calhaus se encontram acontece faísca. Pena.

Siga para bingo… Raios, siga para o Curto. Fique bem, com a torneira aberta, para ler e entender. Ler e pensar, sobretudo.

MM | PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Pedro Santos Guerreiro | Expresso

Despedir a torto e a direito

Não há dia de Expresso Curto sem cantinho Donald Trump. É assim há meses. Muitas vezes, o cantinho é a abertura. Pela importância do que ele faz. E do que ele desfaz.

Trump demitiu o diretor do FBI. A razão invocada foi a forma como James Comey conduziu a investigação aos emails de Hillary Clinton durante a campanha para as presidenciais norte-americanas. Só que, como escreve o New York Times, este pode ser apenas um pretexto.

Trump tinha começado por manter Comey no FBI, quando tomou posse como Presidente. Mas o diretor do FBI estava a investigar o eventual envolvimento de membros da campanha de Donald Trump com a Rússia para influenciar o resultado das últimas eleições. “Se for verdade, isto é preocupante”, escreve Christine Wang, na CNBC. “Isto é nixoniano”, afirmou o senador democrata Bob Casey. As comparações entre os dois Presidentes, Trump e Nixon, é recorrente, precisamente pelas semelhanças das suspeitas e do comportamento que existem entre as suspeitas de conluio através de operações secretas com a Rússia e o caso Watergate.

O afastamento de pessoas de cargos-chave tem sido constante com Trump. A primeira pessoa que afastou foi Sally Yates, procuradora-geral interina, por se ter recusado a fazer aplicar o primeiro decreto anti-imigração por ele promulgado, que visava impedir a entrada nos Estados Unidos de refugiados e imigrantes de sete países de maioria muçulmana, recorda o Expresso Diário.

O processo sobre suspeitas de manipulação na campanha eleitoral do ano passado estão a passar por audições na Câmara dos Representantes, que têm decorrido sem grandes fugas de informação para a comunicação social. Incluindo a de James Comey, que teve lugar na semana passada, e de Sally Yates, já esta semana, que, como escreveu uma colunista do Washington Post citada pela Joana Azevedo Viana, “atirou a Casa Branca para debaixo do autocarro”.

Como escreveu Amanda Carpenter, da CNN, no Twitter, “se Trump pensava que estava com problemas com fugas [de informação], ele que espere. Ele despediu abruptamente o líder a quem muita malta do FBI é leal. O ricochete está a vir”.

OUTRAS NOTÍCIAS

Os hospitais e os centros de saúde estão, a partir de hoje, cinco dias praticamente em serviços mínimos, frisa o Público. É o que resulta de dois dias de greve, um de tolerância de ponto e o fim-de-semana. “Vão ser precisos dois meses para recuperar da greve dos médicos e da tolerância de ponto”, aponta o título da notícia. As urgências continuam a ser respondidas e alguns tratamentos, como oncologia e transplantes, cumpridos, mas ficarão por fazer consultas e cirurgias. As principais reivindicações dos sindicatos médicos para esta greve são o trabalho extraordinário obrigatório para os médicos, o tempo dedicado às urgências e o número de doentes por médico de família.

Os enfermeiros associados da Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros (Fense) começaram hoje uma greve de zelo por tempo indeterminado, protesto que conta com o apoio da Ordem que representa estes profissionais.

Avanços na investigação médica. Saiba como uma espécie de saco de plástico pode ser a nova esperança para bebés prematuros.

Na política, continuam a apanhar-se os cacos da aliança partida entre Rui Moreira e o Partido Socialista, que levou a que Manuel Pizarro, braço direito de Moreira nos últimos quatro anos, passasse a ser o braço esquerdo do PS no Porto, assumindo a candidatura do partido à Câmara Municipal nas eleições marcadas para outubro. No Expresso Diário, Daniel Oliveira escreve que “Manuel Pizarro está numa situação impossível: é o candidato a presidente que, graças a um desentendimento entre Rui Moreira e o PS nacional, não pôde ser, como queria, apenas candidato a vereador”.

António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa juntos como é frequente, desta vez em público como é raro: o Presidente da República e o primeiro-ministro falaram ontem num debate na Faculdade de Direito de Lisboa. Marcelo diz que o primeiro-ministro consegue ver um "sol ridente" todos os dias, mesmo quando chove; António Costa dissera antes que seria prudente, para que o seu otimismo não irritasse o chefe de Estado. Uma amena cavaqueira.

(E Marcelo afirmou pensar voltar a ensinar direito até aos 80 anos)

A assembleia-geral da Associação Mutualista Montepio aprovou ontem à noite, por larga maioria, os novos estatutos da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), de modo a que o banco possa avançar para a transformação em Sociedade Anónima, um passo para a abertura de capital da instituição que até aqui foi controlada pela totalidade pela Mutualista. O processo iniciara-se em 2015 e levantou várias polémicas, podendo agora anteceder a entrada de acionistas do setor social, como a Santa Casa da Misericórdia. Essa abertura do capital serve para acalmar as perspetivas de aumento de capital da instituição, cuja relação com a Mutualista tem levantado dúvidas. No primeiro trimestre do ano, o Montepio perdeu 876 milhões de depósitos, conta o Negócios. Mas o banco lucrou 11,1 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, face a prejuízos de 19,8 milhões de euros no mesmo período de 2016.

Enquanto no banco a situação se tranquiliza, na Mutualista é preciso mudanças, defendeu à entrada da reunião Eugénio Rosa, membro do conselho geral de supervisão da Caixa. "A continuação do atual presidente contamina todo o Montepio. O presidente da associação, com os processos que tem, não dá dignidade ao Montepio. Devia afastar-se”. Tomás Correia, recorde-se, é arguido em processos do Banco de Portugal.

Já não andamos tão sedentos de boas notícias como noutros tempos, mas continuamos esfomeados de investimento. Pois bem, a Mercedes apresentou ontem um novo centro digital para as suas operações internacionais, que vai recrutar serviços de engenharia portuguesa.

A Autoridade da Concorrência recebe hoje a grande Conferência Anual da Rede Internacional de Concorrência, no Porto. Estarão reunidos reguladores e organizações internacionais de 120 países, com mais de 600 participantes. A poderosa comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, encerra o primeiro dia. Haverá notícias.

As obrigações do Tesouro português têm surpreendido pela positiva, avalia o Negócios. Segundo analistas ouvidos pelo jornal, mais descidas das taxas dependem agora de sinais favoráveis das agências "rating".

Termina hoje a Oferta Pública de Venda (OPV) de 5% do capital da TAP, cumprindo o compromisso da privatização, que reservou este pedaço da empresa a trabalhadores. A procura era ontem cinco vezes superior à oferta, o que sugere um rateio de pelo menos 20%. Como escreve o Eco, os funcionários da TAP fizeram "overbooking".

O telemóvel é uma arma… de defesa. Um utente da repartição de Finanças do Montijo foi ontem agredido por um militar da GNR, quando se queixava do serviço. O militar estava à civil. O homem de 26 anos foi asfixiado até perder a consciência e depois foi detido. O momento ficou registado pelo seu próprio, em direto no Facebook. E as imagens, que podem chocar, estão em todo o ladoO homem agredido vai responder a tribunal.

José Júlio Pereira Gomes será o novo secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa, organismo que depende diretamente do gabinete do primeiro-ministro. O atual embaixador português em Estocolmo irá substituir Júlio Pereira. Como apurou a Luísa Meireles, “o nome do novo chefe das secretas já tinha sido escolhido há alguns meses, mas só agora foi decidido torná-lo público, em vésperas da visita do Papa”.

No desporto, o Correio da Manhã garante que Jorge Jesus confidenciou a amigos que, depois das declarações críticas de Bruno de Carvalho no final da derrota do Sporting contra o Belenenses, já nada o prende ao Sporting. (Talvez quatro milhões de euros de salário anual, dizemos nós…)

A Juventus venceu o Mónaco por 2-1 e, dois anos depois, está de novo na final da Champions. Como escreve o Pedro Candeias na crónica do jogo, citando Mike Tyson, “toda a gente tem um bom plano, até levar um murro na cara”.

Miguel Poiares Maduro foi afastado do Comité de Governação da FIFA. Ao ECO, o ex-ministro de Passos Coelho denuncia que ali sofreu mais pressões do que nunca. “A FIFA não está preparada para uma instituição independente”

“Quem pode bater Cristiano Ronaldo?” Para a “France Football”, dificilmente a Bola de Ouro fugirá ao jogador português.

Quem pode bater Salvador Sobral? O cantor português foi ontem apurado para a final do festival da Eurovisão, a realizar este sábado.

Sábado é dia semanal de descanso. Este sábado é 13 de maio e não haverá descanso. Papa em Fátima. Benfica possível campeão nacional de futebol. Salvador Sobral na final da Eurovisão.

Haverá “alguma alterações de pormenor” no plano da polícia para evitar problemas na festa do Benfica, que se prepara para festejar a conquista de mais um campeonato. E enquanto a PSP prepara mais uma operação no Marquês, a GNR organiza a segurança, juntamente com outras forças policiais e o Exército, no maior evento dos últimos anos em Portugal: a visita do Papa Francisco a Fátima.

“O mundo precisa de um Papa?” A pergunta (e a resposta) é colocada por José Tolentino Mendonça, que pode ler aqui. “O mundo pode amar o Papa Bergoglio por muitas razões, é verdade. Mas talvez a mais decisiva, a que mais nos comove e transforma, é sentirmos ao escutá-lo que estamos a escutar um pai.”

FRASES

“As pessoas não saem à rua por uma décima do PIB”, António Costa, citado no Público.

“Por muito que culpe o Secretariado do PS, [Rui Moreira] é o autor material da mais exemplar defenestração política dos últimos tempos em Portugal.” Manuel Carvalho, referindo-se a Manuel Pizarro, agora candidato do PS na Câmara do Porto, no Público.

“A tolerância de ponto é uma benesse. Neste caso, entre públicos e privados, desigual. Neste caso, entre crentes e não crentes, absurda.” Miguel Guedes, no Jornal de Notícias.

“Se o capitalismo tem sobrevivido em todo o tipo de regimes políticos, a democracia tem florescido sobretudo em economias de mercado”. Maria de Lurdes Rodrigues, no Diário de Notícias.

O QUE EU ANDO A LER


“Escrever é moral em ação”. Batista-Bastos morreu ontem, aos 83 anos, deixando uma vasta obra publicada.

O Rui Cardoso, editor de internacional do Expresso, que o conheceu no espaço mais íntimo do jornalismo, a redação, escreveu-lhe ontem uma carta de despedida:

“E havia o Baptista-Bastos, claro. Sempre impecavelmente vestido, dava-se por ele quando entrava na redação, até porque raramente era o primeiro a fazê-lo. Com voz de trovão, elevando-se acima do matraquear das máquinas de escrever e de dúzias de conversas em voz alta ao telefone, lançava um tonitruante “bom dia camaradas” que às vezes, ao sabor das indisposições e dos ódios de estimação, evoluía para fórmulas das quais a única publicável era ‘bom dia a todos menos a um’. (…)

(…) Bastos, com obra publicada, escrevia primorosamente e não tolerava tiques de escrita, modismos ou prosas escritas à pressa. Muito menos cacofonias, erros de sintaxe ou de ortografia. Ainda não se sonhava com acordo ortográfico e já ele berrava a plenos pulmões: ‘Isto não é escrever por sons, senão samarra escrevia-se com c cedilhado’.”

Irei escrever mais longamente sobre o BB, de quem me tornei amigo já ele entrava nos setentas e publicava crónicas semanais no Jornal de Negócios, que sempre foram “o que eu ando a ler”. Como li vários dos seus livros, crónicas e romances, incluindo “O Cavalo a Tinta da China”, “As Bicicletas em Setembro” e “O Secreto Adeus”.

“Desejo fazer ouvir a voz pessoal, por vezes tão veemente que poderá ser interpretada como injusta, mas conferindo-lhe sempre um ideal de justiça. Como atribuo às palavras um valor interior e impositivo, reajo, com elas, às minhas indignações e cóleras. (…) Não há nestas páginas qualquer intenção moralista; sim, e antes de tudo, a procura de uma moral individual, para me ajudar a ser um homem livre. Nos jornais e nos livros, a ambição tem sido a de exigir respeito e compaixão pela condição humana”.

E lá ia ele, passada larga, rindo e exclamando, exclamando sempre muito.

Tenha um bom dia. Nós estamos aqui, todo o dia, todos os dias.

Portugal | TOLERÂNCIA DE PONTO-FINAL-PARÁGRAFO


Miguel Guedes | Jornal de Notícias | opinião

Se Deus - ou alguém em sua representação oficial - voltasse à terra na véspera do 13 de Maio, o que veria? Crentes funcionários públicos em peregrinação, crentes funcionários privados em abstinência espiritual ou não abençoados funcionários-de-todo-o-Mundo-uni-vos em absoluto desdém pela intolerância? A tolerância de ponto decretada pelo Governo socialista-laico é uma reminiscência daqueles habituais costumes que não deveriam fazer do hábito a razão última da sua permanência. Ou será apenas a habitual e moderna tendência transgénica do cultivo das rosas sem espinhos? Sacrossanto caminho este. Caminhar para a cruz à distância do calvário, sacrificando a exegese ao sabor de uma maioria que a sustente.

No caso concreto da visita papal, a maioria até fez o pleno. À excepção de vozes individuais, nenhum dos partidos com representação parlamentar manifestou qualquer discordância ou reserva sobre a subserviência do pequeno país laico ao enorme país católico. A laicidade do Estado, porém, deveria estar para além do respeito: ela vive da equidade. Quando todo o espectro político não levanta a questão da desigualdade entre a celebração pública das convicções mais íntimas, esqueçam a canonização da santa Lúcia: a única beatificação da semana pertence a António Costa e à aparição do seu pleno parlamentar. Não me conforta o argumento de que esta é matéria estritamente reservada ao Governo. Recordo-me de como PS, BE e PCP criticaram a decisão de Passos Coelho em não conceder tolerância de ponto aos funcionários públicos pelo Carnaval.

Ponto final à tolerância, final de parágrafo. A tolerância de ponto não é um fim por si só, uma qualquer forma hábil de devolver qualidade ao lazer das famílias ou sadio ócio ao agregado. Não são férias acrescidas, diminuição da idade da reforma ou redução do horário de trabalho. Está longe de ser um direito. A tolerância de ponto é uma benesse. Neste caso, entre públicos e privados, desigual. Neste caso, entre crentes e não crentes, absurda. Como entendo que isto da fé é para ser levado muito a sério, questiono-me como se permite aos partidos que continuem a brincar às religiões. Se fosse ateu, estaria abalado na minha crença. Enquanto agnóstico, limito-me a desconfiar. Adeus à virgem.
O autor escreve segundo a antiga ortografia

* Músico e advogado

TRABALHAR SEIS HORAS, DESEJO IMPOSSÍVEL?


Sob a lógica capitalista, todo avanço tecnológico produz desemprego e submissão. Um novo projeto emancipatório precisa exigir o contrário: redução substantiva da jornada, sem diminuição de salários

Esteban Mercatante*, no Ideas de Izquierda | Outras Palavras | Tradução: Inês Castilho

Os avanços da robotização e da inteligência artificial, nos últimos anos, deram novo vigor à reflexão sobre o “fim do trabalho”. Quase toda semana surgem na mídia notícias sobre os milhões (ou mesmo dezenas de milhões) de empregos que desaparecerão nos pŕoximos anos como consequência desse avanço. Os fantasmas sobre o fim do trabalho vêm de antes – em 1995 saiu o livro de Jeremy Rifkin O fim do trabalho e já nos anos 80 o teórico crítico André Gorz apontou as mutações no mundo da produção que colocavam em crise o papel do trabalho. Mas agora, tornaram-se uma perspectiva mais próxima, ou ao menos assim parecia, dados os prognósticos mais alarmistas. No ano passado, o Fórum Econômico Mundial, que se reúne todos os janeiros em Davos, apresentou estimativas que projetam uma queda dramática da quantidade de assalariados em consequência da introdução de novas tecnologias. Todos esses estudos têm muito de alarmistas; como mostra Paula Bach neste dossiê, a ameaça da robotização mostra-se exagerada à luz das tendências atuais de acumulação de capital. Michel Husson expõe conclusões semelhantes em O grande “bluff” da robotização. Por outro lado, a crise mundial desencadeada pela queda do Lehman Brothers, que teve seus efeitos mais duradouros nas economias mais ricas da Europa e dos EUA, complicou ainda mais o panorama do emprego. Mesmo nos EUA, o país capitalista onde o emprego mais se recuperou mais desde a quebra de 2008, os empregos criados são principalmente nos setores de serviços e de comércio, mal remunerados.

Nesse contexto, colocar em discussão a redução da jornada de trabalho para 6 horas pareceria mais que razoável. O volume de trabalho humano a realizar diminui, tanto por fatores estruturais de longo prazo – a crescente automação dos processos produtivos faz com que se possa produzir o mesmo com menos tempo de trabalho – como por razões mais conjunturais (o fraco crescimento que parece ter chegado para ficar nas economias mais ricas). Por que não repartir o trabalho social por todas as mãos disponíveis?

Na contramão do “fim do trabalho”

Um projeto como este não é do agrado do exército de especialistas advogados da “modernização” das relações de trabalho para favorecer os lucros empresariais. Sua rejeição é lógica: a questão do tempo de trabalho na sociedade capitalista não é algo que possa ser vista de forma ligeira. Por mais empenho que a economia mainstream tenha colocado nos últimos 150 anos para refutar Karl Marx e economistas clássicos como David Ricardo e Adam Smith, que reconheciam no trabalho a única fonte de valor – e portanto de lucro – na hora da verdade os donos dos meios de produção e seus gerentes sabem que cada segundo conta. Obter mais trabalho pelo salário que se paga é uma das chaves para elevar a taxa de rentabilidade.

Não surpreende portanto que, apesar das possibilidades técnicas apresentadas pelo aumento da produtividade, trabalhe-se tanto, no século XXI – ou mais – que no século XX. Por exemplo, nos EUA a produtividade duplicou entre 1979 e 2016, segundo o Escritório de Estatísticas de Trabalho (e triplicou desde 1957). No entanto, se no começo deste período as horas semanais trabalhadas na ocupação principal nos EUA eram de 37,8, em 2016 foram de 38,6. Trabalha-se mais, e não menos, que há 40 anos.

A situação não é muito diferente em outros países. Na França, que em 2000 introduziu a semana de 35 horas de trabalho, estas já quase não se aplicam. O ataque começou cedo, em 2003, com a lei Fillon (elaborada pelo então ministro François Fillon, candidato da direita nas recentes eleições presidenciais), que ampliou as horas extras possíveis de 130 a 200 no ano, e manteve a possibilidade de que as empresas imponham horas extras. Em 2015-2016 a lei Macron (candidato “independente” eleito presidente nestas eleições) estabeleceu a obrigação de trabalhar domingo no comércio, igualou o trabalho noturno com o trabalho feito à tarde e estendeu o tempo da jornada de trabalho para 12 horas diárias e 60 semanais. A decisão posterior do Senado, de reintroduzir as 39 horas, no lugar de 35, foi mais um passo no caminho de eliminar todas as barreiras legais à liberdade dos empresários para explorar o trabalho. Segundo o Eurostat, na França trabalha-se 40,5 horas por semana. O hoje abatido ex-candidato Fillon quer mudar para 39 horas semanais, mas pagar somente 37, “para ganhar competitividade”.

Na Alemanha, apelando à chantagem da deslocalização do trabalho para o Leste, a Siemens impôs em abril de 2004 aos trabalhadores da fábrica em Bocholt um acordo considerado “uma ruptura de época na história econômica da República Federal”: a volta de 35 para 40 horas sem nenhum tipo de aumento dos salários. No mesmo ano, a Opel obrigou os trabalhadores e o sindicato a concordar com uma semana de trabalho de 47 horas em troca de uma promessa – descumprida – de não despedir. As estatísticas falam por si mesmas: na Alemanha, a proporção de trabalhadores do sexo masculino que trabalham entre 35 e 39 horas caiu de 55% em 1995 para 24,5% em 2015; a proporção dos que trabalham 40 horas ou mais aumentou no mesmo período de 41% a 64%. Considerando-se o total de trabalhadores, homens e mulheres, a primeira categoria caiu de 45% para 20,8%, enquanto o segundo aumentou de 32, 7% para 46%.

Mudar… para pior

Sem dúvida, as relações de trabalho atuais não se ajustam às necessidades das empresas que apontam para uma maior “flexibilidade”, sempre entendida como menos direitos para os trabalhadores e menos obrigações para os empregadores. Hoje, uma das principais contestações à tradicional jornada de 8 horas vem da parte das próprias empresas. E não precisamente porque busquem liberar os assalariados da pesada carga do trabalho.

Além disso, a própria relação salarial está sendo reformulada. Corporações como Uber constróem grandes redes contando com uma folha de pagamento mínima, enquanto o serviço que define a empresa é realizado por trabalhadores “independentes”. Isso, que vem sendo chamado de “economia gig”, vem acompanhado de novas técnicas de persuasão ou coerção para arrancar mais trabalho desses trabalhadores independentes. “Mostramos aos motoristas áreas de alta demanda ou os incentivamos para que dirijam mais”, admite um porta-voz do Uber [1]. No caso da Amazon, uma investigação da BBC mostrou que os motoristas encarregados de distribuir seus produtos na Grã Bretanha eram forçados a trabalhar 11 horas ou mais, e inclusive fazer suas necessidades dentro de seus veículos para poder cumprir as exigentes metas de entregas da empresa, que podiam chegar até a 200 pacotes diários. Mesmo assim, apesar disso, em muitos casos, o rendimento mal equivalia a um salário mínimo, já que era preciso arcar com os custos do aluguel do veículo (ou de sua manutenção, se próprio) e seguro [2]. Sim, é a mesma Amazon que inaugurou um local sem caixas em Seattle, mostrando aquí uma face bem menos amável e de vanguarda: o da economia “gig” como mais um salto na extensão do “precariado”. Que têm em comum uma caso e outro, e os de muitíssimas empresas semelhantes em todo o mundo? O fato de seus “colaboradores” terem contratos independentes, que carecem da maioria das proteções associadas com o emprego.

Há também outras propostas de mudanças na jornada. Carlos Slim, o magnata mexicano das telecomunicações, colocou que seu método para “repartir” o trabalho: jornadas de 3 dias por semana… 11 hors por dia! Em troca, “as pessoas se aposentadoriam aos 75”. Trabalhar menos dias, ainda que em jornadas intermináveis… e por muito mais tempo de vida. Uma proposta que, ao menos neste último aspecto, pode ser do agrado de governos como o de Mauricio Macri, na Argentina, ou Michel Temer, no Brasil, empenhados em aumentar a idade da aposentadoria, estendendo-a até 65 anos para homens e mulheres.

Sejam felizes e produzam mais

Se fosse necessários ainda mais indicadores de que algo está ocorrendo – e algo tem de mudar – com a jornada de trabalho, há os múltiplos casos de empresas que começaram a cortar a jornada, apesar de que cada minuto de trabalho que sacrificam é um “custo de oportunidade” para os empresários. Fazem-no, obviamente, não por qualquer vocação caritativa mas contando em conseguir, em troca, maior produtividade durante o tempo que seus empregados estão no trabalho. A Suécia colocou em prova uma iniciativa no setor público da assistência aos idosos, onde se reduziu a jornada para 30 horas semanais (6 horas diárias). Segundo a avaliação realizada, as enfermeiras declararam-se mais felizes, melhor remuneradas (é como se se pagasse 33 % a mais a hora de trabalho) e sua produtividade aumentou. Ainda que seu trabalho tenha custado mais caro — e isso acabou determinando no início deste ano o abandono desta experiência — o cuidado dos pacientes melhorou, já que as enfermeiras se cansavam menos.

A possibilidade de ganhar em produtividade é o que impulsiona muitas empresas a também experimentar com a redução da jornada de trabalho, embora se trate de experimentos limitados. A Toyota (em sua filial sueca) é uma das empresa que o fez, assim como várias do setor de tecnologia. Na maioria dos casos, seguindo a tendência que analisamos acima, a outra face da redução do tempo passado no trabalho é o aproveitamento da maior conectividade para fazer com que os empregados continuem realizando tarefas fora do horário de trabalho.

Embora isoladas e sem marcar nenhuma tendência geral, como vimos, essas experiências desmentem a ideia de que seja impossível avançar com direção à redução da jornada de trabalho. Mostram também que, se depender do capital, isso só poderá ocorrer em troca de maior produtividade (intensidade do trabalho) e sem permitir – ao menos não inteiramente – que os desempregados possam voltar a obter um trabalho, já que se tentará compensar qualquer redução da jornada com maior produtividade. Fazê-lo de outro modo — ou seja, reduzir a jornada assegurando que todos possam trabalhar e receber um salário digno — implica afetar os lucros,para assegurar o emprego.

Direito contra direito

Em 1930, um ano após o início da Grande Depressão, o lorde John Maynard Keynes publicou As perspectivas econômicas para nossos netos, um texto em que, apesar do presente penoso, mostrava-se confiante sobre as perspectivas futuras, que ofereceriam desenvolvimento da produtividade. “Poderia predizer que o nível de vida nos países avançados será, dentro de cem anos, de quatro a oito vezes mais alto do que é hoje”. Considerando essa perspectiva, confiava em que “turnos de três horas ou semanas de trabalho de quinze horas” seriam mais que suficientes para satisfazer as necessidades econômicas. Como já vimos, o aumento da produtividade deu razão a Keynes na maior parte dos países ricos, mas não ocorreu o mesmo com as horas trabalhadas.

As possibilidades criadas pelo desenvolvimento da técnica, nas mãos do capital, convertem-se num pesadelo para os trabalhadores. O auge das comunicações e o barateamento dos custos de transporte das últimas décadas não reduziram as horas de trabalho nos países industrializados — apenas diminuiram a quantiade de trabalhadores ocupados. Em parte, isso se deu devido à automação, e em parte porque os empregos foram relocalizados nos países onde a força de trabalho é mais barata e onde também se pode fazer com que se trabalhe mais horas. A degradação subsequente das condições de emprego operou ainda mais em favor do capital, que pode impor em todo o mundo uma “arbitragem trabalhista”, fazendo com que os trabalhadores dos diferentes países compitam entre si, cedendo em condições de trabalho e remuneração para assegurar o emprego, numa verdadeira “corrida em direção ao abismo” [3].

As forças produtivas hoje disponíveis permitiriam amplamente oferecer a toda a humanidade o acesso aos bens e serviços fundamentais, ao mesmo tempo que reduzir para milhares de milhões de homens e mulheres a carga de trabalho. Mas isso se choca com as relações de produção capitalistas, que dependem da exploração da força de trabalho, arrancando dela o sobretrabalho/ trabalho excedente para assegurar o lucro, que motor desta sociedade.

Projetar a redução da jornada de trabalho mediante a partilha das horas de trabalho entre todas as mãos disponíveis, sem afetar o salário (garantido para todos os ocupados uma renda digna), significa colocar na mesa que o aumento ou “flexibilização” da jornada não são as únicas alternativas. Elas, além disso, nunca serviram para que o emprego cresça significativamente (e em muitos casos, nem sequer para que deixe de cair); somente conseguem degradar a qualidade dos empregos existentes. Tampouco passa, como foi proposto em diversas modalidades, pela ilusão de que o Estado assegure uma renda universal tanto para os que estão empregados como para os que não estão. Trata-se de colocar em questão como se produz e como se repartem os frutos dessa produção.

Reduzir esta jornada significaria, além disso, desnaturalizar o “exército industrial de reserva”, termo com que Marx caracteriza o papel desempenhado pela força de trabalho desempregada ou semiempregada. Sua existência é o que permite que os mecanismos de mercado operem no que diz respeito aos salários, de forma favorável ao capital, limitando o crescimento dos salários nos momentos de auge e facilitando a queda dos mesmos em tempos de crise.

(…)
Não se trata aqui do choque “normal” de interesses materiais opostos. Trata-se de preservar o proletariado da decadência, da desmoralização e da ruína. Trata-se da vida e da morte da classe criadora e, por isso mesmo, do futuro da humanidade. Se o capitalismo é incapaz de satisfazer as reivindicações que surgem dos males engendrados por ele mesmo, só lhe resta morrer. A “possibilidade” ou a “impossibilidade” de realizar as reivindicações é, neste caso, uma questão de relação de forças que só pode ser solucionada pela luta. Sobre a base desta luta, quaisquer que sejam os êxitos práticos imediatos, os trabalhadores compreenderão, na melhor forma, a necessidade de acabar com a escravidão capitalista.

A proposta de trabalhar menos horas para que todos trabalhem, sem afetar os salários, coloca em questão a naturalização do “direito” do empresariado de dispor da força de trabalho como bem entende, em função de ampliar seus lucros, enquanto esse privilégio promove uma progressiva deterioração para uma faixa de assalariados. Trata-se de um projeto que só poderia realizar-se integralmente por um governo de trabalhadores que se proponha superar – em nível internacional – esse sistema baseado na exploração social. Se o capitalismo criou esta possibilidade – a de reduzir o tempo necessário para assegurar a reprodução dos bens socialmente necessários – mas se isso só pode ser feito questionando os mecanismo de exploração que sustentam este sistema, “só lhe resta morrer”, para abrir caminho para uma organização da produção articulada não em função do lucro privado, mas das necessidades sociais.

Notas
[1] Noam Scheiber, “Os truques psicológicos da Uber para que seus motoristas trabalhem mais”, The New Times, edição em espanhol, 6/4/2017.
[2] “Amazon drivers ‘work illegal hours’”, BBC, 11/06/16.
[3] Esteban Mercatante, “Uma corrida até o abismo”, IdZ 30, junho 2016.

* Esteban Mercatante
Redator de Economía no Izquierda Diario. "Autor de La economía argentina en su laberinto" e "Lo que dejan doce años de kirchnerismo"

TONY BLAIR RETORNA À POLÍTICA


O antigo Primeiro-ministro britânico, Tony Blair, declarou ao Daily Mirror desejar voltar à política a fim de lutar contra o Brexit.

Primeiro-ministro durante uma década (1997-2007), Tony Blair tinha amarrado a política externa do Reino Unido à dos Estados Unidos. Com o Presidente Bill Clinton, ele havia criado a «terceira via» (nem comunista, nem capitalista). Junto com George Bush Jr., lançou a «Guerra global contra o terror».

No entanto, face à Resistência Iraquiana, ele tinha proposto aos Estados Unidos uma nova política para o «Médio-Oriente Alargado» : o projecto das «Primaveras Árabes».

No final do seu mandato, ele aceitou tornar-se (2007-15) o enviado do Quarteto para o Próximo-Oriente (quer dizer, para supervisionar as relações entre Israel e a Autoridade Palestiniana). Simultaneamente, ele ocupa-se de negócios pessoais, principalmente no Kuweit, Catar e no Cazaquistão.

A sua esposa, a advogada Cherie Blair, formou, por sua vez, um grande escritório de advogados, que trabalha actualmente para o Catar preparando a condenação do presidente Bashar al-Assad que deveria seguir-se ao derrube da República Árabe Síria.

Os laços de Tony e Cherie Blair com a CIA foram objecto de um romance de ficção, Ghost, levado ao cinema por Roman Polanski.

Voltaire.net | Tradução Alva


Thierry Meyssan*
Contrariamente às aparências, longe de se comportar de maneira errática, a Administração norte-americana tenta fixar o quadro da sua política externa. O Presidente Donald Trump trava negociações com um porta-voz do Estado Profundo que governa o país desde o 11 de Setembro de 2001. Parece que terão encontrado um esboço de acordo, cujos detalhes permanecem por revelar. Membros da Administração deverão clarificar a nova política externa da Casa Branca, no final de Maio, perante uma Comissão do Congresso.

quando do bombardeamento de Shairat, eu havia observado que se tratava apenas de um gesticular e que o Secretário de Estado tinha utilizado este ataque para fazer pressão sobre os seus Aliados europeus, e forçar o verdadeiro organizador desta guerra, o Reino Unido, a expor-se. Entretanto, hoje em dia, sabemos um pouco mais a respeito.

O Presidente Trump, que tem de fazer face, ao mesmo tempo, à oposição da classe dirigente e à do Estado Profundo dos EUA, utilizou este ataque para «restaurar a credibilidade» (sic) da Casa Branca.

O Presidente Obama, tinha acusado a Síria, no verão de 2013, de ter utilizado gaz de combate na Guta e de ter, assim, cruzado uma «linha vermelha». No entanto, não tirou daí nenhuma consequência e refugiou-se por trás do Congresso para não fazer nada. A sua impotência foi tanto mais saliente, quanto em virtude da declaração de guerra de 2003 (o «Syrian Accountability Act»- «Lei de Responsabilização da Síria»-ndT), ele tinha total poder para bombardear a Síria sem precisar de uma nova autorização do Parlamento.

Por sua vez, acusando a Síria de ter utilizado gás de combate, desta vez em Khan Shaikun, e bombardeando-a de imediato, Donald Trump teria dado mostras da «credibilidade» que faltava ao seu predecessor.

Consciente que, nem na Guta, nem em Khan Shaikun, a Síria era culpada, ele movimentou-se para fazer prevenir com antecedência o Exército Árabe Síria, o qual pode evacuar a base antes do ataque.

A seguir, iniciou negociações com o Estado Profundo dos EUA, pelo menos com um dos seus porta-vozes, o Senador John McCain. Um representante de Israel, o Senador Lindsey Graham, assistiu às conversações.

Os Europeus, ficam evidentemente surpresos por saber que Donald Trump se comportou como um «Senhor de Guerra» para se dar ares de presidente de um Estado-Membro da ONU. Ora, é preciso compreender o contexto particular dos EUA, onde o Estado Profundo é composto antes de mais por militares e, depois, só acessoriamente de civis.

Segundo as nossas informações, parece que o Presidente Trump terá aceite renunciar —de momento— ao desmantelamento da OTAN e do seu componente civil, a União Europeia. Esta decisão implica que Washington continua a considerar —ou finge considerar— que a Rússia é o seu inimigo principal. Por seu lado, o Estado Profundo dos EUA teria aceite renunciar apoiar os jiadistas e prosseguir o plano britânico das «Primaveras Árabes».

Para selar este acordo, duas personalidades neo-conservadoras deverão entrar proximamente na Administração Trump e aí dirigir a política europeia: 

- Kurt Volker, o director do McCain Institute (Universidade do Estado do Arizona) seria nomeado director do Gabinete Eurásia do Secretariado de Estado. Volker, um antigo juiz militar, foi o embaixador do presidente Bush Jr. na OTAN durante a guerra da Geórgia (Agosto de 2008). 

- Enquanto que Tom Goffus, um dos assistentes de McCain na Comissão Senatorial das Forças Armadas, seria nomeado assistente-adjunto do Secretário da Defesa para a Europa e a OTAN. Goffus é um oficial da Força Aérea, que já tinha desempenhado este tipo de funções junto de Hillary Clinton e do Conselho Nacional de Segurança.

No que toca à Síria, este acordo, se fôr ratificado pelas duas partes, deverá marcar o fim da guerra dos Estados Unidos contra a República Árabe Síria; guerra que prosseguiria por iniciativa do Reino Unido e de Israel, com os seus aliados (Alemanha, Arábia Saudita, França, Turquia, etc.). Pouco a pouco, os pretensos «Amigos da Síria», que reunia 130 Estados e Organizações internacionais em 2012, reduzem-se. Eles não são mais do que 10 hoje em dia.

Thierry Meyssan* | Voltaire.net | Tradução Alva | Fonte Al-Watan (Síria)

*Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación(Monte Ávila Editores, 2008).

Ilídio Pinho defende a escola como motor da sociedade

O Comendador Ilídio Pinho esteve hoje em Albergaria-a-Velha para conhecer os quatro projetos das escolas do Concelho que estão a concorrer, em diferentes escalões, ao Prémio Nacional “Ciência na Escola”. O empresário ficou muito agradado com o que viu, afirmando que “o segredo do sucesso deste País está nesta sala”. A apresentação decorreu na Biblioteca Municipal, perante uma plateia de alunos, professores e encarregados de educação.

 “A escola deve ser o motor da sociedade”, defendeu o criador do programa “Ciência na Escola”, projeto de incentivos ao ensino da ciência em ambiente escolar, que faz agora 15 anos. Reagindo a um repto de António Loureiro, que afirmou que Ilídio Pinho é um empresário que quando olha para uma árvore, tem a capacidade de ver a floresta, referiu que “a floresta sem raízes sólidas fragiliza-se e as escolas são as raízes sólidas da floresta”. O empresário, que defende o trabalho em equipa e a interdisciplinaridade, explicou que as escolas devem estar preparadas para o ensino científico de forma a responderem aos desafios da globalização.

Ilídio Pinho foi recebido pelo Executivo presidido por António Loureiro, com as presenças de Delfim Bismarck, Catarina Mendes e Ana Maria Silva, pelo diretor do Agrupamento de Escolas de Albergaria-aVelha, Albérico Vieira, e pelo diretor do Colégio de Albergaria, Pedro Marques. O Presidente da Câmara de Albergaria enalteceu o trabalho do empresário, referindo a sua preocupação em fazer uma sociedade melhor. O Autarca recordou o Programa Municipal de Empreendedorismo Escolar, que neste ano letivo envolve 70 professores e mais de mil alunos, e o Programa de Incentivos à Criação do Próprio Emprego que, em dois anos, já levou à criação de mais de 40 postos de trabalho em 26 empresas, que apresentam um volume de negócios superior a 1 milhão de euros. “Procuramos fazer a diferença; em Albergaria-a-Velha não fica ninguém para trás”, avançou António Loureiro.

Foram quatro os projetos apresentados e que passaram a fase regional do concurso “Ciência na Escola”. “Semente e a Criança a Crescer”, do Jardim de Infância do Sobreiro, é um projeto coordenado pelo professor Edgar Borges, em colaboração com a educadora Eugénia Martins, e que conta com o apoio de Ana Gomes, da Universidade de Aveiro. Pretendem-se desenvolver novos vocábulos e noções matemáticas nas crianças, através da compreensão do processo de fermentação do pão.

“Cozinha Molecular”, projeto coordenado pela professora Paula Vieira, do Colégio de Albergaria, tem um caráter eminentemente prático e multidisciplinar, de forma a estimular o interesse pelo conhecimento e método científico, com os alunos a prepararem no local um “caviar” de manga, através de fórmulas comuns à Química e à Culinária.

 “Diz-me quem foste … Diz-me quem sou…” é um projeto dirigido a doentes de Alzheimer, que já foi apresentado no Solar das Camélias e na Misericórdia de Albergaria-a-Velha, que visa manter a comunicação e interação com os doentes. O projeto é coordenado pela professora Maria Ramalheira Lemos, da Escola Secundária de Albergaria-a-Velha. O projeto conta a colaboração dos psicólogos João Alcafache e Ana Torres.

Por último, os alunos do 10.º e 11.º anos do curso de Técnico de Manutenção Industrial, da Escola Secundária de Albergaria-a-Velha, apresentaram o protótipo de uma paragem de transportes públicos, designada “EEStop”, que oferece diversas funcionalidades aos utilizadores através de energias limpas. O projeto é coordenado pelo professor Filipe Tavares. Os alunos já estabeleceram uma parceria com a EDP e esperam ter o apoio da multinacional Schmitt.

 Os projetos premiados no programa “Ciência na Escola” serão apresentados em Coimbra, nos dias 29 e 30 de junho, na presença do Primeiro-Ministro, António Costa, e do Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues. Ilídio Pinho explicou que está em preparação um catálogo digital com todos os projetos de forma a que, de ano para ano, possam ser desenvolvidos e melhorados por outros alunos.

HYPRO E MULHERES GORDAS

Hypro é a abreviação para High Protein, ou alta proteína.
Essencialmente, pessoas gordas ingerem muito carboidrato em relação a ingestão proteica, e as mulheres, regra geral, ingerem pouca proteína, daí... Elas simplesmente engordam... A briga com a balança é braba!
E a vida sedentária complica ainda mais... As mulheres precisam comer mais proteína ( a forma mais barata é um ovo cozido todo dia), e se exercitar um pouco mais.
Nós, e qualquer animal, nos sentimos saciados quando o cérebro percebe e sinaliza que a ingestão de calorias é suficiente. É assim porque calorias representam o combustível para energizar esta máquina que o cérebro comanda.
Por isso precisa haver equilíbrio calórico-proteico em qualquer dieta!
Há setenta anos atrás não havia soja no Brasil. Hoje, o grão dessa leguminosa é a salvação de nossa balança comercial e já somos o maior exportador mundial de soja em grão.
O grão de soja possui 20% de óleo. Quando você extrai o óleo, o que resta é o farelo de soja que pode conter de 44 a 50% de proteína bruta de alta qualidade.
Milho moído e farelo de soja moído constituem entre 80 e 90% das rações de aves e suínos no Brasil e no mundo.
O binómio milho e soja é perfeito para constituição de rações animais.
Se a soja for via farelo de soja hypro, aí é uma beleza!
Farelo de soja hypro é o farelo processado sem a casca do grão de soja. Casca é para proteger a semente e tem baixíssima proteína então se a eliminamos, o valor proteico do produto industrializado sobe.
Feedstuffs é um jornal produzido nos USA que recebia todas as semanas nas décadas de 70, 80 e 90. É um jornal que traz toda a informação para aqueles que produzem ou trabalham com rações, desde as recentes pesquisas com necessidades nutricionais dos animais, até as novas tecnologias de processamento e maquinário. Eu lia muito sobre as vantagens industriais do farelo de soja hypro... Mas não havia este farelo no Brasil... Nosso produto tinha de 43 a 45% de proteína bruta.
Comecei a mostrar as vantagens do farelo de soja Hypro a Empresa onde eu trabalhava. O impasse principal era: O que fazer com a casca?
Ora, a casca é produto orgânico... Pode ser jogado na lavoura que se transforma em adubo, ou pode ser jogado para queimar nas fornalhas de caldeiras que todos os frigoríficos possuem... Pode ser vendido...
Não pode fazer parte do farelo de soja que usamos nas nossas rações, era o que eu argumentava.
Foi uma longa batalha... Mas após cinco anos a Sadia começou a produzir Farelo de Soja Hypro, e a Empresa encontrou excelentes mercados para o excedente deste produto, principalmente na Alemanha e na Dinamarca.
Em 1994, duas grandes cooperativas destes dois países reclamaram da qualidade do produto que estavam recebendo e eu fui designado para ir para lá e conversar com os compradores.
Aconteceu uma reunião em Bremen, na Alemanha, e outra em Copenhagem, na Dinamarca.
Foi tranquilo... Apenas duas análises em mais de 550 análises, apresentavam valor do aminoácido lisina abaixo do esperado, porém dentro da variação permitida. Não havia nada a reclamar...
Mostrei todo o nosso processo de fabricação de farelo de soja hypro e nosso padrão de qualidade... Evidenciei porque nosso produto era
excelente... Disse-lhes assim: "A Sadia é o principal comprador desta matéria prima porque nós produzimos rações para nossos próprios plantéís de aves e suinos. A Sadia entrou no negócio Soja
essencialmente por causa das rações. Fiquem tranquilos!"
Quatro anos depois encontrei casualmente um colega da Sadia no restaurante de um Hotel em Toledo Pr, e conversamos rapidamente... Na despedida ele virou para sua esposa e disse a ela: "Este é o cara que conseguiu colocar o Hypro na Sadia... Esta é uma vitória que ninguém pode lhe tirar, não é, João..."
Foi muito bom ouvir aquilo...
Aqui vale recordar Ghandi: " Há dois tipos de pessoas. Aquelas que
fazem as coisas acontecerem e aquelas que alardeiam e levam os louros.
Prefira sempre estar entre os primeiros... Há menos competição lá."

Veja a mensagem do Papa Francisco aos portugueses

Papa Francisco
Papa Francisco. (REUTERS/Max Rossi)
Papa Francisco deixou uma mensagem de pouco mais de quatro minutos ao "querido povo português" em vésperas de chegar ao País, já na sexta-feira.
Em vésperas de chegar a Portugal, o Papa Francisco deixou uma mensagem de pouco mais de quatro minutos num vídeo divulgado esta quarta-feira pelo Vaticano onde, além de agradecer todos os convites (incluindo os muitos que não conseguiu aceitar), pede a união de todos.
“Querido povo português. Faltam poucos dias para a minha e a vossa peregrinação até junto de Nossa Senhora de Fátima. Bem sei que me queriam também nas vossas casas e comunidades, nas vossas aldeias e cidades. O convite chegou-me. Escusado será dizer que o gostaria de aceitar mas não é possível. Desde já agradeço a compreensão com que as diversas autoridades acolheram a minha decisão de circunscrever a visita aos momentos e atos próprios da peregrinação, no Santuário de Fátima, marcando encontro com todos aos pés da Virgem Mãe”, começa por dizer.
“Nas vestes de Pastor Universal com que me apresento diante Dela, oferecendo-lhe um bouquet das mais lindas flores que Jesus confiou aos meus cuidados, ou seja, os irmãos e irmãs do Mundo inteiro, sem excluir ninguém. Preciso da vossa união, física e espiritual. O importante é que seja do coração. Formando um só coração e uma só alma, entregar-vos-ei a todos a Nossa Senhora. O meu imaculado coração será o teu refugio e o caminho que te conduzirá até Deus”, salienta.
“Agradeço as orações e sacrifícios que diariamente ofereceis por mim e que muito preciso. A oração ilumina os meus olhos para saber olhar para os outros como Deus os vê, para amar os outros como Ele os ama. Venha até vós a alegria de partilhar o Evangelho da esperança e da paz. Que o Senhor vos abençoe e a Virgem Mãe vos proteja”, completa.

Fonte: Observador

27 voos cancelados no Aeroporto de Lisboa: prevê-se resolução para as 21h00

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A ANA - Aeroportos de Portugal prevê que os problemas no abastecimento das aeronaves no Aeroporto de Lisboa, que já obrigaram ao cancelamento de 27 voos, estejam resolvidos até às 21h00, estando o abastecimento a ser feito por autotanques.
O diretor do Aeroporto Humberto Delgado, João Nunes, revelou que os problemas com o abastecimento iniciaram-se hoje pelas 12h00, tendo entretanto sido cancelados 27 voos e seis outros divergiram para outros aeroportos.
Realçando tratar-se de “uma situação que aconteceu pela primeira vez”, o responsável explicou que neste momento já estão a ser abastecidas aeronaves, com recurso a autotanques, o que tem permitido a partida de alguns voos, mas que não garante normal funcionamento da operação.
 “Se não fosse o abastecimento por autotanque estaríamos em muitos maus lençóis neste momento”, declarou, admitindo que mais voos possam vir a ser cancelados ao longo do dia de hoje.

Fonte: Jornal Económico com agências
Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Novo Banco e funcionários processados por emigrantes lesados

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A Associação Movimento Emigrantes Lesados Portugueses (AMELP) vai colocar na Justiça uma ação coletiva contra o Novo Banco e os funcionários que venderam os produtos que levaram a perdas financeiras, disse à Lusa fonte da associação.
A decisão de avançar para tribunal acontece depois de o Novo Banco ter interrompido as conversações com representantes da AMELP para que fosse encontrada uma solução que compensasse parcialmente os emigrantes que investiram as suas poupanças em produtos do BES e que sofreram pelas perdas com a resolução do banco, em agosto de 2014.
Segundo a fonte da AMELP, depois de conversas iniciais em março, com mediação do Governo e participação do presidente do Novo Banco, António Ramalho, foi combinado um novo encontro para trabalhar numa possível solução, mas este foi cancelado pelo Novo Banco, que justificou com “constrangimentos acerca do acordo com a Lone Star”, o fundo norte-americano a quem o Estado acordou vender o banco.
 A associação que representa os emigrantes decidiu, então, avançar para tribunal com uma ação em nome de todos os clientes que se sentem lesados, sendo esta colocada contra o Novo Banco e contra os funcionários que venderam os produtos, que estimam sejam mais de uma centena.
A AMELP afirma que esta ação gerará uma “responsabilidade de 723 milhões de euros ao Novo Banco, com todas as implicações de balanço e provisões inerentes.
Fonte: Jornal Económico com agências