domingo, 16 de abril de 2023

CIÊNCIA | Como a Química do Lego pode ajudar a combater as doenças neurodegenerativas

 O estudo agora publicado resulta de um trabalho de investigação com mais de 10 anos

Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) “construíram” um antioxidante que pode resultar num candidato a fármaco para as doenças neurodegenerativas. O segredo está na “química das peças da Lego” e não é por acaso que lhe deram este nome.
“Para combater as alterações provocadas pelo stress oxidativo ao nível da mitocôndria, um antioxidante tem de ter, na sua construção, um conjunto de “peças” perfeito para poder atravessar a membrana celular e mitocondrial e assim chegar a este componente das nossas células, essencial à vida”, explica Fernanda Borges, docente da FCUP e investigadora do Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto (CIQUP) que lidera a equipa de investigação. “E nós encontrámos o encaixe perfeito”, remata.
E como o fizeram? De peça em peça, tal como na construção de um jogo de Lego. “Conseguimos uma peça ideal que permite, após modulação química, a obtenção de antioxidantes inovadores direcionados para a mitocôndria, com baixa toxicidade e com efeito neuroprotetor”, descreve.
Estes são os resultados principais de um estudo publicado na revista de maior destaque na área da Química Medicinal – Journal of Medicinal Chemistry, estando um segundo artigo já em fase de submissão.
Os transportadores de antioxidantes
No início desta construção, que se assemelha a um Lego, está a estrutura de um antioxidante natural, o ácido cafeico, presente no café, na fruta e nos vegetais. “O problema é que este tipo de antioxidantes não consegue chegar à mitocôndria, e também não possuem propriedades físico-químicas que garantam uma biodisponibilidade adequada: são muito hidrossolúveis e, portanto, facilmente excretados”, explica a investigadora.
“A estratégia inicial não era alterar a estrutura do antioxidante natural presente na dieta, mas sim tentar inserir um vetor que o levasse até ao local alvo de atuação”, conta a docente.
Com a ajuda da química, juntaram uma espécie de transportador catiónico a este tipo de antioxidantes, para os levar ao local pretendido. O mais usado para garantir a entrada de um composto, de origem natural ou sintética na mitocôndria, é o catião trifenilfosfónio (TPP+).
No entanto, “suspeitámos que este catião pode, não só interagir com as membranas da mitocôndria causando danos, como também levar a uma acumulação excessiva dos antioxidantes dentro do organelo, tornando-se tóxico para as células”, refere Carlos Fernandes, investigador do CIQUP e um dos autores do estudo.
Testar a toxicidade
Partindo deste impasse, a equipa “jogou” num desafio de tirar e colocar peças com o propósito de substituir este catião. “Tínhamos de garantir que as peças introduzidas não apresentavam toxicidade”, conta Fernanda Borges.
“Para isso usámos neste estudo duas linhas celulares: uma neuronal e uma hepática – porque também teríamos de avaliar se os antioxidantes provocavam danos ao nível do fígado, que é o nosso principal sensor de toxicidade.”
Depois de várias tentativas de encaixe, a peça com melhores resultados foi o catião derivado da isoquinolina. “Conseguimos obter um antioxidante que entra na mitocôndria, mas que não causa danos tóxicos”, concluem os investigadores. Para além disso, este antioxidante revelou um efeito neuroprotetor nas células.
Os próximos passos serão, a partir de um acordo bilateral com a Universidade de Montpellier, em França, ao abrigo do Programa Pessoa da Fundação para a Ciência e Tecnologia, efetuar testes em modelos in vivo com ratinhos. O objetivo é testar a performance dos melhores antioxidantes mitocondriotrópicos obtidos pelo grupo, validando desta forma os resultados in vitro conseguidos até à data.
O estudo agora publicado resulta de um trabalho de investigação com mais de 10 anos com enfoque no estudo e desenvolvimento de novos antioxidantes. Para além de Fernanda Borges e Carlos Fernandes, assinam também este artigo os investigadores da FCUP Sofia Benfeito, Fernando Cagide, Daniel Chavarria, Lisa Sequeira e Sandra Barreiro.
Os cientistas da FCUP contaram também com a colaboração de docentes e investigadores da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, da Universidade de Santiago de Compostela e do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra.

Fonte:APImprensa

 

Demonstrada ligação entre dois sistemas de memória

Os resultados de uma tese de doutoramento desenvolvida no Centro de Investigação e Intervenção Social do Iscte-Instituto Universitário de Lisboa, demonstram a interdependência de dois sistemas de memória habitualmente considerados independentes.
“Existem diversos sistemas de memória, entre os quais se destacam a memória semântica, dedicada a representações mais abstratas e genéricas, de factos e conceitos (por exemplo, saber o que é uma cadeira); e a memória episódica, responsável por representações contextuais e vívidas (por exemplo, saber onde almoçámos ontem)”, explica a investigadora Cristiane Souza, do Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-Iscte) e autora deste trabalho. Estes dois tipos de memória têm sido considerados e estudados como independentes, mas recentemente tem havido interesse em perceber a sua interdependência, o que motivou o trabalho de Cristiane.
Este trabalho resultou num total de sete artigos científicos, a maior parte dos quais já publicados em revistas científicas. A estratégia adotada ao longo da investigação consistiu em apresentar imagens de objetos, pessoas ou lugares, avaliando a precisão da memória dos participantes e, em alguns casos, quão vívidas eram essas memórias.
Numa primeira linha de investigação, avaliou-se a influência de representações semânticas nas memórias episódicas. Os participantes viam imagens de diferentes categorias (por exemplo, “mamíferos”) com itens típicos (cão) e atípicos (golfinho), e respondiam em relação ao conhecimento semântico prévio (por exemplo “Isto é um mamífero?”), ou com foco na perceção visual, independente de conhecimento prévio (“Quão complexo é o objeto?”). Após um curto intervalo, a memória dos participantes para as imagens apresentadas anteriormente era testada. Os itens típicos geraram memórias mais genéricas. Contudo, os itens atípicos conduziram a uma melhor memória, sobretudo na condição de aprendizagem categorial. Ou seja, a informação da atipicidade do item, porque não se encaixa totalmente nas memórias esquemáticas e abstratas já armazenadas, solicita também o envolvimento do sistema episódico e é por isso benéfica. A investigadora explica que, “de uma forma geral, os resultados desta investigação demonstram que a interação entre os dois tipos de memória parece ser dependente do tipo de informação a ser processada e dos sistemas de memória requeridos”.
Ainda neste enquadramento, Cristiane recorreu a grupos de pessoas com alegadas dificuldades na memória episódica, nomeadamente pessoas com perturbações do espetro do autismo e idosos. O objetivo foi testar, com recurso à mesma tarefa, se estas dificuldades comprometeriam a interação entre os dois sistemas de memória. Os resultados mostram que, comparativamente a jovens saudáveis, os dois grupos não apresentam o mesmo benefício do processamento dos itens atípicos. Notavelmente, os participantes idosos utilizaram o conhecimento abstrato acumulado (as categorias) para superar as perdas na recuperação mais detalhada das experiências, ou seja, da memória episódica.
Numa segunda linha de investigação, avaliou-se a influência das representações episódicas nas memórias semânticas. Participantes adultos, jovens e mais velhos, foram solicitados a nomear itens de classes semânticas de nomes próprios, como pessoas e lugares conhecidos, e de nomes comuns (cadeira, maçã, trotinete) com recurso também a técnicas de neuroimagem (eletroencefalografia). Os resultados, no geral, indicaram que os itens de nome próprio, sobretudo o nome de pessoas, são mais difíceis de serem recordados. Mais uma vez, os idosos criaram estratégias de recuperação baseadas no conhecimento prévio acumulado. Os dados neurofisiológicos, obtidos através de oscilações de frequência cerebral (estudo atualmente em revisão por pares), indicaram o recurso ao sistema de memória episódica numa tarefa puramente semântica, em particular para a nomeação de lugares, corroborando assim também a coexistência e intercâmbio entre os dois sistemas de memória.
Para além de contributos teóricos para modelos da memória humana, os resultados desta investigação poderão ser úteis no desenvolvimento de estratégias psicoeducativas e práticas clínicas na avaliação e reabilitação da memória. “Existe a necessidade de uma avaliação mais precoce, diferencial e compreensiva, que inclua os diversos tipos de memórias, sobretudo na população idosa. O conhecimento detalhado destas funções permitirá o desenvolvimento de estratégias de estimulação a explorar a interação entre estas memória através dos mecanismos de compensação”, conclui Cristiane Souza.
No âmbito desta investigação foi também validada para a população portuguesa uma base de dados de imagens reais de objetos, a RealPic, e ainda uma base de dados de nomes próprios para pessoas e lugares, que poderão ser utilizadas em investigações futuras. O trabalho de doutoramento de Cristiane Souza, defendido publicamente em março de 2023, foi supervisionado por Margarida Vaz Garrido (CIS-Iscte) e Joana Costa do Carmo (Universidade Lusófona).
 
Pedro Simão Mendes
Comunicação de Ciência (CIS-Iscte)
Idem Pela APImprensa

JAPÃO | Primeiro-ministro japonês escapa ileso a explosão

 Foi detido o homem que lançou um engenho explosivo quando o primeiro-ministro do Japão se preparava para discursar, este sábado, num porto da cidade de Wakayama, a sul de Osaka.
Fumio Kishida, o chefe de governo, escapou à explosão ileso.
De acordo com a imprensa japonesa o engenho era semelhante a uma "bomba de fumo" e apesar de rebentar não provocou feridos.
Kishida preparava-se para discursar numa iniciativa de apoio a um candidato do Partido Liberal Democrático (LDP), que integra, na próxima eleição para a câmara baixa do parlamento, como lembrou na rede social Twitter.
O antecessor, Shinzo Abe, foi assassinado a tiro há nove meses durante um comício do Partido Liberal Democrático.

Fonte:euronews

Três feridos graves em atropelamento em corrida de carros ilegal em Bordéus

Condutor, que terá perdido o controlo do carro, tentou fugir após o atropelamento.
Pelo menos três pessoas ficaram feridas com gravidade, na sexta-feira à noite, na cidade de Bordéus, em França, quando um carro descontrolado atropelou um grupo de pessoas num passeio.
O condutor terá perdido o controlo do veículo durante uma corrida de carros ilegal, refere o sindicato de polícias no Twitter.
Aconteceu no parque de estacionamento de um supermercado, por volta das 23:00, hora local, 22:00 em Lisboa.
Une voiture folle fait au moins 3 blessés graves sur un parking de supermarché à Bordeaux pic.twitter.com/IYhFcJBtyS
— BFMTV (@BFMTV) April 15, 2023

SIC Notícias

Peregrina de Fátima atropelada mortalmente

O acidente aconteceu no IC2, no Concelho de Pombal
A vítima, que era natural de Albergaria-a-Velha, tinha 55 anos de idade e seguia para Fátima em peregrinação com um pequeno grupo. Foi colhida mortalmente na localidade de Tinto, no Concelho de Pombal
O alerta foi acionado pelas 13:26 horas deste sábado e estiveram no local do acidente, 4 viaturas dos Bombeiros Voluntários de Pombal, a GNR e o INEM