quarta-feira, 7 de abril de 2021
Ansião assinala Mês da Prevenção dos Maus-tratos na Infância
Silves | Candidaturas ao programa de arrendamento por jovens – porta 65 jovem abrem no dia 20 de abril
As inscrições ao Programa de Arrendamento por Jovens – Porta 65 Jovem, vão decorrer entre 20 de abril e 25 de maio de 2021. A Câmara Municipal de Silves (CMS) disponibiliza, através do seu sector de Juventude, apoio à formalização das candidaturas, mediante marcação prévia.
Poderão candidatar-se a este programa todos os jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos (até 36 quando jovem casal), com rendimentos declarados referentes ao ano anterior (2020).
Os jovens interessados devem proceder à marcação prévia do pedido de apoio junto do Sector de Juventude da CMS, localizado na Rua Dr. João de Deus, nº 21 1º (ao lado da Junta de Freguesia de Silves) através do telefone 282 440 800 (ext.: 2650 ou 2651), ou através do email juventude@cm-silves.pt.
No ato da candidatura os candidatos deverão fazer-se acompanhar dos seguintes documentos (imprescindíveis):
» Senha online das Finanças (uma por cada elemento candidato), solicitada previamente em www.e-financas.gov.pt;
» IRS do ano transato (2020);
» Contrato de arrendamento, onde deverá constar a fração e artigo da habitação (ou Contrato-Promessa de arrendamento);
» Último recibo de renda;
» Documentos de identificação de todos os elementos do agregado familiar (incluindo menores), nomeadamente Cartão de Cidadão ou Bilhete de Identidade, Número de Identificação Fiscal e Número de Segurança Social;
» *IRS dos ascendentes (opcional), caso os rendimentos auferidos pelos ascendentes não ultrapasse o valor de três ordenados mínimos nacionais os candidatos recebem maior pontuação na candidatura (20 pontos) e a possibilidade acrescida de receber o apoio supracitado;
» Caso o agregado familiar seja composto por família monoparental, é necessária a apresentação da prova da Regulação das Responsabilidades Parentais;
Os candidatos devem, ainda, disponibilizar conta de email e NIB de uma conta bancária, a utilizar para efeitos de pagamento. No ato de submissão da candidatura ao Programa, todos os elementos que compõem o agregado familiar devem possuir a morada fiscal da habitação arrendada.
* Caso se aplique
Local de apresentação de candidaturas (mediante marcação prévia)
» Sector de Juventude do Município de Silves
Rua Dr. João de Deus, n.º 21 - 1º | Silves
(ao lado da Junta de Freguesia de Silves)
Associações de médicos dentistas preparam queixa contra a IGAMAOT
“Naturalmente, a radiologia oral deve ser regulada, mas não numa caça às bruxas com coimas na ordem das dezenas de milhares de euros, como se estivéssemos a tratar de desastres ambientais, por questões que ultrapassam os proprietários das clínicas. As multas são completamente desajustadas”.
Num período em que o DL 108/2018 se encontra em negociações com a APA e a OMD, a IGAMAOT ainda assim prossegue as inspecções às clínicas privadas. “Não é a conduta adequada”, afirma o grupo de trabalho, “chega a ser de má fé”.
As associações investigaram também o foco da actividade inspectiva da IGAMAOT no sector privado, tendo enviado um ofício à IGAMAOT, que respondeu que as inspecções que têm vindo a ser realizadas às clínicas são “independentes da sua natureza jurídica ou do sector de actividade em que se inserem”. No entanto, verificaram que “na base de dados da APA quase nenhuma das 156 unidades públicas com saúde oral possui registo de aparelhos de radiologia, que são obrigatórios por lei nas mesmas”. “Se se comprovar esta parcialidade, estamos perante crime de abuso de poder”, concluem.
“Com os dados da nossa investigação, verificámos que existem vários inspectores da IGAMAOT que até 2020 trabalhavam em empresas de protecção radiológica. Não concebemos que seja transparente este modus operandi”, afirmam, “até porque várias clínicas que se encontravam em processo de licenciamento dos aparelhos não o conseguiram concluir por falta de resposta dessas empresas”.
Acrescentam: “temos relatos de inspectores que faziam as verificações periódicas a determinada clínica, enquanto técnicos, e que foram inspeccionar essa mesma clínica. Não sentimos segurança em afirmar que não houve cruzamento de dados e informação privilegiada, sobretudo num período em que várias clínicas sentiram grandes dificuldades burocráticas e financeiras em licenciar os seus aparelhos”.
As associações lançam novamente o apelo à revogação do DL 108/2018, uma vez que “não foi assegurada a sua devida regulamentação na transposição da Directiva Europeia, garantindo a aplicabilidade das normas e um mercado que respondesse aos novos processos, e as clínicas foram severamente prejudicadas com isso.
Beneficiação da Paisagem das Aldeias do Xisto de Góis
Covid-19. Número de órgãos transplantados foi o mais baixo desde 2012
Fake news: Como cada um de nós pode ajudar a parar as mentiras online?
Todos os dias fazemos estas coisas: pomos “gostos”, partilhamos fotografias, videos e links, comentamos o que vemos. Mas há uma pergunta que não fazemos tanto quanto devíamos: "devo, ou não, partilhar?"
Mas percebemos também que o êxito da desinformação depende sempre de nós, pessoas concretas, e da capacidade que temos de lhe resistir, desconfiando, sendo cépticos, sabendo informar-nos. Esta é a parte optimista: Se a desinformação é o nosso problema, somos nós que a temos de combater. Da forma como gerimos a nossa intimidade, e procuramos informação para formar convicções sem nos tornamos dependentes de uma comunidade a que chamamos, e bem, de “virtual”. Se estivéssemos a responder verdadeiro ou falso num quiz, muitos erraríamos as perguntas mais óbvias: o meu feed de notícias do Facebook é igual aos outros? Ou: os seis milhões de portugueses no Facebook existem mesmo?
Entre as nossas maiores qualidades estão a curiosidade e o cepticismo. Se formos cépticos e curiosos não vamos acreditar nas mensagens de voz no WhatsApp, que eu ouvi nos primeiros dias da pandemia de Covid 19, relatando que os supermercados iriam fechar todos dali a dois dias e que devíamos esvaziar as prateleiras todas enquanto é tempo. Da mesma forma, não devemos acreditar numa senhora que usa uma foto bonita no Facebook e se chama “Maria Silva”, só porque temos centenas de amigos em comum com ela, mas nunca a vimos mais gorda.
COMO EVITAR A MANIPULAÇÃO?
Se clicarmos estamos a financiar esse site com dinheiro real, de publicidade. E estamos a dar-lhe pontos no algoritmo da rede, o que fará com que esse link seja mostrado a mais e mais pessoas. Pior, se clicamos nesse tipo de sites, o algoritmo da rede vai prever que clicaremos em todos os links do género que nos aparecem à frente. E isso é o ciclo vicioso que explica o problema. Ficamos, rapidamente presos numa bolha!
Façam uma experiência para testar se isto é verdadeiro: experimentem, durante umas semanas, apenas abrir links, no vosso feed, de um tema específico (pode ser futebol, por exemplo). Ao fim de poucos dias, o vosso feed vai apresentar-vos cada vez mais notícias dessa área. No fim, o vosso mundo informativo vai encolher. E isso tem um efeito: Em pouco tempo, a nossa cabeça depende daquelas mensagens. A informação que consumimos molda a forma como vemos o mundo. E nunca se esqueçam: nós somos consumidores e há quem defina estratégias para nos manter interessados em consumir...
A informação não pode competir pelo nosso tempo com as mesmas armas que o divertimento e o entretenimento usam para nos convencer. Porém, as redes sociais, que são um negócio publicitário, não hierarquizam a importância social das coisas. Dão-nos aquilo que sabem que nos vai interessar. É por isso que o jornalismo só pode perder a guerra se pensar que vai oferecer notícias bombásticas que nos vão seduzir, como as receitas de um chef, ou a nova temporada da Guerra dos Tronos. O jornalismo de que precisamos é muitas vezes chato, explicativo, longo demais para lermos num telemóvel enquanto o semáforo está vermelho. E esse jornalismo demora tempo, tem regras e nem sempre se torna “viral” na voragem das tabelas que medem o alcance online. Por isso, hoje, infelizmente, muitas redacções preferem apostar no que dá cliques, para tentar com isso competir pela nossa atenção limitada.
Mas pensem assim: isto só pode piorar se dermos aos algoritmos das plataformas a tarefa de nos informar com critérios que não conhecemos e objectivos pouco altruístas (os algoritmos querem ter-nos sempre ligados, não querem que ganhemos o Prémio Nobel da Sabedoria). Por isso, desistir do jornalismo não pode ser uma opção se queremos estar informados. Pelo contrário. Temos de saber exigir dos jornais, revistas, rádios e TVs que temos um regresso ao lema velho: tornem interessante aquilo que é relevante.
Para sermos livres, dentro e fora das redes (que vieram para ficar, estas e as outras que ainda não foram inventadas) temos de perceber que o problema é nosso. Sendo cépticos e não partilhando fake news, claro. Mas também exigindo um jornalismo mais sério e profundo, com mais trabalho e menos clickbait, com factos verificados e relevância. Esse jornalismo só pode existir se muitos quiserem pagar, seja assinando publicações, comprando nos quiosques, doando em campanhas de crowdfunding.
Os riscos que corremos se tudo ficar como está são evidentes. A cada dia que passa mais gente acredita que a Terra é plana, mais políticos que garantem que o Covid se cura com injecções de lixívia são eleitos, mais massacres acontecem a povos como os Rohingya, mais racismo e desigualdades teremos nas nossas vidas. A dopamina que nos satisfaz com os likes nas nossas fotos, ou os elogios que nos fazem nas redes, não é nada comparada com a gratificação que devemos a nós próprios de não sermos cúmplices ou indiferentes perante a destruição do nosso bem comum mais importante: sermos livres, numa comunidade melhor. O quizz Media Veritas quer ajudar-nos a perceber se somos fortes ou fracos neste jogo da verdade e da mentira. E quer ajudar-nos a parar as fake news
Portugal com três mortes e 663 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas. Rt situa-se em 1,01
TSF
GNR resgata tartaruga leopardo africana que estava “a vaguear na via pública” em Vila Facaia
Candidaturas aos programas de apoio à reabilitação urbana de Alcantarilha e de sb Messines decorrem até ao final de junho
Câmara Municipal renova parceria com Associação Cultural dos Surdos de Águeda
Protocolo prevê a disponibilização do serviço de interpretação de língua gestual para acompanhamento e atendimento de munícipes portadores de deficiência auditiva.
A Câmara Municipal de Águeda renovou a parceria com a Associação Cultural dos Surdos de Águeda (ACSA), que permite proporcionar o apoio na tradução em língua gestual a pessoas com deficiência auditiva sempre que necessitem de acompanhamento nas suas deslocações aos diversos serviços.
Assim, a associação aguedense, com base no acordo firmado, cede um intérprete de língua gestual para, sempre que necessário, acompanhar os cidadãos surdos aos vários serviços de que precisem, nomeadamente e entre outros o Centro de Saúde, a Segurança Social, as Finanças ou outra repartição pública.
Divulgar a Língua Gestual Portuguesa e promover a sua aprendizagem são outros dos pressupostos do protocolo estabelecido entre a Câmara de Águeda e a referida associação.
A parceria pressupõe ainda que a ACSA disponibilize um intérprete para apoio/acesso ao atendimento prestado no Gabinete de Apoio à Deficiência, que a Câmara de Águeda tem a funcionar nas suas instalações e que tem por objetivo melhorar a qualidade de vida e de oportunidades, promovendo uma maior inclusão dos cidadãos portadores de deficiência auditiva.
“Esta é uma das respostas sociais que a Câmara de Águeda proporciona, promovendo a igualdade de oportunidades e a disponibilização de recursos para os cidadãos, independente da sua condição e vulnerabilidade”, sublinha Elsa Corga, Vereadora da Ação Social da Câmara Municipal de Águeda, salientando que estas medidas são o reflexo de uma aposta estratégica da Autarquia na dinamização de projetos e parcerias com vista à promoção do bem-estar comum e defesa dos direitos dos cidadãos.
Equipa da Universidade de Coimbra procura novas terapêuticas para os tumores da hipófise
Uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) está a desenvolver um estudo que pretende permitir encontrar novas abordagens terapêuticas para os tumores da hipófise (glândula situada na base do cérebro).
Os tumores da hipófise, também chamados adenomas hipofisários, porque na sua maioria são benignos, afetam 15% da população e são dos tumores primários cerebrais mais frequentes.
O estudo, realizado em colaboração com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) e Oxford Centre for Diabetes, Endocrinology and Metabolism (OCDEM), do Reino Unido, centra-se nos pequenos adenomas hipofisários denominados corticotrofos.
«Estes tumores, apesar de, na larga maioria dos casos, serem benignos, associam-se a elevada morbilidade e, se não forem tratados apropriadamente, apresentam mortalidade acrescida», explica Luís Cardoso, investigador principal do estudo designado “Molecular Characterisation of Corticotroph Adenomas in a Portuguese Cohort”.
Atualmente, além da cirurgia, não existem terapêuticas com eficácia curativa. Assim, esclarece o investigador da FMUC, «é fundamental estudar os mecanismos moleculares subjacentes à origem e desenvolvimento desta doença, que permitam, por um lado, identificar fatores prognósticos, que otimizem as terapêuticas existentes e, por outro lado, permitam identificar novas alternativas terapêuticas. Para tal, iremos estudar o perfil mutacional (por exemplo, genes USP8, USP48) de uma coorte portuguesa de adenomas corticotrofos, os fatores moleculares que permitam individualizar a abordagem ao doente, bem como o efeito da modulação epigenética em linhas celulares destes tumores».
Ao estudar a patogénese dos adenomas corticotrofos e suas implicações clínicas e terapêuticas, a equipa pretende essencialmente contribuir para «melhorar o conhecimento global da sua patogénese, nomeadamente o papel das mutações recorrentes no gene USP8 e da modulação epigenética, bem como identificar fatores que permitam prever o comportamento biológico do tumor e de resposta terapêutica», afirma Luís Cardoso, acentuando que a informação obtida no âmbito da investigação poderá permitir «melhorar a abordagem clínica dos doentes com adenomas corticotrofos. Além disso, a informação molecular poderá ter utilidade no prognóstico, terapêutica e seguimento».
Este estudo foi recentemente distinguido com uma bolsa da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo e HRA Pharma Iberia, no valor de 10 mil euros.
Cristina Pinto
Sem emprego desde julho casal sobrevive no Porto da solidariedade
Vítor e Filipa Lages têm desde julho de 2020 a vida em suspenso devido à covid-19, tendo-se mudado de Viana do Castelo para o Porto, após perderem os empregos, à procura de respostas que estão a chegar a conta-gotas.
"Eu trabalhava na área da restauração e fiquei sem trabalho e o meu marido, que estava na área da segurança na zona de Viana [do Castelo], também teve de interromper o trabalho: Sofreu abusos patronais por ter optado por continuar uma formação" que estava a tirar quando tudo aconteceu, resumiu à Lusa Filipa Lages sobre a situação com que se confrontaram.
Confrontados com a falta de dinheiro e as consequentes "dificuldades ao nível da renda da casa, alimentação, vestuário e medicamentos", a família decidiu mudar-se em 2021 para o Porto, cidade de onde é natural Vítor, mas também à procura de mais respostas sociais.
Antes disso, relatou Filipa, recorreram "ao apoio da linha 144 [Linha Nacional de Emergência Social] de Viana do Castelo" - porque havia sido cortada a bolsa [de estudo] ao marido -- e foi-lhes "atribuído o apoio alimentar".
Já no Porto e a viver num alojamento local pago com o dinheiro do subsídio de desemprego, a família soube através das redes sociais da existência da Porta Solidária e desde 03 de março que recebe esse apoio alimentar.
"Pedimos apoio em março à Santa Casa da Misericórdia [do Porto] e vamos ver se vamos ter apoio a nível económico", contou Filipa sobre mais uma tentativa de encontrar apoio para pagar a habitação.
"Tenho enviado candidaturas [para emprego] praticamente todos os dias. Mas não é por receber um não que vou desistir. Todos os dias são dias de luta. Com covid ou sem covid, temos de ir à batalha", assegurou.
Vítor Lages assume que vive revoltado, que escrever o tem ajudado a gerir essa frustração ao mesmo tempo que caminha para o final da formação em técnico auxiliar de saúde, um meio para atingir um fim ligado ao setor da segurança.
"O que eu mais gostava era de ser polícia, mas já não tenho idade e nem consegui entrar lá", contou à Lusa, sem perder a esperança de concretizar outra aposta pessoal: trabalhar no setor do acompanhamento e proteção pessoal de pessoas ou em investigação criminal.
Enquanto no horizonte esse perfil não surge, Vítor assume as mais-valias adquiridas e que o ajudaram a identificar mais "um dos muitos problemas na sociedade portuguesa".
"Esta formação tem-me ajudado na forma como me devo proteger da covid-19, mas também se trata da saúde mental, que está muito condicionada pelas condições salariais e pelos abusos dos patrões, embora eu entenda a parte deles, porque também são abusados pelo Estado português", acusou.
E enquanto Filipa frisa que a pandemia deixou a nu "muita coisa que andava encoberta há muitos anos" em Portugal, "mesmo a nível de trabalho". Vítor assegura que quanto mais tempo passar no contexto covid mais forte ficará e menos medos terá.
A coordenadora de voluntariado da Porta Solidária, Anabela Soares, relatou à Lusa que atualmente preparam "entre 500 e 600 'kits de alimentação' de dois tipos, "um só com sandes e a fruta e o outro, que é uma refeição quente, que é entregue de domingo a sexta-feira".
A pandemia fez aparecer caras novas no serviço de voluntariado que decorre no centro social da Igreja do Marquês, no Porto, e Filipa e Vítor, contou a responsável, "são duas das muitas caras de jovens casais" que a perda de rendimentos encaminhou para aquele apoio social.
"Sim, há muita gente jovem a pedir ajuda. Especialmente casais com crianças. Desde sempre houve, mas atualmente aumentou", relatou Anabela Soares.
Também eles vivendo da solidariedade daqueles que querem manter o serviço ativo, a Porta Solidária, assumiu a coordenadora, tem resistido a tudo graças à boa vontade de anónimos.
"Por vezes o apoio diminuiu, mas com boa vontade temos conseguido continuar a apoiar", disse.
Fonte:Lusa
Imagem: CM
As “religiões abraâmicas” do Papa Francisco
- Luiz Sérgio Solimeo
Durante sua viagem ao Iraque (5 a 8 de março/21), o Papa Francisco disse mais de uma vez que Abraão se encontra na raiz do Judaísmo, do Cristianismo e do Islã. Ao chegar a Bagdá, ele manifestou às autoridades civis sua gratidão pela oportunidade da visita àquela terra, “berço de uma civilização estreitamente ligada, pelo Patriarca Abraão e por numerosos profetas, […] às grandes tradições religiosas do Judaísmo, Cristianismo e Islã”.
O Sumo Pontífice repetiu a ideia no dia seguinte, em um encontro inter-religioso junto às ruínas de Ur, dizendo que tinha “a impressão de regressar a casa”, ao chegar àquele “lugar abençoado” onde ocorreu o “nascimento das nossas religiões. Aqui, onde vivia Abraão, nosso pai”.
Na oração dos filhos de Abraão com a qual encerrou o seu discurso, ele rezou: “Nós, filhos e filhas de Abraão pertencentes ao Judaísmo, ao Cristianismo e ao Islã […] vos agradecemos por nos terdes dado como pai comum na fé Abraão”.
Tal concepção origina-se de passagens confusas nos documentos do Vaticano II Lumen Gentium (no. 16) e Nostra Aetate (no. 3). Está implícito neles que o Judaísmo atual e o Islã se originaram com o Patriarca Abraão. Esses textos mostram a influência do orientalista francês Pe. Louis Massignon (1883–1962), e sua teoria sobre as “religiões abraâmicas”, que supostamente incluem Judaísmo, Islamismo e Cristianismo.
Abraão e Islã
Os defensores da teoria não comprovada de que os muçulmanos descendem de Abraão afirmam que tal se deu por meio de Ismael. Não obstante, é preciso lembrar que a bênção do patriarca foi passada a seus descendentes por meio de Isaac e Jacó, não por meio de Ismael, seu filho com Agar. Consequentemente, mesmo que os muçulmanos fossem descendentes de Ismael, o Islã não poderia ser chamado de “religião abraâmica” no sentido espiritual.
Na verdade, o livro de Gênesis diz:
“E [Abraão] disse a Deus: ‘Oxalá que Ismael viva diante de vossa face!’ Mas Deus respondeu-lhe: ‘Não, é Sara, tua mulher que dará à luz um filho, ao qual chamarás Isaac. Farei aliança com ele, uma aliança que será perpétua para sua posteridade depois dele. Eu te ouvirei também acerca de Ismael. Eu o abençoarei, torná-lo-ei fecundo e multiplicarei extraordinariamente sua descendência: ele será o pai de doze príncipes, e farei sair dele uma grande nação. Mas minha aliança eu a farei com Isaac, que Sara te dará à luz dentro de um ano, nesta mesma época’” (Gen 17,18-21).
Embora a Revelação Divina exclua um vínculo espiritual entre Abraão e os muçulmanos, isso exclui os laços biológicos? Não há provas de tais vínculos ancestrais. O Pe. René Dagorn fez um estudo meticuloso das genealogias árabes antes do aparecimento do Islã (em 622 d.C.) e descobriu que os nomes Abraão (Ibrahim), Ismael e Agar não eram usados. No entanto, se os árabes descendem de Ismael, o Pe. Dagorn conclui, que eles teriam mantido a memória desses nomes, usando-os para seus filhos.
O Pe. Antoine Moussali, especialista no Islã, mostra ainda que o Abraão bíblico e o corânico nada têm em comum. A promessa de Deus ao Abraão das Escrituras foi cumprida em Jesus Cristo. O Alcorão apresenta Abraão como o defensor da unidade de Deus (em oposição à Trindade).
Outro islamólogo, Pe. François Jourdan, pergunta: “Como pode Abraão ser o pai de diferentes religiões? […] A que título Abraão é um pai na fé? Como ele é o pai em nossas respectivas fés, dado que são diferentes?” Ele explica que o Islã, mais apropriadamente, deve ser denominado uma “religião adâmica”, uma vez que considera que Adão foi o primeiro profeta monoteísta.
Abraão e os judeus
Abraão não foi o fundador de uma religião. Deus o escolheu como o patriarca do que viria a ser o Povo Eleito, do qual o Filho de Deus nasceria segundo a carne. A aliança de Deus com Abraão foi devida à sua fé, fidelidade e confiança. Depois da prova de sacrificar seu filho Isaac, Deus o abençoou, prometendo-lhe enorme posteridade e grande poder. Seus descendentes seriam abençoados por causa dele (ver Gênesis 18).
No entanto, a hereditariedade biológica por si só não seria suficiente para fazer “filhos de Abraão”. Seus descendentes precisariam participar do espírito de Abraão e de sua fidelidade à promessa de Deus. São João Batista repreendeu os fariseus e saduceus, que se acreditavam salvos por serem descendentes de Abraão, dizendo: “Dai, pois, frutos de verdadeira penitência. Não digais dentro de vós: Nós temos a Abraão por pai! Pois eu vos digo: Deus é poderoso para suscitar destas pedras filhos a Abraão” (Mt 3, 8-9).
O próprio Jesus advertiu os fariseus de que não bastava ser descendente de Abraão na carne. Eles disseram: “Abraão é nosso pai. Jesus lhes disse: Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão” (Jo 8,39).
Espiritualmente, o pai dos fariseus era o diabo, não Abraão, pois o Salvador continuou, dizendo: “Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai”. (Jo 8,44). Tendo abandonado o Redentor prometido, os judeus deixaram de ser “filhos de Abraão” no sentido espiritual, pois negaram o próprio propósito da promessa feita por Deus ao patriarca, a saber, a vinda do Messias, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Cristãos, os verdadeiros filhos de Abraão
São Paulo ensina que aqueles que acreditam em Cristo são os verdadeiros filhos de Abraão. Escreve ele aos Gálatas:
“Assim a bênção de Abraão se estende aos gentios, em Cristo Jesus […]. Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: aos seus descendentes, como se fossem muitos, mas fala de um só: e a tua descendência, isto é, a Cristo” (Gl 3, 14-16).
O grande exegeta Cornélio a Lapide comenta essa passagem:
“A promessa do Espírito. Para os filhos de Abraão, ou seja, para aqueles que acreditam em Cristo, os descendentes de Abraão receberam a promessa do Espírito Santo para nos justificar e santificar. Pois quando Deus disse a Abraão, ‘a ti’, foi à sua semente, que é Cristo, que a bênção foi outorgada.”
Diálogo inter-religioso e confusão
Em vez de defender a ortodoxia da fé, fortalecer a fidelidade dos católicos e, assim, obter a conversão dos infiéis, o Papa Francisco se preocupa apenas em “dialogar” com estes. O resultado é que nem os infiéis se convertem nem os católicos são confirmados na Fé.
A confusão está aumentando constantemente, e com ela a apostasia, por causa das omissões do Supremo Pastor da Igreja em confirmar na Fé os já batizados (ver Lucas 22,32). Como Abraão, devemos ter confiança absoluta em Deus e esperar Sua intervenção hoje, como o anjo que Ele enviou no Antigo Testamento para evitar a imolação de Isaac.
Rezemos a Nossa Senhora da Confiança, “Mater mea, fiducia mea”, para que nos ajude nestes tempos terríveis.
ABIM