sexta-feira, 3 de novembro de 2017

360º - Governo fecha Urban depois do vídeo das agressões. Os relatos de violência feitos por quem lá foi. Mais: os detalhes dos crimes de Pedro Dias

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360º

Por Miguel Pinheiro, Diretor Executivo
Bom dia!
Enquanto dormia
O Governo mandou fechar o Urban Beach depois das agressões. A decisão partiu do Ministério da Administração Interna. A PSP foi esta madrugada à discoteca e, além de encerrar as portas, prendeu um dos seguranças alegadamente envolvidos na agressão a dois jovens.

Podia ter sido só mais um caso de violência a envolver seguranças do Urban Beach, mas desta vez havia um vídeo. Nas imagens, vêem-se vários homens a agredirem, com enorme violência, dois jovens. A dada altura, um segurança salta com os dois pés para cima da cabeça de uma das vítimas.

O Ministério Público já está também a investigar o caso, mas há muitas perguntas a que as autoridades têm que responder. Por exemplo: porque é que os agentes da PSP que foram chamados à discoteca só registaram a ocorrência ao fim de um dia e meio, depois de vídeo das agressões ser público? O DNescreve que os polícias serão alvo de um inquérito interno.

Há muitas histórias de violência no Urban. O Observador recolheu os relatos contados por quem lá foi. Um britânico escreveu um texto a contar um desses episódios que foi publicado num site internacional com o título "Cães raivosos em Lisboa". O TripAdvisor e o Google Review também estão repletos de detalhes e de avisos.

Há sete casos que foram publicados, com testemunhas a contarem pormenores que envolvem sempre violência.

Neste último episódio, também há vítimas a darem a cara. Um dos jovens agredidos garantiu à SIC Notícias que, além de ter recebido socos, cabeçadas e pontapés na cara e no corpo, foi também esfaqueado.


Mais informação importante
No primeiro dia de discussão do Orçamento no Parlamento, António Costa deixou a porta semi-aberta às exigências da esquerda. Admite mudanças nos recibos verdes, no dinheiro que será atribuído à Proteção Civil e à luta contra incêndios e noutros pontos. Está ainda em discussão, com o BE, um novo apoio aos pensionistas que se reformaram antecipadamente entre 2011 e 2015. Pode ler aqui um resumo de tudo o que se passou (e aqui a versão ao minuto). Hoje, o debate regressa e nós vamos segui-lo em direto.

Fernando Medina assinou ontem o acordo com o BE - e selou-o com um abraço a Ricardo Robles. O presidente da Câmara garante que esta solução "não é uma geringonça, mas um acordo formal". E até deixou uma mão esticada ao PCP, mas os comunistas não parecem estar interessados: “Ninguém compreenderia que desrespeitássemos os compromissos a troco de um vereador a tempo inteiro”, disse João Ferreira ao Observador.

Os dois tripulantes sírios que fugiram de um navio atracado no porto de Setúbal foram encontrados ao fim de algumas horas pelo SEF na Gare do Oriente. Tinham uma mochila às costas e um documento para assuntos administrativos.

A revista Forbes divulgou a lista das grandes empresas mundiais onde é melhor trabalhar. O ranking resulta de inquéritos aos colaboradores e há duas portuguesas entre os 500 melhores empregadores, a Jerónimo Martins e a Galp Energia.

Na Catalunha, a Justiça está a ser implacável. Para Carles Puigdemont e restantes ex-membros do Governo catalão na Bélgica, um mandado de extradição; para os responsáveis que responderam perante os juízes, a prisão preventiva (excepto um, Santi Vila, que se demitiu antes da declaração de independência); para os membros da mesa do parlamento regional, que só serão ouvidos mais tarde, vigilância policial.

Os republicanos apresentaram na noite de quinta-feira um plano crucial de reforma do código fiscal nos EUA.Será este pacote a primeira vitória de Donald Trump? E quem fica a ganhar (e a perder) com a mudança? O Edgar Caetano explica.

Trump ficou ontem sem a sua conta de Twitter. Mas foi só durante 11 minutos. O incidente foi causado por um empregado no seu último dia de trabalho.

Também esta manhã o WhatsApp foi abaixo, mas em todo o mundo. Entretanto, o serviço de mensagens está a voltar a funcionar em alguns países, incluindo Portugal.

Sayfullo Saipov, o terrorista que matou oito pessoas em Nova Iorque, é um “soldado do califado”. A proclamação foi feita pelo Estado Islâmico através de um dos seus jornais.

A CIA revelou novos ficheiros recolhidos da casa de Bin Laden, em 2011. No seu interior, foram encontradas as primeiras imagens do filho Hamza em idade adulta, desenhos animados, decapitações e, entre muitas outras coisas, tutoriais de croché.

Ontem à noite, os adeptos do Marselha invadiram o campo antes do jogo para a Liga Europa com o Guimarães e agrediram os jogadores da sua equipa. O episódio, estranho, aconteceu por causa de um desentendimento entre os adeptos e o jogador Patrice Evra. Para quem estiver interessado: o Guimarães ganhou por 1-0. Noutro jogo da Liga Europa, o Braga empatou 1-1 com o Ludogoretz.

José Mourinho é ouvido hoje num tribunal de instrução de Madrid, por suspeitas de ter burlado o fisco espanholem 3,3 milhões de euros em 2011 e 1012. Os advogados do treinador afirmam que todo o processo pretende atingir Jorge Mendes.


Os nossos Especiais

Pedro Dias fugiu durante um mês depois de matar três pessoas. Deixou um GNR com uma bala na cabeça e sequestrou uma mulher que teve um AVC um mês depois. A Sónia Simões leu o processo e conta os detalhes dos crimes que pararam o país. Pedro Dias começa a ser julgado hoje na Guarda.

O dia em que Israel começou a nascer é o tema do Conversas à Quinta desta semana. José Manuel Fernandes, Jaime Gama e Jaime Nogueira Pinto regressam a 2 de Novembro de 1917, quando os judeus viram reconhecido o seu direito a um "lar nacional" na Palestina. 


A nossa Opinião

Rui Ramos escreve sobre "o sexo politicamente incorrecto": "O alegado comportamento de Harvey Weinstein e Kevin Spacey só é possível numa cultura onde o assédio sexual pôde passar por um 'pecadilho' menor. É chamada "libertação sexual" contribuiu para isso".

José Manuel Fernandes escreve "Há um certo aroma salazarista na economia da geringonça": "Este é o Orçamento da função pública e das corporações, não um OE para servir a economia e os portugueses. Um OE para anestesiar o país e viver sem contestação. 'Viver naturalmente' como diria Salazar".


Notícias surpreendentes

O Organii Eco Market vai regressar à Lx Factory hoje e fica até domingo. São 75 marcas, palestras, workshops e showcookings num mercado que quer fazer de Portugal um país mais sustentável.

Zazah é o novo restaurante do Príncipe Real, em Lisboa.Os donos e o chef são brasileiros, mas quem manda são os petiscos portugueses, dos croquetes à sapateira. Os detalhes estão aqui.

Os bilhetes para a Web Summit vão esgotar até domingo, anunciou o seu fundador, Paddy Cosgrave. O evento começa já na segunda-feira.

São 21 imagens perfeitas de um jovem fotógrafo nos anos 50 em Hong Kong (que mais tarde receberia 280 prémios internacionais). As imagens nunca tinham sido reveladas e foram agora publicadas em livro. Vale a pena perder uns minutos com elas.

Hoje vai ser um dia cheio de notícias. Já sabe que estarão todas aqui.
Até já!
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Detidos mais dois suspeitos no caso das agressões na discoteca Urban Beach

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Ministério da Administração Interna ordenou encerramento da discoteca, em Lisboa, onde, na última quarta-feira, dois jovens foram agredidos pelos seguranças. A PSP deteve no total três suspeitos.
A Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou em comunicado a detenção de mais dois seguranças suspeitos de envolvimento nas agressões junto à Urban Beach, elevando para três as detenções efetuadas.
O documento enviado às redações acrescenta que os três detidos deverão sempre presentes a tribunal este sábado.
o Ministério da Administração Interna (MAI) informou esta sexta-feira que determinou "o encerramento do estabelecimento K Urban Beach, na sequência dos acontecimentos da madrugada de 1 de novembro".
Em comunicado, é revelado que se trata de uma medida cautelar com um prazo de seis meses. Durante esse período o proprietário da discoteca deve adotar as medidas que vierem a ser determinadas pelo comando metropolitano de Lisboa da PSP no que toca às condições de segurança.
O ministro da Administração Interna determinou ainda que a PSP fiscalize a atividade da empresa PSG, responsável pela segurança privada da discoteca, e convocou o Conselho de Segurança Privada para analisar a situação de violência ocorrida.
A decisão deveu-se também às "38 queixas efetuadas à PSP" sobre o estabelecimento, ao longo deste ano, e que foi tomada "após audição do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa".
O estabelecimento foi encerrado e evacuado esta madrugada, por volta das 4h30 da madrugada desta sexta-feira.
A Câmara de Lisboa considera que os acontecimentos ocorridos na última quarta-feira - quando dois jovens foram agredidos pelos seguranças da discoteca - são "intoleráveis" e informa, através de um comunicado, que contactou de imediato a Direção da Polícia de Segurança Pública (PSP) e o MAI "tendo em vista o acionamento das medidas adequadas".
A autarquia lembra que a investigação do caso está a ser feita pelas entidades competentes, a PSP e o Ministério Público.
Discoteca demarca-se da ação dos seguranças
O Urban Beach declarou, na quinta-feira, que "repudia veementemente" dos acontecimentos que tiveram lugar nas imediações da discoteca.
A discoteca alega que o crime "tem cara", uma vez que as imagens divulgadas nas redes sociais "identificam de forma clara os agressores" e que se trata de um "problema estritamente de segurança na via pública". O Urban Beach afirma ainda que os dois jovens agredidos não são clientes e não estiveram no estabelecimento naquela noite.
A discoteca defende que não é responsável pelos dois seguranças que cometeram as agressões, uma vez que se tratam de funcionários da empresa de segurança privada PSG.
A PSG emitiu um comunicado a lamentar o sucedido e a repudiar o comportamento dos seus funcionários. A empresa de segurança assegurou que vai "tomar as diligências necessárias" para o apuramento das responsabilidades e garantir "que os responsáveis serão punidos de forma exemplar".
TSF
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O Urban Beach fechou. E o assédio (será o início de uma revolução?)

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Bom dia! 
Vamos actualizar as últimas notícias?

Durante 11 minutos, Donald Trump não existiu. Pelo menos no TwitterFoi apenas o último acto de um funcionário da empresa - no dia da despedia -, mas a mensagem ("that page doesn't exist") soube a Natal antecipado a muitos utilizadores.
Uma chuva de denúncias contra Kevin Spacey: em declarações à CNN, oito actuais e antigos membros da equipa de produção da série relataram um padrão de assédio sexual do actor que, acusam, tornou o ambiente de trabalho tóxico - principalmente para os mais jovens. O tema é o nosso destaque do dia, pelo que já voltarei a ele.
O Daesh reclamou a autoria do atentado de Nova Iorque (por ironia, no dia em que perdeu a sua última grande cidade, em território sírio). A investigação suspeita que o autor do atentado planeou um massacre na ponte de Brooklyn.
Metade do (ex-)governo catalão foi mandado para a prisão. Ainda em Barcelona, a Sofia Lorena fala no regresso das manifestações e num Puigdemont que se anuncia como "presidente legítimo". Esta manhã, o El Pais explica o que alega o juiz: em castelhano diz-se una estrategia perfectamente organizada.
No futebol, registo para a Vitória do... Vitória (e não era fácil contra o Marselha); e para um ponto importante do Braga na Bulgária. Na Liga Europa já há cinco equipas apuradas para os 16 avos-de-final.

O que marca o dia

O Governo mandou encerrar a discoteca Urban Beach. A decisão chegou esta madrugada, depois da divulgação de um vídeo que mostrava seguranças a agredirem dois jovens à entrada do estabelecimento - assim relatado por uma das vítimas. E também depois da Câmara ter pedido uma reunião urgente à PSP. E depois do Bloco e CDS terem exigido a suspensão da discoteca. Foi às três da manhã.
Os crimes de Aguiar da Beira começam a ser julgadosa cronologia da fugade Pedro Dias ainda está bem viva na nossa memória e o caso chega a tribunal um ano depois. A Mariana Oliveira, consultando o processo, conta-nos como Pedro Dias tinha códigos para comunicar em situação de fuga. E dá-nos conta dos pedidos de indemnização que pedem as vítimas e suas famílias.
A consultar a Operação Marquês está a Ana Henriques, que viu agora o que disse o motorista de Sócrates: “Aquilo não veio de bancos, vem do esconderijo”.
Também chegará o dia em que o incêndio de Pedrógão vai a julgamento. A Liliana Valente conta hoje que falharam 537 chamadas na hora em que morreram as pessoas.
A propósito, o actual Governo é acusado de aprovar mais eucaliptos do que o anterior. Foram 57% contra 43% ao tempo de Passos Coelho, dizem duas associações ambientalistas.
Do debate orçamental de ontem sobrou esta dúvidaquanto dinheiro virá para a floresta?
Haverá dinheiro para isto: os precários "ignorados" por dirigentes terão uma segunda oportunidade para entrarem no Estado. Se lhe for útil, a Raquel Martins deixou-nos um guia prático.
Oportunidade nova também para a EDP: a venda da rede de distribuição de gás em Espanha deu um empurrão às contas da empresa e um trunfo para abater dívida.
E uma outra para os lesados da PT/Oi, que já começaram a receber parte da dívida, diz hoje o Negócios

Uma pausa para ler... 

Trabalhos que nos orgulham, para ler agora ou durante o fim-de-semana:
1. Um mês de escândalos ou o início de uma mudança cultural? Tudo começou com Harvey Weinstein, mas está longe de acabar. Tudo começou em Hollywood, mas já provocou a demissão de um ministro britânico e atingiu vários responsáveis em diferentes sectores. Milhões de mulheres (e homens) dizem “Me Too”, "mas será que esse mundo está preparado para mudar?" - pergunta a Joana Amaral Cardoso, no texto de arranque do destaque do PÚBLICO. Em Portugal, o assédio sexual continua invisível. Mas, diz a Aline Flor, se a "importunação sexual" gera dois inquéritos por dia, o assédio vai além disso. "A culpa não é deles, é nossa", conclui o Diogo, num oportuno Editorial. Dá que pensar, verdade?
2. "Bancarrota espiritual e moral": o alerta de António Damásio. O neurocientista, um dos portugueses mais reconhecidos no mundo, lança hoje o seu novo livro. Chama-se A Estranha Ordem das Coisas. E nós pedimos-lhe para fazer uma pré-publicação. Este capítulo chama-se “A crise”. Mas, aviso, é da nossa, interior, que ele nos quer falar.
3. "A literatura parece viver o seu delicado crepúsculo". Milton Hatoum é um dos mais importantes escritores brasileiros da actualidade. Tornou-se sobretudo conhecido pelo romance Dois Irmãos, que no Brasil deu origem a uma minissérie produzida pela Globo e a uma novela gráfica. Passou por Lisboa e por Óbidos, onde participou no festival internacional de literatura Folio, pouco tempo depois de ter lançado no Brasil o seu mais recente romance, A Noite da Espera — o primeiro volume da trilogia O Lugar mais SombrioNesta conversa com o José Riço Direitinho falou de literatura, dos emigrantes que lhe enchem dois romances, do Brasil e da situação política actual.
4. Lu Nan já nos levou do Inferno ao Paraíso (e diz que isto é só o começo). No texto que faz a belíssima capa do ípsilon de hoje, o Sérgio B. Gomes começa assim: "Pela descrição de Lu Nan, o espaço era muito comprido. Talvez um corredor. De um lado uma fila de janelas, do outro uma parede. O fotógrafo abriu os braços para demonstrar como a passagem era estreita. E para lembrar uma situação que viveu em 1989, logo na primeira vez que entrou num hospital psiquiátrico para fotografar". A partir daí, a sua lente focou-se no mais importante: as pessoas. A exposição dele, Trilogia 1989-2004, está agora no Museu Berardo. O texto do Sérgio é uma incrível visita guiada pela emoção que nos provoca.

Agenda do dia

Hoje o Parlamento vota o Orçamento para 2018 - ainda só na generalidade -, no mesmo dia em que a DBRS faz a revisão do rating de Portugal (virá mais um upgrade?). Mais uma coincidência: o INE vai mostrar o índice de bem-estar, precisamente quando a Apple põe à venda o novo iPhone
Será também um dia agitado em alguns tribunais, porque é dia de julgamento de Pedro Dias, o fugitivo mais famoso do ano, e da audição ao polémico juiz Neto de Moura, no Supremo. 
José Mourinho vai a Madrid, para ser também ouvido em tribunal - por suspeita de fraude fiscal. Enquanto Trump começa uma viagem mais longa, rumo à Ásia, com paragem prévia em Pearl Harbour.
Porque hoje é sexta-feira, deixo-lhe o nosso Podcast do dia, hoje com um convidado muito especial: é o Luís Pedro Nunes, o eterno director do Inimigo Público - o emprego que o impediu de ser "um guru sexual na Índia". Como é que vocês dizem lá no IP, oh Luís Pedro? "Se não aconteceu, podia ter acontecido", certo? ;)
Fica um abraço enorme para si,
dia bom e excelente fim-de-semana!
Dia feliz e produtivo!
Até quinta-feira.

Fado, castanhas e Jeropiga… na Praia de Mira!


Noite de Fado... noite de São Martinho!
Para ouvir três belas vozes Fadistas acompanhadas de dois violonistas de craveira, basta fazer reserva e estar presente no dia 11, no Mira Lodge Park...
Não vai querer falatr, pois não?
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Inquietemo-nos

Paulo Azevedo está numa cruzada contra a compra da dona da TVI pela Altice. E isso deve deixar-nos a todos preocupados.
André  Veríssimo
André Veríssimo 02 de novembro de 2017 às 23:00
A operação acarreta riscos "gravemente lesivos do pluralismo e do direito dos cidadãos à informação" e "provocará um grave e perigoso enfraquecimento da resiliência e qualidade da nossa sociedade", avalia o patrão da Sonae.


Chegou a dizer que o negócio poderia "criar uma Operação Marquês 10 vezes maior". Em entrevista ao Expresso,   esclareceu que nada o move contra a Altice em si. O que o preocupa é a concentração de poder: juntar o maior operador de telecomunicações com a maior empresa de comunicação social.

Dois reguladores pronunciaram-se já nesse sentido. Um sem valor vinculativo, a Anacom, que diz que a operação nos moldes em que foi apresentada coloca entraves significativos à concorrência. O outro poderia ter sido vinculativo, mas por vontade de uma só pessoa não foi.


O parecer técnico da ERC foi contrário à operação, expressando, entre outros,  receios sobre o impacto na independência e isenção editorial. O voto contra o chumbo do negócio do presidente (Carlos Magno) impediu que os votos favoráveis dos dois vogais matassem o negócio.


Paulo Azevedo é refém de uma contradição insanável. Para a opinião pública, o homem de negócios que vê na concentração entre o Meo e a dona da TVI uma ameaça às suas contas é inseparável do cidadão preocupado com os males que a operação pode fazer à liberdade de imprensa e à democracia. Mais ainda quando com ele fazem coro a Nos, detida pela Sonae, e a Vodafone, todas concorrentes do Meo.


A indústria dos media está no centro do vórtice disruptivo da transformação digital. O que podia ser um poderoso aliado, e também o é, mergulhou-a num longo Inverno. Coincidência, ou talvez não, esta fragilidade acontece num tempo histórico em que a ameaça distópica cresce.


A Altice garante que tudo fará para obviar os problemas de concorrência detectados e que o seu investimento fará da Media Capital um grupo mais forte.

Pode o modelo da empresa francesa ser a salvação? Ou será o canto da sereia? E se Paulo Azevedo tiver razão? A dúvida é motivo suficiente para nos inquietarmos.

P.S.: O Negócios tem a partir desta edição uma nova direcção. O compromisso com os leitores está na pedra do nosso estatuto editorial: a defesa da liberdade na economia, na política e na sociedade. Esperamos poder continuar a contar com a sua preferência, na edição impressa e no online. Tudo faremos para a merecer.

Fonte: Jornal de Negócios

Intel se adelanta a los Juegos Olímpicos de Invierno y lleva los eSports a PyeongChang


  

por Yesica Flores
Intel anunció sus planes de llevar increíbles experiencias de gaming a PyeongChang antes de la celebración de los Juegos Olímpicos de febrero de 2018. Así como una ampliación de la alianza mundial como socio olímpico y con el apoyo del Comité Olímpico Internacional (COI), Intel entregará a Corea dos distintas experiencias de juego en el periodo previo a PyeongChang: el torneo Intel® Extreme Masters PyeongChang que contará con uno de los juegos más famosos de todos los tiempos en el mundo de los eSports: StarCraft® II de Blizzard Entertainment, y otra exhibición para mostrar el título de deportes de acción de Ubisoft “Steep™ Road to the Olympics”, el juego oficial licenciado de los Juegos Olímpicos de Invierno de PyeongChang 2018.
El Intel Extreme Masters PyeongChang, una extensión de la marca Intel Extreme Masters (IEM) creada en colaboración con ESL, se encontrará abierto a jugadores de cualquier nivel mediante un proceso de clasificación a escala mundial en línea, que tendrá lugar en el mes de noviembre. Asimismo, en diciembre se celebrará un evento de clasificación en vivo en Beijing entre los dos finalistas de China, en el que el vencedor competirá contra el resto de clasificados en PyeongChang, justo antes de los Juegos de Olímpicos de Invierno de 2018.
Con base en la demostración realizada en el Intel Extreme Masters, Intel también proporcionará experiencias de gaming interactivas en la Villa Olímpica, tanto para los asistentes como para los atletas, a través de kioscos de juegos donde podrán participar en el “Steep Road to the Olympics”, el juego oficial de los Juegos Olímpicos de Invierno de PyeongChang 2018. Los aficionados a las Olimpiadas y al gaming tendrán la oportunidad de competir para ser los mejores en “Steep Road to the Olympics”.  En noviembre se darán a conocer más detalles sobre el proceso de clasificación y sobre la propia competencia.
Gregory Bryant, vicepresidente senior ejecutivo y director general del Grupo de Cómputo para Clientes de Intel Corporation afirmó: “Intel ha desafiado los límites de los eSports durante más de una década y nuestro objetivo es llevarlos a todos los escenarios deportivos mundiales. Desde los eventos de clasificación hasta los innovadores torneos de los Intel Extreme Masters en PyeongChang, vemos esta iniciativa como un paso importante para ofrecer a más personas de todos los rincones del mundo la oportunidad de disfrutar de la emoción de los eSports”.
Timo Lumme, director general de Television and Marketing Services del COI, indicó: “Nos sentimos orgullosos de que Intel, nuestro socio olímpico mundial, lleve esta competencia a PyeongChang, antes de los Juegos Olímpicos de Invierno de 2018. Después del Olympic Summit de la semana pasada, el COI explorará aún más la relación de los eSports con el Movimiento Olímpico. Esto es sólo el comienzo de un futuro emocionante y estamos interesados en ver la evolución de esta experiencia”.
Geoffroy Sardin, vicepresidente senior de ventas y marketing en Ubisoft, comentó: “Estamos orgullosos de formar parte la exhibición de los eSports justo antes de los Juegos Olímpicos de Invierno, que proporcionará a los aficionados más formas para interactuar con los deportes que más les gustan.  Hemos estado desarrollando ‘Steep Road to the Olympics’ en estrecha colaboración con el COI y, ahora estamos entusiasmados por ver la puesta en marcha de esta competencia, para ver a nuestros aficionados jugar y competir en este tipo de eventos”.
“Mike Morhaime, CEO y cofundador de Blizzard Entertainment comentó: “la serie StarCraft ha tenido un papel esencial en los eSports, por lo que nos sentimos especialmente honrados de que StarCraft II represente a los eSports en PyeongChang. Esta es una magnífica oportunidad para asociar a los eSports con los mayores escenarios de competencias internacionales, y es un honor para nosotros que algunos de los mejores jugadores de StarCraft II de todo el mundo nos ayuden a abrir el camino a esta serie de eventos”.
Ralf Reichert, CEO de ESL manifestó: “Como uno de los segmentos en más rápido crecimiento dentro de los medios y el entretenimiento, es para nosotros todo un honor ofrecer apoyo al impulso de dicho sector, colaborando en la puesta en marcha del torneo Intel Extreme Masters en PyeongChang. Los eSports ya llegan a una base mundial de aficionados, por lo que este evento se conecta de forma natural con esta audiencia global”.
Intel y ESL, líderes en la aceleración del crecimiento de los eSports a nivel mundial, se asociarán para facilitar la puesta en marcha de todos los eventos, incluyendo el proceso de clasificación a online, el evento de clasificación en directo de Beijing y los torneos finales antes de los Juegos Olímpicos de Invierno de PyeongChang 2018. ESL es la mayor compañía de eSports y se ha asociado con Intel durante más de 15 años para hacer realidad algunos de los torneos de eSports más prestigiosos del mundo, incluyendo el Intel Extreme Masters, el circuito profesional mundial más veterano. Como líder en tecnología para juegos, Intel va a ofrecer su soporte en todos los eventos en vivo del IEM en PyeongChang, con el apoyo de los procesadores para gaming  Intel® Core™ i7, así como las PCs utilizadas en las transmisiones del IEM y en toda la infraestructura de soporte en la nube.
Los aficionados pueden seguir toda la acción y ver el desarrollo de la competencia en la plataforma mundial digital Olympic Channel, además de los socios digitales y canales de medios que se anunciarán en breve.

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Famel quer voltar à estrada com tecnologia do futuro

Famel quer voltar a por as “duas rodas na estrada” mas com tecnologia do futuro
A mítica marca de motos portuguesa Famel quer voltar com "as duas rodas à estrada", depois da falência no final dos anos 90, mas agora com a "tecnologia do futuro", elétrica, amiga do ambiente e vocacionada para a cidade.
Em entrevista à Lusa, um dos novos donos da marca, Joel Sousa, 31 anos, engenheiro automóvel, explicou que para cumprir o desejo de "erguer" a marca precisa de "investidores estratégicos" e que por isso vai levar o protótipo da nova Famel à Web Summit 2017, em Lisboa de 6 a 9 de novembro.
Poucas semelhanças existem entre a legendária Famel Xf17 e a nova proposta da marca. Mantêm-se as rodas, mas muda o volante, o assento, o motor, que deixa de ser de combustão, o quadro, o ‘design’, o preço e o objetivo é que renasça a mística.
"O objetivo principal é voltar com as duas rodas às estradas. Uma marca histórica como a Famel, que tem todo o legado por trás e que sustenta a nossa base de trabalho, faz todo o sentido recuperar para termos uma marca portuguesa nas estradas", explicou Joel Sousa.
A moto que Joel, em parceria com mais dois colegas de engenharia eletrónica, quer desenvolver e pôr a rolar na estrada pouco ou nada se parece com as do portefólio da antiga Famel.
"Depois de vários estudos acerca das perspetivas de mercado, achamos por bem não entrar nos motores a combustão e utilizar já a tecnologia do futuro e entrar na mobilidade elétrica. Com isso também percebemos que existem muitas questões relacionadas com a conectividade, com a experiência que o utilizador quer ter com o seu veículo e queremos utilizar essa tecnologia para atrair os jovens para o nosso produto, um produto amigo do ambiente e com tecnologia de ponta", disse.
Segundo o engenheiro, o protótipo com que a FAMEL se vai apresentar na Web Summit, com traço de Helder Cação, "serviu para validar a nível de ‘design’", segue-se agora tudo o resto.
"Iremos passar à parte de um protótipo funcional, que dará para percebermos as limitações e passarmos à industrialização. Já temos o motor, falta-nos desenvolver o quadro", explicou.
Quanto ao motor da "máquina", que terá autonomia para 100 quilómetros, explicou Joel Sousa, "será elétrica, equivalente a uma 125 CC de gasolina, mas elétrico porque para além de ser ecológico tem muito mais aptidão para as cidades e será bastante atrativo".
Além de fazer renascer a Famel, os engenheiros propõem-se a acabar com a ideia de que os veículos elétricos são arrastadeiras na estrada: "Fala-se muito dos veículos elétricos, que não andam, mas é um mito que tem que ser desfeito", defendeu.
Para a Famel voltar à estrada "falta muita coisa", desde "fazer homologações, testes, mas principalmente investidores para industrializar e levar o produto para o mercado" e é aqui que entra a Web Summit.
"Faz sentido estar presente como é um produto tecnólogo e temos noção que é neste tipo de eventos que estão os investidores estratégicos que queremos para a marca, ou seja, queremos investidores da parte tecnológica, do ambiente, que tenham alguma visão acerca do projeto e do futuro para nos ajudar a erguer a marca", justificou Joel Sousa.
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Alpendre Tapas & Bar com uma excelente Promoção…

Alpendre Tapas & Bar não para de fazer promoções!
Dentre tantos pratos e bebidas bastante apreciados naquele espaço, este mês de NOVEMBRO/2017 é marcado pela Francesinha e o Fino Erdinger.
Por apenas 8,00 € (sim, oito euros...) pode fazer um almoço ou jantar diferente...
E, já agora, é tempo de lembrar que hoje é sexta-feira e tem... Dr. Why para que a noite seja animada.
Aproveita e aparece!

Macroscópio – Há 100 anos, a tragédia de uma revolução. E de uma ilusão trágica

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Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

24 de Outubro no calendário russo, 7 de Novembro no nosso calendário. 1917. Em Petrogrado um grupo bem organizado de militantes e soldados tomava de assalto o Palácio de Inverno, prendia o Governo Provisório e tomava o poder. O regime que instauraram duraria até 1991, mas nessas décadas a fé na doutrina que inspirou essa revolução tornou-se, para centenas de milhões de pessoas, numa tragédia imensa. Mais: como o grande historiador francês François Furet descreveu na sua obra magistral O Passado de uma Ilusão - Ensaio Sobre a Ideia Comunista no Século XX, essa ideologia cativou sucessivas gerações de pensadores, funcionando como aquilo a que Raymond Aron chamou O Ópio dos Intelectuais. Espantosamente, ou talvez não porque a memória dos povos é curta, ainda há quem celebre a terrível experiência russa. Em Portugal fazem-no naturalmente o PCP – que tem todo um programa de celebrações – mas também a universidade pública, onde por estes dias se realiza o III Congresso Internacional Karl Marx. Vale por isso a pena reunir neste Macroscópio alguns textos que ajudam a compreender o que se passou na Rússia em 1917 e como evoluiu o regime saído daqueles dias de Petrogrado.
 
Para uma visão de conjunto, como sempre muito informada e interessante, recupero o Conversas à Quinta da semana passada, Como o golpe de Lenine se transformou na Revolução de Outubro, no qual Jaime Gama e Jaime Nogueira Pinto explicam não só como a Revolução de Outubro mudou o mundo há 100 anos. Mais: discutem sobre se ela era mesmo inevitável ou foi sobretudo uma obra do génio de Lenine (podcast acessível aqui).
 
Sendo impossível referir toda a imensa bibliografia existente, aproveitemos a oportunidade de ter sido agora editada em Portugal “A Tragédia de um Povo”, um estudo clássico do historiador britânico Orlando Figes, até porque este esteve em Portugal e deu mais de uma entrevista. Antes porém apreciemos para conhecer uma passagem deste seu livro (um grosso tomo de 900 páginas), até porque o Observador pré-publicou um excerto que incide precisamente sobre o que se passou nos dias logo a seguir à tomada do poder: 1917. Dos autocratas de Smolny à tragédia de um povo. Como se retrata de forma muito vivida nesta passagem, “o ponto crucial do sucesso bolchevique foi um programa de construção e desestruturação do Estado. Nos escalões administrativos mais elevados, procuraram centralizar todo o poder nas mãos do partido e, recorrendo ao terror, exterminaram toda e qualquer oposição política”. Mais: “Desde os primórdios do novo regime, os donos do poder dedicaram-se a combater todos os partidos que se tinham pronunciado contra os acontecimentos de outubro. Para os bolcheviques, bastava apelidar estes partidos de «contrarrevolucionários»”, pelo que não surpreende que “Lenta mas gradualmente, surgia a forma do futuro Estado policial. A 5 de dezembro, o Comité Militar Revolucionário foi extinto e, dois dias depois, as suas incumbências passaram para a alçada da Cheka, órgão de segurança que, posteriormente, ganharia o título de KGB.”

 
Das entrevistas que Orlando Figes concedeu quando passou há poucos dias por Lisboa destaco duas:
  • “Não quero romancear Lenine como o ‘lado bom’ e Estaline como o ‘lado mau'”, que eu próprio realizei e foi publicada no Observador. Nele o historiador defendeu que “Era claro aquilo que se passava em outubro de 1917: havia apoio a um governo baseado nos sovietes, mas não havia apoio para um Estado bolchevique monopartidário. Este acaba por ser imposto de cima para baixo, depois da tomada do poder.” Mais adiante acrescentou que “Outubro é um “coup d'etat” na sua essência e não há qualquer dúvida sobre isso. Aliás é Trotsky que o admite em "A História da Revolução Russa". Até na altura chamaram-lhe uma insurreição.
  • “Não foi Marx que fez de Lenine um revolucionário, foi Lenine que tornou o marxismo revolucionário”, entrevista realizada por Teresa de Sousa para o Público, onde se pode ler, por exemplo, que Lenine “compreendeu o potencial revolucionário de tomar conta do Estado, para depois usar o Estado para exterminar os inimigos através de uma ditadura. A guerra civil é a coisa mais importante, que se tornou num mecanismo crucial das revoluções um pouco por todo o mundo. Nos nossos dias, o Daesh é bolchevique. A guerra civil é o mecanismo da revolução.”
 
Sobre Lenine saiu ainda um outro livro, Lenine, o Ditador — Um Retrato Íntimo, da autoria de Victor Sebestyen, que Isabel Lucas entrevistou também para o Público: “Lenine tomou o poder à maneira russa, e criou uma autocracia brutal”. Esta passagem da conversa entre os dois ajuda a compreender o título: “Como é que alguém que durante grande parte da vida viveu em pensões em várias cidades da Europa arranca com vinte seguidores e toma conta de um dos maiores impérios do mundo? Foi mais prático do que ideológico, tinha um programa e sabia como se organizar. Enquanto uns estavam no café a discutir a revolução, Lenine foi para o terreno pô-la em prática, como só era capaz de fazer alguém tão obcecado com o poder. Foi um dos indivíduos que fazem a História. Ele teria sempre tido sucesso em alguma coisa e provavelmente seria na política, qualquer que fosse a sua ideologia. Era russo e isso diz mais sobre ele do que o facto de ser marxista.” 
 
Continuando nos livros, passo de Lenine para Estaline, até porque acaba de sair o segundo volume de mais uma biografia, e esta verdadeiramente monumental. Escrita por um académico de Harvard, Stephen Kotkin, é sobre ela o interessante ensaio da New Yorker How Stalin Became Stalinist, que parte de uma ideia que ainda confunde muitos: “how the idealistic Soviet revolutionary came to preside over the bloodiest regime of his time.” Não é fácil sintetizar a resposta, mas uma parte dela está na forma como Estaline sucedeu de forma natural e quase inevitável a Lenine, uma questão para que Kotkin sugere várias resposta, nomeadamente a de que “Stalin was, quite simply, the man most qualified for the job. Trotsky claimed that Stalin was adept at manipulating the bureaucracy, and meant this as an insult. In fact, these were the skills necessary to govern a modern state, and they explain why Stalin had already won so much power while Lenin still lived. Trotsky did not have the talent for the dull work of administration. Even in exile, he was constantly undermining his allies and arguing with his friends. In Kotkin’s unsentimental appraisal, Trotsky was “just not the leader people thought he was, or that Stalin turned out to be.
 
(Pequeno mas importante aparte: ainda hoje muitos têm a ilusão de que, com Trotsky, não teríamos conhecido o terror das perseguições, mas essa é uma ideia que José Milhazes contraria veementemente em A Revolução russa teria um fim diferente se Trotski vencesse Estaline?, um texto saído no Observador onde defende que “As tentativas de branquear Trotski, como as de Francisco Louçã, em nada diferem das de branquear Lenine ou Estaline. Todos viam o futuro da URSS sem democracia e sem as mais elementares liberdades.”)
 

Mas voltemos ao livro de Kotkin já o Financial Times lhe fez uma entrevista –Stephen Kotkin explains how Stalin defined the Soviet system – que pode ser ouvida em podcast aqui. Num texto de apoio a essa conversa referem-se os dois volumes já publicadosdesta nova biografia, havendo também uma exlicação para a forma como Estaline chegou naturalmente ao poder: “Kotkin argues nobody feared Stalin because his despotic tendencies didn’t develop until much later. His personality was perfectly “normal” until the mid-1930s, and would have given no hint of his darker potential. Rather than something inherent in Stalin the man, the despotism, in Kotkin’s view, was a product of the system in which Stalin operated. It was the experience of wielding the power of life and death that changed Stalin from a brutal dictator into a capricious monster.
 
Regressando à biografia de Lenine de Victor Sebestyen, a revista judaica The Tablet analisa-o numa ressenção onde também refere a obra mais recente de Anne Applebaum, ‘Red Famine: Stalin’s War on Ukraine’. Em The Sickening Cost of Lenin’s RevolutionDavid Mikics procura explicar “why a century later the central amorality of the unfulfilled Utopian ideal is still with us”. Até porque só um conjunto muito extraordinário de circunstâncias permitiu a vitória dos bolcheviques em Outubro. Com feiro, “If Lenin had failed to return to Russia from Switzerland, if he had been injured in a street accident, if he had suffered a medical emergency, as would happen within a few years, the Bolshevik takeover would not have occurred. None of the other Bolshevik leaders—neither Stalin, nor Kamenev, nor Zinoviev, nor Trotsky—could have played his role.” 
 
(A The Tablet tem dedicado esta semana muitos artigos à Revolução de Outubro, que reuniu numa página especial, sendo que entre esses trabalhos há um com uma pergunta ainda perturbadora: Why Do American Jews Idealize Soviet Communism? A revista argumenta que isso não tem qualquer racionalidade, até porque a experiência comunista nunca verdadeiramente favoreceu os judeus, mesmo sendo judeus alguns dos seus líderes: “Regarding Jews and Judaism, Soviet Communism forbade the practice of religion and the study of Hebrew. The Jewish section of the Communist Party took the lead in persecuting rabbis and teachers, killing some, sending others to certain death. The Soviets hailed the 1929 Arab massacres of Jews in Palestine as the start of the Arab Communist Revolution and formulated the slogans of anti-Zionism that are the basis of anti-Semitism in America today. Soviet propaganda accused Jews of imperialism in the 1930s and (with the Arabs) of racism in the 1970s. (...) The Soviets used the Jewish anti-Fascist Committee to win American support during the Second World War and then executed its leadership in 1952.”)

 
Já a caminho do fim desta selecção de textos, recupero uma outra entrevista, esta saída no El Pais e que tem como protagonista um dos grandes historiadores da Rússia soviética, Richard Pipes. Para ele “No hubo nada positivo ni grandioso en la Revolución Rusa”, sendo curioso como encontra um fio condutor a ligar a autocracia czarista, a ditadura comunista e o autoritarismo putinista: Los rusos no soportan la debilidad. Les gustan los líderes fuertes. Hay una razón histórica por detrás de todo esto: el Estado ruso no ha sido nunca suficientemente coherente, y la única manera de darle coherencia es mediante la intervención de un líder potente. Todos los héroes de la historia rusa son personalidades fuertes: Iván el Terrible, Pedro el Grande, Alejandro III, Stalin, y ahora Putin, un autócrata que cuenta con la aprobación del 85% de la población.”
 
Noutro texto também no El Pais Santos Juliá reflecte sobre como ilusão comunista tocou tantos em tanto lado, especialmente nos meios intelectuais, onde ocorreu uma cegueira teimosa. Por isso em ¡Qué importan los hechos! recorda como muitos intelectuais procuraram justificar o injustificável. Por exemplo: “Jean Paul Sartre afirma que la violencia comunista era el humanismo proletario, la justicia sumaria de la historia. (...)  Aunque quizá el más tremendo testimonio que nos llega de aquel pasado sea el del humanista Maurice Merleau-Ponty que en su Humanismo y terror, partiendo del supuesto de que los comunistas encarnan la conciencia y los intereses del proletariado, única fuerza revolucionaria, considera que las purgas y los procesos no solo fueron táctica y estratégicamente sabios, sino históricamente justos. Una revolución, escribió Merleau-Ponty, no define el delito según el derecho establecido, sino según el de la sociedad que pretende instaurar. Nikolái Bujarin sufrió en su carne la atrocidad de este principio.”
 
E não houve atrocidade como a do Gulag, algo que António Araújo recordou num longo texto para o Público onde parte da obra de Aleksandr Soljenítsin para rever a mais importante bibliografia referente aos campos soviéticos. Em Gulag, mais um dia de vidaescreve, por exemplo, “Vários testemunhos garantem que as crianças da região de Kolymá [um das regiões onde existiam mais campos] ainda usam crânios humanos para transportar as amoras e os morangos silvestres que apanham na floresta”.
 
Não posso por tudo isto deixar de terminar recuperando um texto da Spectator já com alguns meses, da autoria de outro consagrado historiador, Max Hastings. Trata-se de The centenary of the Russian revolution should be mourned, not celebrated e nele se escreve, por exemplo, que “The 1789 French revolution killed only a few thousand aristocrats and transferred land to peasants, who thus became ardent upholders of property rights. The Russian version required liquidation of the entire governing class and transfer of land to collective ownership, an incomparably more radical proceeding.” Mais: “No modern reader can set down the works of Solzhenitsyn, Robert Conquest, Robert Service or Anne Applebaum without a sense of awe at the cruelties committed in the name of ‘the people’, the cause of Russian communism; cruelties indulged almost to this day by their western defenders. It bears notice that German people under the Nazis, with the exception of Jews, enjoyed much greater personal freedom than did Russians at any time after 1917.”
 
100 anos são 100 anos, e por isso peço perdão por este Macroscópio ainda mais longo do que o habitual, mas estando nós a entrar em mais um fim-de-semana, só posso desejar que ele seja inspirador para boas leituras. Até para a semana.  

 
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