O normal seria hoje comentar a sórdida corrupção revelada nos últimos dias. Contudo, não será meu foco. Quero falar de um fato alvissareiro.
Do pântano, destaco, porém, um andrajo enlameado que não vi ainda apontado: a indiferença suicida. Antônio Palocci [foto] falou do “pacto de sangue” entre Emílio Odebrecht e Lula. Sponte propria, o dono da empreiteira teria oferecido ao ex-presidente, no intuito de preservar a relação privilegiada da empresa com o governo, pacote que incluía um sítio (presente pessoal), a sede do Instituto Lula, palestras a R$200 mil líquidos, pagos os impostos, além de R$300 milhões, de uso livre, para custear atividades políticas (claro, poderia também cobrir gastos pessoais).
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Depoimento de Joesley Batista, um dos maiores pecuaristas, se não o maior, do Brasil: “Ele [Lula] me ligou esses dias, pediu para mim [sic!] atender os sem-terra. Eu digo ‘ô presidente’(risos) ‘Joesley, eu tô aqui com o [João Pedro] Stédile não sei o que ele precisa falar com você …’ ‘Tá bom, presidente, manda ele vir aqui. Eu atendo ele, tá bom’”. No meio do riso, a promessa tácita de financiamento do MST. E o MST iria utilizar o dinheiro, sabia-o Joesley, para agredir os fazendeiros e favorecer o comunismo no Brasil. O mais grave é que não são dois exemplos isolados. São exemplos sintomáticos, são sem-número os casos parecidos na política, na religião, nos negócios, nas escolas. Tal insensibilidade morfética provavelmente constitui a pior ameaça ao nosso futuro de nação próspera, ocidental e cristã.
Falei da Venezuela. A boa notícia vem de lá. O Episcopado, através de suas figuras mais expressivas, está reagindo contra a tirania chavista. E o fato, a reatividade de um organismo vivo, tem importância enorme para a Igreja e para a sociedade.
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De outro lado, pouco antes, na 5ª feira, o arcebispo de Caracas havia denunciado ao diário “El Tiempo”, o principal de Bogotá: “É claro que existe uma ditadura na Venezuela, já que o Parlamento foi anulado. A seguir foi instituído um órgão absolutamente inconstitucional, torpe e fraudulento, a Assembleia Nacional Constituinte. É um sistema ditatorial em que não há divisão de poderes e não se respeitam os direitos fundamentais, ou seja, nem os estabelecidos na Constituição Nacional”.
No quadro da aberta oposição da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) ao governo Maduro, um de seus órgãos, a Comissão Justiça e Paz, em documento assinado por Dom Roberto Lückert León, presidente (antigo arcebispo de Coro), afirma o seguinte: “A Comissão Justiça e Paz, considerando a situação tanto dos presos políticos quanto dos presos comuns, evidenciada nas denúncias de familiares e do Observatório Venezuelano de Prisões, nas quais se descrevem tratamento cruel e desumano nos traslados e nos próprios centros de reclusão, situações anti-higiênicas, alimentação precária, falta de remédios, falta de assistência jurídica, impedimentos para visitas de familiares e falta de assistência médica. Exigimos que cesse a caça às bruxas contra os cidadãos que não pensam como o regime; exigimos que a família do general Raul Isaias Baduel seja informada de seu paradeiro e estado de saúde. Esta comissão eclesial exige o fim da perseguição, da tortura física e psicológica que indica sanha e violência contra tais cidadãos. Exigimos justiça. Caracas, 10 de agosto. Dom Roberto Lückert León, presidente.”
Com a implantação da ditadura bolivariana, muitos venezuelanos precisam disputar o conteúdo de lixo para sobreviverem
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Cada um — sem nenhuma indiferença, que no caso teria uma nota suicida —, em seu respectivo âmbito precisa ajudar a Venezuela enfraquecida a sair do abismo, no momento em que forças poderosas a empurram para mais fundo. Rússia, China, Nicarágua, Bolívia, assim como o PT e vários partidos de esquerda no Brasil trabalham a favor da clara opção preferencial pela tirania e pela fome na Venezuela. É gravíssimo. Um lembrete. Temos aqui ótima ocasião para que a CNBB, abandonando sua conduta de dócil companheira de viagem das causas da esquerda, apoie com força sua brava coirmã, a CEV. Exposta ao perigo, increpando exclusões, a CEV leva adiante uma cruzada em defesa do povo humilde e da nação perseguida. A mudança de rumos, tomara, será sintoma de que, por fim, a CNBB começou a ouvir os clamores do povo. O bom exemplo edificaria a todos os brasileiros.
Fonte: ABIM
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