terça-feira, 27 de outubro de 2020
MUNICÍPIO DE SILVES PROMOVEU EM CONJUNTO COM A AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE E A DIREÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA DO ALGARVE UM DEBATE SOBRE A ESCASSEZ DE ÁGUA NA AGRICULTURA
Silves | POLOS DE EDUCAÇÃO AO LONGO DA VIDA CONTINUAM A COLABORAR COM O PROJETO LAÇOS D´AJUDA
MUNICÍPIO DE SILVES ALARGA CAMPANHA DE COMPOSTAGEM DOMÉSTICA A TODAS AS FREGUESIAS
Proença-a-Nova | Troque resíduos por plantas recolheu quase 2.500 resíduos
Cantanhede | No passado sábado, 24 de outubro: Livro de Valdemiro Gaspar apresentado na Biblioteca Municipal
“Palavras soltas – Inspiração de um momento guardada no tempo”, é o título do novo livro de Valdemiro Gaspar, que foi apresentado no auditório da Biblioteca Municipal de Cantanhede, em 24 de outubro, numa sessão que marcou o encontro do autor com amigos e admiradores e que contou com a presença de Pedro Cardoso, vice-presidente da Câmara Municipal, Maria da Glória Gonçalves, professora e apresentadora da obra.
Na intervenção de abertura, o autarca felicitou o autor por “um livro que representa um precioso testemunho de uma vivência preenchida e dos elevados valores éticos de Valdemiro Gaspar”, e congratulou-se pelo escritor “ter tido a persistência e a generosidade de partilhar com a sua comunidade, os interessantes e significativos poemas que tanto revelam sobre o seu caráter reflexivo”.
A apresentação da obra esteve a cargo da professora Maria da Glória Gonçalves que, numa intervenção simples, mas particularmente interessante, aflorou algumas das temáticas dos poemas do livro, motivando os presentes à leitura.
Ao longo da apresentação, Valdemiro Gaspar mostrou-se visivelmente “feliz e grato por ver concretizado este sonho”, considerando mesmo este livro como o seu “terceiro filho”. O autor referiu, ainda, que os poemas desta obra “são baseados em situações reais e experiências que vivi no meu quotidiano”, manifestando as “minhas preocupações em relação a valores em que realmente acredito, como a humildade, a sinceridade, a paz, as questões preocupantes resultantes das alterações ambientais, a solidariedade, valores esses que vão escasseando nas sociedades de hoje.” O autor assumiu, ainda, o “gosto imenso que tem em escrever” e não concluiu sem deixar uma marcante afirmação, “se o mundo quiser conhecer o meu pensar, serei um mundo de palavras soltas para o servir”.
Ao longo da sessão foram lidos alguns poemas do autor, nomeadamente “Sinceridade”, “Os nossos sonhos”, “Sorrisos” e “Desejos”.
Face à evolução epidemiológica da Covid-19 no concelho, no país e no mundo, o evento cumpriu, escrupulosamente, todas as medidas emanadas pelas autoridades governamentais e de saúde de forma a reforçar e prevenir a propagação da SARS-CoV-2.
Sobre Valdemiro Gaspar
Valdemiro Martins Gaspar nasceu em Lemede, em 1949. Filho de pai ferroviário e mãe doméstica, entrou no mundo do trabalho logo que terminou o ensino básico, ainda muito jovem. Fez o serviço militar em Angola, onde esteve de 1971 a 1973. Em 1975 concluiu o 2º ciclo, frequentando a escola em regime noturno.
Homem de paz, foi durante o tempo em que esteve destacado que Valdemiro Gaspar sentiu despertar o gosto pela escrita. A par da escrita, é apaixonado pela arte, na qual destaca a pintura. Gosta de recolher e guardar objetos antigos, pois acredita que “o passado é história, o que se diz ou faz nunca volta atrás”
Palavras soltas – inspiração de um momento guardada no tempo resulta da recolha de pequenos textos poéticos escritos pelo autor, nascidos de momentos de grande inspiração, que Valdemiro Gaspar decidiu partilhar com o público.
Câmara de Águeda atribui apoios a associações desportivas
Incentivos, entre adiantamentos e contributo para apoiar projetos em curso, comportam um investimento de cerca de 77 mil euros
A Câmara Municipal de Águeda firmou, ontem, protocolos de apoio financeiro com diferentes associações do Concelho, no valor global de cerca de 77 mil euros.
“Afirmar Águeda como um Município de referência na área desportiva tem sido o desafio a que nos propomos e uma estratégia municipal que temos desenvolvido”, afirmou Edson Santos, Vice-Presidente da Câmara de Águeda, salientando que este objetivo tem sido alcançado com a promoção de políticas desportivas que se traduzem no dinamismo e na prática de atividade física e desportiva por parte da população.
Para a Autarquia, as associações desportivas desempenham, neste propósito, um papel importante enquanto pólos de desenvolvimento das comunidades onde as coletividades estão sediadas, sendo “parceiros inestimáveis para a promoção e dinamização da atividade desportiva concelhia”.
“Esta está a ser uma época difícil para todos, tendo em conta todas as contingências sociais que vivemos, e este apoio é parte da nossa colaboração para a atividade que tão bem desenvolvem”, disse ainda Edson Santos.
No âmbito do Programa de Apoio às Associações Desportivas do Concelho, a Câmara de Águeda decidiu proceder ao adiantamento (em 50%) das verbas estipuladas para o ano desportivo 2020/2021, no valor de 30.952,16 euros com as seguintes coletividades: Associação Desportiva de Travassô, Associação Desportiva Valonguense, Sporting Clube de Fermentelos, União Desportiva Mourisquense e Ginásio Clube de Águeda. Este adiantamento irá permitir aos clubes ter uma maior disponibilidade financeira para o desenvolvimento das suas atividades.
Entre os protocolos assinados, dois referem-se a apoios extraordinários (cerca de 43 mil euros), concedidos no âmbito de uma política de incentivo à eficiência energética e certificação dos equipamentos desportivos. Duas coletividades (Clube de Ténis de Águeda e Sporting Clube de Fermentelos) candidataram projetos com vista à redução dos consumos de energia e à melhoria dos complexos desportivos, que foram apoiados em 50% do valor total apresentado.
Refira-se ainda que o Agueda Action Club – Actib foi apoiado com 3.000 euros como contributo para a realização do Campeonato Nacional de Motocross (que decorreu, no passado dia 18, no Crossódromo Internacional de Águeda).
LEIRIA | Município quer Avenida Heróis de Angola mais atrativa e segura
A Avenida Heróis de Angola encontra-se em obras de requalificação e valorização, com o objetivo de a transformar em Avenida Cultura Urbana, um conceito que visa a criação de uma imagem mais positiva e atrativa e adaptada à realidade da pandemia da COVID-19.
Com final previsto para 20 de novembro, caso as condições climatéricas o permitam, a intervenção prevê um conjunto de trabalhos, incluindo a requalificação e alargamento de passeios, pavimentação e a pintura de uma ciclovia, que irá fazer parte da pista a criar entre o Centro Hospitalar de Leiria e o Estádio Municipal, medida de incentivo à utilização da bicicleta.
Melhorar a qualidade ambiental da Avenida é um dos grandes objetivos do Município, através da redução das emissões de carbono e do ruído, dando maior conforto e qualidade de vida a moradores, comerciantes e visitantes.
Num investimento de cerca de 300 mil euros, o Município irá ainda instalar floreiras e plantar árvores ao longo de toda a Avenida e no Largo Comendador José Lúcio da Silva, bem como colocar bancos e mobiliário urbano mais atrativo, um sanitário público, parqueamento de bicicletas, ilhas de permanência e esplanadas.
Os condutores terão mais espaço e mais lugares para estacionar (de 72 aumenta para 76), uma vez que serão reduzidas as zonas para cargas e descargas (passam de 15 para seis), e serão mantidos os lugares para condutores com mobilidade reduzida (4), para motas (8) e para carregamento de veículos eléctricos (4).
A pavimentação terá início no dia 29 de outubro, no Largo Comendador Teatro José Lúcio da Silva, com uma duração prevista de dois dias úteis, passando os trabalhos para a Avenida a partir do dia 2 de novembro e devendo terminar a 6, com a fresagem e pavimentação da faixa de rodagem e estacionamento.
De 9 a 20 de novembro, serão colocadas as floreiras e plantadas as árvores, estando a pintura da ciclovia prevista para 12 e 13 e a marcação rodoviária do pavimento deverá ser feita entre os dias 18 e 20.
Os trabalhos irão criar alguns constrangimentos e cortes de trânsito, pelo que apelamos à compreensão dos utilizadores desta artéria.
Durante o período das obras no Largo Comendador José Lúcio da Silva, o acesso à rua Dr. Américo Cortez Pinto ficará condicionado, sendo a pavimentação da Avenida realizada em duas fases com encerramento desta artéria (parcial na primeira fase e total na segunda) e do Largo 5 de outubro no sentido Rotunda do Sinaleiro – Avenida Heróis de Angola.
Durante dois dias, o troço da Avenida entre o Largo 5 de Outubro e a Rua Coronel Teles Sampaio Rio será encerrado para intervenção (anexo 1), estando previsto o corte de toda a artéria nos três dias seguintes para realização dos trabalhos no troço entre a Rua Coronel Teles Sampaio Rio (também encerrada) e a Rua de São Francisco (anexo 2).
O trânsito proveniente da Rua de Tomar deverá seguir a seguinte alternativa:
- Rua Comissão da Iniciativa - Rua Anzebino da Cruz Saraiva - Rotunda Dr. Francisco Sá Carneiro - Avenida Francisco Sá Carneiro - Avenida D. João III - Largo do Emigrante - Rua de São Francisco - Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque.
O estacionamento na Avenida será condicionado durante as fases de colocação das floreiras e de plantação de árvores e das pinturas das marcas rodoviárias.
Em todos os momentos, ficará garantido o acesso à rede de transportes públicos de passageiros, táxis, veículos de emergência e comércio local, sendo a circulação do trânsito apoiada por acompanhamento policial.
Apresentada em junho passado no âmbito do Programa Renovar Leiria, a Avenida Cultura Urbana é, para o Presidente da Câmara Municipal, Gonçalo Lopes, “uma necessidade de criar uma cidade segura no contexto COVID-19”, acrescentando que “temos de preparar a cidade para um ambiente em que o vírus convive entre nós, mas temos de manter a nossa atividade”.
Neste Programa, estão também incluídos os trabalhos de pavimentação da Rotunda do Sinaleiro e início da Rua Machado Santos, que irão decorrer nos dias 30 e 31 de outubro, aproveitando a expectável redução de trânsito automóvel a entrar na cidade, incluindo veículos pesados de transporte coletivo, em consequência das medidas de combate à pandemia.
Durante estes dois dias, a circulação rodoviária estará interdita, devendo o trânsito tomar os seguintes desvios (anexo 3):
- O trânsito ligeiro proveniente da Rua de Tomar que pretenda aceder à Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque deverá seguir por: Rua do Lis – Rua Comissão da Iniciativa – Rua Anzebino da Cruz Saraiva – Rotunda Dr. Francisco Sá Carneiro – Avenida Francisco Sá Carneiro - Avenida D. João III - Largo do Emigrante - Rua de São Francisco – Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque.
- O trânsito proveniente da Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque deverá seguir em direção à Avenida Heróis de Angola, uma vez que o acesso ao Largo 5 de outubro será apenas permitido para cargas e descargas.
- O trânsito proveniente do Largo da República que pretenda aceder ao centro da cidade deverá seguir por: Rua dos Mártires – Avenida Papa Francisco – Rua dos Mártires, Rotunda Melvin Jones – Avenida 25 de abril - Rotunda do Estádio – Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque.
O trânsito será ainda condicionado no acesso à Avenida Combatentes da Grande Guerra, permitindo apenas a passagem de viaturas para cargas e descargas, residentes e veículos de emergência.
O Município de Leiria agradece e apela à compreensão de todos pelos constrangimentos causados, estando a desenvolver todos os esforços para minimizar o impacto destas intervenções no quotidiano dos leirienses.
COMISSÃO MUNICIPAL DE PROTEÇÃO CIVIL REFORÇA COOPERAÇÃO NO COMBATE À PANDEMIA
A Comissão Municipal de Proteção Civil do Município de Aveiro (CMPC-MA) reuniu no dia 22 de outubro para fazer um ponto de situação sobre o Combate ao Coronavírus / Covid-19 e analisar as necessárias operações de futuro para a gestão do mesmo, aprofundando a cooperação institucional para a maior eficácia neste Combate.
Na reunião foi reiterada a total prontidão e disponibilidade de todas as entidades para continuar a cooperar neste Combate, com o contínuo acompanhamento, monitorização e operacionalização dos vários planos de contingência em atividade.
Todas as entidades concordaram na necessidade de continuar a realizar operações de Comunicação aos Cidadãos relativas ao Combate à Pandemia Covid-19, de acordo com o que a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) têm em curso, quer em formato digital como em formato de comunicação de rua em suportes físicos, relembrando os Cidadãos da importância de se protegerem nas suas ações do quotidiano e apelando à necessidade de utilizarem máscara, lavarem as mãos e manterem o distanciamento social.
A CMA mantém toda a disponibilidade e capacidade de gestão política, técnica e operacional, para trabalhar em equipa com todas as entidades públicas e privadas prestadoras de serviços públicos essenciais (como o Hospital Infante D. Pedro / CHBV, o Agrupamento de Centros de Saúde / ACeS do Baixo Vouga com a sua Equipa de Saúde Pública, Centros de Saúde e Unidades de Saúde Familiar, as Autoridades Policiais – PSP, GNR, PM -, o Exército, a AdRA / Águas da Região de Aveiro, a AdCL, a Veolia, a Transdev / ETAC / Aveirobus, a Gertal, entre outras), assim como com as Juntas de Freguesia no âmbito das suas competências e na execução da cooperação institucional definida nos Protocolos de Delegação de Competências com a CMA, assim como com as Empresas Privadas, nesta fase tão crítica como a que vivemos.
Todos os instrumentos necessários a este Combate estão ativados, sendo que o contributo individual de cada um e de todos os Cidadãos é fundamental para que tenhamos sucesso nesta Luta, agradecendo hoje e sempre o Contributo de Todos.
Estamos Juntos neste Combate ao Coronavírus / Covid-19, com Todos os Cidadãos e Entidades Públicas e Privadas.
Câmara de Águeda firma protocolo com duas Uniões de Freguesias para execução de obras
Cursos Avançados em Inteligência Artificial Aplicada (2Ai) no IPCA
Desfile de receção e homenagem ao ciclista João Almeida SUSPENSO
Como divulgamos, a Câmara Municipal organizou uma iniciativa para homenagear o atleta, com um desfile pelo concelho, para que todos pudessem celebrar com o João, e num formato que entendemos adequado ao contexto que vivemos, nomeadamente o distanciamento físico.
Todavia, consultada a autoridade de saúde, esta entidade deu um parecer desfavorável à realização do evento, dada a evolução do número de casos nos últimos dias e por entender que representa um risco acrescido de contágio.
Naturalmente que o Município vai seguir as indicações da DGS e suspender o desfile mantendo a cerimónia de homenagem. O momento continuará a ser assinalado com uma receção ao atleta, em que estará presente sua Exa. o Sr. Secretário de Estado da Juventude e Desporto, e a Federação Portuguesa de Ciclismo, pelas 17.30h., no Salão Nobre da Câmara Municipal.
Não será por este constrangimento devido à situação de pandemia que estamos a atravessar que o João Almeida deixará de sentir o apreço e o orgulho de todos os caldenses, e mesmo de todo o País, pelo seu mérito desportivo reconhecido internacionalmente.
O João é um jovem extraordinário, que colocou o nome das Caldas da Rainha na história do ciclismo mundial, e no qual temos um grande orgulho. Obrigado João Almeida!
Está um tipo todo mamado, fechado na casa de banho… O romance de Pedro Bidarra
– Conheces o gajo?
– Não.
– Ele diz que só sai em troca de duas gramas.
– Dois.
– Dois?
– Ya. Grama é um nome masculino. Já se pedisses três não havia problema de concordância.
– Ok. E tens três gramas?
– Eu? Estás‑ma estranhar, ó pula. Tenho cara de dealer só porque sou preto?
Vamos ser claros: este livro não é para flores de estufa. Há livros que nos agitam, enervam, excitam ou revoltam. Há livros angustiantes, há livros carregadinhos de emoção e outros epifânicos. Azulejos Pretos agita, enerva, excita, revolta, angustia, emociona e, se não desagua numa epifania, talvez desagúe numa antiepifania.
Sejamos ainda mais claros: Azulejos Pretos é um romance de Pedro Bidarra. Começa assim: «A porta é preta, a retrete é preta, o tampo é preto, o papel higiénico é preto.» Neste cenário, uma casa de banho, está o narrador que vai viver, e os leitores com ele, uma noite de reencontros, de surpresas inóspitas, de acidentes sulfúricos e de memórias revisitadas. Numa Lisboa fora de horas e fora de sítio, entre a arte e a vida, o tempo e a memória, a porta abre-se e, na casa de banho preta, entram e ajoelham-se modelos de vestido preto e justo, poetas, dealers, criativos, gestores, artistas, até um padre. Figuras reais da noite de Lisboa.
Sim, também é um roman à clef, mas a torrente inventiva de Pedro Bidarra oferece às suas personagens doses generosas de um realismo que descarta o circunstancial e lhes dá universalidade. Sendo o romance de um convulso anti-herói, Azulejos Pretos é um fresco cínico, satírico, ácido, mas também escondidamente enternecido das últimas quatro décadas da nossa vida. Contadas e rememoradas numa só noite, numa casa de banho de azulejos pretos.
Voltemos a ser claros, a ver se nos entendemos: este não é um romance do passado, este é um romance que mete os dentes no presente e o morde com uma coloquialidade tempestuosa rara no romance português.
– Falaram de cu?
– Falaram.
– São tão parvas.
– Elas nunca tinham experimentado?
– O quê? Cu?
– Não, coca.
– Normalmente cheiram K. Já ninguém cheira coca – disse a Beatriz. Afirmação que contradizia a minha experiência e os dados da Organização Mundial da Saúde e do Observatório da Droga.
– Nunca experimentei – disse‑lhe.
– O quê, cu?
– Não, K.
– E queres?
O anti-herói de Azulejos Pretos bate de cabeça no presente, neste novo mundo em que vivemos, com um cepticismo vagamente nostálgico e desencantado. Dos novos comportamentos, da galeria de novos protagonistas que pululam na cidade, dá-nos um retrato
cru e impiedoso, com uma mancha gritante de humanidade. Azulejos Pretos é, para sermos claríssimos, um romance contemporâneo politicamente incorrecto. Muito. Um romance que, como todo o escândalo, anseia pela sobriedade.
Eis o povo de Azulejos Pretos: pulas e blacks, gays e falsos gays, um padre, um polícia e o seu amante, um poeta, o Günther, artista sem obra, «que vive no meio do meio», um assistente de realização, o Dantas, que «tem os cordelinhos todos atados aos dedos», vegans e lésbicas, a heterossexual Madalena, deitada de costas sobre a mesa da sala de jantar.
Este é um romance de cheiro, com o sexo em fundo, o som do «Once in a Lifetime» dos Talking Heads a derramar-se debaixo da porta duma casa de banho. Rigorosamente preta, que o preto nunca cansa. «Estava um tipo todo mamado, fechado na casa de banho.» Terá redenção?
Azulejos Pretos é um romance de Pedro Bidarra, editado pela Guerra e Paz editores, que chega às livrarias no dia 3 de Novembro. Tem 176 páginas, em papel Coral Book 80 gramas, composto em caracteres Sabon Next. Fomos lá roubar estes excertos:
1.
– Olha o Camões, coitado, a quantidade de nobres cus que lambeu em éclogas, odes e oitavas, sempre com a esperança que lhe caísse alguma prata. Hoje, claro, lambe‑se o cu dos colegas e, sobretudo, o cu dos mortos.
– O cu dos mortos?! – exclamou o Joel, enojado, provavelmente sentindo o diafragma a reclamar com tanta metáfora escatológica.
– Claro. Haverá cu mais lambido nesta Terra que o do Pessoa e o do Saramago, pelos da prosa, ainda mais que o cu do Camões? São cus platónicos que o poeta lambe para ser lambido ainda em vida.
2.
Quando fui para a universidade, a extravagância passou a ser o gay e o negro. Não havia festa que não tivesse um gay abertamente fora do armário, numa época em que os armários eram robustos, de mogno, nogueira ou carvalho e fechados à chave.
[…]
Agora foi o padre que saiu do confessionário. O que está bem visto. Afinal, nada há de mais contrastante no meio de tanto gay, agarrado, mentiroso, artista, empresário e putanheiro, de tanta alma à deriva, do que um membro do clero, uma ovelha branca no meio do grande rebanho de ovelhas negras que hoje anima esta festa.
3.
Naquela tarde, ajoelhado no altar improvisado na sala de jantar da casa do Chico, intuí o universo, o Yin e o Yang, o nirvana, o sentido da vida, a biologia e todas as religiões. E quando a Madalena, deitada de costas na mesa da sala de jantar, de pernas abertas e joelhos flectidos, sem nunca parar de falar, separou os pequenos lábios com os dedos delicados e nos deixou olhar para dentro da vagina propriamente dita, senti‑me levado num incontrolável fluxo libidinoso e transportado em viagem pelo elíptico canal até ao interstício uterino, onde finalmente explodi em cores e fluidos quentes e húmidos que se misturavam e dispersavam ao som dos Yes.
4.
Não há religião ou ideologia que impeça o impulso da violência. Antes pelo contrário, religião e ideologia são mijo, mijo neurolinguístico, e é pelo cheiro a mijo que uma seita distingue a outra; e é por causa do cheiro que uns expoliam, expulsam, matam e maltratam outros que mijam um outro cheiro. O pregador da paz (o velho humanista na versão benigna, antes das fogueiras) acredita que falando o mundo muda, que os ditadores caem com o verbo, que a desigualdade se cura com parágrafos e páginas tantas, mas não é o que nos diz a História. O maior justiceiro, o maior equalizador, o maior repositor da equidistância é o par de estalos e a cabeçada.
5.
Queriam dar um cheirinho para experimentar.
– Não façam isso – aconselhei‑as. – Olhem que isso pode ser o princípio de uma interminável espiral de degradação física e psicológica.
– Oh, tio, é só para experimentar – disseram em uníssono, sorrindo bela e impenitentemente.
Pedi‑lhes o BI. Elas riram e disseram que não tinham trazido. Perguntei‑lhes a quantos graus fervia a água e em que ano tinha sido a revolução de Abril.
– 90 °C – respondeu uma.
– Em Maio de 68 – respondeu outra.
Azulejos Pretos
Pedro Bidarra
Ficção / Romance
176 páginas · 15x23 · 15,00€
Nas livrarias a 3 de Novembro
A Assembleia Municipal da Marinha Grande aprovou uma moção sobre suplemento de insalubridade, penosidade e risco.
A moção tem o seguinte conteúdo:
Festival ACASO, música e teatro para bebés na Casa da Cultura
A Casa da Cultura Teatro Stephens recebe mais uma peça de teatro integrada no Festival ACASO, um concerto de guitarra e teatro para bebés, até ao primeiro fim-de-semana de novembro.
Embaixada pede a portugueses de visita a Itália que regressem rapidamente
Lusa
Médicos com Covid-19 chamados a trabalhar na Bélgica para evitar colapso do serviço de saúde
Carolina Rico / TSF
Aumento de casos no concelho leva Ovar a reativar Plano Municipal de Emergência
Madremedia