Morreram cerca de 600 pessoas.
Uma extensa investigação da Amnistia Internacional (AI) conclui que as forças militares russas cometeram um “claro crime de guerra” quando atacaram o teatro da cidade ucraniana de Mariupol em março, matando cerca de cerca de 600 pessoas.
Após meses de investigação rigorosa, análise de imagens de satélite e entrevistas com dezenas de testemunhas, concluímos que o ataque foi um claro crime de guerra cometido pelas forças russas”, disse a secretária-geral da AI, Agnès Callamard.
“Muitas pessoas ficaram feridas ou perderam a vida neste ataque implacável. É provável que as suas mortes tenham sido causadas pelo ataque deliberado de civis ucranianos pelas forças russas”, salientou.
![](http://miraonline.pt/wp-content/uploads/2022/06/a_mariupol1.jpg)
Em maio, uma investigação da agência de notícias AP descobriu que cerca de 600 pessoas morreram no ataque ao teatro, o dobro do número estimado por Kiev, na ocasião.
Entre 16 de março e 21 de junho, a AI analisou de forma detalhada provas digitais, imagens de satélite, 52 testemunhos em primeira mão de sobreviventes e pessoas que presenciaram o ataque, plantas de arquitetura do edifício e material autenticado de fotografia e vídeo.
Num novo relatório, intitulado “‘Children’: The Attack on the Donetsk Regional Academic Drama Theatre in Mariupol” (“Crianças: Teatro Dramático Regional Académico de Donetsk em Mariupol”, em tradução simples), a organização não governamental (ONG) documenta como os russos atacaram a infraestrutura, mesmo sabendo da existência de centenas de civis, incluindo crianças.
Entrevistando vários sobreviventes e recolhendo vários dados informáticos, a equipa de Resposta a Crises da AI concluiu que o ataque foi quase certamente realizado por aviões de guerra russos que lançaram duas bombas de 500 quilogramas (kg) que caíram junto uma da outra e detonaram simultaneamente.
A AI contratou um físico para criar um modelo matemático da detonação, para determinar o peso explosivo líquido da explosão que seira necessário para causar o nível de destruição detetado no teatro.
A conclusão, segundo a ONG, foi que as bombas tinham um peso explosivo líquido de 400/800 kg.
Por seu lado, com base nos dados disponíveis sobre as bombas russas, a AI estimou que as ramas eram provavelmente duas bombas de 500kg do mesmo modelo, dando um peso total explosivo líquido entre 440 e 600kg.
As aeronaves do Exército russo com maior probabilidade de realizar o ataque eram caças multifuncionais – como os modelos Su-25, Su-30 ou Su-34 – baseados em aeródromos da Rússia próximos e frequentemente vistos a operar no sul da Ucrânia.
Após examinar várias teorias, a investigação conclui que um ataque aéreo deliberado contra um alvo civil era a explicação mais provável.
De acordo com a AI, sobreviventes e outras testemunhas admitiram terem visto cadáveres que não conseguiram identificar, sendo provável que muitas mortes estejam ainda por relatar.
O Teatro Drama de Mariupol, na região de Donetsk, tornou-se um porto seguro para os civis que procuravam abrigo dos combates.
Além de ser um centro de distribuição de medicamentos, alimentos e água, e um ponto de encontro designado para as pessoas que esperavam ser retiradas em corredores humanitários, o edifício, naquela cidade cercada, era reconhecível como uma infraestrutura civil, segundo a AI.
SIC Notícias/Lusa
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