O relatório do Banco Mundial "Mozambique Service Delivery Indicators for Education(Indicadores de Prestação de Serviços em Moçambique para a Educação) assinalou o absentismo do professores e alunos e a fraca capacidade dos professores como os principais factores que contribuem para a redução da taxa de conclusão do ensino primário do 2o grau (6a e 7a classes) e consequentemente do ensino secundário.
No entanto o @Verdade apurou que existe um outro factor fundamental que o estudo não refere e está relacionado com a distância que alunos e professores devem percorrer todos os dias para chegarem à escola.
Em todos os povoados que aleatoriamente visitamos na província de Nampula existe escola primária até a 5a classe. Todavia a 6a e 7a classes só são leccionadas nas sedes distritais que distam vários quilómetros da maioria das povoações, duas que visitamos recentemente distam cerca de 100 quilómetros.
À margem do lançamento do relatório de 2017 "Pulse of Africa" que enfatiza a crise que a Educação enfrenta no nosso continente, e no nosso País, o @Verdade questionou em Washington David Evans, Economista chefe de desenvolvimento humano, sobre este factor adicional.
Evans não só admitiu a relevância do factor distância como apontou a criação de internatos para o ensino primário do 2o grau, assim nas escolas secundárias, como algumas das soluções para que mais moçambicanos consigam estudar pelo menos até 12a classe.
São necessárias habilidades sociais e emocionais
Mas enquanto no nosso País não se consegue garantir que as raparigas e rapazes que entram para a escola só saíam de lá com o ensino secundários concluído o Banco Mundial desafia os Países africanos a fazerem uma educação mais inclusiva e que dê aos alunos mais habilidade que tenham em os desafios futuros da economia.
“A história mostra-nos que nenhum País conseguiu crescimento sustentável (do Produto Interno Bruto) durante longo período, sem estar dependente de commodities, sem um forte investimento nas habilidades de leitura e escrita. Se a maioria da população não sabe ler e escrever bem e não domina a Matemática não haverá crescimento a longo prazo, como por exemplo aconteceu com a Coreia do Sul ou Singapura”, explicou David Evans durante o lançamento do “Pulse of Africa” em Washington.
De acordo com o Economista do Banco Mundial, “Habitualmente quando falamos de habilidades pensamos primeiro na formação técnico-profissional, vocacional ou engenharia, essas são cruciais mas temos de olhar de uma forma alargada para a necessidade de habilidades universais de literacia e numerologia. Uma outra área que começa a despontar, em torno destas habilidades de adaptação, são aquelas que permitem as pessoas adaptarem-se às mudanças da economia, são as habilidades sociais e emocionais”.
No entanto Evans argumentou que “(...)novas evidência do Gaba e Togo mostram que é possível ajudar os trabalhadores a ser mais perseverantes para que tenham habilidades quando perdem o emprego possam criar novos e contribuir para o crescimento económico”.
População jovem é oportunidade para reduzir a Pobreza
Entretanto, embora existam mais crianças nas escolas da África sub-sahariana desde sempre, a Educação no nosso continente está em crise, de acordo com o Banco Mundial. “Há crise na Educação, mas há soluções. Soluções inovadores para que os professores tornem-se mais eficazes, soluções para o treino técnico e vocacional mais focado à demanda do sector privado”.
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Dentre a recomendações avançadas pelo “Pulse of Africa” destacam-se o desafio de quem faz as políticas públicas de encontrar o equilíbrio entre fazer investimentos nas habilidades produtivas e na inclusão, investir na força de trabalho para hoje mas também para o futuro.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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