"Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino."Carl Gustav Jung.
Produzida pela USA Network, casa de Suits e Mr. Robot, baseada no best-seller homônimo de Petra Hammesfahr, o drama The Sinner acompanha a jovem mãe Cora (Jessica Biel), que durante um ataque de raiva inexplicável, comete um ato de violência assustador – e, para seu horror, sem saber porquê.
O investigador Harry Ambrose (Bill Pullman) é encarregado de descobrir um motivo, cada vez mais obcecado em entender as profundezas mesmo que esteja enterrado no inconsciente da moça, acaba desvendando segredos violentos que ela tenta manter no passado, longe dos olhos do mundo.
Para psicólogos de plantão a série é uma análise a cada capítulo. Isso porque a atriz consegue transmitir de uma forma envolvente e clara como o inconsciente influencia as nossas ações e pensamentos, para o bem e para o mal. Todos nós temos desejos, temores, ideias preconcebidas que não sabemos exatamente de onde vêm, que não foram escolhas nossas e que simplesmente se manifesta.
As teorias de Sigmund Freud, são referenciais importantes para os estudos do inconsciente. Freud já defendia que apenas uma pequena fração das nossas memórias encontra-se ativada, demarcando os limites da consciência. Todas as demais estão em estado latente, ou seja, escondidas.
Uma das principais funções do inconsciente é manter o equilíbrio da nossa psique. É simplesmente impossível guardar todas as nossas experiências e ainda ter plena consciência delas. Para isso, existe o inconsciente.
Logo, o inconsciente é a nossa bagagem de memórias, um repositório que nos alimenta continuamente de imagens e símbolos. De vez em quando, o inconsciente interage com a consciência, o que pode ser bom ou ruim, dependendo de como lidamos com os resultados que essa ação nos traz. Quando uma associação entre memórias é muito forte, mas reprimida conscientemente, ela pode escapar ou vazar por meio de um ato falho ou mesmo de um sonho que expressa aquele conteúdo de forma direta ou indireta. Esse mecanismo explicaria, por exemplo, o fato de alguém dizer “tchau” em vez de “oi” a uma pessoa que acabou de encontrar e da qual não gosta muito.
Nesse ambiente inconsciente que a drama ocorre a protagonista comete um crime e não entende o que a motivou. Quando o detetive se propõe a ajudá-la ele começa a questionar o que aconteceu. Como ele não tem respostas do motivo, ele procura na hipnose a busca das memórias reprimidas para entender o ocorrido.
Nas sessões de hipnose , Cora começa a se lembrar do ocorrido , porém de forma distorcida. O inconsciente mostra as imagens, mas o conteúdo é tão pesado que para ela lidar ele o faz de doses homeopáticas. Mas não é através da hipnose que a cura vem. Por causa das lembranças distorcidas que Cora “se lembra”, o conteúdo não se encaixa, e oferece poucas pistas do motivo.
Apesar de Cora não ser lembrar totalmente do seu passado, a hipnose dispara aquilo que chamamos de processo terapêutico. Ela começa a sonhar , a reviver o seu passado até que a lembrança do real motivo vem à tona e o caso é solucionado.
A série dessa forma, nos mostra como o inconsciente é real e tem poder sobre nossos pensamentos e ações. Deste modo, perceber e analisar o inconsciente pode ser um caminho para minimizar distúrbios emocionais, pois é comum uma pessoa enfrentar um problema por anos, sem entender seu motivo, e a explicação estar em algo que ficou guardado no inconsciente. E, quanto mais acessado, maior a chance de ampliar a consciência e com isso agir de forma menos inconsciente possível.
Debora Oliveira
Psicóloga Clínica
CRP: 06/123470