sexta-feira, 17 de junho de 2022
Alguma vez se questionou sobre qual o país menos habitado do mundo?
PJ da Guarda deteve homem de 31 anos suspeito de matar a avó em Seia
Marcelo promulga Orçamento do Estado que “padece de limitações”
- "É preferível ter um quadro de referência, mesmo se tentativo e precário, ultimado há um mês, a manter o quadro anterior, ultimado há mais de seis meses".
- " É preferível não sacrificar por mais tempo, pessoas e famílias que estão, desde janeiro, à espera de mesmo se pequenas, mas para elas importantes, medidas sociais".
- "É preferível concentrar no Orçamento para 2023 – na sua preparação e debate – as matérias que estão ou possam estar em suspenso – desde a execução do Plano de Recuperação e Resiliência até a outros fundos europeus, à descentralização, à mais clara visão acerca dos custos da pandemia e da guerra e da sua duração".
- "É preferível não ficar preso ao passado – regressando a uma discussão sobre o Orçamento para 2022, um Orçamento de ponte, para meio ano – atrasando mais um mês a sua aplicação, e olhar para o futuro e, sobre ele, debater abertamente a realidade possível e desejável".
- Ricardo Vieira / RR
Covid-19. Menos mortes, casos e internamentos na última semana
Eurovisão 2023 deverá realizar-se no Reino Unido
Guerra na Ucrânia: Governo russo diz ter matado 19 mercenários que partiram de Portugal
SIC Notícias/Lusa
NOTA DE PESAR PELO FALECIMENTO DO PROFESSOR MANUEL RAMOS, ANTIGO VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE SILVES
Proença-a-Nova | Festa do Município destacou Desporto e Aventura durante três dias
Celebrar o Ano do Desporto e da Aventura foi a intenção da Câmara Municipal de Proença-a-Nova na realização da edição da Festa do Município’ 2022. Ao longo dos três dias de Festa no Parque Urbano Comendador João Martins, além da tradicional animação musical, registaram-se ainda as mais variadas atividades desportivas, com principal destaque para a “Aldeia do Desporto”, que aglomerou iniciativas de diferentes Associações e entidades no decorrer destes dias.
João Manso, vice-presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, realça que a dinâmica criada durante a festa “surgiu do trabalho do Grupo de Desporto do Município em conjunto com as Associações das mais variadas áreas desportivas. Todas aquelas que de alguma forma estão envolvidas no desporto estiveram aqui representadas, logo só podemos encarar tudo isto como um resultado positivo”. Quanto à participação das Associações na Festa do Município, prossegue afirmando: “gostamos que as Associações participem nas Festas e nos ajudem, na mesma medida em que nós as apoiamos. É preciso ressalvar que as festas são do Município, não só de Proença-a-Nova, mas sim de todas as freguesias e de todas as localidades, todos podem estar representados. Este ano, apesar de haver menor representatividade, conseguimos ter boa qualidade de participações”.
As elevadas temperaturas que se fizeram sentir não afastaram o público, que participou nas atividades propostas, entre elas: a Masterclass de Ginástica Sénior, atividades de Escalada, Slide, camas elásticas, Skate Park, Passeio de Motas, as iniciativas da Escola de Ténis de Proença-a-Nova, do Núcleo de Juventude, de “Os Pênêvês”, do Clube de Caçadores do Concelho de Proença-a-Nova, da Associação de Basquetebol Albicastrense, Federação Portuguesa de Teqball, bem como para as demonstrações de Ballet e Hip-Hop da Casa de Benfica de Proença-a-Nova, o espetáculo “Rock Vibes”, da Good Vibes Yoga e ainda a atuação do Albigym. Contudo, nem só de desporto se fez a Festa do Município, com a animação musical a ficar a cargo dos artistas “I love baile funk”, José Cid e Rodrigo Lourenço, acompanhado numa fase inicial pelo Grupo Coral de Proença-a-Nova, foram os artistas cabeças de cartaz de cada um dos três dias da Festa, que contaram com bastante público para assistir aos respetivos concertos.
Destaque ainda para a participação de quatro associações que participaram enquanto restaurantes: a Associação Desportiva, Recreativa e Cultural das Corgas, a Associação de Amigos da Herdade, a Liga de Amigos da Relva da Loiça e a Casa do Benfica de Proença-a-Nova, bem como para a participação dos alunos dos Cursos Profissionais da Escola Básica e Secundária Pedro da Fonseca. Na área expositiva estiveram também presentes 20 entidades e associações.
Houve ainda espaço para arruadas com bandas, grupos de concertinas e animação circense, para deleite dos visitantes, incluindo uma viagem pela “Amálgama de Aromas”, uma iniciativa Beira Baixa Cultural 2.0, cofinanciada no âmbito do Centro 2020, Portugal 2020 e Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional da União Europeia, promovido pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa. Este momento contou ainda com a presença dos alunos do programa Bio-Aromas LIIS, que participaram ativamente na realização e construção da peça.
Porto de Mós sobe 55 lugares no Ranking de melhor Município para Visitar
Rota da Mamoa envolve cerca de 300 ciclistas. Condicionamentos de trânsito durante o fim de semana
Após
um interregno de dois anos, devido à pandemia, a X edição da Rota
da Mamoa está agendada para o próximo domingo, dia 19 de junho,
pelas 09h30, com partida e chegada no Cais da Fonte Nova, junto ao
Centro Congressos de Aveiro.
A
Rota da Mamoa é uma organização dos “Agarrados ao BTT Clube”
em parceria com a Câmara Municipal de Aveiro. A prova terá dois
percursos: uma maratona com 60 km, de dificuldade média e uma
meia-maratona de 40 km de dificuldade baixa. Para percorrerem os dois
percursos estão inscritos cerca de 300 participantes.
Como
referido no início do texto, uma das novidades deste ano é a
partida e chegada comum, no Cais da Fonte Nova, permitindo aos
participantes usufruírem da bela paisagem proporcionada pelo Canal
Central da Ria de Aveiro e percorrerem a zona urbana, antes de
entrarem nos trilhos únicos do Município.
No dia da prova, 19 de junho, ocorrerão ainda alguns constrangimentos do trânsito nos seguintes arruamentos: Avenida Central, Av. Eng. Adelino Amaro da Costa, Rotunda da Forca, Rotunda do Parque de Exposições, Av. Dom Manuel de Almeida Trindade, Rua São Brás e Rua dos Campinos.
As inscrições, limitadas a 100 participantes p/ semana, estão abertas de 20 a 22 de junho e devem ser formuladas via Plataforma SIGA. Podem ainda ser consultadas das normas de participação no site da CMA.
Mais informações através dos números de telefone 234 406 457/ 234 406 453 ou email educacao@cm-aveiro.pt .
PJ detém homem de 26 anos suspeito de abusos sexuais e violação de menor em Aljustrel
Madremedia
Homem com pulseira eletrónica por violência doméstica em Oliveira do Hospital
Tem carro a gasóleo? Não espere por segunda-feira para abastecer
Rita Paz/Multinews
Silves | INTERRUPÇÃO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA NO DIA 20 DE JUNHO NO MONTE SÃO JOSÉ, LADEIRA DA BERNARDA, BARROCAL, JOINAL, CARRASQUEIRA, CALVOS E MONTE BRANCO NA FREGUESIA DE SB MESSINES ENTRE AS 09H00 E AS 17H00
Silves | INTERRUPÇÃO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA NO DIA 20 DE JUNHO NA RUA DO CEMITÉRIO, RUA DA PORTA DA AZÓIA, RUA DA MISERICÓRDIA, RUA DOM AFONSO III E CASTELO DE SILVES NA FREGUESIA DE SILVES ENTRE AS 09H00 e AS 14H00
Silves | PROJETO DE ANIMAÇÃO COMUNITÁRIA “VEM BATER À MINHA PORTA” VISITOU A D. MARIA SILVA SANTOS
Rede de Apoio à Vítima do Douro,Tâmega e Sousa. CASTELO DE PAIVA VAI ACOLHER 1º SEMINÁRIO INTERMUNICIPAL
Trânsito condicionado na Rotunda das Portas Verdes
Gestão da água no regadio do Vale do Lis em foco. 21 de junho | Sede da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis (Monte Real)
Cantanhede Ladies Open regressa aos courts do Clube Escola de Ténis. Prova reúne as melhores tenistas nacionais e internacionais
O
Cantanhede Ladies Open, uma das mais prestigiadas provas do
calendário nacional, está de regresso, após dois anos de paragem
por força da pandemia da Covid-19.
Com
um prize money
que nesta 11.ª edição chega aos 25 mil dólares, o torneio decorre
até ao próximo dia 26 e conta com a presença das melhores tenistas
nacionais e internacionais.
O
Cantanhede Ladies Open foi apresentado nas instalações do Clube
Escola de Ténis, numa sessão que contou com a presença de Helena
Teodósio, presidente da Câmara Municipal de Cantanhede.
Na
sua intervenção, a autarca começou por enaltecer a direção do
Clube “pelo esforço que
fez no sentido de retomar a organização da prova em moldes que
fazem jus ao estatuto que ela adquiriu no circuito tenístico
nacional e, também, no internacional”.
Pedro Silva, presidente do Clube Escola de Ténis enfatizou também a importância do apoio da autarquia cantanhedense ao torneio, o que permitiu aumentar o prize money.
Já Raquel Ribeiro, diretora do Cantanhede Ladies Open, anunciou a atribuição de dois wild cards a atletas da região – Abril Neto e Matilde Agra – e adiantou que o padrinho do torneio é o tenista português Frederico Gil.
Pelos courts do Clube Escola de Ténis vão passar tenistas de diversos países, encabeçando a lista de inscritas a tenista russa Vitalia Diatchenko, atualmente no 113.º lugar do ranking mundial.
Destaque ainda para Lulu Sun, que já provou o seu valor no nosso país ao triunfar num torneio ITF W25 em Oeiras, no ano passado. A jogadora que nasceu na Nova Zelândia, mas que se naturalizou suíça em 2015, ocupa atualmente o lugar 274.ª WTA e foi finalista do Open da Austrália júnior de pares, em 2018.
Referência também para a espanhola Yvonne Cavalle-Reimers, experiente tenista maiorquina que conta com sete títulos na sua carreira, o último dos quais conquistado este ano, em casa (Manacor).
17 de junho – 10h00 até 18h00 – Treinos das Atletas
18 de junho – 16h00 até 18h00 – Sign in Draw
19 de junho – 10h00 – Qualifying: Singulares e Pares
20 de junho – 10h00 – Qualifying: Singulares e Pares
21 de junho – 10h00 – Quadro Principal: Singulares 1ª Ronda e 14h00 – Quadro Principal: Pares 1ª Ronda
22 de junho – 10h00 – Quadro Principal: Singulares 1ª Ronda e 14h00 – Quadro Principal: Pares 1ª Ronda (continuação)
22 de junho – 19h00 – Sunset
23 de junho – 10h00 – Quadro Principal: Singulares 2ª Ronda e 14h00 – Quadro Principal: Pares 2ª Ronda
24 de junho – 11h00 – Quadro Principal: ¼ final Singulares e 14h00 – Quadro Principal: ½ final Pares
25 de junho – 10h30 e 14h30 – Quadro Principal: ½ finais Singulares e 16h30 – Quadro Principal: Final Pares
26 de junho – 15h30 – Quadro Principal: Final Singulares, Cerimónia de encerramento e Cantanhede de Honra
Aveiro | Café de Ciência sobre segurança no uso de medicamentos
Regularidade histórica no território paivense. RALLY ACP CLÁSSICOS NORTE AMANHÃ EM CASTELO DE PAIVA
Este ano, o Rally ACP Clássicos vai levar muitas máquinas de sonho a acelerarem as rotações por terras do Norte. Ao trajecto delineado pela organização, juntam-se cenários de grande beleza, tão característicos das zonas do Douro e privilegiando o município de concelho Castelo de Paiva. Dois territórios que inspiram pela sua natureza, história e tradições.
Com partida do Porto, no dia 18 de Junho, o Rally ACP Clássicos Norte vai arrancar pelas 10h00, para cumprir uma extensão de cerca de 150 kms, percorrendo algumas zonas de estradas ideais para este desporto automóvel, tanto a norte como a sul do Douro. Esta prova emblemática do ACP vai disputar-se entre a zona do Douro e Castelo de Paiva.
Esta prova tem como característica principal o ritmo em que decorre, tendo no entanto, uma componente desportiva acessível a quem se pretende iniciar nestas provas de regularidade histórica, sendo que são admitidas várias categorias, veículos desde Janeiro de 1946 até Dezembro de 2000 ( futuros clássicos ), sendo que, esta prova conta para o ACP Clássicos CUP e aceita inscrição de Futuros-Clássicos (viaturas fabricadas entre 1991 e 2000) desde que certificadas pelo ACP Clássicos.
O percurso definido pela organização para esta prova de clássicos, contempla uma descida desde Canelas (Penafiel) pela EM617 em direcção à EN108, em direcção a Entre-os Rios, depois da travessia do Rio Douro, seguindo pela EN224 e EN222 até Castelo de Paiva, passando por fora da zona central da vila, de modo a seguir pela EN224 em direcção a Arouca.
Vão existir, na passagem pelo território, algumas zonas de regularidade, como sejam a descida de Canelas para a EN108, na EN224 entre Castelo de Paiva e Real, com inicio após a nova Rotunda do Côto, em Sobrado, e na EN224 e EM503 entre Real e Pejão.
Em termos de horários para esta prova do Rally ACP Clássicos Norte, teremos amanhã o troço antes de Entre-os-Rios a partir das 11:29, o troço após Castelo de Paiva a partir das 11:53 e o troço após Real a partir das 11:59.
Uma excelente oportunidade de ver, neste rally de regularidade histórica, carros de sonho pelas estradas do concelho, num evento realizado com o objectivo de promover o automóvel antigo e esta zona da região Norte como destino turístico, aliada à tradição do desporto automóvel.
Carlos Oliveira
Trabalhadores dos CTT em greve por aumentos salariais
Madremedia
Incêndios de Pedrógão Grande aconteceram há cinco anos e população ainda tenta recuperar da tragédia
SIC Notícias
Sofrimento relacionado com saúde mental é “enorme no mundo”
Madremedia/Lusa
Franquezas benfazejas de patriota lúcido
- Péricles Capanema
O verdadeiro afeto nutre a sinceridade. Ou a franqueza, tanto faz. Semanas atrás recebi com especial agrado presente valioso de amigo antigo e próximo, era livro que ele sabia ser de meu gosto; encontrara-o, creio, em andanças pelos sebos. “Aparências e realidades”, o título do volume, edição de 1922 (Monteiro Lobato & Cia Ltda), reúne coletânea de Gilberto Amado (1887–1969), escritos respigados entre 1919 e 1922. Vou destacar aqui apenas trechos de um dos trabalhos “A propaganda maximalista e a sua superfluidade”. Maximalista, na linguagem da época, significava comunista. Propaganda comunista, portanto, no Brasil de 1920. Será, linhas gerais, artigo de transcrições. A matéria de Gilberto Amado — hoje especialmente atual, penso, no aspecto que destaco — contém análise severa sobre características do povo brasileiro. Borbota viva, ouso afirmar, do enorme afeto que tinha pelo torrão natal, esteado na veracidade, honestidade e funda percepção. São franquias, direitos concedidos ao afeto autêntico, no caso dele isento de ufanismos ocos e chavões distantes do real.
Atalho necessário. Faço um volteio. Para entender de forma arejada e aproveitar bem as censuras do ilustre sergipano, tido como dos homens mais inteligentes do Brasil, convém pequeno desvio. As palavras dele não brotaram de coração ressentido, borbotaram vivificadas pela benquerença. Vamos lá. Amado morreu em 27 de agosto de 1969, morava, havia pouco, algum tanto isolado e doente, no Rio de Janeiro. Amigos e admiradores fizeram-lhe homenagem prestigiosa. À maneira da época, foi organizado jantar solene, presentes personalidades de destaque, no Country Club, tendo como motivo (e pretexto) o lançamento da 3ª edição de um de seus livros — Eleição e Representação. Para a noite de gala foi escolhido como orador o deputado Gustavo Capanema (1900-1985), cujo discurso de reconhecimento e homenagem, 20 de agosto, nota melancólica, antecedeu de uma semana a morte de Gilberto Amado. Na oração, é o que agora mais nos interessa, Capanema lembrou numerosas afirmações do pensador nordestino sobre o Brasil, entre elas as palavras finais do livro relançado inicialmente em 1932, a seguir transcritas: “Nós somos responsáveis pelo mais belo pedaço do planeta. Temos de polir e facetar o maior e mais admirável diamante do mundo. Aumentar-lhe o valor, afinar-lhe as arestas para que ele dê, aos olhos do mundo, toda a sua luz. Não o estraguemos com os instrumentos de uma ourivesaria bronca e primitiva, tenhamos a mão sábia no tocar essa peça prodigiosa. Quem perde a esperança no Brasil não é digno de viver”. Capanema assim terminou seu discurso: “Sempre fui fascinado pela vossa genialidade. Mas o que mais admiro em vós, ó grande Gilberto Amado, é o vosso patriotismo”.
Sinceridade cauterizante. Patriotismo real dá direito a franquezas. Fazem bem franquezas expressas com tato nas horas certas, cauterizam feridas infectadas de há muito. É o caso. Gilberto Amado viu muita superficialidade de espírito e imitação servil, sintomas alarmantes, cuja persistência prejudicaria gravemente o futuro pátrio, em episódios de nossa história, em geral objeto de vanglória, como, por exemplo, na independência, abolição da escravidão, proclamação da República e a separação da Igreja do Estado: “Concluímos daí uma superioridade de que nos vangloriamos. Nessa vanglória é que está a superficialidade. Dela nos deveríamos entristecer”. Seria uma tristeza restauradora.
Povo reflexo. Para ele, o impulso maior de todos esses movimentos foi mera imitação de modas estrangeiras. Modas intelectuais, modas políticas: “Nenhum sinal é mais forte de que não temos sido senão meros reflexos de outros povos”. Avança: “No terreno das ideias e dos sentimentos, o Brasil é um país reflexo, espelho da vida e das formas que o esforço humano vai criando e aperfeiçoando em outros ambientes”.
Proclamação da República na indiferença e cegueira generalizadas. O texto é longo, aqui deixo apenas um exemplo de suas elucidativas constatações:
“A República, sim, é que é o fato característico da indiferença política da população. Ao pensar no modo pelo qual tudo se fez, que o povo brasileiro (escrevo povo brasileiro, fazendo certa violência à clareza da expressão, pois população não é povo), estava cego, e que se fez, diante dele, a mutação de cenário, sem que seus olhos se apercebessem do que se passava. Esse fato é um fenômeno colossal. O caso desse rei, nativo do Brasil, que reinou durante quase meio século, que é expulso de seu país, sem que em seu favor se levante um grito, uma palavra, um movimento de reação ou solidariedade, representa por si só uma das coisas mais espantosas de que há memória desde que o mundo é mundo. No dia 15 de novembro, às 5 horas da tarde, depois de proclamada a República, dir-se-ia ninguém se lembrava mais que tinha havido até poucos minutos, no Brasil, uma dinastia, uma monarquia, uma corte. Na retina opaca dos cegos não passou nenhuma irisação de luz, denunciando que alguma coisa de novo e de anormal acontecia. O imperador não tinha um amigo. Apeado do poder, o príncipe augusto, cujas mãos limpas e fracas acariciaram durante cinquenta anos o dorso mole do povo distraído, subitamente deixou de existir. A República se instalou serenamente. Mandou buscar seus novos costumes nos Estados Unidos”.
Separação da Igreja do Estado revela despreocupação religiosa. Observa Gilberto Amado: “A prontidão e a calma com que se fez a separação da Igreja do Estado, por um simples decreto, é outro dos motivos de orgulho para muitos dos comentaristas otimistas ou apressados a que aludimos de começo. Mas a verdade é que nisto se prova apenas que o Brasil é um país sem religião”. O comentário realça a ausência do fervor, mas deixa de lado ponto importante no acontecimento: a Hierarquia eclesiástica de alguma maneira se sentiu aliviada com a separação, pois o Padroado, vigente no Império, incomodava.
Maximalismo. Maximalismo, lembrei, na época equivalia a comunismo. Havia pequena propaganda do comunismo entre 1919 e 1922. Gilberto Amado afirma que o comunismo venceria fácil no Brasil, não pela ação dos propagandistas, mas por outro fator: “Se o maximalismo vencer na França, na Inglaterra ou nos Estados Unidos, nós o adotaremos aqui de um dia para outro, haja ou não haja preparo na propaganda”. Vai adiante: “Esperam pelo que se fizer na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos. O que qualquer dessas nações realizadoras da nossa história fizer, nós faremos. Fazer, originariamente, porém, nos é impossível”. De outro modo, servilismo. Nenhuma originalidade, autonomia tísica; enfim, irrigação mirrada das raízes.
Continua o mimetismo. Hoje é diferente? No geral, para desgraça nossa, tudo permanece do mesmo jeito, subserviência generalizada, animando retrocessos. Dou só um exemplo, poderia lotar o texto com vários. A reforma agrária, entre nós, foi feita por imitação a modas estrangeiras; o disparate contínuo e empobrecedor vem desde a década de 50. Modas estrangeiras, aliás, que deram errado onde foram aplicadas. O grande responsável institucional pela gastança desenfreada de dinheiro público com prejuízo gritante da produção, da produtividade, do emprego e da renda é o Estatuto da Terra de 1964 (governo Castelo Branco), entulho autoritário, fonte perene de atraso, que até hoje nutre e estaqueia radicalismos que vieram depois, obstáculos, repito, a aumentos de produtividade, emprego e renda. Se somarmos o dinheiro público jogado no ralo com o mensalão e o petrolão, estou certo, é só fazer as contas, a soma representará porcentagem pequena em relação à riqueza surrupiada do povo e do Estado pela aplicação durante décadas da reforma agrária de inspiração socialista, com viés confiscatório. Em manifesto de dezembro de 1964, largamente difundido no Brasil, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e a então diretoria da TFP qualificaram o texto da nova lei de “incorreto em sua terminologia, confuso e passível eventualmente das mais perigosas interpretações; constitui para o Brasil uma verdadeira encruzilhada, a mais grave de sua história”. Estavam certos. Perderam os necessitados, perderam os proprietários, perdeu o Brasil. Informa o INCRA, dados recentes, talvez já haja mais terra desapropriada, já foram desapropriados no Brasil 87.535.596 hectares, mais que a área somada de Minas e Rio Grande do Sul. O agronegócio, que impede a quebradeira do Brasil, ocupa espaço menor. Roubalheira, contratos de gaveta, produtividade mínima, criminalidade, é o histórico macabro dos assentamentos. Visite um deles, qualquer um, pergunte aos vizinhos, fuja dos folhetos oficiais, e verificará a realidade. A respeito do desastre da reforma agrária, comentou Xico Graziano, dos maiores especialistas na área:
“O Brasil cresceu, urbanizou-se, virou potência mundial agrícola, sem necessidade de reforma agrária. A terra está produtiva, gerando milhões de empregos. Gente boa, miserável, mistura-se aos oportunistas e malandros para ganhar um lote nos assentamentos. Iludidas com promessa de futuro fácil, massas são manipuladas e treinadas para invadir fazendas e erguer lonas pretas. A classe média se apieda, enquanto a burguesia, assustada, apoia veladamente. Imaginar que um pobre alienado, sem aptidão nem cultura adequada, possa se tornar um agricultor de sucesso no mundo da tecnologia e dos mercados competitivos, significa raciocinar com o absurdo. Abstraindo os picaretas da reforma agrária, que engrossam as invasões, os demais, bem-intencionados, dificilmente sobreviverão”.
O servilismo amordaça as bocas e entorpece as mentes. Não nos iludamos. O servilismo amordaça as bocas e entorpece as mentes. Ninguém, ou quase ninguém, ousa falar a respeito do desastre da reforma agrária. Fato óbvio, contudo. Constatação macambúzia, considerando como fator de previsão o histórico decepcionante, não iremos abandonar por agora o tóxico entorpecedor, temos xodó por esse tumor de estimação. E até é generalizada a birra com quem dele fala mal. Em resumo, no fato acima lembrado e em vários outros aspectos da realidade brasileira, para infelicidade geral, em particular dos menos assistidos, perdura a situação de povo reflexo, escravo de modas do Exterior. Gilberto Amado lá pelo início do século passado, franco e lúcido, apontou defeitos que impedem prosperidade real. Merece por isso nossa gratidão e releitura, textos atuais.
ABIM