Eugenio Trujillo Villegas *
![Colômbia eleições](http://www.abim.inf.br/wp-content/uploads/2018/05/Colombia-elei%C3%A7%C3%B5es.jpg)
As violações contínuas do grupo guerrilheiro ao que foi pactuado geraram um profundo descontentamento na opinião pública. Em consequência, a popularidade do presidente Santos e de seu governo despencou e é a mais baixa da história recente. Ivan Duque [foto abaixo, neste domingo, chega ao local de votação], o candidato que promete rever os acordos, está em primeiro lugar nas intenções de voto até poderia ser eleito na primeira rodada com mais de 50% dos votos.
![Colômbia eleições](http://www.abim.inf.br/wp-content/uploads/2018/05/Colombia-Ivan-Duque-300x225.jpg)
O que há agora na Colômbia é uma guerra diferente, que transcende as nossas fronteiras e vai à contramão da chamada Nova Ordem Mundial. Uma guerra que põe em evidência a forma moderna de realizar as maiores fraudes, pois é um confronto mortal entre o senso comum e a manipulação mentirosa da verdade. E é isso que está em jogo nas eleições presidenciais.
É evidente que as influências mais poderosas da Terra pretendem fazer crer que o “Processo de Paz” tem sido um sucesso retumbante. Nisso coincidem o Papa Francisco, o governo dos EUA, a ONU, a OEA, a União Europeia, os presidentes e líderes políticos de todo o Ocidente, a mídia, a instituição dos Prêmios Nobel e muitas outras forças religiosas, políticas e ideológicas. Além desse apoio internacional de dimensões colossais, todos os poderes públicos e privados da Colômbia assumiram a mesma posição. E é inegável e incondicional o apoio do Congresso da República, do Supremo Tribunal de Justiça, do Tribunal Constitucional, do Conselho de Estado, das associações empresariais, e também da Conferência Episcopal.
Todos eles, sem qualquer limite nem a menor vergonha, abençoaram e apoiaram todas as negociações. E agora se defrontam com a dura e inesperada realidade de que o senso comum, silencioso até recentemente, resolveu proclamar com voz clara e ressonante sua rejeição ao Acordo, embora a magnitude desse descontentamento só possa ser conhecida com o resultado das eleições de hoje.
É assim que esse poderoso movimento de opinião, representado na figura do iceberg, começa a emergir, impulsionado pela evidência do que é óbvio. Ou seja, o recrudescimento da luta armada em quase todas as regiões da Colômbia, falsamente atribuída pelo governo a supostas dissidências das FARC; o crescimento transbordante dos cultivos e da produção de cocaína por parte deste grupo subversivo; e também o engano a que submeteram o país e o mundo, mentindo a todos sobre as suas verdadeiras intenções durante os seis anos que este processo nefasto durou.
Pouco antes do plebiscito de 2016, Tradición y Acción fez um esclarecimento profético, que se cumpriu ao pé da letra, sobre o papel histórico de todos aqueles que promoveram o atual Processo de Paz: “… os promotores do processo passarão a ser objeto da mais profunda rejeição da maioria dos quase 50 milhões de colombianos. E a glória que esses personagens atribuíam a si logo se transformará em vergonha e repúdio de todo o País” (Cfr. El País, Cali, 30 de setembro de 2016).
Nesta perspectiva, é importante considerar a situação atual desses personagens: o presidente Santos tem os índices de popularidade mais baixos que qualquer outro presidente. As FARC tiveram que retirar a candidatura presidencial de seu comandante, Rodrigo Londoño, vulgo Timochenko, diante da rejeição indignada do povo nas poucas manifestações públicas que ele conseguiu aparecer. O negociador do governo, Humberto de la Calle, lânguido e desprestigiado candidato presidencial, não chega a 3% das intenções de voto. E o ex-vice-presidente de Santos, Germán Vargas, que foi a principal figura de seu governo e seu aliado mais próximo nos últimos oito anos, e que também está em campanha pela presidência, não ultrapassa 7% nas pesquisas.
Desta forma, as “estrelas” que criaram o “Acordo de Paz” agora só recebem a rejeição da opinião pública. E para compensar esse desastre, as forças da esquerda estão agrupadas em torno do candidato Gustavo Petro, ex-guerrilheiro do M-19, que propõe implantar radicalmente na Colômbia a ruinosa revolução socialista da Venezuela. E, mais uma vez, as empresas de pesquisa mentem ao lhe atribuir até 30% das intenções de voto, quando a Colômbia vê com horror os resultados desse sistema falido na Venezuela.
Espera-se que Ivan Duque, que provavelmente será eleito presidente, não ignore as circunstâncias excepcionais que o levarão à vitória. E que desde o primeiro dia de seu governo comece a desmontar todo o andaime destrutivo que foi introduzido na vida pública colombiana sob o pretexto mentiroso da paz. Se ele não o fizer, correrá o risco de que a mesma opinião salvadora — que certamente o elegerá — lhe cobre pelo não cumprimento de suas promessas eleitorais e o repudie com todas as suas forças por faltar com a verdade. Pois é isso que está acontecendo atualmente com o presidente Santos, que uma vez eleito presidente fez exatamente o contrário do que prometera como candidato.**
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(*) Diretor da Sociedad Colombiana Tradición y Acción.
(**) Matéria traduzida do original castelhano por Hélio Dias Viana.
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