No próximo dia 4 de Abril vai decorrer uma colheita de sangue das 09:30 Horas às 13:00 Horas na ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DE AVEIRO,Edf.essua,salas 30B.1.59 E 30B.1.57 do Edf.b-Campus Crasto, aberta ao público.
Esta iniciativa decorrer em parceria entre a ESSUA, Comissão da Faina e a ADASCA há já uns anos. Da parte da tarde, decorre uma Conferencia no auditório daquela Escola desta vez com a presença do dr. Manuel Antunes, prestigiado Cardiologista do Serviço de Cardiotorácia de Coimbra.
Especializou-se na África do Sul e está em Coimbra há 29 anos a chefiar um serviço sem listas de espera, que fez 330 transplantes.Foi há 41 anos que Manuel Antunes entrou numa sala de cirurgia cardíaca pela primeira vez. Hoje trabalha com uma equipa de cerca de 117 pessoas: 16 a 18 médicos; 70 enfermeiros; 16 auxiliares; cinco secretárias e seis técnicos de circulação extracorpórea. O director do serviço do Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos Hospitais da Universidade de Coimbra diz que o serviço não tem lista de espera.
Manuel trata corações, mas tem medo de olhar para o seu. E tem uma tradição de que não abdica: "Depois de operar um bebé, sou sempre eu que dou o biberão". Nasceu em Portugal, numa aldeia chamada memória, mas em 1954 foi para Moçambique. Aos 69 anos, falou com a SÁBADO durante quatro horas e meia e acabou por perder o comboio para Lisboa –, mas ainda assim, o cirurgião cardiotorácico fez questão de apresentar o serviço. E pelo caminho aproveitou para fechar umas portas, e umas luzes. Já vai perceber porquê.
Porque decidiu seguir Medicina?
Sinceramente, não sei. A Câmara de Lourenço Marques tinha um posto médico e, quando eu tinha um bocadinho de febre, o meu pai levava-me logo lá. Para mim era um dia de festa porque não ia à escola. Via os médicos a trabalhar e, provavelmente, comecei a tomar-lhe o gosto.
Trabalhou no Hospital de Baragwanath, no Soweto, o maior do hemisfério sul. O ritmo era muito exigente?
Sim, lembro-me de períodos de 24 horas em que operava 10 ou 12 doentes. Lembro-me de operar, numa noite, três doentes com facadas no coração. Muitas vezes encostava-me num canto da sala e fechava os olhos por cinco minutos, tão cansado que estava.
Como aguentava?
Se me pergunta se, com tanto trabalho, se fizeram asneiras? Provavelmente, mas salvámos muitos doentes. Nesta vida há perdas, mas desde que os ganhos sejam muito, muito maiores… A cirurgia tem um bocadinho de bordado, de ponto -de-cruz, é ciência, técnica, mas também é arte. É como fazer um fato.
É igual enquanto cirurgião e director?
Faço questão de acompanhar os doentes, o primeiro biberão que aquele bebé [quando a SÁBADO fez esta entrevista, estava uma menina com 10 dias nos cuidados intensivos] fizer depois da cirurgia, sou eu que lho vou dar. Tenho esse ritual que cumpro sempre. Quando estivemos na Jordânia, em Maio [numa missão humanitária a operar crianças refugiadas sírias], também o fiz. Operámos uma criança com menos de 3 kg e eu dei-lhe o biberão.
Tem mais rituais?
Quando estou a desinfectar-me, às vezes faço a minha oração interior, em situações em que sinto que preciso de outra ajuda. Se calhar devia fazer sempre, mas se andarmos constantemente a pedir, talvez quem nos deva ouvir não oiça sempre.
Leia a entrevista na íntegra na edição 694 da SÁBADO, nas bancas a 17 de Agosto.
Manuel Antunes, o médico que já operou 35 mil corações
http://www.sabado.pt/vida/detalhe/manuel-antunes-o-medico-que-ja-operou-...
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