quinta-feira, 7 de abril de 2022
Viseu | IPV e tecido empresarial abraçam estratégias comuns para a região
Oficial: Rússia suspensa do Conselho de Direitos Humanos da ONU
A iniciativa do pedido partiu da Ucrânia, EUA e Reino Unido.
Reunida em Nova Iorque, a Assembleia-Geral da ONU votou e aprovou esta quinta-feira o pedido de suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos. A iniciativa do pedido partiu da Ucrânia, EUA e Reino Unido, após as graves acusações feitas às tropas russas, e, particular após o massacre de centenas de civis na cidade de Bucha.
A Assembleia-Geral da ONU, composta pelos 193 Estados-membros da organização, reuniu-se hoje para votar o pedido de suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos.
A iniciativa partiu da Ucrânia, Estados Unidos e Reino Unido, e contou desde logo com o apoio de vários países, entre os quais Canadá, Colômbia, República Checa, Estónia, França, Alemanha, Itália e Japão. Para tal, os promotores da iniciativa fizeram circular um projeto de resolução que propunha a suspensão dos direitos de participação da Rússia no Conselho de Direitos Humanos e que poderia ser aprovado com dois terços dos votos dos Estados-membros da ONU.
Imagem: Valor Económico_Globo
Exposição Cruzeiros e alminhas do concelho de Cantanhede na Biblioteca Municipal. Maquetas de Carlos Garcia
Está patente ao público até ao próximo dia 30 de abril, no átrio da Biblioteca Municipal de Cantanhede, a exposição de maquetas Cruzeiros e alminhas do concelho de Cantanhede, do artesão Carlos Garcia.
A mostra é constituída por 33 miniaturas destes monumentos religiosos, executados em madeira, representados em várias localidades do concelho, designadamente Ançã, Bolho, Cadima, Cantanhede, Cordinhã, Camarneira, Covões, Febres, Fontinha, Lemede, Lírios, Murtede, Ourentã, Outil, Pena, Pocariça, Portunhos, Póvoa da Lomba, Sanguinheira, S. Caetano, Sepins, Tocha, Varziela e Vila Nova de Outil.
Os trabalhos demonstram bastante realismo e minúcia, faculdades que caracterizam os trabalhos do artista cantanhedense e toda a sua obra, elaborados a partir um levantamento prévio e criterioso, desenvolvido na Biblioteca Municipal e no próprio terreno, em que o autor elencou os monumentos, fotografando-os e recolhendo um conjunto de outras informações relacionadas com as peças em estudo.
Esta apresentação resulta do gosto de Carlos Garcia em realizar trabalhos manuais de marcenaria e pintura, a partir dos quais se dedica a criar peças artísticas, geralmente relacionadas com temas religiosos ou históricos, representativos do património do concelho.
Os cruzeiros e as alminhas existentes no concelho foram construídos essencialmente com recurso ao calcário, mineral existente em grande quantidade nas pedreiras da região e utilizado há muito séculos por canteiros e escultores como matéria-prima em estatuária e construção civil.
Esta é a segunda vez que Carlos Garcia expõe os seus minuciosos trabalhos em miniaturas na Biblioteca Municipal, pois já em outubro de 2020 a instituição acolheu a mostra Viagem a Cantanhede do passado, onde estiveram patentes doze réplicas de edifícios civis e religiosos de Cantanhede, alguns dos quais já desaparecidos.
Sobre Carlos de Jesus Garcia
Carlos de Jesus Garcia nasceu em 1932. Estudou até à 4ª classe e as suas primeiras profissões foram as de latoeiro, carpinteiro e marceneiro. Casou em 1954 com Maria Luísa da Silva Gonçalves, com a qual teve três filhos.
Industrial de marcenaria, Carlos Garcia dedicou-se, também, a outras ocupações, nomeadamente à escrita, sendo autor de Manta de Retalhos (2005), Cantanhede: memórias para o futuro (2006) e Caminhos da vida em histórias da vida real : relato de factos e acontecimentos e poesias (2012).
Fundador do Museu Rural e Etnográfico dos Esticadinhos, em Cantanhede, cujo espólio enriqueceu com a oferta de centenas de peças, Carlos de Jesus Garcia é autor de um filme documentário sobre a Romaria de Nossa Senhora de Vagos e de outras publicações, designadamente “Rancho Regional Os Esticadinhos - 75 anos ao serviço da Cultura” e “Caminhos da Vida”.
Código Jun10r chega a 400 alunos do 1.º ciclo de Cantanhede. Projeto conjunto do Município de Cantanhede e da CIM Região de Coimbra
O Código Jun10r é um projeto-piloto do Munícipio de Cantanhede e da CIM – Região de Coimbra que visa integrar, numa ótica interdisciplinar, as novas tecnologias de informação no currículo dos alunos do 1.º ciclo. A apresentação pública foi hoje, numa sessão realizada no salão nobre da autarquia cantanhedense, na qual foi feita uma análise prospetiva das acções a empreender e dos objetivos enunciados.
Criado no âmbito do Realiza.te, programa cofinanciado da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra que estimula a criação de ambientes inovadores de educação, o Código Jun10r chega no presente ano letivo a 400 crianças das escolas do 1.º ciclo dos Agrupamentos de Escolas Lima-de-Faria, Cantanhede e Gândara-Mar, Tocha. As sessões de programação, oito por turma, são dinamizadas por monitores que frequentaram a Escola Técnico-Profissional de Cantanhede.
Segundo Pedro Cardoso, vice-presidente da Câmara Municipal de Cantanhede e responsável pelo pelouro da Educação, “o Código Jun10r estimula a aquisição de competências específicas na área das novas tecnologias, numa lógica de equilíbrio entre o conhecimento, a criatividade e o sentido crítico”.
“Os jovens da era digital precisam de aprender as competências do século XXI e este projeto assume-se como mais uma via de acesso à literacia digital”, sublinhou, dando conta que esta constitui uma “grande oportunidade de usar a tecnologia para explorar a criatividade e melhorar o desempenho escolar das crianças”.
Ao estimular o desenvolvimento do pensamento computacional, o Código Jun10r contribui para a alfabetização digital, estimula a criatividade e autonomia das crianças, fomenta o conhecimento interdisciplinar e constrói uma base sólida para os desafios profissionais do futuro. No fundo, observou, “quando a criança desenvolve um pensamento lógico e utiliza as ferramentas certas para resolver problemas, ela consegue repetir o processo e aplicá-lo em qualquer disciplina”.
O autarca reafirmou a intenção do executivo municipal em afirmar Cantanhede como “um território educativo e formativo de excelência”, capaz de “formar cidadãos qualificados e competentes”, mas também “profissionais empreendedores”.
Presente na sessão de apresentação, que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho, o vice-presidente da CIM Região de Coimbra, Raul Almeida, destacou o caráter inovador do Código Jun10r, que vai ao encontro dos desafios que as escolas atualmente enfrentam. “Trata-se de um projeto importante nas áreas da inovação e tecnologias, fundamentais no futuro das nossas crianças e jovens”, constatou, elogiando a convergência de estratégias no domínio da Educação entre os municípios da região e a Comunidade Intermunicipal.
Jorge Brito, secretário executivo da CIM Região de Coimbra, mostrou-se convicto que “a atitude progressista e inovadora” do Código Jun10r, permitirá aos jovens assimilar “um conjunto de skills fundamentais para o futuro”, indo ao encontro dos princípios estratégicos do Realiza.te.
“É importante tornar as aprendizagens cada vez mais significativas e contextualizadas, desafiando os alunos a desenvolverem competências multidisciplinares, reforçando a confiança nas suas capacidades. O focus na programação é relevante, mas mais importante é centrar o processo nas ideias, na criatividade, na colaboração e na resolução de problemas, assumindo uma perspetiva pedagógica motivadora”, justificou.
PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA ACTIVIDADE FÍSICA FOI APRESENTADO EM PAREDES. Castelo de Paiva integra este projecto
Aveiro | Reunião de Câmara – 07 de abril de 2022
Apresentamos por este meio informação sobre as principais deliberações da Reunião Extraordinária do Executivo da Câmara Municipal de Aveiro (CMA), realizada hoje, quinta-feira, dia 07 de abril de 2022, nos Paços do Concelho.
Renovação da Prestação de serviços para a dinamização de Atividades de Animação e de Apoio à Família para a Educação Pré-Escolar em 2022/2023
No âmbito das suas competências em matéria de Educação, a CMA tem adotado medidas para a criação das condições necessárias ao desenvolvimento das Atividades de Animação e de Apoio à Família (AAAF), destinadas principalmente às crianças cujos agregados familiares não tem possibilidades de acompanharem, usando um novo modelo de gestão implementado desde o ano letivo 2018/2019.
Desta forma, o Executivo Municipal deliberou aprovar a renovação da prestação de serviços de dinamização de AAAF nos estabelecimentos de Educação Pré-Escolar do Município de Aveiro, com a empresa Associação Tempos Brilhantes, para os meses de setembro de 2022 a julho de 2023, pelo valor de 535.900€.
Esta prestação de serviços foi adjudicado à empresa Associação Tempos Brilhantes em setembro de 2021, para o ano letivo corrente (2021/2022), onde se previa já a possibilidade de renovação por períodos letivos até ao máximo de duas renovações. Opção que foi agora acionada pela CMA, para o próximo ano letivo.
Entre as várias atividades que se irão desenrolar, destaque para as atividades associadas às artes, expressões e ateliers, promotoras de uma componente prática que estimulem a liberdade e a autonomia, a fim de garantir qualidade no tempo de animação socioeducativa.
Aquisição de terreno para construção do novo complexo crematório de Aveiro
No quadro da obra de construção do primeiro complexo crematório e casas mortuárias de Aveiro, o Executivo Municipal deliberou adquirir um imóvel urbano à Infraestrutras de Portugal, pelo valor de 42.030.93€, com a área total de 175 m2 e que se encontra localizado na Rua Aires Barbosa, junto à Linha do Norte.
Neste momento, tiveram já início os trabalhos preparatórios da empreitada de construção do complexo crematório, adjudicada ao agrupamento de empresas constituído pela Servilusa – Agências Funerárias S.A. e Ressurge – Engenharia e Construções, Lda. e que inclui a sua conceção, construção e concessão, para um período de 30 anos, pelo valor anual de renda de 14.000€, a iniciar no 3.º ano de contrato.
Este é um investimento importante, considerando que a opção pela cremação no nosso Município regista uma procura crescente e sendo que na Região de Aveiro não existem crematórios, obrigando muitas das vezes as agências funerárias da região a recorrerem aos equipamentos de São João da Madeira, Figueira da Foz e do Porto, com os inconvenientes de deslocação e lista de espera, que as mesmas acarretam para os nossos concidadãos.
Apoio à participação de artistas no projeto cultural Descobrir e Experienciar Novos Territórios
O Executivo Municipal deliberou aprovar a abertura de duas Open Calls e a atribuição de apoios à participação dos artistas selecionados, no valor de 8.450€, no âmbito do projeto Descobrir e Experienciar Novos Territórios, financiado a 100% pelo Programa Operacional Regional do Centro 2014 – 2020, através do FEDER no valor de 300.000€.
Este é um programa cultural em rede, dinamizado pelas Câmaras Municipais de Aveiro, Estarreja e Covilhã que visa o intercâmbio entre artistas, como forma privilegiada de proporcionar a troca de experiências e de contribuir para a sua formação artística e profissional.
Aveiro é uma das Cidades do projeto, no qual está prevista a realização de duas Open Calls a artistas, nas áreas da ilustração e da cerâmica artística.
Aprovação do Regimento das Reuniões de Câmara para o mandato 2021 – 2025
Considerando a boa gestão e condução das Reuniões de Câmara para o presente mandato autárquico (2021/2025), o Executivo Municipal, deliberou aprovar o Regimento das Reuniões da Câmara Municipal de Aveiro (CMA).
Entende-se útil a CMA dispor de um Regimento que constitua o entendimento do órgão Executivo, quanto a algumas regras essenciais ao respetivo funcionamento e consequente eficácia da sua intervenção, num trabalho que contou com a participação de todos os Membros atual do Executivo.
ÓRGÃO EXECUTIVO DA ADRIMAG REUNIU ONTEM EM CASTELO DE PAIVA. A propósito do 30º aniversário da associação
ESAC reforça cooperação com instituições de ensino superior da Ásia Central
FORUM REUNIU EM ÉVORA EMPRESÁRIOS DE TODO O ALENTEJO
Malhando em ferro frio
- Péricles Capanema
Voz que clama no deserto. Pensei em outros títulos: por exemplo, perdendo tempo ou voz que clama no deserto. Claro, emprego “voz que clama no deserto” no sentido moderno, falar debalde, gritar para quem não quer escutar, argumentar inutilmente. É que escritos meus a respeito podem semelhar realejo, tocariam ramerrão enfadonho já há uns dez anos. Resultados? Nulos, ou quase tanto, é o que aparenta. De passagem, já se vê, o significado da expressão passa longe do que ensinam os exegetas sobre o texto de Isaías, que ecoou nos Evangelhos. Encarando a mesma matéria sob outro ângulo, imaginei ainda “escapismo” por título. Seria aviso. Fiquei, por fim, no que acima encima o texto.
A necessária repetição. Resultados a bem dizer nulos? Salta incoercível a pergunta: para que continuar na trilha já bem batida? Valerá a pena? Adianta, convicção minha. Não importa o clamor sem eco aparente, o certo é prosseguir — e assim progredir; agir diferente é retrocesso. Ainda que poucos a ele agora deem ouvidos, a semente está colocada debaixo da terra, tem condições de frutificar, e dessa forma poderia ser obstáculo a tragédia grave, lesiva à independência e prosperidade nacionais, que assoma no horizonte.
Rejeição pelo oxigênio e atração pelo tóxico. Em duas palavras, dela tratarei abaixo, temos o Brasil se distanciando de área de influência de linhas gerais saudáveis e se precipitando em outra intensamente tóxica. Perspectiva apocalíptica, persuasão de anos. Sob o título “voz que clama no deserto”, postei dois artigos, um em 19 de dezembro de 2017, outro em 22 de janeiro de 2019. E ainda quase dois anos antes, “Clamando no deserto”, 18 de fevereiro de 2016, que remetia ao anterior “O Brasil servo”, de 10 de janeiro de 2016, mais de seis anos atrás. Avisos.
O Brasil servo. Aliás, é para este ignominioso estado, a servidão, normalmente processo de décadas, que desgraçadamente vamos sendo arrastados pelo menos desde o governo FHC. Bastaria recordar o fortalecimento rápido dos laços comerciais com a China comunista (com a inevitável interdependência e dependência daí resultantes), levada adiante com concomitante subestima da necessidade premente de, pelo menos, ao mesmo tempo, revigorar relações de igual natureza com Estados Unidos, União Europeia, Japão, Austrália. De momento, o Brasil, em especial seus setores produtivos, pensa duas vezes antes de tomar qualquer posição que possa desagradar a China. O impacto econômico interno poderia ser enorme, imediato e desastroso. Tais ponderações são compreensíveis, lógicas, limitantes; mal direcionadas, têm potencial perigoso. De outro modo, tal impulso, se ganhar velocidade, situação claramente concebível, conjugado a outros fatores, que também pesarão mais ao longo dos anos, farão o Brasil reagir à maneira de protetorado (inconfessado, talvez, mas real) possivelmente da China, quem sabe igualmente da Rússia —, caso o rumo, felizmente ainda tateante não for energicamente interrompido, minha obstinada esperança. Concluo o parágrafo puxando Nelson Rodrigues para minha sardinha: “O que é escrito ou falado uma única vez permanece rigorosamente inédito”. E ainda recordando Napoleão Bonaparte: “A repetição é a mais forte das figuras da retórica”.
Entre nós, gigante estatal de país comunista é empresa privada. Embuste deste naipe só tem vida no Brasil. Enumero a seguir outro fator de dependência. O Estadão de 10 de março de 2022, caderno Negócios, estampa a notícia “Chinesa CTG vai instalar eletropostos entre SP e MS”, texto de Cleide Silva. Começa assim: “Segunda maior geradora privada do País, a China Three Gorges (CTG), que hoje tem investimentos em hidrelétricas e parques eólicos, vai expandir seus negócios”. Informa que a companhia irá instalar 18 pontos de recarga elétrica em trajeto de 1,8 mil quilômetros que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul. Explica ainda, a gigantesca firma chinesa (CTG) chegou ao país em 2013 e hoje tem investimentos em 17 hidrelétricas (das quais opera 14) e é sócia em 14 parques eólicos. Entrará igualmente no ramo da energia solar. A propósito, o Brasil tem hoje 1.250 postos de recarga e aproximadamente 80 mil veículos movidos a energia elétrica, mercado em rapidíssima expansão. A CTG atua em 47 países, o Brasil é o mais importante mercado para o grupo estatal fora da China. E o que aqui relato faz parte de quadro maior, porcentagem grande da infraestrutura brasileira caiu nas mãos de estatais estrangeiras, em especial da China. A situação pode piorar. É ameaça séria, mesmo que de momento latente, à soberania nacional.
Logros empilhados. País de engazopados. Onde malho em ferro frio? Ou clamo no deserto? Está claro na primeira frase da notícia: “Segunda maior geradora privada no País”. Geradora privada, permitam-me, é mentira repetida há anos pela imprensa. Não é geradora privada, é estatal chinesa. Tal patranha a propalam repetida e continuadamente os meios de divulgação. Dir-se-ia, no particular, o brasileiro não tem direito à verdade — contudo, óbvio ululante. Aventar o assunto é, tudo o indica, malhar em ferro frio. Matéria conexa, silêncio preocupante sobre a provável nova configuração das zonas de influência. Tratar do caso, igualmente, malhar em ferro frio.
Descaso suicida. Este é o clima psicológico — desleixo, imprevidência e indiferença com temas centrais ao bem comum — que cria o caldo de cultura propício para um país decair da condição de soberano para a de protetorado. Um dos componentes de tal atmosfera é total desatenção para a entrega parcial, mas altamente significativa, da infraestrutura nacional a empresas estatais de países comunistas. A revista “Exame” (11-10-16), pertencente a grupo diverso do controlador do Estadão, anunciou: “Em apenas três anos, a elétrica China Three Gorges Corporation (CTG) se transformou na maior geradora privada do Brasil. O último lance para a conquista da posição foi anunciado na segunda-feira, 10, com a compra dos ativos brasileiros da americana Duke Energy, em operação no País desde 1999, quando o setor elétrico estava sendo privatizado.” A Duke Energy, empresa privada norte-americana, foi comprada pela CTG, estatal chinesa — providência característica e reveladora do programa brasileiro de desestatização e privatização. Em suma, a direção anterior, um grupo de acionistas privados, foi substituída por burocratas a mando do Partido Comunista Chinês. Autêntica privatização à brasileira.
Escapismo. Relaciono agora a matéria com a atualidade mundial. É normal, louvável, indispensável mesmo que, a propósito da agressão russa à Ucrânia, os olhares se voltem para a possibilidade da 3ª Guerra Mundial. Entre muitos males dantescos, poderia ser nuclear, acarretar morte de milhões, talvez bilhões de pessoas, representar o fim da era histórica em que nos encontramos. Contudo, postas as informações que me chegam, não é o mais provável. Vislumbram-se pistas de acomodação e acordo. O que, de momento, parece mais provável e está sendo colocado em segundo plano, pelo menos no material que conheço? Enfraquecida e mais isolada por causa da investida criminosa na Ucrânia, a Rússia está se afastando ainda mais da Europa e dos Estados Unidos e se aproximando — aumento da dependência — da China. O antigo Império do Meio joga parado, fortalece seu cacife e seu jogo. Cada vez mais se coloca em condição de grande “player”. Em tais circunstâncias, constitui escapismo não ficar o olhar em fatores de aumento e consolidação da área de influência chinesa. Ou sinorrussa, para o caso, a mesma coisa.
(1) O sentimento isolacionista nos Estados Unidos. Está forte? Declinou? Segundo pesquisa do USSC (United StatesStudies Centre), dezembro de 2021, o sentimento isolacionista cresceu em relação à pesquisa anterior entre eleitores democratas e republicanos. Não é boa notícia. Pois da noção viva no público de lá da responsabilidade natural que a Providência e a História colocaram nos ombros dos Estados Unidos vai depender, provavelmente de forma decisiva, as posições dos políticos no Executivo e no Legislativo, o que condicionará a efetividade da reação do Ocidente. Em consequência, a amplitude e a eficácia da zona de influência dos Estados Unidos (aqui incluo, entre outros, União Europeia, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Canadá).
(2) América Latina desliza. Há uma nova Guerra Fria em formação e, compete-nos em especial perceber que a América Latina emite fortes sintomas de deslize trágico rumo à zona de influência chinesa. O distanciamento em relação aos Estados Unidos e à União Europeia de vários de seus países no caso da Ucrânia, a mais das sequelas, aponta rumos. Sem falar (3) na entrega de setores importantes da infraestrutura (o problema não é só brasileiro) para estatais chinesas, de outro modo, para a direção política do governo da China comunista.
Evasão. Não parece saudável apontar a gravíssima ameaça de conflito maior, mas permanecer desatento para o crescimento de perigo mais provável e mais próximo, o escorregão progressivo da América Latina (e aqui incluo o Brasil) rumo à China. Ampliemos o quadro, existe perigo batendo à porta. Malhar sempre, mesmo que seja (ou pareça ser) em ferro frio.
ABIM
Guerra Justa e Guerra Injusta
A cidade ucraniana de Bucha (pronuncia-se Butcha) bombardeada pelos exércitos do ditador russo Putin
A guerra provocada por Putin (crescido na KGB) é justa ou injusta? Qual a posição católica? Nova guerra mundial (nuclear) bate em nossas portas? O mundo ocidental continuará adormecido? Fátima, a chave para interpretar os trágicos acontecimentos hodiernos!
Fonte: Editorial da Revista Catolicismo, Nº 856, Abril/2022
No período tenebroso da URSS havia dois jornais, o “Pravda” (verdade) e o “Izvestia” (notícia), ambos órgãos oficiais, o primeiro do Partido Comunista e o segundo do governo soviético. Corria então entre os russos uma anedota que dizia: “Na imprensa russa o Pravda não tem Izvestia e o Izvestia não tem Pravda”…
Em relação a Vladimir Putin [foto abaixo], vale a anedota. A URSS desmoronou em 1991, mas sobrevive na cabeça paranoica desse déspota, que ambiciona restaurá-la segundo o projeto de seus mentores. Esse neocomunista sonha em ser o novo tzar de um novo Império Soviético. Para isso vale tudo, até mesmo mentir descaradamente para seu povo, por exemplo, obrigando todos os meios de comunicação a noticiar que se trata de uma “operação militar especial” — e não de uma invasão ou guerra — para “libertar os ucranianos do regime nazista” e atender ao pedido de ajuda dos russos que vivem na Ucrânia, que “são tratados como cachorros”.
Ademais, Putin manda sucessivas baterias de fake news na linha de que os russos não bombardearam hospitais, escolas, prédios residenciais ou comerciais, mas que tais edifícios foram destruídos pelos próprios ucranianos para depois acusar os russos, pois “seu exército só tem bombardeado alvos militares”…
Só um derradeiro exemplo, entre muitos outros: Putin acusou a Ucrânia de desenvolver armas biológicas em seus laboratórios. Verificou-se que se tratava de laboratórios farmacêuticos convencionais… Se nós tomamos conhecimento desse desmentido, a população russa, não; ela continua só com a informação fornecida pela mídia oficial, noticiando a existência dos “laboratórios ucranianos com armas biológicas para serem lançadas contra Moscou”.
A mentira foi de tal maneira uma das principais armas do regime comunista — basta ver como os líderes petistas, que comungam de suas ideias, mentem sem o menor constrangimento —, que na antiga URSS a propaganda stalinista acusava os adversários daquilo que os comunistas faziam. Realmente, a primeira vítima nesta guerra deflagrada pelo atual tirano russo tem sido a verdade.
Entretanto, numerosos são os incautos que continuam acreditando em Putin, apesar de toda a carnificina que suas tropas vêm perpetrando na Ucrânia. Vários chegam a achar que ele é um paladino dos valores cristãos… Por que tal ingenuidade?
A revista Catolicismo publica em sua edição deste mês três matérias procurando responder a essa e outras questões. Por exemplo, quais são os critérios para se considerar quando uma guerra é justa ou injusta, ou como a Mensagem de Fátima é a chave para interpretar os trágicos lances de uma guerra que poderá desfechar num conflito mundial se o mundo ocidental continuar contemporizando com um ditador crescido na KGB, cuja força está na fraqueza do Ocidente.
O povo ucraniano resiste heroicamente. Mas até quando conseguirá? Peçamos a Nossa Senhora que torne a Ucrânia inteiramente católica, como também a própria Rússia, conforme predito por Ela em Fátima.
ABIM
Putin quer um novo Holodomor?
Ucranianos vítimas do Holodomor para escapar da fome tentam chegar vivos a outra região
- Hélio Brambilla
Nuvens vão se adensando, cheiro de terceira guerra no ar e de um possível Holodomor universal
Tempos atrás, tive a honra de entrevistar em Curitiba Dom Efraim Krevey, Arcebispo-mor dos ucranianos no Brasil. Contou-me detalhes do Holodomor, a morte devido à fome de 8 a 10 milhões de proprietários rurais da Ucrânia, levada a cabo pelo exército do sanguinário Josef Stalin sob o pretexto de conseguir alimentos para os soldados russos.
Na ocasião, Dom Efraim [foto]se manifestou igualmente contra a entrega dos armamentos nucleares à Rússia em troca da independência da Ucrânia, pois previa que cedo ou tarde os russos a atacariam novamente a fim de reabsorvê-la na União Soviética. Segundo ele, no Holodomor morreram homens, mulheres e crianças, pois os russos acabaram com as propriedades agrícolas, consideradas o “celeiro do mundo”, graças ao dedicado trabalho de seus agricultores e à fertilidade de suas terras, consideradas as melhores do mundo.
Outra componente desse extermínio foi o fato de a região ser habitada por cossacos, homens que lutaram com denodo contra Stalin [foto abaixo]. De passagem, durante o Império, o Brasil importava da Ucrânia o excelente trigo ali produzido. A sanha imperialista de Moscou não toleraria um país livre, com suas tradições e costumes, seu vívido sentimento familiar e suas propriedades particulares prosperando.
No livro A liberdade da Igreja no Estado comunista, Plinio Corrêa de Oliveira afirma ser impossível a liberdade religiosa num regime no qual o direito de propriedade é negado. A propriedade privada e a livre iniciatva, no campo ou na cidade, são condições de progresso para qualquer povo. A propósito, o Papa Leão XIII ensinou: “Quem não é dono do fruto de seu trabalho não é dono de si mesmo e de sua família”. E sem a verdadeira liberdade o homem passa a ser um escravo do Estado.
Quanto ao Holodomor, tratou-se de uma chacina como poucas havidas na História, e só não foi considerada holocausto porque duas ou três nações se negaram a votar a favor dessa denominação, para que o termo ‘holocausto’ fosse exclusividade do morticínio de judeus na Segunda Guerra Mundial. Mas isso não diminui a gravidade do acontecimeento, pois o número de mortos foi quase duas vezes superior ao da Covid em dois anos de pandemia.
A Ucrânia recobrou sua independência em 1991. Com 600 mil km2 de superfície, é o segundo maior país da Europa. Está entre os 10 maiores produtores de minério de ferro, manganês, titânio e urânio, além de possuir grandes indústrias de alta tecnologia. Na agricultura, produz mais de 30 milhões de toneladas de trigo, 5 de toneladas de milho, 440 mil de cevada, 3,5 milhões de toneladas de óleo de girassol, ou seja, não só atende sua população de quase 50 milhões de habitantes, como abastece muitos mercados com produtos agrícolas de alta qualidade.
Ressalte-se que sua tecnologia é de ponta, inclusive com máquinas agrícolas importadas do Brasil. Compreende-se por essas e outras razões, que a cobiça do invejoso Putin não podia deixá-los quietos. — Quererá o atual ditador russo fazer um novo morticínio em massa na Ucrânia mediante o uso de armas químicas e até atômicas?
Ademais, a crise dos fertilizantes no Brasil poderá afetar a cadeia produtiva nacional de alimentos e deixar um bilhão e 500 milhões de pessoas do mundo passando fome. Se isso acontecer a culpa será de Putin e de seus amigos do PT no Brasil. O adubo aqui utilizado é o NPK (‘N’ de nitrogênio, ‘P’ de fósforo e ‘K’ de potássio). Importa lembrar que o Brasil possui a terceira maior reserva de potássio do planeta, grande parte dela fora da Amazônia e das reservas indígenas.
Minas Gerais, São Paulo e Sergipe, onde quase 900 milhões das 1,1 trilhão de toneladas estão localizadas, ser-nos-iam suficientes até 2089. Na Amazônia, com aproximadamente 200 bilhões de toneladas detectadas até agora, apenas 12% ficam em área indígena. Trata-se de um veio do mineral com quase 300 km de comprimento, começando pouco a oeste de Santarém-PA e terminando junto à foz do rio Madeira, em direção a Manaus, nas margens do Amazonas.
Esse veio mineral pertencia à Petrobras, mas no governo Lula foi cedido por 300 milhões de dólares à empresa canadense Mosaic, que detém com outras empresas canadenses 32% do potássio mundial. O Brasil importa 85% do potássio que atende a nossa agricultura, em grande parte por culpa do convênio 100/97, que durante 24 anos tributou os insumos produzidos no Brasil, mas isentou a importação desses mesmos produtos.
No governo de Fernando Henrique — o Kerensky brasileiro, que preparou o caminho para a ascensão do PT —, o Brasil se tornou o único país do mundo a subsidiar a importação desses insumos e, ao mesmo tempo, taxar a produção interna. Quando o convênio ia ser renovado pelo conselho de política fazendária (Confaz), Sergipe falou alto e se recusou a assinar a renovação. O governador Belivaldo Chagas, apoiado por outros estados nordestinos, convenceu-os a alterar o convênio 100/97.
Essa isenção fez a Vale do Rio Doce desistir do Projeto Carnalita [foto], que produziria anualmente 1,2 milhão de toneladas de potássio no município sergipano de Laranjeiras. O Convênio contribuiu ainda para o fechamento, também em Laranjeiras, da Fafen, pertencente à Petrobras, a qual foi reaberta ao passar para a iniciativa privada, voltando a produzir 650 mil toneladas de ureia e 450.000 de amônia, que são os chamados nitrogenados.
Um programa oficial do governo Temer, ao invés de desonerar a exploração de insumos por adubo para incentivar a auto-suficiência brasileira, fez exatamente o contrário: acabou com a produção desses insumos, fechando ou vendendo as fábricas de Camaçari/BA, Laranjeiras/SE e Três Lagoas/MS, e os taxou em 17%.
Tendo o Brasil importado 15 bilhões de dólares de fertilizantes (ComexStat – Ministério da Economia) em 2021, se calcularmos uma média conservadora de 10 bilhões de dólares durante 25 anos, seriam 250 bilhões de dólares de importação que, convertidos para o real, perfariam 1,250 trilhão de reais. Com essa dinheirama desnorteante teria sido possível montar várias fábricas de fertilizantes que nos permitiriam deixar de ser importadadores para nos tornarmos exportadores. Sem contar os empregos gerados, os impostos indiretos e o progresso nas regiões industriais.
Relembrando que esse Convênio 100/97 foi editado no governo FHC, pergunta-se por que, depois de 13 anos do PT, ninguém disse nada. — Não teria sido uma “combinação com os russos”, já que 40% de nossas importações provêm da Rússia e da Bielorússia? Que uso estaria fazendo hoje Putin desse dinheiro?
No início desta matéria tentamos mostrar a possibilidade de acontecer um novo Holodomor, a qual aumenta a cada dia de guerra, pois a época de plantio na Ucrânia vai chegando com o degelo, e no hemisfério Norte, diferentemente do que ocorre no Brasil e na América do Sul, não há segunda safra ou safrinha, e se os ucranianos não plantarem logo, a fome que isso pode representar para eles e para os países necesssitados de cereais é simplesmente apocalíptica.
Além disso, no campo industrial, mais de 90% do neon utilizado pela indústria de chips dos Estados Unidos provém da Ucrânia, e qualquer alteração no seu abastecimento poderia agravar a escassez de microchips, que já foi um problema significativo em 2021. Se a meta é aniquilar o capitalismo com o seu regime de propriedade privada, de família e e das boas tradições, o golpe parece bem calculado.
Não podemos encerrar esta matéria sem lembrar as proféticas mensagens de Nossa Senhora em Fátima, no ano de 1917: “A Rússia espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja […] Mas, por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. Peçamos à Virgem Santíssima que nos proteja em dias catastróficos para a humanidade.
ABIM