Lisboa, Porto e Faro. Três cidades que acordaram com (mais) um protesto dos taxistas contra lei que regula Uber e Cabify. Trânsito fortemente condicionado em algumas das avenidas da capital.
Desde as 5h00 desta manhã, os taxistas, vestidos de negro, começaram a concentrar-se Praça dos Restauradores, em Lisboa. Duas horas depois, a faixa reservada aos transportes públicos, na Avenida da Liberdade, estava totalmente preenchida por táxis.
"Esta jornada de luta tem hora de início, mas não tem hora de fim", disse à TSF Rodolfo Melo, dirigente da Federação Portuguesa do Táxi.
A Federação Portuguesa do Táxi e a ANTRAL (Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros) são as organizadoras deste protesto, em defesa da suspensão da lei que regula a atividade de empresas de transporte de passageiros associado a plataformas eletrónicas como a Uber e a Cabify, que entram em vigor a 1 de novembro.
Os taxistas defendem que o diploma não garante o princípio da equidade entre estes operadores e os táxis e que irá colocar em causa 30 mil postos de trabalho, pelo que pedem à Assembleia da República que envie o diploma para fiscalização pelo Tribunal Constitucional.
Em declarações à TSF, Rodolfo Melo afirmou que a lei não salvaguarda questões essenciais para os setor, como os preços e os contingentes.
"Os táxis são regulados pelo Estado. Trabalhamos baseados nos preços que barram no taxímetro", enquanto as plataformas como a Uber e a Cabify "praticam os preços consoante o mercado", explicou o dirigente da Federação Portuguesa do Táxi. "Se houver muito serviço, aumentam os preços. Se houver pouco serviço, baixam os preços, provocando dumping".
Também a quantidade de carros em circulação é tido como um problema para os taxistas, uma vez que o número de táxis que podem circular é fixado pela câmara municipal da zona em que exercem atividade - sendo que o mesmo não acontece em relação às outras plataformas de transporte.
A Federação Portuguesa do Táxi e a ANTRAL aguardam, por isso, que os partidos políticos acedam às suas exigências. Para já, a "esperança" é de que, pelo menos, PCP e Bloco de Esquerda estejam do lado dos taxistas - uma vez que votaram contra o diploma que regula a atividade das novas plataformas de transporte de passageiros.
Se não contarem com este apoio, os taxistas garantem que não hesitarão em bater à porta do provedor de Justiça.
Trânsito condicionado
Está previsto que o protesto dos taxistas afete as condições de circulação, durante esta quarta-feira, nas cidades de Lisboa, Porto, e Faro.
Na Avenida da Liberdade, em Lisboa, só vão poder passar carros de emergência e transportes públicos. Caso venha a ser necessário, os táxis que não caibam na Avenida da Liberdade poderão ocupar as laterais da Fontes Pereira de Melo, mas aqui não será cortado o acesso a veículos particulares. Câmara Municipal de Lisboa apelou a quem se queira deslocar dentro da cidade que utilize os transportes públicos.
A Carris reforçou os autocarros entre o aeroporto e o Marquês de Pombal. Também o Metro de Lisboa está em alerta para a necessidade de aumentar o número de comboios em circulação ao longo do dia.
Já no Porto, os taxistas manifestantes vão ficar estacionados nas laterais da Avenida dos Aliados. Em Faro, o protesto está reservado ao centro da cidade e junto ao aeroporto.
Notícia atualizada às 8h19 | TSF