O
22.º Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede cumpre a sua
terceira jornada no próximo sábado, desta vez com espetáculos na
Pocariça, Cordinhã e Cadima.
De
acordo com a programação do certame promovido pela Câmara
Municipal de Cantanhede, o Grupo de Teatro, Arte e Cultura da
Associação Musical da Pocariça estreia na sede desta coletividade
““Frio que Faz na Cama”, reflexão sobre as relações
afetivas, num retrato atual e sem tabus da busca pela satisfação
amorosa e sexual. As saídas possíveis quando a relação entre duas
pessoas se torna monótona e a superação do desgaste parece uma
impossibilidade é a questão subjacente a esta peça que aflora
também o desencanto do amor por alguém que recusa ser amado.
A trama desenrola-se em torno dos problemas
existentes no seio de dois casais, um que vive conjugalmente há
vários anos e parece cansado da vida familiar rotineira, outro, mais
jovem, que vive um relacionamento animado pelo sexo e pelo prazer
imediato. Têm, no entanto, alguma coisa em comum, nomeadamente o
“Frio que Faz na Cama”.
Também
no sábado, às 21h30, o Grupo de Teatro Experimental “A Fonte”
de Murtede sobe ao palco do Salão Recreativo de Cordinhã para
representar “As Três Marias”, comédia de Cristina Serém sobre
mulheres que passaram a viver juntas depois de se terem conhecido num
centro comercial quando procuravam arrendar casa. A ação tem como
fio condutor as dificuldades e maiores aspirações das
protagonistas, designadamente Maria Eduarda, brasileira que veio com
a filha para Portugal, Maria da Luz que se divorciou do marido quando
descobriu a sua infidelidade, e Maria das Dores, viúva que padece de
uma profunda paixão platónica por Tony Carreira, homónimo do seu
“saudoso extinto”.
Ainda
no sábado, às 21h30, o Grupo de Teatro do Clube União Vilanovense
apresenta no salão da Junta de Freguesia de Cadima “A Fera
Domada”, comédia baseada num original de William Shakespeare em
torno da exasperação de um homem que tem duas filhas com caráter
completamente diferente. Os problemas surgem quando a mais nova, que
é bela, doce e carinhosa, começa a receber propostas de casamento e
o pai decide que só pode casar depois da mais velha, que, no
entanto, não quer nem ouvir falar de casamento. É então que os
pretendentes da irmã vão tentar arranjar-lhe um marido para poderem
concretizar as suas aspirações. Só que o cavalheiro não parece
ter sido a melhor escolha…
Sobre o Grupo de Teatro, Arte e Cultura
da Associação Musical da Pocariça
O teatro na Pocariça remonta ao ano de
1895, quando começaram a ser feitas várias representações por um
grupo de amadores de Coimbra. Um dos elementos deixou o grupo e
decidiu organizar uma sociedade dramática, apenas constituída por
amadores da Pocariça, que foi designada de Recreio Artístico.
Apesar da saída de alguns membros do Recreio Artístico pouco depois
da sua fundação, o agrupamento ainda subiu ao palco em fevereiro de
1896.
Em 14 de julho desse mesmo ano nasceu outro
grupo de teatro amador, que foi batizado de Sociedade Dramática
Pocaricense e que teve a sua estreia com a peça “Os Milagres de
Santo António”.
Um novo grupo dramático foi constituído
em 1909 com o objetivo específico de angariar fundos para a
construção de uma casa de teatro na Pocariça. Constituído
exclusivamente por elementos da localidade, este grupo exibiu as
primeiras peças em abril, como a opereta intitulada “Canto
Celestial” e outras peças, entre as quais um original de José
Gomes Lopes, intitulado “Milagres de Amor”, o mais recordado de
todos. Com a receita destas peças e com o produto de uma subscrição
pública foi possível instalar um palco, camarins, vários cenários
pintados e ainda pano de boca de cena.
Em abril de 1914 foi representada a última
récita, uma vez que, pouco tempo depois, o prédio teve novo dono e
desapareceu assim o “passatempo” de representar peças teatrais.
O Grupo Cénico da Pocariça surge já na
década de 1950, sob orientação de Mário Pereira da Silva. Aí se
revelaram nova vaga de atores amadores de grande vocação artística.
Para manter viva esta tradição ligada ao
teatro amador, foi criado em 2000 o Grupo de Teatro, Arte e Cultura,
no seio de outra coletividade de referência, a Associação Musical
da Pocariça. A inspiração para este grupo está ligada ao trabalho
artístico da atriz de teatro musical que conquistou fama a nível
internacional, Auzenda de Oliveira, nascida na Pocariça em 1888.
O Ciclo de Teatro Amador do Concelho de
Cantanhede, organizado pelo Município, serviu também de pretexto
para trazer de volta a atividade teatral e de lhe dar um caráter
sistemático e regular.
“Saudades da minha Terra” foi o
primeiro êxito desta formação mais reduzida, mas também a opereta
“Entre Duas Avé Marias”, peça dos anos 1950, ajudou a cimentar
a reputação deste coletivo.
O Grupo participa ininterruptamente no
Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede desde a sua 4.ª
edição em 2001-2002.
Sobre
o Grupo de Teatro Experimental “A Fonte” de Murtede
O
Grupo de Teatro Experimental “A Fonte” de Murtede foi fundado em
2000 por 24 jovens da freguesia. Esta associação juvenil tem
atualmente cerca de 80 associados e é filiada no INATEL e no
Instituto Português da Juventude.
Da
sua atividade no campo das artes cénicas destaca-se a apresentação
regular de peças de teatro em produções que têm registado o
reconhecimento do público e das entidades que têm apoiado o
trabalho do grupo, nomeadamente a Câmara Municipal de Cantanhede, a
Junta de Freguesia de Murtede, o INATEL, o Instituto Português da
Juventude (IPJ) e a Delegação Regional do Centro do Ministério da
Cultura.
Além
da sua participação regular em diversos espetáculos de Teatro,
desenvolve também outro tipo de ações culturais, com destaque para
Danças na Minha Aldeia, encontro com animação em diversas
vertentes musicais que se realiza na segunda quinzena de maio,
concertos de música sacra, convívios e iniciativas não só com os
seus associados mas também com outros habitantes da comunidade, como
é o caso do programa de OTL – Ocupação de Tempos, da
responsabilidade do IPJ.
O
Grupo de Teatro Experimental “A Fonte” de Murtede participa
também regularmente na EXPOFACIC e desenvolve algumas parcerias na
organização de eventos promovidos pela Junta de Freguesia de
Murtede e a Câmara Municipal de Cantanhede.
Sobre
o Grupo Cénico do Clube União Vilanovense
A
origem do Grupo de Teatro do Clube União Vilanovense remonta ao
início do século passado, quando um conjunto de entusiastas formou
um agrupamento cénico de carácter amador na localidade. Fundado em
1913, durante anos o grupo era constituído maioritariamente por
homens, o que obrigava a que alguns papéis femininos fossem
interpretados por elementos do sexo masculino.
A
sua atividade tem sido quase contínua desde a sua existência, tendo
interrompido as representações apenas nas décadas de 1940 e 1970,
mas nunca por períodos superiores a um ano. Na primeira década de
existência, funcionou sem sede própria, apresentando as peças numa
adega particular, até que, em 1926 foi inaugurada a sede do Clube
União Vilanovense num imóvel que ainda hoje é a casa-mãe da
coletividade.
Além
da representação, há outras vertentes, desde o grupo coral e
respetivos músicos, passando pela execução de tarefas de produção,
como a montagem dos cenários, preparação dos adereços, iluminação
e som, as quais estão a cargo de elementos que trabalham arduamente
para que os espetáculos atinjam a melhor expressão artística
possível.
Geralmente
o Grupo de Teatro do Clube União Vilanovense estreia no Dia de Natal
uma nova peça, uma preocupação que se repete também em cada
edição do Ciclo de Teatro Amador no Concelho de Cantanhede, não só
para despertar o interesse do público, mas também para motivar os
elementos para novos desafios artísticos.