terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Crónica Postal: MENTALIDADE BUROCRÁTICA IGNORA O CIDADÃO

 

Responderam que a Segurança Social em Lisboa tem uma empresa contratada para fazer as traduções de documentos, no entanto, essa empresa tem os processos atrasados desde 2018, até chegar ao Manuel vamos lá s saber quando.” O desespero da senhora de Oliveira de Azeméis era grande quando se dirigiu ao jornal para tornar público o seu caso.

Esta foi a saga do casal de emigrantes que regressou para casa por causa de uma doença incurável do marido. Pretendem o que tem direto, a reforma para ele e o apoio de cuidadora informar para ele. Conforme define a lei.

Razão para não resolver a questão: um documento em alemão que tem que ser traduzido por tradutor oficial. Tarefa a cargo da Segurança Social.

O grave foi saber que para além deste caso há um número indeterminado de cidadãos com as mesmas dificuldades e sofrimento.

As traduções ainda vão nos documentos recebidos em 2018! “Vamos lá saber quando chega a vez do Manuel”, explicaram ao desesperado casal. O caso foi resolvido após notícia no jornal Correio de Azeméis denunciando o incompreensível caso.

Não há como comentar. Os serviços do estado estão devidamente informatizados. A mentalidade burocrática está nas pessoas. Não há sensibilidade para tratar das pessoas, do seu problema. Sentimo-nos um rebanho, onde o nosso problema é só mais um. Que vai para a pilha.

Não culpo os funcionários públicos. Estes fazem a sua função de acordo com as regras.

Venha um governante capaz de dar um murro na mesa e exigir a mudança de atitude de quem manda em cada serviço! Para cada problema de um cidadão tem que haver uma resposta! É um cidadão! Tem deveres e também direitos!

Eduardo Costa, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional


Turismo Centro de Portugal reforça objetivo de atrair visitantes a Fátima todo o ano


Comissão Executiva da Turismo Centro de Portugal visitou Ourém e Fátima, para encontros com o Reitor do Santuário de Fátima e a direção da ACISO - Associação Empresarial de Ourém-Fátima.
A Comissão Executiva da Turismo Centro de Portugal visitou hoje o município de Ourém, onde se reuniu com o ilustre Reitor do Santuário de Fátima, Padre Carlos Cabecinhas, e com a direção da ACISO - Associação Empresarial de Ourém-Fátima.

O tema central do encontro com o Padre Carlos Cabecinhas foi a realidade atual e as perspetivas futuras da atividade turística em Fátima, um destino de peregrinação mundial. Na conversa, foi realçada a importância de monitorizar os fluxos turísticos na cidade e adotar ações para atrair visitantes e peregrinos durante todo o ano.
Na reunião com a ACISO, liderada por Purificação Reis, foi apresentada a XI edição dos Workshops Internacionais de Turismo Religioso, evento que vai decorrer em fevereiro, nas cidades de Fátima e Guarda. Além disso, foi também enfatizada a importância de se promoverem os Caminhos de Fátima.

Ambos os encontros reforçaram o empenho de todos os parceiros em atrair novos visitantes para Fátima e Ourém, diversificando além dos peregrinos, de forma a otimizar a capacidade hoteleira instalada durante todo o ano. Esta estratégia visa atenuar a sazonalidade da atividade turística, impulsionar as receitas e prolongar a estada média na região.

A Comissão Executiva da Turismo Centro de Portugal esteve representada pela vice-presidente, Anabela Freitas, e pelos vogais Elsa Marçal, Jorge Sampaio e Luís Albuquerque, que foram acompanhados pelas chefias dos vários núcleos e departamentos do organismo.

*Adriana Rodrigues
Chefe de Núcleo de Comunicação, Imagem & Relações Públicas
Turismo Centro de Portugal

Mariana Mortágua e Miguel Cardina apoiam população de Soure contra exploração de caulino

 Esta terça-feira, Mariana Mortágua e Miguel Cardina, cabeça de lista do Bloco de Esquerda pelo distrito de Coimbra às legislativas, participaram numa sessão pública na Junta de Freguesia de Figueiró do Campo, concelho de Soure, com o Movimento contra a Exploração de Caulinos em Soure Norte.
A autorização concedida à Clariant Ibérica Producción, S. A. para pesquisa e prospeção de depósitos minerais de caulino e minerais associados nas freguesias de Alfarelos, Ega, Figueiró do Campo, Granja do Ulmeiro e Vila Nova de Anços, publicada em julho passado no Diário da República, alarmou a população de Soure.

A área de prospeção de 6,18 km2 (618 ha), com vista à exploração de minério a céu aberto, localiza-se próxima de várias localidades e com casas a partir de distâncias tão curtas como 10 metros. Ameaça a contaminação das águas e do ar, pondo em causa o ambiente, a saúde pública e a qualidade de vida das populações, ameaçando igualmente zonas de produção de arroz carolino e o Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho.
A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou que "toda a política ambiental deste Governo é uma promessa de negócio", defendendo que é preciso travar esta forma de fazer política. 
Mariana Mortágua questionou ainda a forma como esta prospeção teve luz verde contra a vontade do município e das populações, acrescentando que "Portugal não está à venda. Seremos sempre um país pobre se não nos dermos ao respeito e se não soubermos respeitar o nosso povo, o nosso território, o ambiente e quem aqui vive".
*Comissão Coordenadora Distrital de Coimbra
Bloco de Esquerda
**Fotos: em anexo

RUA DR. JOSÉ DIOGO MASCARENHAS NETO, EM ALCANTARILHA, SOFRE CORTE DE TRANSITO NOS DIAS 18 E 19 DE JANEIRO

O Município de Silves informa que a rua José Diogo Mascarenhas Neto, em Alcantarilha, estará encerrada à circulação automóvel nos dias 18 e 19 de janeiro, devido a trabalhos de repavimentação do referido arruamento.

A autarquia pede a atenção dos automobilistas e residentes para esta situação e agradece a compreensão e colaboração de todos.

“PLANETA DO BEM-ESTAR” VAI ÀS ESCOLAS DA MARINHA GRANDE

 Chama-se “Planeta do Bem-Estar” o projeto que está a ser dinamizado nas várias escolas do 1.º ciclo do Município da Marinha Grande, sobre o bem-estar, educação alimentar e a saúde mental, no presente ano letivo.
A psicóloga Sara Filipe e a nutricionista Ana Guerra, que integram o PIPSE - Plano Intermunicipal de Promoção do Sucesso Escolar da CIM Região de Leiria 2023/2026, do qual a Câmara da Marinha Grande faz parte, vão às escolas para falar sobre saúde mental e nutrição.
Neste âmbito, esta terça-feira, 16 de janeiro, realizou-se a sessão "Saber Estar à Mesa", na Escola Básica de Picassinos, onde foram partilhadas informações sobre a alimentação saudável e comportamentos adequados a respeitar na cantina, sala de aula e recreio. A conversa das duas técnicas do Município com as crianças lembrou a importância da ingestão de alimentos saudáveis e variados e enumerou as condutas a adotar em cada contexto.
*Gabinete de Comunicação e Imagem

Marinha Grande | CRECHE DA IVIMA EM CONSTRUÇÃO

 Estão a decorrer as obras de construção da Creche da Ivima, situada na Avenida 1.º de Maio, através de um investimento superior a um milhão de euros, realizado pelo Município da Marinha Grande.
Para o presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Aurélio Ferreira, “o projeto representa uma resposta social de enorme importância para as famílias do nosso concelho, por permitir que as mães e pais deixem as suas crianças cuidadas e em segurança, indo criar vários postos de trabalho, dinamizar a economia local e alargar a nossa rede de equipamentos sociais”.

O novo equipamento permite proporcionar o bem-estar e desenvolvimento integral das crianças, num clima de segurança afetiva e física; colaborar com a família na partilha de cuidados e responsabilidades no desenvolvimento das crianças. A creche da Ivima tem, também, como objetivos permitir o despiste precoce de qualquer inadaptação ou deficiência, assegurando o seu encaminhamento adequado para as estruturas de saúde, intervenção precoce ou promoção e proteção.
A Creche é construída no centro urbano da Marinha Grande, no edifício emblemático da Ivima, que tem vindo a ser alvo de recuperação e requalificação, no qual se encontram outras respostas sociais. A utilização gradual dada a este espaço, à qual se vai juntar a funcionalidade da creche, permite devolver à população, um dos ícones mais perenes da nossa história e memória coletiva.

Este é um equipamento esperado há muitos anos, que, agora, está a ser executado e que vai permitir a criação de 6 salas para 84 crianças, dos 0 aos 3 anos, através de um investimento de 1.017.416,70€ (acrescidos de IVA), comparticipado em 812.700,00€ pelo PRR - Plano de Recuperação e Resiliência e pelos Fundos Europeus NextGeneration EU.

*Gabinete de Comunicação e Imagem

1º Congresso Nacional e Mostra de Cidades e Vilas de Cerâmica Centro de Congressos de Aveiro - 19 e 20 de janeiro de 2024


Decorre no Centro de Congressos de Aveiro, nos próximos dias 19 (sexta-feira) e 20 de janeiro (sábado), o 1.º Congresso Nacional e Mostra de Cidades e Vilas de Cerâmica (AptCVC)a, que contará com a participação das cidades e vilas de cerâmica portuguesas, bem como representantes das Associações de Cidades Cerâmicas do resto da Europa, através do Agrupamento Europeu (AeuCC).
Este Agrupamento Europeu das cidades de Cerâmica reunirá em Aveiro em Assembleia Geral na manhã do dia 19 de Janeiro e participará durante a tarde nos trabalhos no Congresso português. Nesta Assembleia Geral será eleito o novo Presidente do Agrupamento Europeu.
As inscrições para o Congresso são livres, para o e-mail:

Aveiro tem a presidência da direção da AptCVC
Para o Vereador da Câmara Municipal de Aveiro, Miguel Capão Filipe, atualmente Presidente da Direção da AptCVC “Aveiro vai ser neste fim de semana a Cidade da Cerâmica em Portugal; acolhemos o primeiro congresso na sua História da AptCVC, coexistindo com uma Mostra de Portugal Cerâmico através de stands onde convidamos desde já todos os cidadãos a usufruírem, pois a visita é livre. Este congresso acolhe também a primeira Cimeira de Presidentes de Câmara desta Rede”, explicou.
Estas iniciativas decorrem também no contexto de Aveiro Capital Portuguesa da Cultura e da XVI Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro, que estará patente até 28 de janeiro de 2024.

O que é a AptCVC?
A AptCVC é constituída por 29 Municípios Portugueses, tendo como fundadores, em 2018, Alcobaça, Aveiro, Barcelos, Batalha, Caldas da Rainha, Ílhavo, Mafra, Montemor-o-Novo, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Tondela, Viana do Alentejo, Viana do Castelo e Vila Nova de Poiares,
No que diz respeito a associados honorários, tem entre outras entidades a APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria (Coimbra), CENCAL - Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica (Caldas da Rainha), CEPAE - Centro de Património da Estremadura (Batalha), CTCV – Centro Tecnológico da Cerâmica e Vidro (Coimbra), DEMaC - Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da Universidade de Aveiro (Aveiro), ESAD.CR - Escola Superior de Artes e Design (Caldas da Rainha), PH - Património Histórico PH – Grupo de Estudos (Caldas da Rainha), SPCV  - Sociedade Portuguesa de Cerâmica e Vidro (Aveiro), Projecto SOS Azulejo e como associado honorário individual o Arquiteto Manuel da Bernarda e o mestre Manuel Cargaleiro.
A APTCVC tem como principais missões a defesa, a valorização e a divulgação do património cultural e histórico cerâmico, o intercâmbio de experiências entre os associados, o estabelecimento de parcerias, a promoção da criação artística e a difusão da cerâmica tradicional e contemporânea.
Pretende-se dar resposta ao “Portugal Cerâmico”, numa dimensão transversal a partir da Cultura, em contributo para o desenvolvimento sustentável – económico e social, de investigação e I&D, de criatividade e inovação- de muitas das Regiões do país, também através do ecossistema “Cerâmica”.

Programa do 1.º Congresso Nacional e Mostradas Cidades e Vilas de Cerâmica
AptCVC, AVEIRO 2024

19 de janeiro, sexta-feira
14h00 – Sessão de Abertura
- Quem é Quem no “Portugal Cerâmico”
- Quem é Quem na “Europa Cerâmica”

17h00 – Inauguração da mostra “Portugal Cerâmico”
18h00 – 1.ª Cimeira de Presidentes de Câmara da AptCVC

20 de janeiro, sábado
10h00 – Preservação da Tradição e Inovação criativa na Cerâmica são compatíveis?
Encontro com Cláudia Domingues
(Vice-Presidente da APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria)

Encontro com Jorge Marques dos Santos
(Presidente do CTCV - Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro)

Encontro com o Projecto Claraval
(Mark Lloyd, Márcia Brilha e Marta Frutuoso, São Bernardo PP&A)

11h00 – Intervalo

11h30 – Mesa Redonda com Cláudia Milhazes (Museu da Olaria), Diana Borges e Richard William (Vista Alegre)

15h00 – Conferências:
A Cerâmica e os desafios da Sustentabilidade
João Labrincha
(Professor da Universidade de Aveiro)

História da Cerâmica em Portugal e Globalização
Alexandre Pais
(Director do Museu Nacional do Azulejo)

17h00 – Visita à XVI Bienal de Aveiro e Sessão de Encerramento
(Museu de Aveiro/ Santa Joana)

*Simão Santana
Adjunto do Presidente da Câmara Municipal de Aveiro

Cantanhede | Mostra criações de Paulo Póvoa. Exposição Cerâmica – a arte do fogo, patente na Biblioteca Municipal


A Biblioteca Municipal de Cantanhede tem patente, até ao próximo dia 29 de fevereiro, a mostra Cerâmica – a arte do fogo. Da autoria de Paulo Póvoa, a exposição é composta por cerca de 50 trabalhos de cerâmica, com recurso a vários tipos de materiais, designadamente pintura, madeira, cerâmica e técnicas mistas, entre muitos outros com temas de inspiração variados. Em cada trabalho desta coleção está presente a criatividade do artista, que, com a sua arte e sensibilidade, fez nascer peças únicas e de rara beleza.
Paulo Sérgio Lourenço Póvoa é natural de Vila Nova de Outil, Cantanhede, onde nasceu e onde reside. Desde muito jovem que se sente vocacionado para as artes, gosto que o levou a realizar vários trabalhos de cenografia, nomeadamente criações de telas de grandes dimensões, pinturas de quadros decorativos e outras peças de arte.
Nutrindo uma verdadeira paixão pela arte da cerâmica, é nesse ramo artístico que Paulo Póvoa expressa a sua criatividade de forma única e inspirada.
No seu percurso de aprendizagem, o artista conta com mais de 2.500 horas de formações na Arte da Cerâmica Decorativa e Utilitária, incluindo na Olaria de Roda e Cerâmica de Rakú, técnica milenar japonesa de cerâmica. Possui, também, formação em Técnicas de Acabamentos Decorativos, como Técnico de Diagnóstico e Restauro na Construção Civil, área a que se dedica profissionalmente, desde 2005.
A par das suas criações plásticas, é nesta área que tem demonstrado verdadeira inspiração criativa, revelando talento e qualidade nos serviços que executa com um profissionalismo e uma técnica artística bem reconhecidos.

Na exposição Cerâmica – a arte do fogo, o talento e a criatividade de Paulo Póvoa estão bem evidentes nos seus diversos trabalhos de cerâmica, pintura, madeira e nas composições em técnicas mistas.

*Divisão de Comunicação, Imagem, Protocolo e Turismo

Contemplados mais de 100 criadores locais. CM de Castelo de Paiva disponibilizou incentivos à criação de gado tradicional


Reconhecendo a importância da agricultura na economia no nosso concelho, o Município de Castelo de Paiva, liderado por José Rocha, atribuiu na passada semana, um apoio de 7980 euros, repartidos por 117 incentivos à criação de gado bovino e caprino, disponibilizando assim, um apoio importante sector de atividade no nosso território.
Destaca-se ainda, neste âmbito, a importante acção da “ANCRA – Associação Nacional de Criadores de Raça Arouquesa”, no apoio que presta aos produtores locais, sendo um suporte fundamental na criação e desenvolvimento deste sector na região.

Sobre a atribuição de incentivos à criação de gado tradicional, nomeadamente da Raça Arouquesa, em Castelo de Paiva, e reconhecendo a importância da agricultura na economia do concelho em particular, com o crescimento que actualmente se verifica ao nível da produção de gado bovino de raça arouquesa, o Município de Castelo de Paiva, vai continuar a apoiar e a incentivar esta actividade económica, promovendo assim a criação de emprego neste importante sector de actividade que ainda se destaca no território municipal.

Na cerimónia realizada nos Paços do Concelho, o edil paivense José Rocha destacou neste âmbito, a importante acção da “ANCRA – Associação Nacional de Criadores de Raça Arouquesa”, no apoio que presta aos produtores locais, sendo um suporte fundamental na criação e desenvolvimento deste sector de actividade no nosso concelho, especificando a continuidade deste apoio financeiro aos criadores de Castelo de Paiva.
Neste acto, esteve também o presidente da ANCRA, Fernando Moreira, que realçou a boa colaboração sempre disponibilizada pela autarquia paivense neste desígnio da preservação e ampliação da raça, e agradeceu a boa adesão dos criadores, ao mesmo tempo que se mostrou feliz e entusiasmado por se continuar a apostar nesta raça autóctone, e na sua divulgação nacional, elogiando por isso, o apoio da edilidade local, traduzido nestes incentivos financeiros agora entregues a mais de uma centena de criadores.


*Carlos Oliveira
Gabinete de Imprensa e Relações Públicas

Opinião - A minha vivência com o Zé Pedro dos Xutos


(Em Angola, no Palácio das Necessidades e na fatídica viagem a Toronto)

Conheci o Zé Pedro através de uma amiga comum da indústria musical chamada Paula Homem.

Na altura eu estava a trabalhar na Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, num projeto de apoio destinado aos jovens músicos lusodescendentes que dava pelo nome de Lusavox.
Nos preparativos da apresentação deste festival à comunicação social falei com a Paula Homem na perspetiva de haver algumas personalidades de mérito, reconhecidos do mundo da música portuguesa a apoiar gratuitamente esta iniciativa…

Claro que eu, sendo um grande fã dos Xutos e Pontapés, o primeiro nome que me veio à cabeça foi o Zé Pedro.

A Paula respondeu-me que iria tentar trazer o Zé Pedro à conferência de imprensa mas que não valeria a pena tentar combinar com muita antecedência a participação dele no evento. Iria ela pessoalmente no dia da conferência a casa dele, tocaria à porta e durante o pequeno-almoço numa pastelaria nas imediações da sua casa, explicaria a importância do Lusavox para os jovens músicos que residiam no estrangeiro.

Foi então que eu lhe perguntei; “Mas achas que resultará? As Televisões irão estar em peso no Ministério dos Negócios Estrangeiros, o ministro Luís Amado provavelmente irá estar presente e eu não posso falhar, não poderá haver nenhuma "arraca” ao que ela me respondeu; “Paulo, eu conheço o Zé Pedro, se é para apoiar os jovens músicos, podes ficar descansado. Ele vai estar presente”.

Assim foi, às 11h da manhã do dia de apresentação do projeto, estava eu de fato escuro, entre vários diplomatas à porta do Palácio das Necessidades quando Zé Pedro, de calças rasgadas e com o seu inconfundível estilo cruzou o átrio do MNE, entre os vários olhares incrédulos dos motoristas dos Mercedes do pessoal do corpo diplomático.

Quando nos cumprimentámos, disse-me com um ar que me surpreendeu; “Quem diria há uma hora atrás que iria estar aqui neste palácio” ao que eu lhe respondi “Obrigado por vires Sr. Comendador”, expressão que lhe fez soltar uma enorme gargalhada rematando “Paulo deixa-te lá dessas coisas…” Era impressionante, a humildade estava sempre presente na sua atitude…

Cruzámos as salas requintadas do palácio das necessidades até à sala de conferências do Ministério, onde também estavam presentes outros dois músicos reconhecidos; João Pedro Pais e Mariza.

Eu que tinha de escolher um dos três músicos para ir para a “mesa” de apresentação do Lusavox, não hesitei em escolher o Zé Pedro, ao que ele não hesitou um milímetro em avançar.
Entre políticos e empresários discográficos fez um discurso brilhante e motivador das novas gerações residentes no estrangeiro.

Expliquei à Mariza e ao João Pedro Pais que devido à carreira e ao reconhecimento pela comenda atribuída a Zé Pedro deveria ser ele a dar a voz principal à classe artística naquele projeto, ao que eles concordarem também humildemente.
Após este primeiro contacto tive a felicidade de viver também momentos inesquecíveis na primeira vez que os Xutos tocaram no Super Bock/Super Rock em Angola.

Depois de uma semana alojado no mesmo Hotel em Luanda que os Xutos e Pontapés (Hotel Trópico), a nossa amizade fortaleceu-se entre conversas em cafés, alguns copos no bar do Hotel e saídas à noite.

A culminar esta proximidade construída, tive o privilégio de estar presente nos bastidores dos Xutos no festival e no palco durante a sua atuação.

Neste concerto Super Bock /Super Rock Angola foi impressionante ver um estádio com 70 000 angolanos a saltar ao som dos Xutos. Lembro-me que no final do concerto disse ao Zé Pedro que aquele concerto tinha valido mais do que 10 reuniões diplomáticas para a aproximação do povo português ao angolano.

Ele respondeu “para nós é que é uma honra…”

Tudo oque se passou em Angola foi para mim uma experiência inesquecível em especial esta resposta do Zé Pedro cheia de educação, bondade, humildade e patriotismo…

Um terceiro momento em que lidei com o Zé Pedro foi numa altura bem mais triste quando em 2007, a pedido da comunidade portuguesa em Toronto, tratei dos apoios às associações portuguesas em Toronto que pretendiam levar os Xutos e Pontapés para tocarem para os portugueses emigrados.

Zé Pedro pôs-me em contacto com a Xana, (manager dos Xutos e Pontapés e irmã do baterista Kalú).

Com ela falei durante uns dois meses de forma a acertar todos os pormenores que os Xutos precisavam para ter um grande espetáculo no Canadá. Infelizmente antes da partida dos Xutos no aeroporto de Lisboa, recebi um telefonema da Xana a perguntar--me se tudo estava preparado para receber os Xutos no Canadá. Respondi afirmativamente, mal sabendo eu que ela poucos momentos depois falecia na casa de banho do aeroporto, de ataque cardíaco…

Soube no dia a seguir, pela imprensa, fiquei em estado de choque…afinal tinha sido das últimas pessoas a falar com ela, senão a última…. Telefonei ao Zé Pedro para lhe os sentimentos, não consegui, não atendeu…mandei-lhe sms…

Desde aí vi ainda várias vezes os Xutos ao vivo, principalmente no campo pequeno, na época do Natal. Voltei a ligar…o número já não era o mesmo… Ao todo devo ter visto mais de 30 concertos da maior banda portuguesa. Aquela que foi e que será sem dúvida sempre a maior…

Grande saudade Zé Pedro da tua pessoa e da tua música…Não ser o único a olhar o céu, de cima para baixo também é bonito, até nos encontrarmos novamente, vou ouvindo por cá a tua música!

*Paulo Freitas do Amaral
Professor de História
**A foto correspondente ao episódio relatado no artigo (Super bock/Super Rock Angola).