quarta-feira, 3 de novembro de 2021
PANDEIRO IN JAZZ ATUA NO JAZZ NAS ADEGAS SILVES
EMPRESAS DA MARINHA GRANDE REPRESENTADAS NA MOLDPLAS
Covilhã | HOMENAGEM AOS CAMPEÕES DO MUNDO DA SELEÇÃO NACIONAL DE FUTSAL
Real Sociedade Espanhola de Física distingue professor da Universidade de Coimbra
Manuel Fiolhais, professor do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), foi galardoado com o prémio “Melhor Contribuição Didática nas publicações da RSEF”, atribuído pela Real Sociedade Espanhola de Física (RSEF) em conjunto com a Fundação BBVA.
O prémio, que vai ser entregue no próximo mês de dezembro, em Madrid, distingue o artigo “Sistema mecánico con un potencial catastrófico”. O artigo apresenta uma experiência que ilustra, de forma pedagógica, certos comportamentos descritos, matematicamente, na teoria das catástrofes. A experiência simula, por outro lado, aspetos centrais do funcionamento dos qubits (bits quânticos) baseados em supercondutores.
De acordo com Manuel Fiolhais, o artigo agora premiado «mostra como assuntos abordáveis ao nível de disciplinas básicas de física podem estar relacionados com tecnologias de ponta, ainda em desenvolvimento, no âmbito da computação quântica».
O trabalho foi levado a cabo em coautoria com Rogério Nogueira, professor da Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte, na Marinha Grande.
Criados em 2008, os prémios da Real Sociedade Espanhola de Física-Fundação BBVA reconhecem anualmente a criatividade, o esforço e as realizações no campo da física, tendo como objetivo servir de estímulo aos profissionais que desenvolvem o seu trabalho tanto na investigação como nas áreas de ensino secundário e universitário, inovação, tecnologia e divulgação.
Um vídeo da experiência está disponível em: https://iopscience.iop.org/
Cristina Pinto
Coimbra vai mesmo ser sede do Tribunal Constitucional e do Supremo Tribunal Administrativo
Projeto de lei que prevê a transferência dos dois tribunais para Coimbra foi aprovado na especialidade.
Coimbra vai mesmo ser a sede do Tribunal Constitucional e do Supremo Tribunal Administrativo. Em Lisboa vai permanecer a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos.
O projeto de lei que prevê a transferência dos dois tribunais para Coimbra foi aprovado na especialidade com os votos favoráveis de PSD e Bloco de Esquerda e as abstenções de PCP e Partido Socialista. O assunto esteve esta quarta-feira na ordem de trabalhos da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
Já a Entidade das Contas permanece em Lisboa, uma vez que PS votou contra esta transferência. Com a aprovação na Comissão, o projeto de lei do PSD será agora submetido à votação final global em plenário.
Contudo, esta votação que se verificou esta quarta-feira na especialidade não seria suficiente para garantir a aprovação final da lei, uma vez que a Constituição da República impõe que, em votação final global, as leis orgânicas carecem de aprovação "por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções".
A votação na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias decorreu depois de, em setembro, a Assembleia da República ter aprovado na generalidade o projeto de lei do PSD.
O projeto do PSD prevê a transferência dos dois tribunais e implica alterações a leis orgânicas, nomeadamente a lei de organização do TC e o Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais.
Na exposição de motivos, o PSD alega que a cidade de Coimbra "reúne condições ímpares" para a transferência, face à sua centralidade geográfica e "pela sua indelével característica de Cidade Universitária e representatividade, no plano nacional e internacional, no ensino do Direito".
Para o PSD, o "desenvolvimento equilibrado dos vários territórios passa também por uma adequada distribuição do "mapa judiciário", considerando que a "organização judiciária não pode ficar à margem de um processo mais abrangente de descentralização e de reorganização e de gestão do Estado, constituindo também um sinal incontornável da aproximação das instituições aos cidadãos".
O Tribunal Constitucional conta com 99 funcionários a exercer funções no Palácio Ratton, o Supremo Tribunal Administrativo tem 111 - entre 76 funcionários e 35 magistrados - e a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, que funciona no âmbito do Constitucional, tem atualmente 11 funcionários.
O projeto de lei do PSD prevê que os trabalhadores com "vínculo de emprego público por tempo indeterminado dos mapas de pessoal" dos tribunais que "adiram, imediata e voluntariamente" à transferência para Coimbra beneficiem do regime de mobilidade especial da lei de 2017 que aprovou o regime da valorização profissional dos trabalhadores com vínculo de emprego público.
Esse regime prevê que quando o posto de trabalho se situa a mais de 60 quilómetros da residência, o trabalhador pode ter durante um ano ajudas de custo. No fim desse ano, o trabalhador pode beneficiar de um "subsídio de fixação" que corresponde ao dobro do salário base, entre outros subsídios.
SAÚDE: Deputados aprovam na especialidade proibição de discriminação na doação de sangue
O parlamento aprovou hoje, na especialidade, a proibição da discriminação na doação de sangue em função “da orientação sexual, identidade de género, expressão de género e características sexuais”, com votos favoráveis de todos os partidos.
O texto de substituição, relativo a quatro projetos de lei (PS, BE, PAN e da deputada não inscrita Cristina Rodrigues) foi aprovado esta tarde, por unanimidade, na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e seguirá agora para votação final global em plenário.
Os quatro projetos de lei em causa propunham alterações ao Estatuto do Dador de Sangue, para acabar com a discriminação dos dadores em função da orientação sexual e identidade de género, na sequência de denúncias sobre situações que persistem.
O texto de substituição que irá a votos, ao qual a Lusa teve acesso, define que “pode dar sangue aquele que cumpra os critérios de elegibilidade, previamente definidos de forma objetiva, igual e proporcional por portaria do Ministério da Saúde, os quais devem respeitar os princípios da confidencialidade, equidade e não discriminação”.
“Os critérios de elegibilidade definidos no número anterior não podem discriminar o dador de sangue em razão da sua orientação sexual, da identidade de género, da expressão de género e das suas características sexuais”, lê-se no texto.
É ainda definido, no artigo deste estatuto relativo à dádiva de sangue, que “o carácter das doações, nomeadamente a sua regularidade, definição de unidade de sangue, intervalos das dádivas e outros aspetos relacionados com a dádiva, deve atender aos critérios definidos pelo organismo público responsável, de modo a garantir a disponibilidade e acessibilidade de sangue e componentes sanguíneos de qualidade, seguros e eficazes, os quais devem respeitar os princípios da proporcionalidade, equidade e não discriminação”.
“Compete aos serviços de sangue garantir que os dadores de sangue cumprem todos os critérios de elegibilidade e que estes critérios são aplicados de forma objetiva, igual e proporcional a todos os candidatos”, lê-se também no texto.
O texto define ainda a promoção, pelo Instituto Português de Sangue e Transplantação “em parceria com as instituições de ensino” de uma campanha anual “de incentivo à dádiva de sangue por parte de jovens”.
Esta campanha “deve ser integrada nos diversos contextos sociais e promovida nos diferentes meios de comunicação social, com recurso a uma mensagem simples, clara e informada”, e deverá “sensibilizar para a não discriminação do dador, com especial incidência em razão da sua identidade de género ou orientação sexual”.
É definido também que o Instituto Português de Sangue e Transplantação “promove a formação anual dos profissionais de saúde que atuam nesta matéria”.
No seu projeto, o PAN propunha também alterações à lei no sentido de facilitar a ausência do dador à sua atividade profissional, “não só pelo período estritamente necessário para a respetiva dádiva, assim como durante todo o dia de prestação de trabalho, para que possa recuperar com tempo (…)”, sem perda de retribuição, aspeto que não foi incluído nesta versão final.
Na discussão da iniciativa, antes da votação, a deputada do BE Fabíola Cardoso pediu a palavra para “louvar o esforço de concertação que foi feito”, considerando que este é um “momento histórico”.
“Aprovaremos aquilo que será, espero, esperamos todos, o final de uma longa epopeia que demorou demasiados anos, em que as dúvidas e o preconceito se sobrepuseram não só ao bom senso mas ao melhor conhecimento científico”, sustentou.
Projeto que cruza fotografia, arte, história e comunidade: Exposição de Duarte Henriques patente na Biblioteca Municipal de Cantanhede
No átrio da Biblioteca Municipal de Cantanhede está patente ao público, até ao próximo dia 30 de novembro, a exposição de fotografia “Sentir o Fado”, de autoria de Duarte Henriques. Num projeto que cruza fotografia, arte, história e comunidade, a escolha desta altura do ano para apresentação da mostra revelou-se fundamental, pois é precisamente no dia 27 de novembro que se assinala o Dia Nacional do Fado.
Em Sentir o Fado estão patentes várias dezenas de fotografias em que Duarte Henriques retrata fadistas, músicos e figuras do Fado, de âmbito local e nacional, acrescentando ao espólio dezenas de objetos relacionados com esta temática. Integram a exposição, para além das fotografias do autor, cartazes de eventos musicais, miniaturas, livros, xailes, uma grafonola e discos de carvão, entre outros objetos, que se cruzam com a temática escolhida para a exposição.
Duarte Henriques pretende apresentar, entre as lembranças únicas e frágeis, uma história, uma perspetiva, uma singela homenagem a todas as “Amálias” deste país, que magistralmente têm ultrapassado a timidez, com o xaile rendado sob as costas e dedos entrelaçados, soltam os acordes para uma história ímpar nesta identidade cultural tão nossa e a todos os músicos e fadistas que tenho acompanhado ao longo da vida.
O fotógrafo cantanhedense apela aos sentidos de todos quantos possam visitar a Biblioteca Municipal de Cantanhede, não só a escutar em silêncio as vozes inconfundíveis de quem magistralmente nos encanta, como também, pelos sons característicos, inimitáveis, únicos e inesquecíveis acompanhados pelas melodias de dedilhares constantes da guitarra portuguesa, das violas de fado e das flautas transversais que o acompanha.”
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS E COLETIVAS
"Preto e Branco" - Exposição Coletiva de Fotografia, Quinta da Fonte, Ançã – Portugal;
"Portas, Janelas e Mobiliário Urbano" - Exposição Coletiva de Fotografia, Café São João, Curia; Biblioteca Municipal de Anadia, Anadia – Portugal;
"Arte e Religião" - Exposição Coletiva de Fotografia, Fábrica das Artes, Casa dos Bogalhos, Cantanhede – Portugal;
"Gentes Locais" - Exposição Coletiva de Fotografia, Biblioteca Municipal de Cantanhede, Cantanhede – Portugal; Fábrica das Artes, Casa dos Bogalhos, Cantanhede – Portugal;
"Fluids" Internacional Quo Magazine, Open Podium, Fábrica das Artes, Casa dos Bogalhos, Cantanhede – Portugal;
"Fluids & Grain" Internacional Quo Magazine, Open Podium, Biblioteca Municipal de Cadaval, Cadaval – Portugal;
"Livre" - Exposição Coletiva de Fotografia, Fábrica das Artes, Casa dos Bogalhos, Cantanhede – Portugal;
"Arte Xávega" - Exposição Coletiva de Fotografia, Biblioteca Municipal de Cantanhede, Cantanhede – Portugal;
"Natal" - Exposição Coletiva de Fotografia, Fábrica das Artes, Casa dos Bogalhos, Cantanhede – Portugal;
"Caçadores de Imagens" - Exposição Coletiva de Fotografia, Fábrica das Artes, Casa dos Bogalhos, Cantanhede – Portugal; Casa Gandareza, Covões, Cantanhede – Portugal; Biblioteca Municipal do Cadaval, Cadaval – Portugal;
"Praia" - Exposição Coletiva de Fotografia, Grupo f2:8, Associação Moradores da Praia da Tocha, Praia da Tocha – Portugal;
“Percurso” – Exposição Coletiva de Fotografia, Galeria FotografARTE, Cantanhede, Cantanhede – Portugal;
“Photo Travel” – Exposição Coletiva de Fotografia, Galeria FotografARTE, Cantanhede, Cantanhede – Portugal;
“Saborear com Arte” – Exposição Individual no Restaurante Mela’s Boat, Cantanhede, Cantanhede – Portugal;
“Memórias Partilhadas” – Exposição Individual de Fotografia e Textos, Biblioteca Municipal de Cantanhede, Cantanhede – Portugal;
“Maresias” – Exposição Individual de Fotografia, Biblioteca da Escola Básica Marquês de Marialva, Complexo Escolar, Cantanhede – Portugal;
“Quotidianos” - Exposição Individual de Fotografia e Textos, Cineteatro Municipal Messias, Mealhada – Portugal;
“Memórias e Contrastes” – Exposição Individual de Fotografia e Textos, Galeria Bertrand, Alma Shopping, Coimbra – Portugal;
“Perspectivas” – Exposição Individual de Fotografia e Textos, Museu Municipal do Cadaval, Moinho das Castanholas, Cadaval – Portugal;
“Mais que um olhar” – Exposição Individual de Fotografia e Textos, Museu Municipal de Coimbra, Galeria Almedina, Coimbra – Portugal.
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PJ investiga morte de casal encontrado em casa em Messines
A Polícia Judiciária (PJ) está a investigar um alegado homicídio seguido de suicídio, depois de um casal ter sido encontrado morto em casa, na terça-feira à noite, em São Bartolomeu de Messines, no distrito de Faro, no Algarve, segundo fonte policial.
Neste momento estamos a proceder à recolha de prova, mas numa primeira análise tudo aponta para um quadro de homicídio e suicídio”, disse a mesma fonte, em declarações à Lusa.
As vítimas, um homem e uma mulher, ambos com cerca de 60 anos, foram encontradas na casa onde viviam em Vale Mós, naquela freguesia do concelho de Silves, distrito de Faro, “com ferimentos provocados por uma arma de fogo”.
Segundo disse à Lusa a fonte da Polícia Judiciária, só depois de recolhida a prova e analisado o relatório das autópsias é que será possível determinar a sequência dos acontecimentos.
O alerta para as autoridades foi dado pelo filho do casal ao final da tarde de terça-feira, tendo sido enviadas para o local as equipas de emergência e socorro.
A morte das duas pessoas foi confirmada pelo médico do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
A Guarda Nacional Republicana (GNR) comunicou o caso à PJ, que assumiu a investigação.
Madremedia/Lusa
Imagem: YouTube
CoimbraShopping recebe dois dias dedicados a mamãs e bebés
Portugal – As Questões do Presente
BEM-AVENTURADOS OS MANSOS
“Nos dias de tempestade, dizem os pescadores, vê-se, no oco das ondas, as pontas das flechas de suas igrejas (da cidade de Is); nos dias de calma, escuta-se subindo do abismo das águas o som dos sinos”.
- PériclesCapanema
Paradoxos estonteantes. “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra” (Mt 5, 4). “Mas os mansos possuirão a terra” (Sl 36, 11). “On ne règne sur les âmes que par le calme” (só se reina nas almas pela calma). Três citações, origens diferentes, as duas primeiras da Sagrada Escritura, a última de Talleyrand (1754-1838) (cito de memória, li em texto dele, pode ter origem diversa). Sempre me impressionaram pelo paradoxo atordoante. Aos mansos, não aos violentos e aproveitadores, está destinada a terra. Contrassenso à primeira vista, a sabedoria convencional diria o contrário: mansos não possuem nada, não conquistam nada, são presa fácil de oportunistas e ferozes. Quando os mansos conquistaram alguma coisa? Nunca, dir-se-ia. A terra não é dos conquistadores? O salmista afirma igual: “Os mansos possuirão a terra”. E o domínio dos espíritos (das almas) pertence aos calmos, serenos e sossegados, nunca aos endurecidos, enfurecidos e irrequietos, é convicção de um dos grandes diplomatas franceses. E de tantos outros. Tudo à primeira vista, repito, agride a sabedoria convencional. Quanto aos dois textos da Escritura, escrevo, claro, como observador comum, não pretendo entrar em exegeses bíblicas.
Exasperação suicida. Afundo no presente. No Brasil (de modo semelhante no mundo, “servata proportione”) fermentar exasperações de moralismo duvidoso tornou-se recurso usual dos que esperam com elas angariar adesão popular maciça. Em especial por meio das redes sociais, onde campeia a desinformação e a má-fé; o vale-tudo, enfim. “Eu vim para confundir e não para explicar”, a boutade de Chacrinha ganhou surpreendente atualidade, virou bússola para numerosos ativistas. Ficaram comuns as ondas de insultos e ataques, repito, de modo marcante nas redes sociais, em que a falta de escrúpulos, o relativismo moral, a boçalidade ufana, bem como o garganteio de argumentos toscos, a linguagem chula e a catadupa de palavrões se destacam como recurso habitual do embate político. Tudo isso pode gerar popularidade em certa faixa do público, contudo cria repulsa em outras; desprestigia. “On ne règne sur les âmes que par le calme”, advertiu o ladino Talleyrand.
O decoro esbofeteado na ânsia da popularidade. Não só o decoro; também a correção. No sopesamento de vários fatores, tal tipo de popularidade, parece, mantém abertas as possibilidades para vitórias eleitorais em 2022. Vai valer a pena lá na frente? Não creio. Popularidade evapora fácil; sua perda pode deixar sequelas graves.
Afastamento, desgaste, cansaço, desilusão. Consequência da estratégia acima esboçada em traços rápidos, hoje a popularidade de algumas correntes e líderes está se nutrindo largamente no pântano da exasperação. Não irei aqui analisar aspectos do fenômeno no âmbito da esquerda, limitar-me-ei à direita e ao centro. Nas possibilidades de expansão do centro e da direita deixará feridas de cura difícil, já que provoca aversão no brasileiro decente, acostumado com correção e bons modos, segmento gigantesco. Agastamento que se manifesta no afastamento, cansaço, desilusão. E, com isso, no debate público, já agora, está órfã faixa sadia do público; “sanior pars” autêntica, sobre a qual discorri em artigo anterior. Esta parte, uma “cathédrale engloutie” no mar da opinião brasileira, pode decidir o rumo das eleições em 2022 — não nos surpreendamos, ojo! Tentemos ouvir o bimbalhar de seus sinos, pois os mansos possuirão a terra. Faço um desvio: a catedral submersa é um prelúdio de Claude Debussy, que tem como inspiração lenda bretã. Existiria, perto da ilha de Ys, submersa, uma catedral que mostra as flechas de suas torres nas manhãs claras e bimbalha seus sinos. “Nos dias de tempestade, dizem os pescadores, vê-se, no oco das ondas, as pontas das flechas de suas igrejas (da cidade de Is); nos dias de calma, escuta-se subindo do abismo das águas o som dos sinos”, escreveu Ernest Renan (1823-1892) sobre a lenda.
A pacatez enjeita exasperações. Volto ao tema. Arrisco-me a estar completamente errado, mas desconfio que hoje, políticos dos mais variados quadrantes que apostam na tensão artificial e tantas vezes oca, perdem contato, cada vez mais, com o que qualifiquei de “sanior pars”, a faixa mais sadia do público. Ela gosta do decoro, da compostura, da boa educação, da inteligência e da argúcia na cena pública. Abomina ambientes convulsionados — o setor é aparentado com os mansos, têm relações próximas. Busca a resolução de dificuldades de seu quotidiano, desinteressa-se pela encenação postiça e grandiloquente de disputas sem conteúdo. Em 14 de dezembro de 1982 em artigo na “Folha de S. Paulo”, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira analisou os resultados eleitorais de pleito recente, em que ele reconhece, a esquerda tinha levado a melhor:
“O fato palpável, certo, indiscutível, sobre o qual mais diretamente incide nossa atenção, é esse inegável progresso da esquerda. […] Desdenho o procedimento do avestruz que, quando se aproxima o inimigo, mete a cabeça num monte de areia.”
Mas observa, havia perigo para todos no aproveitamento dos resultados:
“Em outros termos, se os esquerdistas, ora tão influentes no Estado (Poderes 1, 2 e 3), na Publicidade (Poder 4) e na estrutura da Igreja (Poder 5), não compreenderem a presente avidez de distensão do povo brasileiro, deixarão de atrair e afundarão no isolamento. Falarão para multidões silenciosas no começo, e pouco depois agastadas”.
Os perigos continuam a existir na presente quadra histórica. Os pacatos também têm parentesco com os mansos.
Avidez de distensão. Continua o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“A História dá inúmeros exemplos de regimes que não se mantiveram porque não souberam entender coisas destas. Soube compreendê-las, por exemplo Luís XVIII o monarca criptoesquerdista, voltairiano e ladino. Por isto morreu tranquilamente no trono da França em 1824. Sucedeu-lhe Carlos X, seu irmão cavalheiresco, distinto e gentil como um raio de sol, deleitável no trato como um favo de mel. Mas ele era um bom direitista, ao qual faltava (como isso é frequente entre direitistas) qualquer sutileza política. Pôs-se ele a governar contra a esquerda com um afinco e uma precipitação que pôs aos berros o setor visado. A bem-amada modorra se foi rarefazendo. A maioria abandonou Carlos X que caiu no vácuo. Substituiu-o — grande “virtuose” em operar distensões — Luís Felipe, o rei burguês, o ‘rei-guarda-chuva’, o qual ficou no trono até que, cansada por fim de pacatez, em 1848 a França o atirou ao chão”.
Quem avisa, amigo é. Vai adiante o artigo:
“O Brasil de hoje quer absolutamente pacatez. Se a esquerda vitoriosa não souber oferecê-la, esvanecer-se-á. Se o centro e a direita não souberem conduzir sua luta num clima de pacatez, terá chegado a vez deles se esvanecerem. Bem concebo que algum leitor exasperado me pergunte: mas, afinal, quem ganha com essa pacatez? — Até aqui não tratei disto. Mostrei que perderá quem não a souber ter. Quem ganhará: a direita? o centro? a esquerda? — Quem conhecer as verdadeiras fibras da alma brasileira e souber entrar em diálogo pacato com essas fibras”
2022 terá muito de 1982. Sei, 1982 era uma realidade, 2022, outra. Tanto assim diferente? No frigir dos ovos, lá na frente, os pacatos, triunfantes, (aparentados com os mansos) podem empurrar os exasperados, vencidos, para fora do tabuleiro. E que sejam preservados o ânimo e a capacidade de ação em especial da “sanior pars”, mansa, em boa parte pacata. O futuro do Brasil depende de como ela se fortaleça e prospere. Bem-aventurados os mansos.
ABIM
Menina australiana de quatro anos resgatada após 18 dias desaparecida
A menina australiana de quatro anos foi encontrada nesta madrugada de quarta-feira em boas condições de saúde. Esteve desaparecida 18 dias. A notícia trouxe alívio a uma nação inteira, que esteve em vigília desde o seu desaparecimento, reportado há duas semanas.
Cleo Smith esteve desaparecida durante 18 dias e terá sido raptada do local onde se encontrava a acampar com a família.
A menina, de quatro anos, foi encontrada sozinha esta madrugada na casa do alegado raptor, na localidade costeira de Carnarvon, não muito longe de onde desapareceu.
De acordo com a polícia, citada pela australiana ABC News, foi resgatada e encontrada num quarto "viva, bem e a sorrir".
A polícia deteve um homem de 36 anos, sem ligações à família.
A menor foi levada posteriormente para o hospital. Numa foto divulgada pela polícia, é possível ver a pequena Cleo a comer um gelado e sorridente.
Reencontro com a família
A menor reencontrou-se com os pais pouco depois e a mãe, Ellie, expressou o seu alívio nas redes sociais. "A nossa família está de novo completa", escreveu na rede social Instagram.
O subdelegado Blanch contou a uma rádio local que viu "detetives experientes a chorar de alívio" depois de a pequena Cleo ser encontrada.
O desaparecimento de Cleo levou a que o estado da Austrália Ocidental montasse uma busca frenética por terra, ar e mar, que mobilizou 100 agentes, no meio de um temor de que uma tragédia tivesse ocorrido. A polícia recorreu a serviços de inteligência, imagens de câmeras de vigilância e análise forense para encontrar a menina, enquanto vários voluntários percorreram a área em busca de provas.
As autoridades chegaram a oferecer um milhão de dólares australianos (642 mil euros) a quem tivesse informações que ajudassem a localizar Cleo, quando se temia que a menina tivesse sido sequestrada enquanto a família acampava numa zona remota, perto do mar, em Blowholes, a 1.000 km de Perth, em 16 de outubro.
Madremedia/AFP
Imagem: Polícia australiana