O regime comunista chinês criou uma estratégia aparelhada para usar armas bacteriológicas, a fim de estabelecer sua hegemonia no mundo
Luis Dufaur
Apandemia da covid-19 abriu os olhos de muitos para a realidade da China comunista. Sabia-se, por meio de publicações católicas e/ou anticomunistas, que uma seita ideológica aplicava o regime mais inumano e antirreligioso sobre o milenar “Império do Meio”, hoje República Popular da China marxista. Mas a grande mídia ocidental apresentava o país como sendo a maior economia mundial, que nos enchia com mercadorias baratas, consumia astronomicamente matérias-primas e beneficiava países produtores como o Brasil.
As perseguições religiosas estarrecem, sobretudo quando praticadas depois do acordo da China com o Vaticano. Mas Pequim é mestre na utilização do binômio “medo-simpatia”. Em qualquer loja são encontrados produtos chineses variados, de borracha ou pelúcia, fofinhos e baratinhos. Não duram muito, mas comprar outro também não custa muito. O rosto do ditador Xi Jinping rivaliza com o de um boneco desses: carnudo, mole, sorriso enigmático e ar do mais pacífico dos homens, embora alguns jornais o apontem como um dos mais cruéis ditadores da Terra.
Ao Brasil ele fez promessas incríveis. Em uma viagem, chegou a anunciar 50 bilhões de dólares de investimentos no País. Depois não cumpriu quase nada, mas atraiu aqueles que correm atrás do dinheiro como o urso atrás do mel. Enquanto isso, os jornais econômicos continuam noticiando compras faraônicas de empresas estratégicas brasileiras por grupos chineses ignotos, que são tentáculos do Partido Comunista Chinês; ou ainda do Exército Revolucionário do Povo, com a foice e martelo na bandeira. Os celulares e equipamentos de Internet, quase sem exceção, vêm de lá, apesar de muitos dizerem que estão grampeados e transmitem à espionagem chinesa informações e conversas dos usuários. A polêmica em torno da companhia Huawei é caraterística.
Essas impressões contraditórias se dissolvem numa paz que se diria “boa”, se não fosse uma imensa mentira. Essa “boa paz” resulta do binômio “medo-simpatia”, cujo primeiro elemento mostra a China como um país distante e enigmático dirigido por um Partido Comunista totalitário, enquanto o segundo elemento — a simpatia — procura apresentá-la como um país que fabrica produtos baratos, coloridos, engraçadinhos, sugerindo a ideia de que seus fabricantes não podem ser tão maus assim [foto acima].
Surge o plano comunista oculto
Boneco do ditador Xi Jinping produzido nas fábricas de trabalho escravo
Até que um dia o coronavírus começou a matar. A História já registrou muitas epidemias com características análogas, mas esta foi diferente. Caminhemos passo a passo para entender bem a questão. O comunismo instalou-se na China em 1º de outubro de 1949, através de Mao Tsé-Tung, escolhido pessoalmente por Josef Stalin, o sanguinário ditador da Rússia. É devido ao sistema comunista que produtos made in China, baratinhos e ordinários, abundam em lojas ocidentais, prejudicando enormemente a produção nacional.
O que muitos não sabem é que os produtos chineses enchem nossas lojas devido a um plano oculto descrito por Jung Chang e Jon Halliday, peritos em comunismo chinês, no livro “Mao” (Gallimard, Paris, 2005, 843 pp.). Mao “cuidava bem de não esclarecer a natureza essencialmente militar desse plano, que ainda é muito pouco conhecido na China de hoje”. Lançou gigantesco plano de industrialização conhecido como “Grande Salto para frente”, em que “perto de 38 milhões de pessoas morreram de fome ou de exaustão em quatro anos […]. Foi a pior fome do século XX ‒ e até de toda a História” (op. cit., p. 414).
Mao declarou em Moscou em 1957: “Nós estamos dispostos a sacrificar 300 milhões de chineses pela vitória da revolução mundial”, ou seja, a metade da população de então. E reafirmou, no Congresso do Partido de 17 de maio de 1958: “Não façam, pois, tantas histórias a propósito de uma guerra mundial. Na pior das hipóteses, ela causará mortes […]. A melhor das hipóteses é que metade da população fique com vida, se não, pelo menos um terço” (op. cit., p. 500-501). Os dirigentes de base como Xi foram formados nessa maquiavélica tática.
1,64 milhão de testes de coronavírus comprados da China pelo governo espanhol têm defeito. Menos de 30% foram aprovados, embora a Espanha tenha pago adiantado US$470 milhões e a compra ter sido louvada pela imprensa local
Mentira sistemática no comunismo
A cidade de Wuhan é um símbolo. Nela se iniciou a revolução que derrubou o império chinês, e ateou o caos que desfechou na ditadura comunista. Não espanta que Pequim a escolhesse para sediar o laboratório (suspeito em relação ao atual surto) pensando na revolução mundial que podia causar. Relatório secreto do Centro Nacional de Inteligência Médica dos EUA, revelado pela NBC News, descreveu em novembro de 2019 o estado assustador da estrutura sanitária de Wuhan. O governo marxista de Xi informou à Organização Mundial da Saúde, como prescrevem os acordos internacionais, mas só o fez no dia 31 de dezembro…
Agiu tardiamente, dizendo que tudo estava sob controle e não havia risco de expansão epidêmica para outros países. O mundo só foi (des)informado quando o sistema de saúde e a ordem econômica entravam em colapso, e a epidemia ia ficando incontrolável. Fontes extraoficiais julgam falso o número oficial de 83 mil contagiados e 3.300 mortos. Tais fontes estimam em mais de 40 mil os óbitos na China. O jornal chinês The Epoch Times,
[i] editado em Nova Iorque em 21 línguas, informou que “milhares de
urnas de cinzas foram entregues em sete funerárias oficiais de
Wuhan, onde parentes começaram a recolher os restos de entes queridos, questionando ainda mais a verdadeira escala do surto na China”. No mundo, as mortes superariam 350.000.
Mas, diante desse espetáculo macabro, Xi Jinping podia se regozijar, parafraseando o “ensinamento poético” de seu mestre Mao: “Bomba atômica explode quando lhe é dito para explodir. Ah, que alegria inefável!” (op. cit., p. 526). Sobre a repressão implacável aos médicos e cidadãos que alertaram para a galopante epidemia em Wuhan, recomendamos ao leitor o artigo “Negócios da China camuflados em plano comunista”, de Nelson Fragelli (vide Catolicismo, abril/2020). Indicamos também, para uma vasta informação, o oportuno documento do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira: “Aproveitando o pânico da população e o apoio espiritual do Vaticano. A maior operação de engenharia social e de baldeação ideológica da História” (vide Catolicismo, maio/2020).
China exporta material imprestável
O comunismo de Mao Tsé-Tung se caracteriza pelo seu veio nacionalista e as marcas de um feroz despotismo pagão. Ele previa que a China, aproveitando-se de suas dimensões materiais, imporia a hegemonia comunista universal. A Rússia facilitou sua ascensão e o tinha em conta de auxiliar precioso, como Xi tem em Putin seu melhor cooperador. O mundo ocidental, capitalista e ex-cristão, é o alvo a ser desconjuntado, empobrecido e submetido à tirania. A História não mais giraria em torno desse mundo, mas do marxismo amarelo.
Para Chang e Halliday, a ambição suprema de Mao era dominar a Terra. Em novembro de 1968, ele confidenciava a Edward Hill, chefe do partido maoísta australiano: “No meu ponto de vista, seria preciso unificar o mundo” (op. cit. p. 609-610). Essa unificação planetária, cujo modelo no momento era a União Soviética, continuou sendo a meta de Xi Jinping, na sua fidelidade ao marxismo do mestre. Nessa perspectiva, o mundo capitalista privado e globalizado deve ser espezinhado, desagregado, custe o que custar.
“Mao estava pronto para que houvesse hecatombes, e fez entender aos dirigentes que eles não deveriam se mostrar chocados se acontecessem”, escrevem os autores citados. Hoje, Xi Jinping, com sua fisionomia de bonequinho, aplica a recomendação dada por Mao em 1958, a qual ensejou a partida do “Grande Salto”: “Se pessoas morriam em consequência da política do Partido, não seria preciso assustar, mas regozijar. […] ‘A morte é verdadeiramente uma causa de regozijo, disse […] não podemos não ver nela senão um benefício’” (op. cit. p. 478-479).
Com essa visão de fundo, a China se autoproclamou modelo na luta contra o coronavírus que ela mesma teria criado, e passou a enviar volumes colossais de recursos médicos a países em cujo mais recôndito interior se encontram, segundo os cálculos maquiavélicos dela, seus futuros escravos. Muitos desses recursos estavam estragados e prejudicaram a contenção da doença! O Ministério da Saúde do governo comuno-socialista espanhol comprou, de dois fornecedores chineses, 1,64 milhão de testes de coronavírus defeituosos. Menos de 30% deles foram aprovados, embora a Espanha tenha desembolsado US$470 milhões adiantados, e a compra sido louvada pela imprensa local.
A República Checa pagou US$2,1 milhões por 300 mil kits de testes de coronavírus que exibiram um índice de erro de 80%. A Holanda fez o recall de 1,3 milhão de máscaras chinesas, por não atenderem aos requisitos mínimos do pessoal médico. Um porta-voz de um hospital de Eindhoven qualificou as máscaras de “monte de lixo”. Na Eslováquia, o primeiro-ministro assinalou que mais de um milhão de testes de coronavírus pagos à China, à vista, no valor de US$16 milhões, não tinham condições de detectar a Covid-19.
O Ministério da Saúde da Malásia recebeu kits doados pela China, mas com defeito. A Turquia realçou que “os kits de testes tinham uma precisão de apenas 30% a 35%. Nós os aferimos. Eles não funcionam” — disse um porta-voz turco. Na Argentina, o Ministério de Ciência proibiu lote inicial de 170.000 testes rápidos chineses, pois se mostraram ineficazes. No Brasil, a Justiça do Pará bloqueou 152 ventiladores pulmonares inadequados, que chegaram da China ao custo de mais de 50 milhões. Esses são apenas alguns exemplos…
A China mobiliza um exército de trolls para fustigar na internet, com mentiras e meias verdades, países e pessoas que questionam a resposta sanitária maoísta.
Revolução Cultural no ciberespaço
O primeiro ministro britânico Boris Johnson e seus aliados no Parlamento se mostraram “furiosos com a campanha de desinformação da China, que se utiliza da pandemia para auferir vantagens”. O ex-líder do Partido Conservador, Iain Duncan Smith escreveu: “Todos os problemas poderão e serão discutidos, exceto um, nosso futuro relacionamento com a China. Acredito ser vital começarmos a discutir quão dependentes nos tornamos desse estado totalitário”.
Enquanto isso, Xi Jinping, apontado como o máximo culpado pela pandemia, se vangloriava do sistema comunista chinês de saúde e exortava os outros países a copiar seu modelo. Ao mesmo tempo em que pedia ao mundo para não “politizar” as preocupações com seus suprimentos, Pequim mobilizava um exército de trolls para fustigar na internet, com mentiras e meias verdades, os países e pessoas que questionassem a resposta sanitária maoísta.
A mídia estatal chinesa soltou um tsunami de notícias externando seu ódio ideológico herdado de Mao Tsé-Tung, e descrevendo como “calvário” e “apocalipse” (termos nada ateus, mas que servem para a guerra psicológica) as cenas em hospitais da Itália e da Espanha. Mostrou falsas imagens de médicos dos EUA e do Reino Unido vestidos com sacolas de lixo, como única proteção. “Este é um dos maiores embustes da História”, salientou o deputado republicano Michael T. McCaul, da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, diante da divisão de inteligência dos EUA.
Um vídeo do presidente Trump, legendado em chinês, foi muito difundido pela mídia oficial. Trump falava algo, mas a legenda lhe punha nos lábios a frase contra a China: “Eles têm sangue nas mãos e deveriam ser julgados!”. A mesma máquina punha nos cornos da lua declarações de ricaços de esquerda, como o multimilionário Bill Gates, elogiando as “boas notícias” provenientes da China! O jornal Global Times do Partido Comunista, em inglês, sublinhava que a nova Revolução Cultural se faz hoje no ciberespaço.
Centro de Cultivo de vírus de Wuhan, o qual funcionava em condições que deixavam a desejar, testava com morcegos o coronavírus transmissível aos homens.
Terceira Guerra Mundial em preparação?
Em 13 de abril, o jornal Washington Post informou ter conferido relatórios da embaixada dos EUA em Pequim alertando para o fato de que o Centro de Cultivo de vírus de Wuhan, classe segurança máxima (Wuhan P4, ou Wuhan Institute of Virology – WIV em inglês), o qual funcionava em condições que deixavam a desejar, testava com morcegos o coronavírus transmissível aos homens. As comunicações diplomáticas coligidas pelo Washington Post registram que, em 2018, diplomatas e cientistas americanos foram enviados repetidamente ao local e alertaram para o risco de nova pandemia como a da SARS, originária da China nos anos 2002-2003, disse a BBC News.
[ii]
Poucos dias antes essa denúncia havia sido considerada “conspiratória”, de extrema-direita, mas depois de publicada pelo Washington Post foi acolhida pelos maiores órgãos de imprensa do mundo, passando a ser tratada como muito séria. Josh Rogin, do Departamento de Estado, exibiu documentos mostrando a preocupação de Washington, em 2015, com o temor da fuga de algum morcego usado como cobaia. Pediu a colaboração da China para esclarecimentos; e, como de costume, ela prometeu e não cumpriu.
A virologista Shi Zhengli solta um morcego de uma caverna chinesa após extração de sangue para análise
A revista Scientific American noticiou que Shi Zhengli [foto ao lado], renomada “morcególoga” chinesa, ficou surpresa com o novo coronavírus: “Nunca imaginei que uma coisa dessas pudesse acontecer em Wuhan”, reagiu. Acrescentou que isso só poderia aparecer naturalmente nas regiões quentes do sul. Nos ambientes acadêmicos houve inúmeras proibições políticas de se falar sobre o caso.
Fontes próximas à máquina de desinformação do Kremlin espalharam que o coronavírus seria “não uma bomba nuclear, mas uma bomba bacteriológica de uma III Guerra Mundial”, da qual o vírus seria um estopim, como o ataque de Pearl Harbor. Deus avertat (Deus afaste de nós tal hipótese), mas ela é corroborada pela declaração do Papa Francisco, de 23 de outubro de 2018, quando voltou a insistir mais de uma vez na ideia frequentemente externada de que “uma preparação para a III Guerra Mundial está em andamento em parcelas, e acredito não exagerar nisto”, registrou a agência EFE.
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Comunismo X anticomunismo
Segundo o vaticanista Sandro Magister, o cardeal-arcebispo da capital de Myanmar e presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia, Dom Charles Maung Bo [foto], qualificou o gigante asiático de principal culpado pela expansão do vírus no mundo: “Há um governo que é o principal responsável; e é o regime do Partido Comunista Chinês em Pequim, e não o povo da China”, afirmou, para em seguida incriminar Xi Jinpingpor “repressão, mentiras e corrupção. As autoridades chinesas ocultaram a notícia. O Partido Comunista silenciou os denunciantes. Os médicos que tentaram alertar receberam ordem da polícia de ‘parar com os comentários falsos’”.
O cardeal sublinhou que um estudo epidemiológico da Universidade de Southampton descobriu que “se a China tivesse agido duas ou três semanas antes, as vítimas do vírus teriam sido reduzidas em 66%, 86% e 95%”. E acrescentou: “Sua negligência deslanchou um contágio global que está matando milhares de pessoas”. Concluiu dizendo: “O Partido Comunista Chinês acusou o exército dos EUA de ter provocado a pandemia. As mentiras e a propaganda puseram milhões de vidas em perigo no mundo todo”. A mesma linha de mentira e desinformação inundava as redes sociais a partir São Petersburgo, mas o Cardeal nada disse nesse sentido.
O advogado republicano Larry Klayman considerou insuficientes os comentários do Presidente Trump, etiquetando a Covid-19 de “vírus chinês”, e iniciou uma demanda coletiva de 20 bilhões de dólares contra a República Popular da China, o Exército de Libertação Popular da China, o Instituto de Virologia de Wuhan e seu diretor, Shi Zhengli. “O governo da China deve ser julgado pelo que fez, e é necessário que o presidente Trump imponha sanções, como o congelamento de ativos chineses”.
Klayman considera que o governo chinês desenvolveu o vírus como arma biológica ilegal. A simples criação desse vírus é uma violação de acordos internacionais, e por isso a China não poderia mais receber imunidade soberana. Advogados renomados acham difícil que a demanda prospere nos tribunais, e as eventuais punições comerciais que Trump imporia à China não consertariam a situação, antes agravariam a tensão. Ficaram, assim, postas as bases para um entrechoque ideológico possivelmente devastador entre o comunismo e seus companheiros de viagem, de um lado; e do outro os verdadeiros anticomunistas. Entende-se sob essa luz o que Klayman diz dos políticos democratas, e que se aplica a seus correspondentes no Brasil e no mundo: “Estão explorando o avanço do vírus para impor o socialismo no nosso país”.
“O coronavírus prova que, para o mundo livre, o comunismo é o inimigo, o único que conta realmente”, sentenciou o especialista na China Gordon Chang.
[iv]
ABIM