Perguntaram-me no outro dia a idade, pergunta mais do que vulgar e a que normalmente estamos sujeitos… curiosamente perguntei o porquê da pergunta. É que me parece muito jovem quer de espírito quer de parecença, mas…
Respondi: – não é a que a face diz. É sim aquela traduzida pelo coração, que ainda ama. Que o amor, com todas as forças, vive e proclama. Estou ávido por realizar novas fantasias, sem medo de ser feliz. O amor não deve ser entendido de maneira egoísta e centrado na individualidade. Poucos entendem o amor como uma condição abrangente à condição humana e como princípio de harmonia entre pessoas. Os egoísmos, as indiferenças e a negação do outro é quase uma regra onde a exceção é visão redutora de amor. É mais fácil odiar que amar e quando se odeia a indiferença é o habitual, a dita normalidade desta sociedade é precisamente um sinal da sociedade doente pela falta de valores e princípios humanistas.
O mundo progrediu tecnologicamente mas ainda está longe, muito longe de mostrar essências e progressos na forma como entendemos a condição humana.
Ah! Ledo engano pensar que o amor, a felicidade são privilégios de jovens, pessoas mais novas…
Apesar do rigor do tempo, a vida em cada um de nós também se renova pela magia de um sorriso, de um sopro e carinho… amor não tem idade!
Quantos anos tenho? O melhor é ignorar… a vida, tão somente a vida, vale a pena valorizar. Viver é bom, viver é amar!
Enquanto houver o mais ténue vestígio de vida, um coração a pulsar, enquanto tivermos esperança, acreditamos no amor, num novo bem- -querer e ser solidário para com outros.
Danem-se as rugas do tempo!
O coração que ama jamais irá envelhecer…
A vida é sempre um desafio. Os problemas são fontes de aprendizagem e por isso os que sofrem dão mais valor à vida. Só luta quem sabe que nada floresce do nada; que saiba entender sentimentos; ser solidário; apoiar quem precisa; conheça a tolerância mútua como uma necessidade dos tempos. Saiba ter um olhar, uma palavra de afeto, partilhar experiências, semear motivações…
Afinal é necessário frontalidade para sepultar hipocrisias. De acordo com a mitologia grega clássica, existiu na antiguidade um tal Górdio que tinha feito um nó que era impossível desatar. O oráculo tinha previsto que aquele que conseguisse desfazer o nó governaria a Ásia. Ninguém descobria uma forma de desatar o nó, tal era a complexidade e a mestria com que tinha sido feito. No entanto, o nó foi desfeito por um guerreiro que, ao ver-se impossibilitado de o desfazer «manualmente”», desembainhou da sua espada e, com um só golpe, desfez o nó. O guerreiro era Alexandre, o Grande, e tal como predisse o oráculo, dominou a Ásia. Esta história faz-me lembrar…
*MÁRIO DE FREITAS | Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alvor