O tempo vai passando, mas muitos outros minutos de silêncio devem ter transcorrido no fundo de muitos corações, tanto no Brasil quanto no exterior. Ocasiões não faltaram: o maior ciclone da história em Moçambique, destruindo a segunda maior cidade do país e deixando milhares de mortos e desabrigados; a prisão do Cardeal Pell na Austrália, por prática de pedofilia; a queda de aviões supermodernos, com morte de todos os passageiros e tripulantes. Já tinha concluído este artigo quando o mundo inteiro ficou assombrado com o incêndio em Notre Dame e a covarde matança, no domingo de Páscoa, perpetrada por maometanos em três igrejas católicas e em hotéis no Sri Lanka.
Blasfêmias revoltantes se multiplicam
Milhões de minutos seriam ainda poucos para reparar a grosseira blasfêmia perpetrada pela Escola de Samba Gaviões da Fiel, no sambódromo de São Paulo, durante o último carnaval, quando um grupo de zombadores travestidos de demônios simulou vencer Nosso Senhor Jesus Cristo; e depois de tê-lo matado, arrastaram-no como habitualmente se faz com um bicho morto [foto acima].
Um personagem ou símbolo religioso tão caro ao Brasil católico nunca deveria ser objeto de encenação em festa profana e com alto grau de imoralidade, bebedeira e desregramento, como é o carnaval. Antes de 2017, os idealizadores desses desfiles tentaram em vão coreografias e representações blasfemas, mas foram impedidos pelas fortes reações da opinião pública e da parte ainda sadia do clero.
Infelizmente, de lá para cá os protestos públicos e de alguns valentes eclesiásticos arrefeceram, e a cúpula da hierarquia católica acabou por autorizar que uma imagem de Nossa Senhora Aparecida fizesse parte de um desfile carnavalesco.
Os protestos se avolumaram, e o clube do Corinthians perdeu muitos adeptos. Embora continuem a torcer pelo time, ficaram indignados diante do desrespeito perpetrado pela escola de samba vinculada ao clube. De passagem, levanto duas perguntas: Por que ostentar símbolos religiosos numa festa profana e obscena como o carnaval? O que aconteceria se experimentassem, por exemplo, fazer uma representação desse naipe envolvendo a figura de Maomé? A cada dia que passa, mais me convenço de que a audácia dos maus se alimenta da covardia e omissão dos bons.
O desastre decorrente do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, deixou marcas indeléveis, não só na região, mas também em toda a opinião pública brasileira
Em Brasília, pesados minutos de silêncio
Brasília tem também muitos minutos de silêncio a fazer, de preferência aproveitando-os para meditar seriamente. No Supremo Tribunal Federal tramita o julgamento de equiparação do crime de homofobia ao de racismo; e representantes do povo vêm contrariando promessas de campanha política, ao defender abertamente o massacre de inocentes por meio do aborto, crime que brada aos céus e pede a Deus por vingança.
A esquerda e alguns políticos autodenominados centristas esperneiam diante das acusações nos processos da operação Lava-Jato, que procura comprovar e punir o maior roubo da história da humanidade, que especialistas chegam a calcular não como bilionário, mas como trilionário, levando em conta lucros cessantes das empresas, desemprego, multas, indenizações etc. Imagine o leitor se esses larápios estivessem na China. Em poucos minutos iriam todos para a Curitiba de lá ou para o “desmanche”, pois se tem divulgado que os órgãos de gente assim são aproveitados e colocados à venda para transplantes. Mas imagino que nenhum brasileiro, mesmo recebendo milhões, aceitaria o transplante de olhos, coração ou cérebro de algum político corrupto. A par disso, fala-se de risco iminente de frear a Lava-Jato. Veremos se, depois dos 100 dias de praxe, os brasileiros romperão o silêncio e voltarão a sorrir e cantar, ou então a gritar e protestar.
Verdades e mentiras sobre a Vale
Voltemos a Brumadinho, onde mais uma vez se comprova que o bem que o Estado faz é mal feito, mas o mal que ele faz é bem feito. O rompimento da barragem foi inegavelmente uma tragédia, e trata-se de punir exemplarmente os culpados. Cumpre lembrar aqui as declarações oportunas e lúcidas do Secretário da Desestatização, Salim Mattar, de que é preciso reprivatizar a Vale. Na verdade, a tal privatização foi feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas sofreu a maior ingerência durante a gestão da petista Dilma Rousseff. Em seu governo, ela retirou da presidência da Vale o Sr. Roger Agnelli — morto num desastre de avião, ainda não totalmente esclarecido — para colocar na presidência da empresa o Sr. Murilo Ferreira. As decisões na Vale são impostas pelo governo, uma vez que 21% do seu capital pertence aos fundos de pensões de estatais, e o BNDES possui em torno de 6%; o Bradesco detém 6,7%; a Mitsui 5,8%; investidores estrangeiros, 47,7%; e os investidores brasileiros, apenas 13,2% (“O Globo”, 14-2-19).
A então presidente petista, responsável pela mencionada substituição na presidência da Vale, chegou a ser criticada até pela jornalista Miriam Leitão, afirmando que Murilo Ferreira ia se esvaindo a cada aparecimento público, pela inépcia com que lidava com o problema da barragem de Mariana, e “saiu sem prestígio e com os bolsos cheios de milhões de reais dados pela empresa pelo fim antecipado do contrato”.
No lugar de Murilo foi colocado o sindicalista Fabio Schvartsman. Ao procurar se defender diante dos senadores contra as acusações de inépcia, ele afirmou que a Vale não poderia ser condenada, por se tratar de joia da coroa, uma das maiores empresas brasileiras, que paga seus impostos além de trazer divisas com exportações. De fato, a Vale deve indenizar as vítimas, mas os seus diretores devem responder a processos e, se condenados, punidos exemplarmente.
Dentro do vozerio do noticiário, centenas ou milhares de notícias e postagens na internet trazem sempre mais do mesmo, “O Estado de São Paulo” (5-2-19) apontou um estudo da Fundação Getúlio Vargas, mostrando que 30% dos links sobre o referido desastre foram de fake news…
Soluções diferentes para resíduos e rejeitos
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Plantação de cana de açúcar |
Equilibradas e objetivas são as declarações do Sr. Tiago de Andrade Lima (“Valor”, 14-2-19). Depois de afirmar a necessidade de reprivatização da Vale, distinguiu muito bem o que é resíduo e o que é rejeito. Para ele, resíduo é definido pela lei federal 12.305/2010, que instituiu a política nacional de resíduos sólidos. Em suma, a esses resíduos deverá ser dada uma destinação adequada, incluindo a reutilização, a compostagem, a recuperação, entre outras medidas.
Quanto ao rejeito, para o qual não existe ainda tecnologia disponível de aproveitamento rentável, deverá ser descartado de maneira ambientalmente correta. Cita o exemplo de pneus descartados a céu aberto, como era feito até algum tempo atrás no Brasil, exigindo muito tempo até que se desfizessem. A alternativa encontrada foi a utilização desses pneus para material asfáltico ou para a indústria de cimento, como substituto ao coque de petróleo. O Sr. Andrade Lima critica a falta de políticas públicas para o desenvolvimento tecnológico. Aproveitou para mencionar como fator positivo uma técnica desenvolvida em 2015, no laboratório da Universidade Federal de Minas Gerais, para transformar os rejeitos das mineradoras em insumo para a construção civil. E exibiu um vídeo das residências feitas com tais resíduos.
Venho mantendo muitos contatos com fabricantes de tijolos e lajotas, tendo ouvido deles reiteradas reclamações quanto às exigências do Ministério do Meio Ambiente para se conseguir os insumos adequados para a industrialização. Em alguns locais os caminhões vão buscar “terra de barranco” a mais de 60 km, pois não se pode tirar terra nos lugares próximos à indústria, em razão do risco de uma escavadeira poder arrancar a pata de uma aranha ou de uma formiga, ou ainda cortar o rabo de alguma lagartixa… Por que então não utilizar os rejeitos para essa utilidade, com o apoio do poder público e as facilitações das mineradoras? Assim se uniria “a fome com a vontade de comer”, reaproveitando de modo lucrativo os rejeitos e acabando de vez com as perigosas barragens.
Novas tecnologias no agronegócio
O agronegócio, que já é referência para muitas iniciativas, poderá também contribuir nesta matéria. Por exemplo, o vinhoto das usinas de açúcar era antigamente eliminado nos rios, chegando a provocar matança de peixes. Mas uma análise química constatou ser ele rico em nutrientes. Neutralizando alguns elementos e acrescentando outros, ele passou a ser bombeado para os canaviais, como excelente fertilizante.
Recurso similar está sendo aplicado aos dejetos da suinocultura, pecuária e granjas de frangos. São acumulados e cobertos por uma lona especial, e os gases aí produzidos são canalizados para o aquecimento das próprias granjas, para cozinhas e a combustão de geradores de energia elétrica.
A safra agrícola enfrentou problemas pela falta de chuva em algumas regiões, e excesso em outras no momento da colheita. Os estados mais afetados foram Paraná e Mato Grosso do Sul. Embora um pouco menor que a anterior, será a segunda melhor safra da história do Brasil.
No acumulado dos últimos doze meses, as exportações ultrapassaram 102 bilhões de dólares, sendo que justamente agora estamos no auge da colheita e das exportações. Que Nossa Senhora Aparecida proteja o Brasil e os brasileiros no decorrer do ano, e particularmente o nosso grande herói, que é o produtor rural.
ABIM