Há
momentos que dou comigo a pensar em que cidade passei a viver, pois
tenho o dever de a conhecer minimamente bem, tendo em conta que cá
vivo há mais de 30 anos.
Na
universidade, não sei se Aveiro lhe confere o devido reconhecimento,
estudaram os meus dois filhos, tendo aproveitado as oportunidades que
lhe foram oferecidas, colocando hoje os seus conhecimentos
científicos ao serviço de países como a Espanha e França, tendo
em conta que no seu de origem não passavam da frustração que iam
sendo “vítimas” de emprego em emprego, sem perspectivas de
futuro. É o País que temos, e o que merecemos, pois aos políticos
não lhes assiste uma visão de futuro mais arrojada, que permita os
portugueses terem melhor qualidade de vida.
Detesto
os bajuladores, hipócritas, os bufos que vão lentamente surgindo
nesta cidade, pensando eles que não dão nas vistas. De snobismo
está o mundo cheio, fazer algo para a imagem, para a reportagem,
para não dizer que já anda no ar um cheiro "nauseabundo". Servem-se
de todos os meios e expedientes para prestar vassalagem, atingir os
objectivos, nem que para isso deitem no caixote do lixo os valores
cívicos e éticos que todos devíamos preservar e defender a todo o
custo. Autênticos "podres" da sociedade contemporânea. À distância
dos tais ainda é pouco. Vidas sem glória, se é que a têm, é
efémera, ainda que se vangloriem uns aos outros.
O
que se pode esperar de uma sociedade doente e desviante? Gosto
particularmente deste trecho bíblico. “ (…) pelos frutos se
conhece a qualidade da árvore”, porque não do pomar também? É
certo que as pessoas transportam consigo todos os dias problemas de
toda a ordem, ainda assim, preocupam-se mais com os dos outros do com
os seus próprios.
Defendem
os estudiosos do comportamento humano, que o homem é eminentemente
um animal social, o pior é quando se transforma num inconveniente para o próximo, num sujeito inquinado.
Existe
um mosquito que me diz aos ouvidos: “meu caro, não um perfeito só
que seja, todos temos as nossas imperfeições e com elas um dia
qualquer nos vão acompanhar até à última morada neste mundo
moribundo”. Não podia estar mais de acordo.
Uma
coisa é assistir-nos a consciência que não somos prefeitos,
erramos com frequência e menos damos conta, outra é assistir-nos a
noção evidente dos passos que damos com propósitos bem
programados, para infernizar a vida daqueles com quem convivemos
todos os dias, ou, de vez em quando, mesmo com uma palmadinha nas
costas, um caloroso aperto de mão, querendo assim passar uma
mensagem de amizade, confidente no decorrer do diálogo que se vai
seguir.
Há
também por ai uma espécie de penetras em tudo o que cheira a
cerimónias, dando ar da sua graça, com uma postura de emproados,
peito cheio de importância, ainda que sejam chutados para canto,
mas, estão presentes, para numa próxima oportunidade propagar
boatos, maledicência, arruinar vidas alheias. É repugnante.
Infelizmente
conheço alguns (não tão poucos quanto isso), dos tais convém
distanciar-nos. Amigos desinteressados, genuínos, confidentes nos
tempos que correm, escasseiam, senão mesmo em fase de extinção.
Por essa razão e outras de menor relevo não correspondo aos
convites que me são dirigidos para cerimónias diversas. Diz-me com
quem andas… dir-te-ei quem és.
J.
Carlos
Director