Luis Dufaur (*)
A adição a drogas químicas de efeito análogo ao ópio – ou opióides – mata “em média 142 americanos por dia nos Estados Unidos”, concluiu a Comissão para o Combate à Toxicodependência e à Crise de Opióides, composta por legisladores dos dois grandes partidos americanos, o Republicano e o Democrata.
Por isso, segundo a Comissão, os EUA “estão tendo um número de fatalidades igual a um 11 de setembro a cada três semanas”, informou a BBC Brasil.
Os opióides atingem as células nervosas e o cérebro. Alguns deles estão proibidos, como a heroína, ou funcionam como analgésicos que exigem receita médica muito controlada, como a morfina, a codeína, o fentanil e o oxicodona.
Desde 1999 o número de mortes por abuso de opióides quadruplicou, disse a comissão, citando o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).
Um terço dos americanos recebeu prescrição de opióides em 2015.
A Comissão recomendou o estudo de novas formas de tratamento para os cerca de 100 milhões de adultos americanos (dados do Instituto de Medicina das Academias Médicas) que sofrem de dor crônica.
Alguns pesquisadores acreditam que muitos médicos optam com frequência por medicamentos opióides, como Percocet e OxyContin, este último comercializado no Brasil.
Na última semana, um médico do Estado de Indiana foi morto pelo marido de uma paciente após se recusar a lhe prescrever opióides.
Pacientes que deixaram de receber a prescrição recorrem algumas vezes às ruas para procurar heroína, que em algumas cidades pode ser mais barata que a cerveja.
A heroína, segundo a polícia, é muitas vezes misturada com fentanil, um poderoso analgésico que teria causado várias mortes por overdose.
O abuso de drogas – inclusive daquelas receitadas originalmente como medicamento – está produzindo assim, a cada três semanas, uma hecatombe superior à do maior atentado terrorista da História.
A alegria com que a mídia comemorou a liberação da venda da maconha no Uruguai com “finalidades terapêuticas” é comparável, mutatis mutandis, ao frenesi com que em algumas capitais árabes os grupelhos fanáticos comemoraram os aviões de passageiros sendo explodidos contra as Torres Gêmeas.
Neste caso, é a ordem civilizada que está sendo explodida com a generalização das drogas.
( * ) Luis Dufaur é escritor, jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM
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