A partir de dia 26, próxima terça-feira, os cidadãos com mais de 80 anos poderão fazer o autoagendamento para a vacinação contra a gripe e a dose de reforço contra a Covid-19.
A segunda fase da vacinação contra a gripe teve início na segunda-feira, dia 18, a cidadãos com 65 ou mais anos e vai prosseguir por ordem decrescente de idades, começando pelos utentes com idade igual ou superior a 80 anos.
“Os utentes vão ser convocados através de SMS para a toma em simultâneo da vacina contra a gripe e contra a Covid-19 ou apenas para a vacina contra a gripe (se não forem elegíveis para Covid-19)”, refere a Direção-Geral da Saúde (DGS) em comunicado.
Na mesma nota, a DGS informa que o auto-agendamento das vacinas contra a gripe e reforço da vacina contra a Covid-19 no Portal COVID-19 será possível acima dos 80 anos, a partir de 26 de outubro.
Poderá haver casos, porém, em que sejam chamados doentes abaixo da faixa que se encontra aberta por já cumprirem todos os critérios de elegibilidade e para não atrasar o processo”, informou a DGS.
Segundo a DGS, o ritmo de vacinação contra a gripe está dependente da entrega de vacinas e sujeita a ajustes de acordo com a disponibilidade. No entanto, a partir do início de novembro, "prevê-se que o número de vacinas seja suficiente para acelerar o ritmo da vacinação".
Até agora, foram vacinadas contra a gripe 279 mil pessoas. A terceira dose contra a Covid-19 foi administrada a 123 mil pessoas, sendo que 85,7% da população tem já as duas doses.
Neste Domingo (24 de Outubro) a ADASCA realizou a sua última sessão de colheitas de sangue do corrente ano em Cacia, como vem sendo habitual, no Salão da Junta de Freguesia. Em Fevereiro do próximo ano lá estaremos de novo.
Foi lançado o repto aos colegas dadores daquela localidade a fim comparecerem em “força, mobilizando também os familiares, amigos e colegas de trabalho. “Porque não? Nunca somos de mais, ainda que o tempo de atendimento seja um pouco mais demorado” escrevemos nós.
Afirmámos na mensagem: “Temos a confirmação que brigada vai ser reforçada com 4 enfermeiros, para 8 cadeiras de recolha. A nossa previsão é para uma adesão entre 50 e 60 pessoas”. A brigada foi na verdade reforçada e a adesão superou a nossa estimativa, tendo ido mais além.
Vejamos:
- Total de inscritos: 66
- Aprovados no local: 65
- Suspenso temporariamente: 1
- Registámos 4 adesões para a sua primeira dádiva de sangue.
Parabéns! Parabéns! Parabéns!Em nome dos doentes que vão beneficiar com o gesto solidário de cada um de vós: Obrigado, Obrigado, a todos (as) sem expceção. Deram uma valiosa lição de solidariedade aos que ainda colocam em causa o trabalho desta associação que vai completar 15 anos, dentro de alguns dias, sem que nunca tenha cancelado uma sessão de colheitas. Vontade não tem faltado, mas, o sentido de responsabilidade tem falado mais alto. Não brincamos em serviço, assim, somos dignos de quem nos procura.
Se bem se lembram, insistimos na mensagem então enviada: “Partilhem, partilhem… partilhem… O nosso Boletim vai ser distribuído aos colegas no decorrer da colheita de sangue”. Fomos além do que prometemos, tendo distribuído a edição de Outubro e já a edição de Novembro com um pequeno calendário intercalado. Obrigado à gráfica Veneza por ter atendido ao nosso pedido no sentido de antecipar a sua tiragem.
Um destacado agradecimento à Junta de Freguesia de Cacia na pessoa do seu Presidente, Senhor Nelson pelo apoio dispensado, à Pastelaria Delicreme (além de outros estabelecimentos que não conhecemos o nome) onde são afixados os cartazes e deixados centenas de folhetos, ao senhor Nelo, do Quiosque da Urbanização pela sua colaboração na distribuição do Boletim InfoADASCA, que intercala nos jornais e revistas.
Por fim, o nosso reconhecimento público ao senhor Fernando Lamas, voluntário da ADASCA há uns anos, como residente que é em Cacia, tem vindo a desenvolver um valiosíssimo trabalho na área da sensibilização e distribuição de folhetos, afixação de cartazes dando conta do eventos solidários desta associação.
O mapa das brigadas para o ano 2022 vai ficar disponível no site www.adasca.pt até final do mês corrente.
O Papa Francisco pediu hoje à comunidade internacional um acordo comum e duradouro para gerir os fluxos migratórios que chegam à Europa através do Mar Mediterrâneo e para pôr fim ao retorno dessas pessoas a países inseguros.
“Transmito a minha solidariedade aos milhares de migrantes, refugiados e outros necessitados de proteção na Líbia. Nunca me esqueço, ouço os vossos gritos e rezo por vós”, disse Francisco, após a oração do Angelus.
O Papa condenou que “homens, mulheres e crianças sejam submetidos a uma violência desumana” e, por isso, pediu “mais uma vez à comunidade internacional que cumpra as promessas de encontrar soluções comuns, concretas e duradouras para a gestão dos fluxos migratórios na Líbia e no Mediterrâneo”.
“Precisamos de acabar com o retorno dos migrantes a países inseguros e dar prioridade ao resgate de vidas humanas no mar, com dispositivos planeados de resgate e de desembarque, garantir condições de vida dignas, alternativas à detenção, viagens regulares de migrantes e pedidos de asilo”, frisou.
“Devemos sentir-nos todos responsáveis por todos estes irmãos e irmãs que há anos são vítimas desta situação”, acrescentou.
O navio Geo Barents, da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), está no Mediterrâneo com 296 pessoas a bordo, depois de terem sido resgatadas nos últimos dias, à espera de um país que autorize um porto.
O mesmo ocorre com o navio espanhol Aita Mari, do Humanitarian Maritime Rescue (SMH), que resgatou 105 migrantes na terça-feira.
A madrugada de hoje foi de alta sismicidade na ilha espanhola de La Palma, onde o Instituto Geográfico Nacional (IGN) local detetou 79 tremores de terra.
O maior, de magnitude 4,1, foi registado em Fuencaliente, a 13 quilómetros de profundidade, tendo sido sentido em praticamente toda a ilha.
Dos 79 sismos contabilizados desde a meia-noite, 11 foram sentidos e 28 tiveram uma magnitude de 3 ou superior.
A diferença em relação aos dias anteriores é a profundidade de praticamente todos os sismos, intermédia, entre os 10 e os 15 quilómetros.
Apenas quatro ocorreram a maiores profundidades: 21, 28 e dois a 36 quilómetros. A maioria foi localizada em Fuencaliente e Mazo, à exceção de dois, registados em El Passo e Tazacorte.
A sismicidade das últimas surge na sequência de, no sábado, a ilha de La Palma ter registado um sismo de 4,9 de magnitude, no mesmo dia em que o vulcão voltou a sofrer um colapso no cone principal, causando grandes derrames de lava.
Segundo o IGN espanhol, o sismo foi o de maior magnitude desde a erupção do vulcão, a 19 de setembro, tendo sido registado às 16:34 locais em Villa de Mazo, a 38 quilómetros de profundidade e sentido pela população em toda a ilha.
Paralelamente, de acordo com a mais recente medição do sistema europeu de satélites Copernicus, às 08:14 em Espanha (07:14 em Portugal), a lava do vulcão cobriu 14 hectares no intervalo de 12 horas, o que eleva para 891,1 hectares a superfície total arrasada.
Segundo a imagem publicada pelo Copernicus nas redes sociais, a nova superfície coberta pela lava localiza-se na parte traseira do cone do vulcão que colapsou e afetou o bairro de La Laguna, o que é atribuído à massa de magma que tem jorrado da cratera desde as primeiras horas de sábado.
A lava também destruiu nas últimas horas mais 14 edifícios na ilha, elevando o total para 2.143.
La Palma tem sido afetada diariamente com vários tremores de terra, por causa da atividade do vulcão, que no sábado, ao 34º dia de erupção, sofreu um novo colapso no cone principal, causando significativos derrames de lava.
Ainda no sábado, o presidente do arquipélago das Canárias, Ángel Víctor Torres, afirmou que não se espera, para já, o fim da erupção.
“Ainda temos pela frente várias semanas de emergência”, disse Torres citado pela agência Efe.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, esteve também sábado novamente em La Palma para reiterar o compromisso do Governo de Madrid de ajudar a reconstruir o que ficar afetado pelo vulcão.
A estratégia das autoridades de saúde para responder à covid-19 no outono e inverno é a “possível” face aos recursos existentes e deveria ter sido divulgada mais cedo, defendeu hoje a Associação de Médicos de Saúde Pública.
“Tendo em conta a realidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o esforço que já passou e as situações de rutura em vários hospitais nos últimos tempos, eu penso que esta é a estratégia possível”, disse à Lusa o vice-presidente da associação, Gustavo Tato Borges.
Na sexta-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou o referencial para o outono e inverno, ou seja, as linhas orientadoras para as entidades do SNS de resposta à pandemia nos próximos meses, e que define como objetivo principal a minimização dos casos de doença grave e de mortalidade por covid-19.
Esta estratégia, que prevê três cenários de nível de gravidade da situação pandémica, pretende “garantir uma resposta eficiente e coordenada, ajustada à situação epidemiológica da infeção por SARS-CoV-2 e aos desafios adicionais do período outono/inverno, reduzindo o impacto na morbimortalidade na população em geral e nos grupos de risco”, avança o documento.
Para Gustavo Tato Borges, o referencial “deveria ser mais sucinto e focado naquelas que são as medidas específicas para combater” a pandemia nos próximos meses, lamentando também que tenha sido publicado “com a época de outono em pleno”.
Já deveria ter saído há mais de um mês para podermos estar completamente preparados”, alertou o médico, ao salientar que “convém ter tempo” para um hospital ou um centro de saúde se prepararem para uma eventual maior pressão dos seus serviços.
O especialista em saúde pública adiantou ainda que, a partir do momento que foram levantadas as restrições, o “peso da responsabilidade do controlo da pandemia passou também a ser muito de cada cidadão”.
“Não havendo nada de extraordinário, a nossa realidade poderá passar entre o cenário mais favorável e o intermédio, porque não há razão, neste momento, para antever uma situação de extrema gravidade” no inverno, adiantou o vice-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.
O cenário 1 previsto pela DGS assume que não existem alterações na eficácia da vacina contra a covid-19, nem o aparecimento de uma nova variante de preocupação nos próximos meses. Nesta situação, Portugal deverá registar uma incidência do vírus moderada, com reduzida mortalidade e ocupação de cuidados intensivos, sem pressão adicional sobre o sistema de saúde.
O cenário intermédio já prevê uma redução lenta da eficácia das vacinas, por diminuição da imunidade com o tempo, mas ainda sem o aparecimento de uma nova variante do vírus considerada de preocupação.
Nesse cenário 2 a incidência do SARS-CoV-2 será elevada, resultando numa ocupação moderada a elevada das unidades de cuidados intensivos e uma pressão ligeira a moderada no sistema de saúde.
De acordo com os pressupostos e estimativas calculadas pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o limiar definido ao nível dos cuidados intensivos é ultrapassado na segunda quinzena de janeiro.
Já no cenário considerado mais preocupante, o 3, está previsto o surgimento de uma nova variante com características que permitem a evasão do SARS-CoV-2 ao sistema imunitário, provocando uma redução rápida da eficácia da vacina, e um aumento da transmissibilidade do vírus e da gravidade da doença.
Neste caso, a incidência do SARS-CoV-2 será muito elevada, assim como a ocupação das unidades de cuidados intensivos dos hospitais portugueses, prevendo o INSA que o limiar seja ultrapassado mais cedo, na primeira quinzena de janeiro.
Este cenário aponta ainda para uma mortalidade devido à covid-19 muito elevada e, de acordo com os cálculos do INSA, o limiar definido pode ser ultrapassado na segunda quinzena de dezembro.
Um pescador de 66 anos "encontra-se desaparecido desde a noite de sábado", na ilha do Pico, nos Açores, "estando a ser efetuadas buscas por mar e por terra e com um meio aéreo" para o localizar, foi hoje anunciado.
De acordo com um comunicado da Autoridade Marítima Nacional, o pescador desapareceu "na zona de S. Miguel Arcanjo", na ilha do Pico, tendo "o Posto da Polícia Marítima de São Roque do Pico recebido o alerta pelas 06:30 de hoje, através de um familiar do pescador".
Segundo o familiar do pescador, o homem saiu de casa no sábado pelas 20:00, para praticar a atividade da pesca e ainda não tinha regressado, adianta o comunicado.
A Autoridade Marítima explica que "foram de imediato iniciadas buscas pelo pescador desaparecido, estando empenhados elementos da Polícia Marítima, o navio NRP António Enes da Marinha Portuguesa, uma aeronave da Força Aérea, os Bombeiros Voluntários de São Roque do Pico e uma equipa de operação de drones do Comando Operacional da Madeira, que se encontra de momento nos Açores".
"Esta ação está a ser coordenada pelo Capitão do Porto e Comandante-local da Polícia Marítima da Horta", acrescenta.
A história da Espanha do século XIX não pode ser compreendida sem o estudo da vida deste grande missionário, uma das maiores figuras católicas daquela época
Plinio Maria Solimeo
Santo Antônio Maria Claret foi um dos grandes esteios da Santa Igreja no seu tempo. Quando o canonizou em 1950, Pio XII o chamou de “Santo de todos”. Porque, diz o Pontífice, “nele olham os artífices, os sacerdotes, os bispos e todo o povo cristão, já que se encontram nele exemplos preclaros com que se alentar e se encorajar, cada qual segundo o seu estado, nessa perfeição cristã da qual unicamente podem sair, nas perturbações presentes, os oportunos remédios e atrair tempos melhores”.1
De uma atividade extraordinária, esse santo foi “apóstolo da palavra, pregando inumeráveis sermões; apóstolo da pena, publicando muitíssimos volumes; apóstolo da imprensa, criando academias, livrarias e bibliotecas; apóstolo da ação social católica e dos exercícios espirituais. Foi catequista, missionário, formador do clero, diretor de almas, fundador de congregações, pedagogo e ‘anjo tutelar da família real’, em frase de Pio XI; mas, sobretudo, eminentemente santo”.2
Pregador popular, ele fundou a Congregação Missionária dos Filhos do Coração Imaculado de Maria, foi Arcebispo de Santiago de Cuba, confessor e conselheiro da rainha Isabel II, da Espanha, tendo se destacado no Concílio Vaticano I como intrépido defensor da infalibilidade pontifícia.
Na impossibilidade de abarcar aqui toda a obra desse incansável batalhador, limitar-nos-emos a dar algumas rápidas pinceladas sobre ela.
Antônio João Adjutor nasceu em Sallent, diocese de Vich, província de Barcelona, na Espanha, no dia 23 de dezembro de 1807, o quinto dos 11 filhos de João Claret e Josefa Clará, proprietários de uma pequena tecelagem. Seus pais eram “honrados e tementes a Deus, muito devotos do Santíssimo Sacramento do Altar e de Maria Santíssima”, como diz o santo em sua autobiografia.3 Ao ser crismado, “por devoção a Maria Santíssima, acrescentei o dulcíssimo nome de Maria, porque Maria Santíssima é minha Mãe, minha Madrinha, minha Mestra, minha Diretora e meu tudo depois de Jesus”.
Piedade e verdadeira vocação sacerdotal
De uma piedade precoce, já se preocupava desde os cinco anos com a eternidade e o destino do homem. Adulto, pondera: “Não sei compreender como os outros sacerdotes que creem nestas mesmas verdades que eu — nas quais todos devemos crer — não preguem nem exortem para preservar as pessoas de caírem no inferno”.
Sua devoção à Santíssima Virgem surgiu com o uso da razão: “Nunca me cansava de estar na igreja diante de Maria do Rosário, lhe falava e rezava com tal confiança que acreditava deveras que a Santíssima Virgem me ouvia”.
Compreende-se assim o despertar nele, ainda menino, da vocação sacerdotal: “Sendo ainda muito pequeno, estava ainda no Silabário, fui perguntado por um grande senhor que veio visitar a escola, o que desejaria me tornar. Eu lhe respondi que desejava ser sacerdote”.
Acentuado espírito missionário
Adolescente, começou a trabalhar na tecelagem do pai. Como fez muitos progressos nessa arte, foi especializar-se em Barcelona, grande centro da indústria têxtil. Com muita aplicação no trabalho e um talento fora do comum, dominou tão bem a arte têxtil que iria longe caso se dedicasse exclusivamente a ela. Mas o apelo de Deus se fez mais premente e ele resolveu romper de uma vez com o mundo e se retirar numa cartuxa. Mas acabou optando por ser sacerdote secular.
Antônio ingressou no Seminário de Vich em 1829. Pouco tempo depois, tendo pegado uma forte gripe, mandaram-no guardar o leito. Num desses dias foi atacado por terrível tentação contra a pureza. Recorria a Nossa Senhora, ao Anjo da Guarda, aos seus santos padroeiros, mas tudo em vão. Finalmente, “eis que se me apresenta Maria Santíssima, formosíssima e graciosíssima, […] e me disse: ‘Antônio, esta coroa será tua se vences’.[…] E a Santíssima Virgem me punha na cabeça uma coroa de rosas que tinha no braço direito”. Essa não foi a única graça mística que ele recebeu. Há em sua vida várias manifestações palpáveis do sobrenatural.
No dia 13 de junho de 1835, festa de seu patrono, Antônio recebeu a ordenação sacerdotal, sendo nomeado coadjutor em sua cidade natal.
Mas compreendendo que sua vocação era de ser missionário, quis evangelizar os povos da Catalunha, órfãos desde a supressão das Ordens religiosas. Como isso não era factível por causa da guerra civil, foi a Roma pedir admissão na Congregação das Missões Estrangeiras.
Pregar “oportuna e inoportunamente”
Na Cidade Eterna, depois de fazer os Exercícios Espirituais com padres da Companhia de Jesus, resolveu ingressar nela, começando o noviciado. Mas uma aguda dor em uma das pernas o obrigou a voltar para a Espanha. Pouco depois, o Padre Geral da Companhia de Jesus lhe escrevia: “Deus o trouxe à Companhia não para nela ficar, mas para que aprendesse a ganhar almas para o Céu”.
Antônio Maria obteve então licença para pregar missões na Catalunha e nas ilhas Canárias. Operava curas milagrosas, tanto materiais quanto espirituais, expelindo demônios dos possessos, regularizando casais malcasados. Movia-o a isso seu intenso desejo de livrar almas do inferno, pois “obriga-me a pregar sem parar o ver a multidão de almas que caem nos infernos, porque é de fé que todos os que morrem em pecado mortal se condenam”.
Era animado pelo exemplo de São Paulo: “Como corre de uma parte a outra, levando, como vaso de eleição, a doutrina de Jesus Cristo! Ele prega, escreve, ensina nas sinagogas, nos cárceres e em todas as partes; trabalha e faz trabalhar oportuna e inoportunamente; sofre açoites, pedras, perseguições de toda espécie, calúnias as mais atrozes”. Pode-se dizer que essa descrição cabe também a Santo Antônio Maria Claret.
Diz ele: “Quando ia missionando, tocava nas necessidades e, segundo via e ouvia, escrevia um livrinho ou um folheto. Se na população observava que havia o costume de cantar cânticos desonestos, publicava um folheto com um cântico espiritual ou moral. Por isso os primeiros folhetos que publiquei, quase todos, são de cânticos”.
Em 1849 o Pe. Antônio Maria fundou com mais cinco sacerdotes uma Congregação religiosa com o nome de Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, cujos membros seriam seus auxiliares na obra das missões. Ele descreve como deveria ser esse missionário: “Um Filho do Imaculado Coração de Maria é um homem que arde em caridade e que abrasa por onde passa; que deseja eficazmente e procura por todos os meios acender em todo o mudo o fogo do divino amor. Nada o detém; goza nas privações; procura os trabalhos; abraça os sacrifícios; compraz-se nas calúnias e se alegra nos tormentos. Não pensa senão em como seguirá e imitará a Jesus Cristo em trabalhar, sofrer e no procurar sempre e unicamente a maior glória de Deus e a salvação das almas”.
Nomeado Arcebispo de Santiago de Cuba em 1850, afirma em suas palavras de saudação que “a verdadeira Prelada será a Virgem Santíssima, e a forma de governo a que Ela me inspire”.
Na primeira missão que pregou na Ilha o fruto foi tão grande, que 40 confessores não foram suficientes para atender a todas as confissões. A comunhão geral, distribuída por três sacerdotes, durou seis horas! Somente nessa missão, foram legitimados 8.577 matrimônios.
Os “espíritos fortes” fizeram várias tentativas infrutíferas para matá-lo, mas Nossa Senhora velava por ele.
Desvendando o futuro de Cuba e Espanha
Santo Antônio Claret fez muitas profecias. Por exemplo, quando em Cuba, profetizou “grandes terremotos”. Estes vieram. Quando as autoridades quiseram remover os escombros, alertou: “Haverá outro”. Depois profetizou: “Se os pecadores não despertam com os terremotos, Deus passará a castigá-los no corpo com a peste ou cólera”. Veio a epidemia de cólera-morbo, que fez 2.734 vítimas em três meses. Afirmou, no entanto, que isso fora uma misericórdia de Deus, porque “muitos que não tinham se confessado na missão, se confessaram para morrer; e outros, que tinham se convertido e confessado na missão, haviam se precipitado outra vez nos mesmos pecados. E Deus, com a peste, os levou”.
Em 1861, já como confessor da Rainha Isabel II [foto acima], “o Senhor me fez conhecer os três grandes males que ameaçavam a Espanha, que são: o protestantismo, ou melhor, a descatolização, a república e o comunismo. Para atalhar estes males, me deu a conhecer que se haviam de aplicar três devoções: o Triságio, o Santíssimo Sacramento e o Rosário”.
Combatendo os erros dos socialistas
Escrevendo sobre uma visita que fez às províncias da Andaluzia, na Espanha, no ano de 1862, o indômito Arcebispo comenta o trabalho dos socialistas naquela região, aproveitando-se da apatia de governantes e eclesiásticos. Anota vários erros espalhados por eles, dos quais citaremos um que, por sua atualidade, poderia ser subscrito hoje pela CNBB, CPT, MST e congêneres:
“Até agora os ricos desfrutaram as terras. Já é tempo que as desfrutemos e as dividamos entre nós. Essa divisão não só é de equidade e justiça, mas também de grande utilidade e proveito; pois os terrenos aglomerados pelos ricos ladrões são infrutíferos. Divididos entre nós em pequenos lotes, e cultivados por nossas próprias mãos, darão abundantes colheitas”.
Esse princípio enganoso e errático é comentado pelo Santo: “Com essas perorações e demais meios tão aliciantes e fascinantes, e ameaçando e insultando os que não cediam logo, foi como [o movimento socialista] tomou grandes proporções em tão pouco tempo”.
Santo Antônio Maria Claret faleceu no dia 24 de outubro de 1870 no mosteiro cisterciense de Fontfroide (França), sendo canonizado por Pio XII em maio de 1950.
ABIM
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Notas:
1- AAS 42 (1950), 480. Apud San Antonio Maria Claret – Escritos Autobiográficos y espirituales, Biblioteca de los Autores Cristianos (BAC), Madrid, 1959, Prólogo, p. xv.
2- Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S. A., Saragoça, 1955, vol. V, p. 543.
3- Autobiografia, BAC, edição acima. Todos os textos citados entre aspas sem menção da fonte foram extraídos desta obra.