Foram cerca de 400 pessoas que assistiram
no passado sábado, 9 de abril, na Praça Marquês de Marialva, ao
espetáculo 40 dias – do
Entrudo à Páscoa.
Integrado
na programação cultural em rede “Tradição – Da Serra ao Mar”,
que envolve os municípios de Cantanhede, Oliveira do Hospital e
Mortágua, a iniciativa surgiu no âmbito de uma parceria com o Grupo
Folclórico Cancioneiro de Cantanhede e levou o público presente a
desfrutar de um momento teatral bastante intenso, muito expressivo e
repleto de saudosismo.
Entre
o público há a destacar a presença de Pedro Cardoso,
vice-presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Célia Simões e
Adérito Simões, vereadores da autarquia, presidente da União das
Freguesias de Cantanhede e Pocariça, Nuno Caldeira, e do pároco,
João Pedro Silva, entre muitos convidados que marcaram presença
nesta iniciativa cultural.
“Os
grupos de projeção etnográfica têm granjeado respeito e
admiração, também pela ambição de fazer sempre mais e melhor,
quer seja recriando quadros agrícolas, etnográficos ou históricos
que o devir temporal vai fazendo desaparecer”,
refere o vice-presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Pedro
Cardoso.
Ainda
de acordo com o autarca, que tutela o setor da Cultura, “a
etnografia e folclore não são parentes pobres, são uma dimensão
fundamental da cultura e, por isso, é justo destacar estas pessoas
que muito têm contribuído com o seu trabalho, para que a
representação das vivências, dos usos e costumes dos nossos
antepassados não sejam esquecidos e, de uma forma mais ou menos
fiel, sejam representadas dignamente, o que a cultura deste país
muito agradece”.
40
dias – do Entrudo à Páscoa
apresentou-se como um espetáculo bem diversificado que visou recriar
quadros, momentos, expressões e costumes que o atual enquadramento
sociocultural já se vai perdendo, traduzindo vivências de um tempo
peculiar em que uma vez mais o sagrado e o profano se entrecruzam.
Das vivências da folia carnavalesca, passando por esse outro tempo
de maior recolhimento e de maior introspeção, de preparação para
a grande festa da Páscoa, que posteriormente prossegue com tantas
outras expressões. Bombos, cabeçudos ou gigantones, caretos, baile
da Micareme, as pulhas, amenta d’almas, serração da velha, os
martírios, o badalo e a queima do Judas foram os ingredientes
perfeitos para momento cultural memorável, preparados com a mestria
e requinte dos grupos participantes, que souberam adicionar os
condimentos necessários para esta extraordinária recriação
histórica.
Recorde-se
que os grupos de projeção etnográfica assumem, cada vez mais, uma
forma responsável e elevada na preservação de usos e costumes,
designadamente na dimensão sociocultural verdadeiramente
representativa da relação que a população / comunidade mantinha
com o espaço onde se desenrolavam as suas atividades e vivências.
Estes grupos folclóricos são uma referência incontornável da
memória coletiva no seio da comunidade, permitindo aos mais velhos
recordar épocas passadas e às novas gerações tomar contacto com
uma realidade que já não é a sua, recriando quadros agrícolas,
etnográficos, históricos que o devir temporal vai fazendo
desaparecer.
O
projeto “Tradição da Serra ao Mar” surge no âmbito de uma
parceria entre os três municípios (Cantanhede, Mortágua e Oliveira
do Hospital) e tem como principal objetivo fomentar o investimento na
conservação, proteção, promoção e desenvolvimento do Património
Cultural dos territórios dos três territórios. A iniciativa
resulta de uma candidatura ao “Centro 2020 – Programação
Cultural em Rede – Afirmar a Sustentabilidade dos Territórios” e
está assente numa programação cultural focada na Tradição e no
património local e regional, que visa ainda contribuir para a
diminuição das assimetrias e reforçar a coesão territorial,
contribuindo, simultaneamente, para o incremento da imagem externa da
região nas suas similitudes e particularidades.