quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Macroscópio = OBSERVADOR



Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

Já temos Orçamento Rectificativo e o Santander já tem o Banif, o governo já foi a Belém para os cumprimentos de um Natal que anuncia com muito frio, e penso não me enganar muito se adivinhar que a maioria dos leitores já “desligou” da actualidade para se entregar ao espírito mais próprio desta quadra. Também por isso este será um Macroscópio especial, o último desta semana, e nele deixarei algumas sugestões de leituras mais natalícias e outras mais destinadas a preencher alguma hora vaga de que possam desfrutar entre hoje e a próxima quinta-feira.
 
Começo por este Natal 2015, com alguns conselhos úteis que lhe fomos dando nos últimos dias. Por exemplo: Como evitar excessos e não comer demais no Natal. Ou então de que esteNatal vai ter lua cheia pela 1ª vez em 38 anos. Ou ainda para ficar a saber que O melhor bacalhau de Natal tem truques. Acha pouco? Então, se ainda lhe falta comprar a última prenda, veja se encontra aqui ajuda:


De resto, se tiver um minuto, aproveite e faça este teste parasaber se está mesmo preparado para o Natal.
 
 
Quanto a textos de fundo, devo entregar o prémio deste ano a António Araújo, que escreveu no Público sobre os Mistérios da NatividadeÉ um texto de rara qualidade que começa debaixo de terra na Praça Central de Cracóvia e acaba numa igreja de Nova Iorque, e onde se procura explicar o significado de cada uma das figuras que costumamos juntar num presépio – as que encontram justificação nos Evangelhos e as que resultam apenas da tradição. Deixem-me reproduzir o último parágrafo, o tal que nos leva até Nova Iorque:
Há poucas semanas, em finais de Novembro, uma mãe em desespero deixou o seu filho recém-nascido na manjedoura de um presépio montado numa igreja de Queens, em Nova Iorque. A polícia conseguiu localizar a mulher, que disse estar convicta de que na igreja cuidariam melhor do seu bebé do que ela. A criança, um rapaz, estava embrulhada numa toalha, trazendo ainda consigo resquícios do cordão umbilical. Segundo os jornais, a mulher não será processada criminalmente, uma vez que a legislação vigente no estado de Nova Iorque permite que os pais de crianças com menos de 30 dias as deixem ao cuidado de outrem ou as abandonem numasuitable location, um “lugar apropriado”. Neste caso, o lugar tido como “apropriado” por uma mãe em desespero foi uma igreja do bairro de Queens. Mais precisamente, a Igreja do Menino Jesus.

De entre os trabalhos de reportagem, há um aqui do Observador que se destaca pela originalidade: Rua do Benformoso. “Para festejar só preciso de um motivo, não preciso de religião.” Para quem não saiba, esta rua fica no coração de Lisboa, no sopé da colina do Castelo, não longe do Martim Moniz, e distingue-se por ser uma espécie de “torre de Babel” do pequeno comércio, onde se misturam católicos, muçulmanos e hindus. Confesso que tenho alguma ligação a ela, pois é possível nalgum daqueles espaços tenha estado, há mais de século, a mercearia onde o meu avô, vindo da Beira Baixa, encontrou o seu primeiro emprego em Lisboa. Claro que não é disso que nos fala Hugo Tavares da Silva, antes do resultado de uma viagem que, para ele, foi de descoberta, mas não só. Como ele escreve, “O Observador aventurou-se por esta rua para saber como seria o Natal daquelas pessoas. Os muitos natais. E quão diferentes. Houve alguma desconfiança, portas fechadas, ares carrancudos, timidez apesar da simpatia. Ainda assim houve quem partilhasse um pouco da sua história.” Há partes de Lisboa que nem os lisboetas conhecem e partes de Portugal que já são mais qualquer coisa, pelo que vos recomendo que acompenham esta incursão de bloco notas na mão e todos os sentidos alerta.

Antes de deixarmos este temas de Natal, deixem-me dizer-vos que Sozinho em Casa está longe de ser o mais celebrado filme de Natal, apesar das inúmeras vezes que passou nas nossas televisões. Por outras bandas a escolha recai num clássico, It's a Wonderful Life (Do Céu Caiu uma Estrela na versão portuguesa), o filme de Frank Capra rodado em 1946 que os cinéfilos ingleses tâm escolhido, como sucedeu em 2013 e 2014, como o melhor filme de Natal de sempre. É curioso que isso suceda, pois o filme protagonizado pelo inesquecível James Stewart nem sequer foi muito bem recebido pela crítica na altura da sua estreia. Para o crítico do New York Times, por exemplo, “the weakness of this picture, from this reviewer's point of view, is the sentimentality of it—its illusory concept of life.” Com o passar do tempo o filme acabaria por ser redescoberto, tornando-se um clássico. Essa história vem bem contada num site que faz a crítica das críticas, ReelViews, onde James Berardinelli recorda como o filme renasceu das cinzas: “It was the expiration of It's a Wonderful Life's copyright that transformed it into a Christmas staple. Once the film began showing with such frequency during the month of December, a whole new generation of movie-lovers discovered (and fell in love with) the previously-obscure release. Critics of the '70s and '80s took a look at the movie, and the reviews were almost unanimously positive (…). It's a Wonderful Life achieved its deserved recognition, albeit four decades after it was first released.”
Não consegui descobrir se algum canal de televisão, mesmo no cabo, programou Do Céu Caiu uma Estrela para um dos próximos quatro dias, mas se nunca viu este filme, não deixe de o fazer se tiver uma oportunidade, agora ou mais tarde. Verá por que razão é considerado um grande clássico.

Saio agora das sugestões natalícias para deixar outras que, sendo variadas, proporcionarão, estou certo, bons momentos de leitura - e de reflexão. Eis-las:
  • Winston Churchill. A falta que ele nos faz, um ensaio de Filipe Ribeiro De Meneses para o Expresso, escrito a propósito da passagem, este ano, de 50 anos sobre a sua morte: “Reacionário, racista e chefe militar desastrado? Ou mente visionária, estadista destemido e irredutível defensor da liberdade? A história de Winston Churchill não tem uma só dimensão. Mas há lições a retirar do seu desempenho político, 50 anos depois da sua morte. São lições a reter por políticos ou por quem tem ambições políticas. Mas são, sobretudo, lições a reter por si, caro eleitor”.
  • “O Ocidente acabou. O declínio é irreversível”, uma entrevista, também saída no Expresso, ao historiador Niall Ferguson, realizada a pretexto do seu livro mais recente, uma biografia de Kissinger, onde este se mostra bastante pessimista sobre o nosso futuro, sobretudo na Europa: “O declínio europeu parece-me irreversível. Económica, demográfica e psicologicamente. Os europeus têm as instituições mas não acreditam nelas. Aliás, nas nossas próprias escolas ensinamos quão fraco é o Ocidente. Temos instituições mas elas estão corroídas.”
  • Uma obra-prima à espera de leitores, um especial de Joana Emídio Marques aqui no Observador onde ela nos fala de uma obra quase esquecida, Húmus, de Raul Brandão.  Pequena passagem: “Publicado pela primeira vez em 1917, Húmus, será por duas vezes revisto por Raul Brandão e só em 1926 sai a versão definitiva do livro. Apesar de contemporâneo do grupo do Orfeu, apesar de ser claramente um modernista e de estender o decadentismo e o simbolismo, “é claramente uma obra expressionista, a primeira e uma das únicas obras expressionistas da literatura portuguesa”, afirma, em entrevista ao Observador, José Carlos Seabra Pereira, da Universidade de Coimbra, um dos principais conhecedores da obra de Raul Brandão. E acrescenta: “Se Húmus fosse um quadro era O Grito, de Munch”.”
  • What the Führer means for Germans today, um trabalho da The Economist incluído no seu (famoso) número duplo especial de final do ano e que, também a propósito de um livro, aborda o tema sempre delicado da memória de Hitler na Alemanha de hoje. Tudo a propósito da edição em alemão de “Mein Kampf”, a obre do Führer que esteve 70 anos proibida naquele país. A conclusão é optimista, ou quase: “If a country can ever be said to be good, Germany today can. And yet Germans know that whenever others are angry with them, they will paint a Hitler moustache on posters of their chancellor. Many Germans are fed up with this (…). Other Germans, mainly on the left, fret about a new “post-post-nationalism”, as Germany tentatively articulates its self-interest abroad. For most countries, this would count as normal. For Germany, it remains complicated.”
  • A poetic and jargon-free textbook on theoretical physics is a surprise Christmas bestseller, um trabalho da Spectator sobre o surpreendente sucesso de um livro (lá continuo eu com livros…) que já recomendámos no Observador (aqui),Seven Brief Lessons on Physics. Um livro que em Itália, país do seu autor, vendeu mais do que 50 Sombras de Grey. Possível explicação: “Rovelli is taking aim at what C.P. Snow called the ‘Two Cultures’ of science and the arts. Writing in the 1960s, Snow argued that the world of words and of numbers were slowly divorcing — with potentially disastrous effects for basic human understanding — and that the scientists would become boffins, unable to communicate outside their milieu, and that the rest of us would give up even attempting to understand science. ‘I see no incompatibility between the two cultures, only mutual attraction,’ Rovelli insists. This is his belief: that non-specialists are fascinated by science, if only it can be explained properly. The sales of his book suggest that he might just be right.”
  • The Death of God Is Greatly Exaggerated, uma entrevista do Wall Street Journal a Eric Metaxas, um autor e comentador muito conhecido nos Estados Unidos pela sua defesa enérgica da Cristandade, e que nesta conversa explica porque defende “on why faith and science are not opposed, and why the public square benefits from expressions of belief.” É um texto onde também revela como ele próprio se tornou cristão: “While he “floundered,” he was influenced by a good friend who was a Christian. Mr. Metaxas’ initial attitude was: “Don’t come too close. That’s all that weird stuff I’ve been trained to avoid. On the other hand, tell me just a little bit more.” The friend gave him “The Cost of Discipleship,” by Dietrich Bonhoeffer, the German Lutheran pastor from a prominent family who stood in solidarity with the Jews in World War II, publicly denouncing the Nazis at his peril. At age 39 Bonhoeffer was murdered by Hitler’s henchmen two weeks before the Americans liberated Flossenbürg. This story laid the groundwork for Mr. Metaxas’ “dramatic” conversion experience, which he says happened overnight, in a dream. It was “game over.” He said he knew he believed in Christianity and his only question was: “How do I reconcile my life to this?” That continues to be a work in progress.”
 
Com esta meia dúzia de sugestões bastante variadas, e intemporais q.b., despeço-me por quatro dias. Regresso segunda-feira. Até lá só posso desejar a todos um Natal muito feliz.  

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Nova biblioteca municipal de Vagos já se encontra aberta ao público


by Mira Online
Decorreu no passado dia 19 de Dezembro de 2015, a inauguração das novas instalações da Biblioteca Municipal de Vagos.
Este novo espaço cultural, que mantém a fachada original da antiga Escola Preparatória João Grave é composto por uma sala polivalente/pequeno auditório, espaços dedicados à leitura de lazer ou de estudo, locais para visionamento de filmes ou audição de música, sala da hora do conto e, ainda, pontos de acesso à internet.
O fundo documental possui cerca de 20000 livros e 1100 em outros formatos, tais como CD, DVD, CD-ROM e livros eletrónicos.
O projeto da biblioteca municipal foi apresentado aos fundos comunitários do QREN em 2010 e a sua construção iniciou-se em 2011.
Para além da construção da Biblioteca Municipal, foram igualmente comparticipados por fundos comunitários, a aquisição de equipamento e software informático, o fundo documental e o respetivo mobiliário.
Esta nova casa do conhecimento, da cultura e do lazer, do município vaguense teve um custo total, de 1.509.234,21€, sendo financiados em 85%, pelos fundos comunitários.
Foi apoiada tecnicamente pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, no âmbito do Programa da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas.
A Biblioteca Municipal encontra-se agora na Rua Dr. Mendes Correia (Pai) - Estrada Nacional 109 e funcionará de terça-feira a sábado, das 10h às 20h.
Inúmeras atividades serão dinamizadas neste novo espaço com projetos de incentivo à leitura procurando sempre que quem visite a biblioteca se sinta bem neste novo espaço de aprendizagem.
A “Hora do Conto” é uma das atividades que começa já no próximo sábado, dia 26 de Dezembro, pelas 15:00 horas, com a história: “A Princesa e o cérebro que sentia demais”. Crianças a partir dos 2 anos vão poder assistir a este momento mágico num espaço acolhedor e criativo. A oficina de artes não irá faltar, onde de seguida, as crianças serão convidadas a realizar uma pintura com base na temática do conto. No próximo dia 2 de Janeiro de 2016 a “Hora do Conto” regressa com “Os mistérios de Casimiro”, também, pelas 15:00 horas.
A “Hora do Conto” vai ao encontro de todos e para quem não possa visitar este espaço, vai poder usufruir das “Histórias com a Rádio”. Um sábado por mês, em horário ainda a definir, a Rádio Vagos FM, é parceira levando aos seus ouvintes a transmissão da leitura de um conto para ser ouvido em casa.
As oficinas e tertúlias, também fazem parte da dinamização da biblioteca.
As “Histórias com o Xadrez” é uma oficina (de longa duração) para aprender a jogar xadrez, criar o próprio tabuleiro e respetivas peças (em barro). Por sua vez os participantes terão que criar uma história com as peças do tabuleiro. A história mais original receberá um prémio.
Esta atividade é dirigida as crianças entre os 10 e 15 anos e tem início no dia 27 de Janeiro de 2016, das 17:30 horas às 19:00 horas, à quarta e quinta-feira (duas vezes por mês).
As inscrições estão abertas a partir de 27 de Dezembro de 2015 até dia 10 de Janeiro de 2016 e podem ser feitas para o e-mail: lurdes.carvalhais@cm-vagos.pt, enviando o nome, idade, contacto telefónico ou e-mail.
Já as “Histórias Com Gentes Da Nossa Terra” é uma iniciativa que tem como finalidade convidar uma personalidade local para contar uma história marcante da sua vida ou falar de um livro que o tenha marcado. As datas e horário serão anunciados brevemente.
O serviço de psicologia da câmara municipal de Vagos, irá dinamizar o projeto “Biblioterapia”, dirigido a toda a comunidade. A “Biblioterapia”, como o próprio nome indica, tem como objetivo a terapia por meio da leitura, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida das pessoas. A leitura funciona tanto como uma atividade de lazer, para aliviar a tensão do ambiente, quanto uma forma de conhecimento e atualização.
Quem estiver interessado deverá contactar o serviço de psicologia da câmara municipal através do seguinte contacto:  234 799 600.
Estas e muitas outras iniciativas farão parte da dinamização da biblioteca municipal.

Dia 30 de Dezembro das 16:00 horas às 20:00 horas Colheita de Sangue e Registo para Medula Óssea no Posto Fixo da ADASCA em Aveiro

Compareçam, não deixem de convidar os vossos familiares e amigos. O Posto Fixo da ADASCA fica localizado no Mercado Municipal de Santiago, 1º. Piso. O dito mercado dispõe de um elevador, um parque de estacionamento onde os dadores podem estacionar as viaturas, sem que corram o risco de serem multados.

Gestos simples que salvam vidas
Todas as pessoas interessadas em aderir pela primeira vez à dádiva de sangue, estão convidadas a comparecer, fazendo-se acompanhar do B.I. ou do seu substituto de forma a facilitar a inscrição junto do administrativo do IPST, o mesmo deve acontecer com os dadores regulares.

Não se deve doar sangue em jejum, deve-se sim, tomar o pequeno-almoço com exclusão de bebidas alcoólicas. Doar sangue não cria habituação, não emagrece nem engorda, bem pelo contrário, faz bem á saúde.

Lembramos que é necessário efectuar duas dádivas no ano económico para continuar a beneficiar da isenção das taxas moderadoras, ainda que só sejam válidas nos Centros de Saúde (cuidados primários), através da apresentação da Declaração emitida pelos Administrativos do IPST, devendo os dadores guardar uma cópia da referida dádiva.

O sangue é necessário todos os dias, todos sabemos disso. O Sangue não se fabrica artificialmente. O Sangue corre nas suas veias. É saudável? Dê Sangue! Ajude os outros… Poderá ser você mesmo a precisar de ajuda! Doar sangue e medula óssea é um gesto solidário que ajuda a salvar vidas. Não fique indiferente.

Dádiva a dádiva… E a vida recomeça num adulto ou numa criança! Saiba como, quando e onde pode dar Sangue em Aveiro, contacte-nos pelos meios abaixo indicados.

Deixe-se levar pelo Coração. Dê Sangue, porque dar sangue é dar vida. Os questionários para a dádiva de sangue, são distribuídos pela ADASCA no local a partir das 8:00 horas, para adiantar o atendimento dos dadores. O Sangue é "a água necessária" que faz correr o rio da vida! (Elsa Oliveira). Esta jovem já nos deixou… fisicamente. Paz à sua alma.

NOTA: Artigo 7.º - Ausência das actividades profissionais
1 — O dador está autorizado a ausentar-se da sua actividade profissional pelo tempo necessário à dádiva de sangue, a Lei confere essa permissão, devendo o dador posteriormente fazer prova à entidade empregadora mediante a declaração que deve ser pedida no local onde se efectua a dádiva.

Diário da República, 1.ª série — N.º 165 — 27 de agosto de 2012, Lei n.º 37/2012 de 27 de Agosto, Estatuto do Dador de Sangue.

Amem a liberdade, sejam felizes.
Joaquim Carlos
Presidente da Direcção da ADASCA

Telef: 234 095 331 (Sede) ou 964 470 432
Coordenadas GPS:
N 40.62659
W -8.65133      
Nota: o mapa de Brigadas para todo o ano 2016 pode ser solicitado através deste e-mail: geral@adasca.pt, podendo ser consultado no site indicado acima.
 Localização do Mercado Municipal de Santiago em Aveiro

Sócrates é o político mais visado em escândalos em 40 anos de democracia – estudo

Em 40 anos de democracia, o antigo primeiro-ministro José Sócrates é o político mais visado em escândalos políticos na comunicação social, tanto em frequência de peças, como em número de casos, conclui uma tese de doutoramento da Universidade de Coimbra.
A tese, intitulada "A mediatização do escândalo político em Portugal no período democrático", analisou o período de 25 de abril de 1974 a 25 de abril de 2014 a partir da cobertura de semanários de referência, além de ter identificado 99 casos de escândalo político e 126 protagonistas a partir da pesquisa e análise de 4.739 peças do “Expresso”, “O Jornal”, “O Independente” e “Sol”.
José Sócrates é o protagonista "mais visado", disse à agência Lusa o autor da tese, Bruno Paixão, sublinhando que para este estudo, cuja análise terminou a 25 de abril de 2014, não foram abordados outros casos mediáticos, como a Tecnoforma, que visa Passos Coelho, a Operação Marquês (José Sócrates) ou os vistos Gold (Miguel Macedo).
Com maior número de peças, está Sócrates, seguido de Armando Vara (PS), Isaltino Morais (PSD), Leonor Beleza (PSD), Carlos Melancia (PS), Paulo Portas (CDS), Paulo Pedroso (PS), Costa Freire (PSD), Fátima Felgueiras (PS) e Duarte Lima (PSD).
No número de casos, volta a aparecer Sócrates, com nove casos, seguido de Armando Vara e Mário Lino (PS), com cinco casos, Paulo Portas, Duarte Lima, Paulo Penedos (PS) e Nobre Guedes (CDS), com quatro, e depois Miguel Relvas (PSD), Rui Pedro Soares (PS), Abel Pinheiro (CDS), Cavaco Silva (PSD) e Mário Soares (PS), com três.
"Os ataques à justiça e aos ‘media’ não devem ser desvalorizados. [José Sócrates] tanto tem amigos para a vida como inimigos para a vida e isso é percetível na forma como é tratado", apontou.
O investigador frisou que num inquérito ‘online’ que realizou para a tese três semanas após a detenção de Sócrates, ao qual responderam 1.436 pessoas, apenas 04% dos inquiridos afirmaram achar que este estaria inocente.
O sistema judicial, "ao deixar que saiam informações em segredo de justiça para as páginas de jornais, permite que sejam feitos julgamentos mediáticos, independentemente do desfecho" em tribunal, sublinhou.
"O maior desafio", na sua perspetiva, centra-se na necessidade de se debater a forma como é fornecida informação por parte da justiça e os critérios utilizados para que esta seja transmitida. "Terá de se pensar no segredo de justiça e tomar importantes decisões: ou se mantém e se pune quem o prevarica ou então abre-se o segredo de justiça".
Fonte: Lusa

Várias demissões em Lisboa devido ao caso do jovem que morreu por falta de médico

Em causa está a morte de David Duarte, de 29 anos, que morreu pelo facto de o Hospital de São José, em Lisboa, não ter a trabalhar ao fim de semana a equipa médica que o podia salvar. Demissões abrangem diversos responsáveis hospitalares
O presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro, a presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central (inclui o São José), Teresa Sustelo, e o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (inclui o Santa Maria), Carlos Martins, apresentaram a demissão esta terça-feira. A decisão, anunciada em conferência de imprensa sem direito a perguntas, surge na sequência de um caso trágico que está a abalar o país: David Duarte, de 29 anos, perdeu a vida na madrugada de 13 para 14 de dezembro (de domingo para segunda-feira) no Hospital de São José, em Lisboa, porque a equipa médica que o poderia salvar recusa trabalhar ao fim de semana pelo valor que o Estado paga.
Na conferência de imprensa em que apresentou a demissão, no Ministério da Saúde, Luís Cunha Ribeiro garantiu que não se voltará a repetir o que aconteceu com David Duarte. “Foi autorizado que passe a haver resposta para situações deste género. Doentes em situações semelhantes não terão o mesmo destino daquele que ocorreu há uma semana.
A morte de David Duarte por falta de médicos na escala de fim de semana capazes de intervir em casos de rutura de aneurisma (provocando uma hemorragia cerebral) “acelerou” o desfecho de uma negociação que se arrastava. Fonte do hospital revelou ao Expresso que já foi possível chegar a acordo com a tutela para aumentar o valor pago aos especialistas pelo trabalho extraordinário aos sábados e domingos.
“Em Janeiro, talvez já venhamos a ter equipa. Vão pagar mais, praticamente repondo a situação que existia antes dos cortes de 50% nas horas fora do horário normal”, contou a mesma fonte. A redução imposta pelo anterior Governo ditou a “suspensão da prevenção aos fins de semana da neurocirurgia vascular desde abril de 2014”, confirmou a administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), onde o São José está integrado.
NEUROCIRURGIÕES “ESPECIAIS”
A neurocirurgia vascular é uma área especializada da neurocirurgia focada nas intervenções ao nível dos vasos sanguíneos do cérebro, por exemplo, e para a qual poucos neurocirurgiões estão preparados. No caso do Hospital de São José, há apenas quatro e são eles que asseguram o funcionamento da equipa — constituída por dois neurocirurgiões vasculares, um anestesista, três enfermeiros e assistentes operacionais também com preparação específica. “O hospital tem sempre neurocirurgia aos fins de semana, mas o neurocirurgião comum não está preparado para intervir em casos de aneurismas como este, que requerem uma cirurgia altamente diferenciada”, explica Nuno Reis, diretor do Serviço de Neurocirurgia do CHLC.
Os responsáveis pelo CHLC explicam que, “sendo a prevenção de regime voluntário, existiu indisponibilidade por parte de alguns profissionais para a fazer, o que se deve às alterações remuneratórias”. Referem ainda que “alguns daqueles profissionais rejeitaram os valores atualmente propostos para o pagamento dessas horas de prevenção, o que inviabiliza o indispensável trabalho de equipa”. O Expresso apurou que a recusa partiu dos enfermeiros.
Sobre a possibilidade de transferir o doente para outra unidade, Nuno Reis foi perentório: “Nestes casos, o transporte é terrível porque o doente tem de estar o mais estável possível.” Por ser próximo, o Hospital de Santa Maria poderia ter sido uma alternativa, mas também ali não há equipa de neurocirurgia vascular durante o fim de semana.
Em outros grandes hospitais do país, a situação é diferente. No Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, “o Serviço de Neurocirurgia funciona 24 horas, sete dias por semana, 365 dias por ano. Existe, desde 2004, um programa que garante a cirurgia precoce de aneurismas rotos nas primeiras 72 horas após a rutura, sendo que a grande maioria é operada nas primeiras 24 horas. São quatro neurocirurgiões que integram o programa, sendo que as equipas comportam ainda um ajudante (especialistas ou interno), um anestesista, três enfermeiros e um auxiliar”.
Mais a norte, “no Centro Hospitalar do Porto (de que faz parte o Hospital de Santo António), ao fim de semana está sempre uma equipa, que não inclui só médicos”. No vizinho São João, “o Centro Hospitalar dispõe de neurocirurgia vascular durante as 24 horas, todos os dias”.
Em Braga, por exemplo, há equipa “24 horas durante a semana e no fim de semana há mais de dez anos; a equipa é composta por nove médicos, sendo dois muito diferenciados”. Já no Garcia de Orta, em Almada, “o Serviço de neurocirurgia, aos fins de semana, resolve as situações emergentes que surgem no âmbito da neurocirurgia vascular”.
Fonte: expresso

Banco de Portugal diz que venda do Banif “solução de último recurso”

O governador do Banco de Portugal disse esta terça-feira, em comunicado, que a venda do Banif e aplicação de uma medida de resolução foi a "solução de último recurso" que permitiu proteger a estabilidade financeira e as poupanças dos clientes.
"Face às circunstâncias e restrições existentes, a venda da atividade do Banif num quadro de resolução foi a solução de último recurso que permitiu salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro nacional e proteger as poupanças das famílias e das empresas, bem como o financiamento à economia", lê-se no comunicado do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, hoje divulgado.
No texto, conhecido quando decorre a audição no parlamento do ministro das Finanças, Mário Centeno, precisamente sobre o resgate ao banco, o responsável pelo supervisor e regulador bancário afirmou que, neste processo, "o Banco de Portugal atuou no quadro do seu mandato e das suas competências" e diz que está "totalmente disponível para colaborar com a Comissão Parlamentar de Inquérito no apuramento de todos os factos".
O Banco de Portugal faz um breve relato da 'história' do Banif com as autoridades europeias desde que recebeu a injeção de 1.100 milhões de euros de dinheiro estatal no fim de 2012 para dizer que, em contrapartida e tal como os outros bancos recapitalizados com dinheiro público, este teve de elaborar um plano de reestruturação da "responsabilidade do Conselho de Administração e dos acionistas".
Até julho de 2015, relata, foram submetidos à Comissão Europeia seis planos, que não foram aceites, e nesse mês Bruxelas abriu uma "investigação aprofundada ao auxílio estatal ao Banif".
É então feita uma nova versão do plano de restruturação que é enviado à Comissão Europeia a 18 de setembro.
"Na ausência de um plano de reestruturação do Banif aprovado pela Comissão Europeia, e perante a possibilidade de vir a ser declarado ilegal o auxílio de Estado, com a consequente exigência da sua restituição, os acionistas e o Conselho de Administração do Banif iniciaram um processo de venda da instituição", relata o governador.
O Banco de Portugal passa então para a data de 19 de dezembro, último sábado, para dizer que nesse dia dizer que o Ministério das Finanças o "informou" de que "não tinha sido possível concretizar a venda de ativos e passivos do Banif no âmbito do processo de alienação voluntária, porque todas as propostas apresentadas pelos potenciais compradores implicavam auxílio do Estado adicional, o que, por sua vez, implicava que a alienação apenas poderia ter lugar no contexto de resolução".
É neste ponto que o Banco de Portugal diz que a venda em contexto de resolução da instituição é a "solução de último recurso".
Quanto ao modelo do processo de alienação, o supervisor refere que decorreu de "negociações entre o Governo, o Banco de Portugal e a Comissão Europeia, das quais resultaram condicionalismos diversos, nomeadamente quanto ao perfil dos potenciais compradores da atividade do Banif".
Numa das deliberações do Conselho de Administração do Banco de Portugal, divulgadas na segunda-feira à noite, é dito precisamente que foram escolhidos os bancos Santander Totta e Popular para negociar a venda do Banif.
O Banco de Portugal diz ainda que, uma vez que ao Banif foi aplicada uma medida de resolução e que as normas obrigam à "aplicação de parâmetros de valorização próximos de um conceito de liquidação, isto é, consentâneos com uma venda num curto espaço de tempo", os ativos do banco foram avaliados num valor significativamente inferior ao que estava registado no balanço, motivo pelo qual "a medida de resolução determina necessidades suplementares de financiamento da operação".
O Governo e o Banco de Portugal anunciaram no domingo a venda do Banif ao Banco Santander Totta, por um valor de 150 milhões de euros, no âmbito da medida de resolução aplicada ao banco cuja maioria do capital pertencia ao Estado português, de forma a impedir a sua liquidação, numa operação que envolve um apoio público estimado em 2.255 milhões de euros.
Ainda sobre o apoio público concedido nesta operação, o Banco de Portugal diz que as necessidades foram estimadas refletindo "também a valorização que foi atribuída à atividade do Banif pelos compradores nas circunstâncias de venda conhecidas e ainda as decisões tomadas quanto ao envolvimento dos credores do Banif no esforço de absorção de perdas".
De acordo com as informações publicadas pela imprensa, a Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, obrigou à aplicação de um 'hair cut' (corte) de 75% ao valor dos ativos transferidos para o veículo que pertencerá ao Fundo de Resolução.
Fonte JN

Passos dá a mão ao PS e salva primeiro Orçamento de Costa

O governo PS recusa o essencial das condições que o Bloco de Esquerda impôs para viabilizar o Orçamento Retificativo através do qual se alarga o limite da dívida para poder cobrir a intervenção estatal no Banif. A saber: controlo governamental da autoridade de resolução bancária (agora essa autoridade pertence ao Banco de Portugal) e a colocação do Novo Banco na esfera pública, com controlo estatal - e, portanto, extinguindo-se a intenção de venda.
Ontem, o ministro das Finanças foi à comissão parlamentar de Orçamento apreciar o Orçamento Retificativo que o governo teve de apresentar à pressa para encaixar nas contas públicas - e que hoje será discutido e votado no hemiciclo.
Mariana Mortágua apresentou as condições do Bloco e depois o secretário de Estado adjunto do ministro das Finanças, Mourinho Félix, disse-lhe, no que toca à governamentalização da autoridade de resolução, que "o PS não abdica" do seu compromisso com as "regras europeias" do setor - dizendo estas que é o supervisor quem controla a resolução e não o governo.
Quanto à outra condição - estatização do Novo Banco -, foi o próprio ministro, Mário Centeno, quem deu a nega ao BE, dizendo que a recapitalização da instituição será feita de modo que "não imponha mais custos para o contribuinte". Por outras palavras: Centeno não quer controlo público do Novo Banco. Tudo o que o governo admite, para já, é uma "reflexão" sobre a separação entre supervisão bancária e entidade de resolução, porque, como reconheceu Mourinho Félix, há um problema de "conflito de interesses".
Em suma: à esquerda do PS, a disponibilidade para viabilizar o Orçamento Retificativo é pouca (no Bloco) ou nenhuma mesmo (PCP e PEV anunciaram que vão votar contra). Com esses votos (36 ao todo, 19 do BE e 17 da CDU), o governo de António Costa não poderá contar. É a primeira divisão importante desta legislatura na frente de esquerda que dá suporte parlamentar ao executivo.
Seja como for, a esta divisão da esquerda poderá também corresponder uma divisão da direita.
O PSD irá hoje viabilizar o Retificativo. Porém, o CDS não o deverá fazer. Fonte próxima da direção centrista disse ontem ao DN que o partido estava a analisar a audição de Centeno no Parlamento. A "inclinação era para um voto negativo" - mas só depois do fecho desta edição do DN isso seria decidido.
O primeiro a abrir a porta no PSD à viabilização da proposta governamental foi o próprio líder do partido, Passos Coelho, que admitiu não ter uma solução melhor para o Banif do que a encontrada pelo governo.
"Com a experiência que tenho (...) admito que não teria uma solução muito diferente desta que foi adotada". Isto porque - e aí defendeu os atos durante a sua governação - "não foi possível identificar ao longo destes anos um comprador para o Banif".
O DN confirmou depois com várias fontes da bancada social-democrata que a decisão deverá pender no sentido da abstenção. "Possibilidade real", disse um deputado do PSD. "Hipótese mais provável", apontou outro. Um deles sugeriu que se olhasse com atenção para as declarações do líder parlamentar.
Luís Montenegro destacou que "a responsabilidade da aprovação das iniciativas do governo cabe aos partidos que suportam o governo". O líder da bancada do PSD acrescentou ainda que esta seria "uma boa oportunidade de os partidos que suportam o governo construírem uma posição política conjunta, que foi, aliás, aquilo que sustentou o início de funções deste governo".
Atente-se na semântica: Montenegro diz que a "responsabilidade de aprovação" é da oposição. Mas a responsabilidade de viabilização já pode ser do PSD, em nome do "interesse nacional". Foi o que explicou fonte parlamentar do PSD ao DN, que disse que "faz muito mais sentido a abstenção do que votar a favor".
A juntar a isto também os deputados eleitos pelo círculo da Madeira (são três) vão tomar uma posição no sentido de viabilizar o Orçamento. Quem o confirmou foi o próprio presidente do PSD-M, Miguel Albuquerque: "Não votar contra o Orçamento Retificativo foi a indicação que dei aos deputados, uma vez que este vem resolver uma situação que para nós é muito importante, que é a manutenção dos depósitos e assegurar os depósitos no Banif e os postos de trabalho." Quanto às duas opções em aberto não revelou a decisão, dizendo que "pode tanto ser abstenção como o voto a favor".
Uma eventual abstenção do PSD (89 deputados) até poderá permitir que todas as outras bancadas (exceto a do PS, claro) votem contra. BE+CDS+CDU+PAN somam 55 deputados - portanto, bastante menos do que os 86 do PS.
Fonte: DN