Numa conferência de imprensa em Sydney, onde decorre a reunião anual da IATA (International Air Transport Association), Akbar Al Baker garantiu que só um homem pode liderar uma companhia aérea. O CEO da Qatar Airways, à frente da empresa há mais de 20 anos, foi questionado sobre a sub-representação das mulheres no mundo da aviação, sobretudo no Médio Oriente. Al Baker garantiu que tal não acontece no Qatar, mas sublinhou que "claro que tem de ser liderada por um homem, porque é um cargo cheio de desafios".
As palavras de Al Baker foram recebidas com um murmúrio de desaprovação na sala.
E a verdade é que várias companhias aéreas mundiais têm tentado reforçar o papel das mulheres na liderança. A australiana Qantas Airlines tem 40% de mulheres na sua estrutura de administração, incluindo Alan Joyce, CEO para a internacionalização e a lealdade dos passageiros frequentes. Enquanto a americana Delta nomeou Kristin Colvile como líder há dias.
Apesar de tudo, quando o conselho de administração da IATA posou para uma foto de família na semana passada só havia uma mulher presente - Christine Ourmières-Widener, CEO da Flybe.
No final da conferência de imprensa, Al Baker explicou à Bloomberg TV que se estava a referir apenas a "um indivíduo" e não "ao staff no geral". E até garantiu que ficaria muito feliz se houvesse uma candidata a CEO da Qatar Airways porque "assim a poderia preparar para ser CEO depois de mim".
Sob boicote de quatro países - Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito - há exatamente um ano, o Qatar tem lutado para manter a sua economia. O pequeno emirado do Golfo, de 2,6 milhões de habitantes (mas só 300 mil têm nacionalidade qatari) e 11,5 mil km2, tem o maior PIB per capita do mundo: 124 900 dólares. Mais do dobro dos homens no ensino superior, as mulheres contribuem para mais de metade da força de trabalho no emirado - 51%, a maior percentagem do mundo árabe.
DN