Lusa
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Bolsonaro lisonjeado com elogios de Putin à sua “masculinidade”
Centro de Juventude de Águeda partilha práticas de voluntariado a nível europeu
Edição online de curso europeu sobre qualidade no voluntariado jovem contou com a partilha de experiência e práticas dinamizadas no Centro de Juventude de Águeda
O trabalho desenvolvido no Centro de Juventude de Águeda (CJA) tem sido reconhecido a nível internacional, com participações em vários fóruns e encontros. O exemplo mais recente aconteceu no dia 11 de novembro, com o CJA a ser selecionado para fazer parte da edição online de uma formação europeia sobre voluntariado.
A escolha do CJA para integrar este Training Course foi feita pelos formadores do curso, a agência nacional austríaca Erasmus+ Juventude em Ação e o European Solidarity Corps Resource Centre, sendo que o convite surgiu no seguimento da participação de uma técnica do CJA, em fevereiro deste ano, no TOSCA Training sobre a qualidade de projetos do Corpo Europeu de Solidariedade (CES), com foco no voluntariado, e que decorreu na Áustria.
Para a seleção do CJA foi determinante a partilha de experiências na gestão e implementação do projeto de voluntariado VOLUNTEER(S)olidarity do CJA e a ação desenvolvida ao longo do TOSCA Training.
A intervenção do CJA na edição online do TOSCA (no dia 11 de novembro) fez a ligação entre os critérios de qualidade de projetos de voluntariado europeu e a sua operacionalização na prática em Águeda, designadamente com o projeto de parcerias de voluntariado VOLUNTEER(S)olidarity (apoiado pela Agência Nacional Erasmus+ Juventude em Ação e financiado pelo Corpo Europeu de Solidariedade).
No âmbito desta iniciativa, estão agendadas duas rondas de mobilidade individual, sendo que, de outubro de 2020 a julho de 2021, o CJA tem em Águeda oito jovens europeus que desenvolvem competências-chave e implementam atividades em escolas e nos serviços educativos da Câmara Municipal de Águeda.
As atividades dos voluntários estão enquadradas nos critérios de qualidade do TOSCA, por promoverem solidariedade com dimensão europeia, inclusão, direitos humanos, cidadania ativa e empatia. O impacto do projeto nos voluntários tem repercussões positivas na melhoria do seu auto-conhecimento, na capacidade de transformar ideias em ações concretas para suprir necessidades da comunidade e para adjuvar o processo de tomada de decisões quanto ao futuro, após a mobilidade.
A comunidade aguedense, principalmente a juvenil, fica mais aberta à interculturalidade, às oportunidades europeias e à valorização da educação não-formal. O CJA, organizações europeias de apoio e stakeholders locais também enriquecem as suas práticas com a presença dos voluntários.
Deste modo, a partilha objetiva de práticas de gestão e implementação do voluntariado europeu levou o conhecimento adquirido do CJA além-fronteiras, sendo um modelo para outras organizações europeias que pretendem conhecer mais aprofundadamente o programa CES e melhorar os seus projetos.
O CES é a nova iniciativa da União Europeia dirigida aos jovens, dando-lhes a oportunidade de fazer voluntariado ou de trabalhar em projetos, no próprio país ou no estrangeiro, em benefício de pessoas e comunidades de toda a Europa, uma oportunidade disponível para os jovens dos 18 anos 30 anos. Depois de se inscreverem no CES, os participantes podem ser selecionados e convidados a integrar uma vasta gama de projetos, relacionados, por exemplo, com a prevenção das catástrofes naturais ou a reconstrução na sequência de catástrofes deste tipo, a assistência em centros de requerentes de asilo ou a resposta a outras questões sociais a nível da comunidade.
Refira-se que o TOSCA Training, que decorreu na Áustria, foi direcionado à qualidade de projetos de voluntariado europeu, onde, de 24 a 28 de fevereiro, técnicos de juventude de várias organizações europeias, entre as quais o CJA, debateram os critérios de qualidade com questões relacionadas com o valor das atividades, o impacto e benefícios, e a conformidade com as diretrizes do programa, participaram em atividades de educação não-formal e, em colaboração, desenharam novos projetos de voluntariado.
Foto: participação do CJA no TOSCA na Áustria
Novo estado de emergência. Leia o projeto de decreto presidencial
Lusa / TSF
Antologia reúne textos evocativos de autores romenos que passaram por Lisboa
Para realizar este magnífico álbum, a Embaixada da Roménia na República Portuguesa e o Instituto Cultural Romeno em Lisboa desafiaram personalidades romenas que passaram por solo português a expressarem a forma como vêm a cidade de Lisboa. Dessa iniciativa resultou a antologia bilingue Azul de Lisboa/ Azur de Lisabona. A obra chega às livrarias no próximo dia 24 de Novembro de 2020, numa iniciativa da Embaixada da Roménia e do Instituto Cultural Romeno, publicada com a chancela da Guerra e Paz Editores e com o apoio da Fundação Bonte.
Diplomatas, escritores e artistas romenos, que visitaram ou viveram em Lisboa, foram convidados pela Embaixada da Roménia na República Portuguesa e pelo Instituto Cultural Romeno em Lisboa a participar numa antologia de textos evocativos dessa experiência, acompanhados por fotografias que o reputado fotógrafo romeno Cosmin Bumbut, vencedor do Sony World Photography Award, fez da capital portuguesa.
Dessa experiência resultaram textos emotivos, que demonstram uma enorme paixão por Lisboa, e com os quais as fotografias de Bumbut assumiram uma ligação imediata. É essa antologia de histórias e vivências romenas sobre Portugal, Azul de Lisboa, que agora vê a luz do dia numa edição bilingue (português/romeno). Uma obra que irá surpreender portugueses e romenos e fortalecer as relações diplomáticas e culturais entre os dois países.
Os leitores portugueses vão deparar-se com uma forma única de olhar a cidade – como é que nos vêem os olhos fascinados dos romenos – e vão também conhecer os valores e as figuras de uma cultura que cada vez mais se aproxima de nós.
Para estes escritores, artistas e diplomatas romenos é uma descoberta ou redescoberta de Portugal, país do limite ocidental da Europa, do qual querem exprimir impressões e vivências que possam ir além das habituais referências à epopeia dos exploradores, aos jardins de laranjeiras e ao fado.
Azul de Lisboa chega às livrarias no próximo dia 24 de Novembro de 2020. A obra poderá ainda ser adquirida através do site da Guerra e Paz Editores. Uma notável edição de coleccionador de grande formato e totalmente a cores para desfrutar ou – quem sabe – oferecer.
Azur de Lisabona / Azul de Lisboa
AA. VV.
Fotografias de Cosmin Bumbut
Não Ficção / Arte
264 páginas · 21x29 · 25,00 €
Nas livrarias a 24 de Novembro
Cantanhede | Projeto pedagógico direcionado para crianças e jovens: Biocant promove Academia de Biotecnologia
Academia de Biotecnologia, assim se designa o núcleo pedagógico inovador que está a ser desenvolvido pelo Biocant – Associação de Transferência de Tecnologia em Biotecnologia, com o apoio do Biocant Park, SA. Especialmente direcionado para crianças e jovens desde o ensino básico até aos primeiros anos da universidade, a iniciativa visa a promoção de literacia científica no campo da biotecnologia, através de ações que incluem a participação desse público-alvo em contextos de aprendizagem baseados na experimentação e com enquadramento sobre o modo como é feita ciência em Portugal nesta área específica.
Trata-se de uma aposta orientada para a formação dos alunos de diferentes níveis de ensino, no sentido de lhes proporcionar a aquisição de conhecimentos, competências e motivação para seguirem uma carreira em setores de ponta no âmbito da investigação científica em biotecnologia.
A Academia de Biotecnologia tem como missão despertar o interesse pela ciência nos mais jovens, deste modo as empresas e grupos de investigação do parque tecnológico terão também um importante papel, sobretudo na inserção dos formandos em ambiente laboratorial e no seu acompanhamento no uso de equipamentos inovadores e na aplicação de diversas técnicas, o que será feito com uma abordagem às temáticas numa linguagem adequada a cada faixa etária e com aplicação de protocolos integrados naquilo que é a estrutura empresarial e de I&D do parque.
A base formativa assenta em quatro segmentos de formação com níveis de aprofundamento diferenciados, nomeadamente o Modelo de Aprendizagem Pontual, o Modelo de Aprendizagem Contínua, os Cursos Práticos e as Sessões Online.
O Modelo de Aprendizagem Pontual e os Cursos Práticos são direcionados para alunos de todos os graus escolares, o primeiro com grupos de 20 participantes por cada sessão de três horas em laboratório, os segundos com 2/3 estudantes por formador, neste caso com incidência sobre temáticas muito específicas, entre as quais a cultura celular, a clonagem e as células do corpo humano. Como parte da experiência, cada participante será incentivado a desenvolver o pensamento crítico e a capacidade analítica da proposta científica.
Já o Modelo de Aprendizagem Contínua está organizado para 2/3 estudantes do ensino secundário e superior em contexto de trabalho laboratorial durante três horas semanais ao longo de um mês. Uma das vantagens desta formação é sem dúvida a integração dos participantes em ambiente empresarial ou em grupos de investigação, proporcionando a cada um maior número de tarefas laboratoriais, de forma a que todos tenham igual oportunidade na realização das atividades experimentais. A perspetiva é a de que, num ambiente mais íntimo, o desenvolvimento de qualidades de trabalho de equipa é mais eficaz, no sentido em que isso favorece a discussão de ideias, a resolução de problemas e a apreensão de conceitos importantes do ponto de vista científico, educativo e social.
Finalmente, as Sessões Online podem ter uma duração variável e estão concebidas para contornar as dificuldades das medidas de confinamento decorrentes da pandemia de Covid-19, incidindo essencialmente no desenvolvimento de temáticas apropriadas para cada ciclo de ensino.
No âmbito da atividade da Academia de Biotecnologia está prevista ainda a criação do prémio Biotech Challenge, com carácter anual, traduzido na atribuição de uma bolsa de participação numa atividade no Modelo de Aprendizagem Contínua e que poderá ser complementado com outras ofertas de empresas envolvidas no projeto. Com esta recompensa pretende-se reforçar o carácter diferenciador do projeto e estimular a criatividade e a capacidade empreendedora dos participantes, no que, segundo as entidades promotoras, não só dá resposta qualificada à necessidade de institucionalizar e generalizar a cultura científica, como constitui um estímulo aos jovens para prosseguimento de estudos na área das ciências e um incentivo ao bioempreendedorismo.
A Academia de Biotecnologia teve como precursor o “Centro de Ciência Júnior” implementado no Biocant Park em 2007 e cujo principal objetivo era envolver os alunos no mundo da ciência, dotando-os com conhecimentos e competências tendentes a reforçar pensamento crítico. A missão do Centro de Ciência Júnior era valorizar a componente experimental no ensino das biociências e estimular a atitude empreendedora. 10 anos depois, o espaço do Biocant Park dedicado a esse projeto foi remodelado e reequipado de modo a acompanhar desenvolvimento tecnológico e os novos desafios no âmbito da evolução da biotecnologia e das ciências da vida em geral. E é assim que surge a Academia de Biotecnologia, uma aposta que acompanha a nova realidade do setor a nível nacional, fazendo do ensino experimental na área das biociências o elo de ligação entre os cidadãos e a ciência.
FORMAÇÃO DOS SAPADORES FLORESTAIS EM CONDUÇÃO E OPERAÇÃO COM TRATOR EM SEGURANÇA
Decorreu entre os dias 20 de Outubro e 4 de Novembro, em São Marcos da Serra com o apoio do Município de Silves, uma formação de “Condução e Operação com trator em segurança” promovida pela AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, na qual participaram quatro elementos das equipas de sapadores florestais do município.
Esta formação inserida no projeto CILIFO – Centro Ibérico de Investigação e Combate aos Incêndios Florestais, pretende reforçar e promover a cooperação e os procedimentos de trabalho, entre os Dispositivos de Prevenção e Extinção de Incêndios Florestais dentro da área de cooperação da Euro Região Alentejo – Algarve – Andaluzia.
Com a mesma, a equipa adquiriu uma maior capacidade de intervenção no território e por consequência um maior knowhow na resposta aos trabalhos realizados em prol da Defesa da Floresta Contra Incêndios.
As Equipas de Sapadores Florestais do Município de Silves têm recebido nos últimos anos um grande investimento por parte do Município, ao nível da formação, equipamentos de proteção individual e coletiva, equipamentos motomanuais e disponibilização de robot de desmatação.
Município de Évora dinamiza 1º Encontro “Évora Cidade Educadora”
Portugal em 4.º lugar na produção de vinho da UE com 700 milhões de litros
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Comércio e restauração de Leiria pede corte de 50% nos impostos para salvar setor
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CÂMARA MUNICIPAL DE SILVES É PIONEIRA NA COMPOSTAGEM COMUNITÁRIA
O Município de Silves é pioneiro no Algarve em compostagem comunitária, direcionada, neste momento, às freguesias de S. Marcos da Serra e de S. Bartolomeu de Messines.
Esta iniciativa permite que os munícipes, destas freguesias, separarem os biorresíduos na fonte tratando-os localmente, reduzindo assim a pegada ecológica indexada ao transporte e deposição em aterro, com os benefícios ambientais daí resultantes.
Os resíduos depositados irão sofrer uma degradação, transformando-se em fertilizante natural. O composto será aplicado localmente nos jardins municipais, contribuindo para a responsável gestão de resíduos e sustentabilidade ambiental.
Este projeto representa um passo numa estratégia de longo prazo que passará pelo cumprimento da Diretiva Quadro do Resíduos e do PERSU2020, integrando Silves no pelotão da frente a nível nacional, assumindo desde já um caminho para alcançar as metas mais ambiciosas de valorização, que prevêem a obrigação de recolha seletiva de biorresíduos a partir de 2023. Silves antecipa assim as medidas que serão transpostas para o direito nacional, permitindo uma curva de aprendizagem que permitirá inovar num futuro próximo.
O POSEUR e o Fundo Coesão europeu suportou 85% dos encargos dos investimentos de aquisição de equipamento e publicidade e divulgação do sistema.
NATAÇÃO DA SOCIEDADE COLUMBÓFILA REGRESSA AS COMPETIÇÕES NACIONAIS
“Revolucionamos a sua experiência de aprendizagem… para atingir melhores resultados” é o objetivo da ENB- Escola de Negócios
Carlos Moedas vaticina vitória de Aveiro na corrida à Capital Europeia da Cultura em 2027
Lusa
Covid-19: Hospitais de Coimbra têm falta de profissionais de Cuidados Intensivos
Concorrentes da Eurovisão gravam atuações para garantir que há concurso em 2021
Fonte e Imagem: Lusa / Madremedia
Farmácias realizam testes rápidos à Covid-19 sem cumprir requisitos técnicos exigidos pela DGS
Madremedia
Regime fiscal do programa “Regressar” abrange 757 pessoas em 2019
Lusa
Benfica vence Anderlecht e está nos 16 avos de final da Liga dos Campeões feminina
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Delegados ao congresso do PCP vão sentar-se em cadeiras, sem mesas
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É errado falar de Nossa Senhora enquanto mãe solteira?
Padre David Francisquini
Pergunta — A freira americana que fez um discurso contra o aborto na convenção do Partido Republicano, elogiando as iniciativas pró-vida do presidente Trump em defesa dos direitos do nascituro, disse uma frase que me chocou: “Como cristãos, conhecemos Jesus pela primeira vez como um embrião no ventre de uma mãe solteira, e o vimos nascer nove meses depois na pobreza de uma gruta”. Por mais que a frase estivesse destinada às moças que ficam grávidas, recomendando-lhes que não abortem, essa analogia me pareceu inapropriada, pois parece esquecer a virgindade perpétua de Nossa Senhora e o fato de que Ela estava casada com São José. O que o senhor pensa disso?
Resposta — A Igreja tem muitas formas de censura para as proposições contrárias ao seu ensinamento. São chamadas de “notas teológicas”. As mais graves se relacionam com o conteúdo das proposições censuradas: herética, errônea na fé, temerária. Outras se referem à forma defeituosa pela qual elas são expressas: equivocada, suspeita, malsoante. Por fim, uma formulação pode não ser errônea no conteúdo e na forma, mas ser censurada pelos efeitos que produz num contexto determinado, qualificando-se então como escandalosa, perigosa, sedutora dos simples ou ofensiva aos ouvidos pios. Por exemplo, seria verdadeira uma ladainha que dissesse São Pedro renegado, rogai por nós, porque de fato ele negou Nosso Senhor três vezes. Mas a piedade dos fiéis ver-se-ia contundida pela evocação desse gravíssimo pecado no contexto de uma ladainha em que se pede sua intercessão. Da mesma maneira, é louvável o corajoso discurso contra o aborto, evocado na pergunta; mas foi muito infeliz a formulação com que a freira se referiu à concepção virginal, pois choca os ouvidos piedosos dos fiéis, especialmente dos devotos de Nossa Senhora.
É preciso reconhecer que a frase da freira é até certo ponto materialmente verdadeira, pois no momento da Anunciação e da Encarnação do Verbo no seio virginal de Maria Ela ainda não estava casada legalmente com São José, nem vivia com ele sob o mesmo teto. Essas duas realidades estão declaradas explicitamente no primeiro capítulo do Evangelho de São Mateus. No versículo 18, ele diz que Nossa Senhora tinha concebido por virtude do Espírito Santo “antes de coabitarem”. E no versículo 20, que o anjo disse em sonhos a São José: “Não temas receber Maria por esposa”, o que significa que ele ainda não a havia recebido como tal.
Como explicar que no primeiro dos versículos citados se diga que Maria estava “desposada com José”? Como podia recebê-La por esposa, se já estava desposado com Ela? A aparente contradição resulta das traduções portuguesas da Bíblia, pois nas traduções em outras línguas os substantivos e verbos indicam claramente que Nossa Senhora estava apenas prometida, e ainda era noiva de São José. Essa afirmação pode causar surpresa em alguns leitores, mas será desfeita conhecendo-se melhor a legislação e as tradições matrimoniais dos judeus.
No início da história do povo eleito — como fica patente no relato do casamento de Isaac com Rebeca — eram os pais que negociavam o casamento de seus filhos. Depois passaram os próprios filhos a escolher suas futuras esposas, como ocorreu com Sansão. Querendo casar-se com uma filha dos filisteus, ele pediu aos pais para negociarem a boda, pois o candidato deveria oferecer um dote que fosse aceitável pela família da moça. Uma vez obtido o consentimento desta, fazia-se um contrato, que era verbal antes do cativeiro na Babilônia e passou a ser escrito depois, como o que foi redigido conjuntamente por Tobias e o pai de Sara.
Celebrava-se então com certa solenidade a cerimônia do noivado, durante a qual o noivo dava à noiva (se ela fosse menor, ao pai dela) um anel de ouro ou algum outro objeto de certo valor. A duração do noivado era de um ano, para dar tempo à noiva de se preparar para o casamento e aprontar seu enxoval. Durante esse período os futuros esposos permaneciam em suas respectivas casas, só se comunicando através do “amigo do esposo”, personagem ao qual São João Batista se comparou quando explicou a seus discípulos que não era Cristo, mas um enviado para anunciá-Lo.
Porém é necessário notar que, ao contrário de nossos dias, o noivado era tão irrevogável quanto o casamento; de tal maneira que, se a noiva se deixasse seduzir por outro homem, era punida de morte por lapidação, tal como acontecia com uma mulher adúltera já casada. E caso seu noivo viesse a morrer antes do casamento, ela deveria ser desposada por um cunhado, não podendo casar-se fora dessa família com um estranho, respeitando o costume do levirato (Deut. 25, 5). Devido ao caráter irrevogável do noivado, não existia na língua hebraica uma palavra específica para designar esse período, sendo assimilado linguisticamente ao casamento.
À vista dessas considerações, compreende-se por que São Lucas, ao escrever que o anjo Gabriel foi enviado a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, “a uma virgem desposada com um varão, chamado José”, não quis dizer que Nossa Senhora estivesse casada, mas apenas comprometida a casar-se com ele. Tanto os verbos desponso e despondeo da Vulgata latina, quanto o verbo μνηστή do original grego e seus derivados, significam prometer em matrimônio, pedir em casamento, pretendente, noivo. Por isso São José e a Virgem Maria não viviam sob o mesmo teto, como refere São Mateus, pois os costumes só autorizavam a coabitação depois das núpcias. Foi após a visita de São Gabriel que “José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado, e recebeu em sua casa sua esposa” (Mt 1, 24).
Essa explicação dos fatos, que corresponde inteiramente às tradições do povo judeu, não é desmentida por São Lucas quando, ao relatar a subida do santo casal a Belém para o recenseamento (portanto, depois das núpcias), se refere a Nossa Senhora com as palavras ἐμνηστευμένῃ αὐτῶ (original grego), traduzidas por desponsata sibi uxore na Vulgata latina, o que literalmente quer dizer, como vimos acima, “sua noiva”. É possível que o evangelista tome aqui o verbo grego no sentido de “casar-se”, que por vezes tem. Contudo, o mais provável é que tenha desejado expressar-se com uma delicadeza suprema, para dar a entender que, no tocante ao Filho divino que Maria portava em seu seio virginal, Ela era apenas a prometida de São José. De qualquer maneira, São Jerônimo achou por bem acrescentar uxore — ou seja, esposa — para deixar as coisas bem claras.
Em resumo, e para concluir a resposta ao consulente, podemos dizer que a Santíssima Virgem Maria, na hora bendita da Anunciação, ainda não estava casada com São José. Isso não significa que fosse realmente solteira, pois já estava comprometida com ele mediante um contrato irrevogável, prescrito pela tradição judaica. Portanto, ainda que a expressão “mãe solteira” tenha sido utilizada com boa intenção pela religiosa mencionada na pergunta do consulente, ela é inapropriada e até chocante quando associada à concepção virginal de Maria Santíssima.
ABIM
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Fonte: Revista Catolicismo, Nº 839, Novembro/2020.