domingo, 31 de outubro de 2021
Beto Eustáquio mais três anos à frente dos dadores de sangue de Portalegre
Deitaram fogo a casa de alterne
“A União Europeia da Saúde: prevenir, cuidar e colaborar”
Dia Europeu da Doação e Transplantação de Órgãos | 9 de Outubro
Cantanhede | SOCIEDADE COLUMBÓFILA VOLTA A RECEBER BENS DO GRUPO “OS MOSQUETEIROS”
Técnicos do INEM vão poder realizar eletrocardiogramas na rua em caso de suspeita de enfarte
Os técnicos de emergência pré-hospitalar do INEM vão poder realizar eletrocardiogramas na rua e administrar fármacos, sob orientação médica à distância, em casos de suspeita de enfarte, no âmbito do protocolo da dor torácica, que entra em vigor segunda-feira.
“A partir de agora, os técnicos de todas as ambulâncias de emergência médica do país podem pôr em prática o protocolo da dor torácica, um conjunto de procedimentos para os quais receberam formação e que incluem a realização de um eletrocardiograma (ECG) e a administração de fármacos, sob orientação médica”, revela o Jornal de Notícias (JN) na edição de hoje.
Segundo o jornal, “é um passo de gigante para reduzir o risco de sequelas e de morte por enfarte agudo do miocárdio”.
Prometido há vários anos, o protocolo de dor torácica dos técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH) entra em funcionamento na segunda-feira com monitores novos em 56 ambulâncias de emergência médica, o que significa um acréscimo de 64% dos meios com esta resposta mais diferenciada.
“Até aqui, só as viaturas médicas de emergência e reanimação e as ambulâncias de suporte imediato de vida estavam preparadas para dar a melhor resposta. E nem sempre estão disponíveis para acudir a todas as ocorrências”, escreve o jornal.
Um dos medicamentos protocolados é a aspirina, que ajuda a diluir o sangue e a desfazer os trombos nas artérias coronárias, adianta, acrescentando que, tanto a interpretação dos resultados do ECG, como a decisão de administrar fármacos, cabe exclusivamente ao médico que está no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM a receber a informação em tempo real.
“É o maior ganho em saúde dos últimos anos”, assegura ao JN Ricardo Rocha, coordenador nacional TEPH do INEM, satisfeito com a conquista pela qual os técnicos lutam há anos.
Antes de o doente chegar, os médicos já estão a ver o eletrocardiograma no computador e já sabem se tomou medicação”, explica, por seu turno ao jornal, Gabriel Campos, TEPH, que tem sido responsável pela formação dos técnicos.
Se a via digital por alguma razão não funcionar, os novos monitores permitem imprimir o ECG para entregar ao médico no hospital.
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) recebe, em média, 17 mil chamadas para dor torácica por ano.
Dados citado pelos jornal indicam que 35 mil portugueses aproximadamente morrem todos os anos em Portugal por doenças cardiovasculares, o que corresponde a um terço de toda a mortalidade da população. Daquele total, cerca de oito mil óbitos são por enfarte agudo do miocárdio.
Madremedia/Lusa
Imagem: INEM
Assaltantes invadem consulado de Portugal no Rio de Janeiro e fazem cônsul refém
A residência oficial do cônsul de Portugal no Rio de Janeiro, sede do Consulado, foi invadida na madrugada de hoje e o diplomata, Luiz Gaspar da Silva, e os seus familiares foram feitos reféns, disse à Lusa fonte diplomática.
Posteriormente, os reféns foram libertados e não há registo de feridos, segundo o jornal O Globo, que noticiou ainda que a Polícia Civil já esteve no local para a realização de perícia e está agora a investigar o caso.
À agência Lusa, o embaixador de Portugal em Brasília, Luís Faro Ramos, referiu que o Cônsul e a sua família já foram libertados e "estão bem". O diplomata confirmou também que as "autoridades brasileiras estão a tratar do caso".
Aos agentes da polícia, testemunhas disseram que os assaltantes estavam armados e não sabiam que ali funcionava o consulado, acreditando tratar-se apenas de uma mansão.
Segundo o depoimento de uma vizinha, citada pel'O Globo, todos os reféns foram mantidos numa das divisões da residência sob a vigilância de dois dos assaltantes por cerca de 50 minutos, tendo conseguido levar do local objetos de valor.
Cônsul traumatizado, mas não sofreu danos
O cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, Luiz Gaspar da Silva, e os seus familiares estão traumatizados após terem sido vítimas de um assalto à residência oficial, mas não sofreram danos físicos, disse hoje à Lusa o vice-cônsul.
“Estão fisicamente bem (…), obviamente bastante traumatizados, como todos estaríamos, mas estão bem. Está tudo bem com a família do cônsul e não há o que reportar, quer com a família do cônsul quer com os funcionários”, disse à Lusa o vice-cônsul no Rio de Janeiro.
João Marco de Deus disse que o assalto ocorreu às 02:00 de sábado (05:00 em Lisboa) e que a família do cônsul e os funcionários foram surpreendidos pelos criminosos.
O vice-cônsul também confirmou que Gaspar da Silva e seus familiares permaneceram por algum tempo como reféns dos assaltantes.
O diplomata confirmou também que os criminosos levaram bens pessoais do cônsul e família e dos funcionários.
Solidária, a comunidade portuguesa nega surpresa com o assalto
A comunidade portuguesa no Rio de Janeiro está solidária com o cônsul, Luis Gaspar da Silva, e familiares, feitos reféns na madrugada de sábado, mas não ficou surpreendida com o assalto, disse à Lusa o conselheiro Flávio Martins.
A comunidade portuguesa, pelo menos os que falaram comigo, está com o nosso cônsul-geral e com a sua família, mas não nos surpreende. Porque isso já é um pouco daquilo a que as pessoas estão sujeitas, infelizmente, no Brasil e, particularmente, no Rio de Janeiro. Claro que assusta e preocupa a qualquer um, mas não nos surpreende, porque sabemos que a maior parte da comunidade já deve ter passado por uma experiência idêntica, em casa, na rua ou no seu carro", disse.
Flávio Martins, presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e residente no Rio de Janeiro, lamentou o crime ocorrido no bairro de Botafogo, na madrugada de sábado.
No assalto "não houve nem exercício de violência, nem feridos, mas foram furtados vários bens pessoais do nosso cônsul-geral no Rio de Janeiro", detalhou à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Fontes oficiais revelaram ainda que Luis Gaspar da Silva e a sua família "estão bem" fisicamente, mas Flávio Martins espera que as consequências psicológicas não lhes causem um "dano muito grande"
"Todos estamos solidários e esperamos que isso não lhes cause um dano muito grande, no sentido psicológico, e que saibam que o Rio de Janeiro é uma cidade boa e acolhedora, apesar de ter todas essas questões que talvez existam em todas as grandes cidades, mas que no Rio de Janeiro acabam por acontecer mais vezes", afirmou.
"Eu imagino, por exemplo, o choque que tudo isto pode ter sido para a nossa consulesa, que está há bem menos tempo aqui no Rio de Janeiro, e até para o próprio cônsul, apesar de já estar no Brasil há mais de meio ano. É um péssimo cartão de visita que se dá a essas pessoas. Contudo, é bem mais comum do que o que se possa imaginar", revelou.
Apesar de não ter muitos detalhes do que aconteceu durante o assalto, Flávio Martins sabe que os assaltantes imobilizaram os seguranças e, consequentemente, conseguiram entrar na residência "e ficaram ali horas, à procura de objetos valiosos que pudessem levar", "prenderam o cônsul e a família num quarto durante algum tempo, havendo, portanto, uma situação de tortura psicológica", que "poderia ter terminado até pior".
Mesmo reconhecendo várias qualidades à 'cidade maravilhosa', o conselheiro admite que o Rio de Janeiro padece de problemas estruturais, que se refletem no aumento do crime e da violência.
"O Rio de Janeiro é uma cidade imensa, com muitos problemas sociais, muitas assimetrias. (...) porque tem uma característica em que não há bairros com determinadas classes sociais, há uma mistura muito grande e ali a região de Botafogo, onde se encontra o Palácio de São Clemente [Consulado de Portugal], é exemplo disso. Ali há moradias de classe média alta e há também, nas encostas, inclusive nas traseiras do consulado, uma comunidade muito carente, que é a favela do Morro de Santa Marta", detalhou.
Tendo isso em conta, o presidente do CCP não acredita na versão de que os assaltantes não saberiam que estavam a assaltar o consulado, conforme relataram testemunhas.
"Eu acho que eles sabiam muito bem onde estavam a entrar e, por saberem, talvez quisessem euros ou alguma coisa assim, até porque o câmbio está hoje muito favorável ao euro (um real brasileiro equivale a 6,51 euros) e, provavelmente tivesse sido um chamariz para os assaltantes", indicou.
A situação causa alguma perplexidade, segundo Flávio Martins, até porque "a cerca de 100 metros" está uma das sedes da prefeitura do Rio de Janeiro, que é o Palácio de São Joaquim: "Se entraram no Consulado, poderiam ter entrado, inclusive, num dos Palácios da prefeitura, onde o prefeito atende".
"É uma cidade com muita insegurança social ainda e, talvez, agravada por toda esta situação [pandemia de covid-19], porque a economia no Brasil também não anda boa e uma coisa pode repercutir na outra, o que não justifica [o crime], mas talvez nos faça entender um pouco disso tudo", advogou Flávio Martins.
Madremedia/Lusa
Imagem: JM
“Segunda Revolução Cultural”: Xi quer degola dos estudantes que não são bem comunistas
Luis Dufaur
Xi Jinping se mostrou profundamente preocupado a seus próximos após ler um relatório sobre a saúde ideológica das universidades chinesas apresentado pela Comissão Central de Inspeção Disciplinar do PCCh, no mês de setembro 2021.
Qualquer estudante chinês de graduação poderia ter contado a ele o que a Comissão descobriu após inspecionar 31 faculdades e universidades em toda a China, observou “Bitter Winter”.
E isso se resume em poucas, mas incisivas palavras: os alunos não se importam com os cursos obrigatórios sobre marxismo ou sobre o pensamento de Xi Jinping.
Eles os consideram um mal necessário e tentam não perder muito tempo com ideologia, concentrando-se em cursos sobre medicina, administração ou qualquer outra coisa que os ajudará após a faculdade na luta por um emprego.
Ninguém ousaria pular ou criticar os cursos ideológicos. Mas tirar uma soneca durante eles nunca foi realmente proibido e é muito praticado.
O relatório qualifica essa defecção de “fortalecimento inadequado da construção política”, e reconhece que “a educação ideológica e política é relativamente fraca”.
Recomenda que os alunos “estudem e implementem os pensamentos de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas na nova era”.
Porém deplora que os estudantes não o fazem, ou não com entusiasmo suficiente.
A raiz desse problema, afirma o relatório, estaria numa “teoria do status especial das universidades” heterodoxa.
Essa, diz, adota conceitos burgueses de liberdade acadêmica e acredita que a academia é uma zona livre onde a prioridade do marxismo e do pensamento de Xi Jinping pode não se aplicar.
Professores e administradores universitários também seriam responsáveis por este estado de coisas, lamentável para o socialismo, e já teriam sido identificados e denunciados para punição adequada.
É o que os setores mais educados chamam de “Segunda Revolução Cultural”. Na primeira Mao mandou exterminar homens cultos e proprietários para nivelar a mente e a educação de todos.
Também as universidades serão “retificadas” para que em todas as escolas a história do PCCh, do marxismo e do pensamento de Xi Jinping sejam considerados cursos principais, e não marginais.
Depois do mundo das empresas e dos negócios; da galáxia dos videojogos e do entretenimento e da liberdade da Internet, agora chegou a vez das universidades serem “retificadas” num preço que pode significar a degola moral e física de incontáveis pessoas mais instruídas
ABIM
Junte-se à UNICEF na corrida para acabar com a pandemia COVID-19
Na corrida para vacinar o mundo, não há vencedores nem vencidos. Ou todos ganhamos ou todos perdemos! Henrietta Fore, Directora Executiva da UNICEF
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sábado, 30 de outubro de 2021
Carta do Cardeal Burke sobre os políticos católicos e a não admissão à Sagrada Comunhão
“Quando morrer, irei comparecer perante o Senhor, para prestar contas do meu serviço como Bispo, e não perante a Conferência dos Bispos”
28 de Outubro de 2021
Festa dos Santos Simão e Judas, Apóstolos
Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!
Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Durante os últimos meses, a intenção da Igreja nos Estados Unidos da América tem estado muito presente nas minhas orações. Na sua próxima reunião de novembro, os Bispos dos Estados Unidos da América vão considerar a aplicação do cânone 915 do Código de Direito Canônico: “Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto.”1
As suas deliberações abordarão, em particular, a situação a longo prazo e gravemente escandalosa dos políticos católicos que persistem em apoiar e fazer avançar programas, políticas e leis em violação grave dos preceitos mais fundamentais da lei moral, ao mesmo tempo que afirmam ser católicos devotos, especialmente apresentando-se para receber a Sagrada Comunhão. Ao rezar pelos Bispos e pela minha pátria, os Estados Unidos da América, tenho pensado cada vez mais na experiência da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, há mais de 17 anos, na sua reunião de Verão, em Denver, em Junho de 2004, ao abordar a mesma questão. Trata-se de uma experiência que vivi intensamente.
Achei importante oferecer as seguintes reflexões como uma ajuda para todos ao abordarmos, agora e no futuro, um assunto tão crítico — uma questão de vida e morte para os nascituros e de salvação eterna para os políticos católicos envolvidos — na minha pátria, como noutras nações. Tinha querido oferecer estas reflexões muito mais cedo, mas a recuperação de recentes dificuldades de saúde impediu a escrita destas reflexões até agora.
O contexto da reunião de junho de 2004 dos Bispos dos Estados Unidos foi a campanha do Senador John Kerry para Presidente dos Estados Unidos. O Senador Kerry afirmou ser católico, ao mesmo tempo que apoiava e promovia o aborto a pedido na nação. Na altura, era Arcebispo de Saint Louis (nomeado a 2 de dezembro de 2003 e instalado a 26 de janeiro de 2004). Como tinha sido a minha prática como Bispo de La Crosse (nomeado a 10 de dezembro de 1994 e instalado a 22 de fevereiro de 1995), aconselhei o Senador Kerry a não se apresentar para receber a Sagrada Comunhão porque, depois de ter sido devidamente admoestado, persistiu no pecado objetivamente grave de promover o aborto diretamente procurado. Não fui o único Bispo a admoestá-lo desta forma.
Desde o tempo do meu primeiro ministério episcopal na Diocese de La Crosse, tinha enfrentado a situação de políticos que se apresentavam como católicos praticantes e, ao mesmo tempo, apoiavam e faziam avançar programas, políticas e leis em violação da lei moral. Como novo e relativamente jovem Bispo, falei com os irmãos Bispos, especialmente um dos mais antigos sufragâneos da minha província eclesiástica, sobre vários legisladores católicos da Diocese de La Crosse que se encontravam nesta situação. A resposta comum dos irmãos Bispos foi a expectativa de que a Conferência dos Bispos acabaria por abordar a questão.
Conhecendo a minha obrigação moral numa questão de tão sérias consequências, definida no cân. 915, comecei a contactar os legisladores da Diocese de La Crosse, pedindo para me encontrar com eles para discutir a completa incoerência da sua posição em relação ao aborto provocado com a fé católica que professavam. Infelizmente, nenhum deles se mostrou disposto a encontrar-se comigo. Um deles teve comigo uma certa correspondência, insistindo que a sua posição relativamente ao aborto era coerente com a fé católica, seguindo o conselho errado apresentado, por certos professores dissidentes de teologia moral, aderentes da escola herética do proporcionalismo, numa cimeira realizada, no complexo de Hyannisport, da Família Kennedy, no Verão de 1964. A documentação da reunião encontra-se num livro de Albert R. Jonsen, que acompanhou um dos professores dissidentes europeus de teologia moral e esteve presente em toda a reunião.2
Relativamente à recusa dos legisladores em se encontrarem comigo, devo observar que considero, na melhor das hipóteses, ingênuo o refrão comum de que é necessário mais diálogo com os políticos e legisladores católicos em questão. Na minha experiência, eles não estão dispostos a discutir o assunto porque o ensinamento do direito natural, que é necessariamente também o ensinamento da Igreja, está para além da discussão. Em alguns casos, também tive a forte impressão de que eles não estavam dispostos a discutir o assunto, porque simplesmente não estavam dispostos a ter as suas mentes e corações mudados. A verdade continua a ser que o aborto provocado é a destruição consciente e voluntária de uma vida humana.
Quando eu era Arcebispo de Saint Louis, um legislador católico aceitou encontrar-se comigo, embora, como o seu pároco também atestou, não se apresentasse para receber a Sagrada Comunhão. Ele começou o encontro mostrando-me uma fotografia da sua família. Se bem me lembro, a sua esposa e ele tiveram quatro filhos. À medida que a nossa conversa avançava, perguntei-lhe como, tendo-me mostrado com tanto orgulho a fotografia dos seus filhos, podia votar regularmente a favor da matança de bebês no útero. Ele baixou imediatamente a cabeça e disse: “Está errado. Eu sei que está errado”. Embora o exortasse a agir de acordo com a sua consciência, que acabara de exprimir, tive de admirar o fato de, pelo menos, ele ter admitido o mal em que estava envolvido e não ter tentado apresentar-se como um católico devoto. Quanto à realidade objetiva da prática do aborto como uma violação gravíssima do primeiro preceito da lei natural, que salvaguarda a inviolabilidade da vida humana inocente e indefesa, não há nada sobre a qual dialogar. O tema do diálogo deve ser a melhor forma de prevenir um tal mal na sociedade. Tal prevenção nunca poderá envolver a promoção efetiva do mal.
Com o anúncio da minha transferência da Diocese de La Crosse para a Arquidiocese de Saint Louis, a 2 de dezembro de 2003, a imprensa secular viajou para a Diocese de La Crosse, a fim de encontrar material para a criação de uma imagem negativa do novo Arcebispo antes da sua chegada à Arquidiocese. Enquanto que, antes da minha transferência, não houve discussão pública das minhas intervenções pastorais com os legisladores em questão, como é inteiramente apropriado, o assunto tornou-se agora público em dezembro de 2003 e em janeiro de 2004. Ao colocar a questão da aplicação do cân. 915 perante o corpo de Bispos na sua reunião de junho de 2004, a ação pastoral que eu tinha empreendido na Diocese de La Crosse e que estava começando tomar na Arquidiocese de Saint Louis foi seriamente colocada em questão. Para ilustrar o fato, durante uma pausa na reunião, encontrei, numa escadaria, um dos membros eminentes da Conferência dos Bispos, que me agitou o dedo, declarando: Não pode fazer o que tem feito sem a aprovação da Conferência dos Bispos. Para ser claro, outros Bispos estavam seguindo uma ação pastoral semelhante. Respondi à sua declaração assinalando que, quando morrer, irei comparecer perante o Senhor, para prestar contas do meu serviço como Bispo, e não perante a Conferência dos Bispos.
Aqui, devo notar que a ação pastoral tomada não teve nada que ver com a interferência na política. Foi dirigida à salvaguarda da santidade da Sagrada Eucaristia, à salvação das almas dos políticos católicos em questão — que pecavam gravemente não só contra o Quinto Mandamento, mas também estavam cometendo sacrilégio ao receberem indignamente a Sagrada Comunhão — e à prevenção do grave escândalo causado por eles. Quando intervim pastoralmente com políticos católicos, isso foi feito de uma forma devidamente confidencial. Certamente, não dei publicidade a este assunto. Foram antes os políticos que acharam útil apresentarem-se como católicos praticantes, na esperança de atrair os votos dos católicos, que publicitaram o assunto para um fim político.
A discussão durante a reunião de junho de 2004 foi difícil e intensa. Sem entrar nos detalhes da discussão, aparentemente não houve consenso entre os Bispos, embora houvesse entre alguns dos Bispos mais influentes o desejo de evitar qualquer intervenção com políticos católicos que, de acordo com a disciplina do cân. 915, não deveriam ser admitidos a receber a Sagrada Comunhão. Por fim, o Presidente, o então Bispo Wilton Gregory, da Diocese de Belleville, remeteu o assunto a um grupo de trabalho sobre Bispos e políticos católicos, sob a presidência do então Cardeal Theodore McCarrick, que se opôs claramente à aplicação do cân. 915 no caso de políticos católicos que apoiavam o aborto provocado e outras práticas que violam gravemente a lei moral. O grupo de trabalho era composto por um conjunto de Bispos com visões mistas sobre o assunto. Em qualquer caso, com o tempo, o grupo foi esquecido e a questão crítica foi deixada por abordar pela Conferência dos Bispos. Quando o Bispo Gregory anunciou o grupo de trabalho, o Bispo sentado ao meu lado observou que agora podíamos ter a certeza de que a questão não seria abordada.
No contexto de recordar a reunião de Denver da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, em junho de 2004, é importante para mim recontar duas outras experiências pessoais relacionadas.
Primeiro, na Primavera de 2004, enquanto estava em Washington, D.C., para atividades pró-vida, encontrei-me, em privado, durante quarenta e cinco minutos, com um dos mais altos funcionários do governo federal, um cristão não-católico que manifestava grande respeito pela Igreja Católica. No decurso da nossa conversa, ele perguntou-me se, tendo em conta as graves dificuldades de saúde de S.S. João Paulo II, a eleição de um novo Papa poderia significar uma mudança nos ensinamentos da Igreja relativamente ao aborto provocado. Manifestei alguma surpresa com a sua pergunta, explicando que a Igreja nunca poderá mudar o seu ensinamento sobre o mal intrínseco do aborto provocado porque é um preceito da lei natural, a lei escrita por Deus em cada coração humano. Ele respondeu que tinha feito a pergunta porque tinha concluído que o ensinamento da Igreja sobre o assunto não podia ser tão firme, uma vez que podia nomear-me 80 ou mais católicos no Senado e na Câmara dos Representantes que apoiavam regularmente a legislação pró-aborto.
A conversa em questão foi um testemunho eloquente do grave escândalo causado por esses políticos católicos. De fato, eles contribuíram, de forma significativa, para a consolidação de uma cultura de morte nos Estados Unidos, na qual o aborto provocado é simplesmente um fato da vida quotidiana. O testemunho da Igreja Católica sobre a beleza e bondade da vida humana, desde o seu primeiro momento de existência, e a verdade da sua inviolabilidade foi gravemente comprometido ao ponto de os não-católicos acreditarem que a Igreja mudou ou irá mudar aquilo que é, de fato, um ensinamento imutável. Enquanto a Igreja, cumprindo a missão de Cristo, sua Cabeça, para a salvação do mundo, se opõe totalmente ao ataque à vida humana inocente e indefesa, a Igreja Católica nos Estados Unidos parece aceitar a prática abominável, de acordo com uma visão totalmente secularizada da vida humana e da sexualidade.
A esse respeito, é-me dito que o argumento da verdade sobre a vida humana é frequentemente ineficaz, uma vez que a cultura não tem qualquer consideração pela verdade objetiva, exaltando as opiniões do indivíduo, por mais contrárias que sejam à razão certa. Talvez a abordagem adotada na assistência a mães e pais que contemplam o aborto devesse ser adotada a uma escala mais ampla, nomeadamente a visualização de uma ecografia da minúscula vida humana no seu início. Na minha experiência, quando as mães e os pais pensam em visualizar o aborto primeiro, uma tal ecografia, a maior parte deles não procede ao aborto. A imagem visível da beleza e da bondade da vida humana convence-os do mal do aborto. Tais ecografias devem ser facilmente visíveis, especialmente por aqueles que são responsáveis por conduzir o testemunho essencial da vida da Igreja e por aqueles que são responsáveis pelas políticas, programas e leis da nação, que devem proteger e fomentar a vida humana, e não prever a sua destruição.
O segundo evento teve lugar durante a minha visita a Roma, em finais de Junho e princípios de Julho de 2004, a fim de receber, do Papa João Paulo II, o pálio de Arcebispo Metropolitano de Saint Louis. Dada a difícil experiência do encontro em Denver, no início do mês de junho, fui aconselhado a visitar a Congregação para a Doutrina da Fé, a fim de ter a certeza de que a minha prática pastoral era coerente com o ensinamento e a prática da Igreja.
Fui recebido em audiência pelo então Prefeito da Congregação, Sua Eminência Joseph Cardinal Ratzinger, e pelo então Secretário da Congregação, Arcebispo, agora Cardeal, Angelo Amato, e um funcionário de língua inglesa da Congregação. O Cardeal Ratzinger assegurou-me que a Congregação tinha estudado a minha prática e não encontrou nada de censurável nela. Apenas me advertiu para não apoiar candidatos a cargos públicos, algo que, de fato, eu nunca tinha feito. Manifestou alguma surpresa perante a minha dúvida sobre o assunto, dada uma carta que tinha escrito aos Bispos dos Estados Unidos em que tinha abordado minuciosamente a questão. Perguntou-me se eu tinha lido a sua carta. Disse-lhe que não tinha recebido a carta e perguntei-lhe se poderia ter a gentileza de me fornecer uma cópia. Ele sorriu e sugeriu que eu a lesse num blog popular, pedindo ao funcionário de língua inglesa que fizesse uma fotocópia do texto tal como aparecia na sua totalidade no blog.3
A carta em questão expõe, de maneira autoritária, o ensinamento e a prática constantes da Igreja. O fracasso na sua distribuição aos Bispos dos Estados Unidos contribuiu, certamente, para o fracasso dos Bispos, em junho de 2004, em tomar as medidas adequadas na implementação do cân. 915. Agora, é-me dito que se mantém que a carta era confidencial e, portanto, não pode ser publicada. A verdade é que ela foi publicada, já no início de julho de 2004, e que claramente o Prefeito da Congregação, que a redigiu, não ficou de todo perturbado com o fato.
Passaram-se dezessete anos desde a reunião da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, em Denver, durante o mês de junho de 2004. A questão mais grave da aplicação do cân. 915 do Código de Direito Canônico aos políticos católicos que apóiam e promovem programas, políticas e legislação em grave violação da lei natural parece continuar a ser uma questão para a Conferência dos Bispos. De fato, a obrigação do Bispo individual é uma questão de disciplina universal da Igreja, relativamente à fé e à moral, sobre a qual a Conferência dos Bispos não tem autoridade. Efetivamente, vários Bispos compreenderam o seu dever sagrado na matéria e estão a tomar as medidas apropriadas. Uma Conferência dos Bispos cumpre um importante papel de apoio ao Bispo diocesano, mas não pode substituir a autoridade que lhe pertence de forma adequada. É o Bispo diocesano, e não a Conferência, que aplica a lei universal a uma situação particular.4
O trabalho da Conferência dos Bispos consiste em ajudar os Bispos individualmente no cumprimento do seu dever sagrado, de acordo com o cân. 447 do Código de Direito Canônico: “A Conferência episcopal, instituição permanente, é o agrupamento dos Bispos de uma nação, ou determinado território, que exercem em conjunto certas funções pastorais a favor dos fiéis do seu território, a fim de promoverem o maior bem que a Igreja oferece aos homens, sobretudo por formas e métodos de apostolado convenientemente ajustados às circunstâncias do tempo e do lugar, nos termos do direito.” 5 O que mais corresponde à promoção do “maior bem que a Igreja oferece aos homens” do que a salvaguarda e a promoção da vida humana criada à imagem e semelhança de Deus,6 e redimida pelo Preciosíssimo Sangue de Cristo, Deus, o Filho Encarnado,7 corrigindo o escândalo dos políticos católicos que promovem, pública e obstinadamente, o aborto provocado.
Convido-vos a rezarem comigo pela Igreja nos Estados Unidos da América e em todas as nações, para que, fiel à missão de Cristo, seu Esposo, ela seja fiel, límpida e firme na aplicação do cân. 915, defendendo a santidade da Sagrada Eucaristia, salvaguardando as almas dos políticos católicos, que violariam gravemente a lei moral e ainda se apresentariam para receber a Sagrada Comunhão, cometendo, assim, sacrilégio, e impedindo o mais grave escândalo causado pela inobservância da norma do cân. 915.
Que Deus vos abençoe a vós e aos vossos lares. Rezem por mim e, especialmente, pela recuperação da minha saúde.
Vosso, no Sagrado Coração de Jesus e no Imaculado Coração de Maria, e no Puríssimo Coração de São José,
Raymond Leo Cardeal Burke
ABIM
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Tradução: Diogo de Campos
[1] «Can. 915 Ad sacram communionem ne admittantur excommunicati et interdicti post irrogationem vel declarationem poenae aliique in manifesto gravi peccato obstinate perseverantes.»
[2] Cf. Albert R. Jonsen, The Birth of Bioethics (New York: Oxford University Press, 1998), pp. 290-291.
[3] Cf. https://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/7055.html; Tradução inglesa:
[4] Cf. can. 447; e Ioannes Paulus PP. II, Litterae Apostolicae Motu proprio datae Apostolos suos, De theologica et iuridica natura Conferentiarum Episcoporum, 21 Maii 1998, Acta Apostolicae Sedis 90 (1998) 641-658.
[5] «Can. 447 Episcoporum conferentia, institutum quidem permanens, est coetus Episcoporum alicuius nationis vel certi territorii, munera quaedam pastoralia coniunctim pro christifidelibus sui territorii exercentium, ad maius bonum provehendum, quod hominibus praebet Ecclesia, praesertim per apostolatus formas et rationes temporis et loci adiunctis apte accommodatas, ad normam iuris.»
[6] Cf. Gn 1, 27.
[7] Cf. 1 Pe 1, 2. 19; 1 Jo 1, 7; Rom 3, 25; Ef 1, 7; e Heb 9, 12; e Ap 1, 5.
EXPO FESTAS E CASAMENTOS NA MARINHA GRANDE
A Marinha Grande recebe a Expo Festas e Casamentos, nos dias 30 e 31 de outubro, no Salão do Sport Império Marinhense, localizado na Avenida José Gregório.
Marinha Grande | PINHAL DO REI É TEMA DA EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA DE RUTE VIOLANTE
“ARBÓREA” é o título da exposição de fotografia da autoria de Rute Violante, que foi inaugurada na tarde de sábado, 30 de outubro, no Museu Joaquim Correia, na Marinha Grande.