Luis Dufaur (*)
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Os monges não querem aumentar a produção para não por em perigo o recolhimento de sua vida monástica. Continuam fazendo a melhor cerveja do mundo sem finalidade de lucro, para garantir sua sobrevivência, sem procurar notoriedade ou fama. Tampouco produzem o ano todo, e só vendem num período limitado deste. Quando a data se aproxima, a notícia se espalha como mancha de óleo, sem publicidade. Com formato delicado e elegante, a garrafa não tem etiqueta alguma: todas as informações estão na tampinha. O Padre Joris, responsável pela produção, explicou por que não vão aumentar a quantia elaborada: “Não somos produtores de cerveja. Somos monges. Produzir cerveja nos permite ser monges. Não há motivo para ganhar dinheiro. Se aumentássemos a produção e abríssemos franquias, esta atividade deixaria de ser parte integrante da nossa existência. Portanto, a produção ficará em 4.500 hectolitros por ano, com uma venda ao público limitada num período de 70 a 75 dias”. No dia em que começa a venda ao público, a região é invadida, tendo sido registradas filas de carros de três quilômetros. A polícia é mobilizada para garantir a ordem. Os monges recomendam a seus clientes de não revenderem a cerveja com finalidades lucrativas, sobretudo evitarem a sua comercialização a preços injustos, pois a garrafinha chega a ser oferecida na Internet por 450 dólares. Recentemente, os monges tiveram de reformar o mosteiro, danificado por obra dos anos. Para reunir os fundos necessários, criaram uma bela caixinha com os dizeres “Uma cerveja por um tijolo”, também em número limitado, solicitando ajuda para a ampliação do mosteiro e a restauração do claustro da Abadia. Como na Idade Média, na fidelidade estrita ao “Ora et labora” do grande São Bento, fundador da família beneditina há XVI séculos!
( * ) Luis Dufaur é escritor, jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM
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