quarta-feira, 19 de abril de 2017

A exibição não digna de príncipes, mas que garante bilhete para as “meias”

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O Mónaco venceu esta quarta-feira o Dortmund por 3-1 e assegurou presença nas meias-finais da Champions.
O Mónaco venceu, esta quarta-feira, o Dortmund por 3-1, com golos de Mbappé, Falcao e Germain. Reus fez o tento dos alemães. Com este resultado, os monegascos seguem em frente para as meias
Depois do jogo da 1ª mão na Alemanha ter sido marcado por sobressaltos fora de campo que levaram ao adiamento do jogo por uma dia - depois do autocarro do Dortmund ter sido alvo de um ataque bombista que resultou nos ferimentos de Marc Bartra, - os alemães procuravam recuperar do susto e tentar dar a volta à eliminatória que estava desfavorável depois de três tentos averbados em casa (3-2).
De um lado Leonardo Jardim que procurava colocar o Mónaco novamente numas meias-finais da Liga dos Campeões depois do feito de 2004 (Nesse ano o Mónaco terminou na final e acabou derrotado pelo FC Porto). Do outro Thomas Tuchel que queria superar os traumas de uma primeira mão, no mínimo tumultuosa.
Em relação às duas equipas, Raphael Guerreiro aparecia como titular no lado esquerdo no conjunto alemão. Já nos monegascos, Bernardo Silva e João Moutinho eram aposta no onze do técnico português.
Dortmund tomou um pouco do seu veneno
Conhecido pela velocidade dos seus jogadores e circulação de bola, os homens de Thomas Tuchel levaram com seu próprio veneno logo a abrir. Ainda os espectadores se sentavam na bancada do Stade Loius II e já a equipa monegasca chegava ao golo pelo inevitável e cada vez mais 'extraterrestre' Mbappé.
O menino de 18 anos emendou sem comtemplações um primeiro remate de Mendy que foi defendido para a frente por Burki. São 16 golos, nos últimos 16 jogos para o prodígio da equipa de Leonardo Jardim. O seu nome já ecoa pela Europa fora.
Dá sempre a cara à luta: Este bem que podia ser o lema do conjunto alemão. Não desiste e não deixa de atacar independentemente do resultado. Sem medo de sofrer e sem medo de sair goleado. Mas a Mónaco estava demasiado forte, primeiro Falcao, depois Bernardo Silva falharam as suas tentativas para ampliar o marcador. Era apenas o aviso. Pouco depois, bola no poste, depois de um livre de Sahin. Vislumbrava-se o empate? Não.
Deu é o 2-0 para os príncipes do Mónaco. Mas um contra-ataque à boa maneira alemã, ou seja, supersónico. Lemar assistiu e Falcao cabeceou para o golo.
Tuchel não se atemorizou. Pouco se importa se leva 2 ou 5. Fez sair Durm e fez entrar um homem mais rápido: Dembélé.
A vida estava difícil para os alemães. 5-2 na eliminatória. Aubameyang, a sua grande figura estava apagado. (Só apareceu com uma remate à figura) aos 84 minutos.
Chegou assim a partida ao intervalo. Tuchel voltou a mexer no início da segunda parte. Entrou Sahin para o lugar de Schmelzer. Kagawa deu o mote com um remate fácil para Subasic.
Reus confirmava o ímpeto alemão e reduzia, com um remate ao primeiro poste. Cruzamento de quem? De Dembélé.
O Dortmund abria-se e dava muito espaço. Falcao aos 65 teve tudo para fazer o 3-1, depois de um jogada de antologogia. Fez tudo bem, mas falhou o chapéu.
Do outro lado. Subacic estava imparável.
Aos 82 minutos aconteceu o inevitável. Novo golo do Mónaco. Lemar recuperou uma bola, colocou-a em Germain (recém entrado na partida) que invadiu e atirou para o fundo da baliza e fez o resultado final.
Cuidado com este Mónaco de Leonardo Jardim. Bem pode repetir o feito de Gelsenkirchen ou superá-lo.
Onze do Dortmund: Burki; Piszczek, Papastathopoulos, Ginter e Raphael Guerreiro; Weigl; Durm, Kagawa, Sahin e Reus; Aubameyang.
Onze do Mónaco: Subasic; Touré, Glik, Jemerson e Mendy; Lemar, Bakayoko, Moutinho e Bernardo Silva; Mbappé e Falcao.
Suplentes do Mónaco: De Sanctis, Jorge, Raggi, N'Doram, Dirar, Cardona, Germain.
Suplentes do Dortmund: Weidenfeller, Schmelzer, Merino, Bender, Castro, Pulisic, Dembélé.

Fonte: Sapo Desporto

Programa Porta 65 Candidaturas abertas até ao dia 18 de maio 2017

Estão já a decorrer as candidaturas ao Programa Porta 65 - até ao dia 18 de maio.

Se ainda não sabe o que é o Programa Porta 65   – Jovem, trata-se de um sistema de apoio financeiro ao arrendamento por jovens,
  • isolado,
  • constituídos em agregados, ou
  • em coabitação,
regulado por um conjunto de diplomas legais. Este programa apoia o arrendamento jovem de habitação para residência permanente, atribuindo uma percentagem de valor da renda como subvenção mensal.

Quem pode candidatar-se a este programa
Jovens com idade igual ou superior a 18 anos e inferior a 30 anos (no caso de casais de jovens, um dos elementos pode ter até 32 anos) que reúnam as seguintes condições:
- sejam titulares de um contrato de arrendamento celebrado no âmbito do NRAU (Lei nº 6/2006, de 27 de Fevereiro), ou do regime transitório previsto no seu título II do capítulo I;
- não usufruam, cumulativamente, de quaisquer subsídios ou de outra forma de apoio público à habitação;
- nenhum dos jovens membros do agregado seja proprietário ou arrendatário para fins habitacionais de outro prédio ou fração habitacional;
- nenhum dos jovens membros do agregado seja parente ou afim do senhorio.

Informações complementares sobre:

Apoio à instrução de candidaturas
Em caso de necessidade de apoio à instrução das candidaturas, os interessados poderão dirigir-se:
- às instalações do IHRU, em Lisboa e Porto,
- às Lojas Ponto JA | IPDJ;
ou ligar para os números:
  • 21 723 15 00 (tecla 2)
  • Linha IHRU 707 101 112
  • Linha da Juventude - 707 20 30 30

Particularmente na Zona Centro todos os interessados poderão solicitar mais informações nas Lojas Ponto JA do IPDJ de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu, ou consultar o Portal da Juventude em: www.juventude.gov.pt.


70 JÁ, a Entrada para os teus Direitos!


A Constituição da República Portuguesa, consagra designadamente no seu artigo 70.º, direitos que abrangem diversas esferas da vida, tais como a cultura, o ensino, o acesso ao primeiro emprego, a habitação, o desporto e os tempos livres. 

O Governo, através do Instituto Português do Desporto e Juventude, pretende fomentar o empoderamento dos jovens, dotando-os da informação necessária ao exercício pleno dos seus direitos, e, simultaneamente, um meio de mobilização dos diversos agentes públicos, privados e do designado 3.º sector para responder às preocupações dos jovens.

A campanha será comunicada em todas as escolas, universidades, movimento associativo juvenil, televisão, rádio e internet. Para que a mensagem chegue a todos os jovens portugueses, foi criada uma plataforma exclusiva para este projeto – www.70ja.gov.pt  –, espaço digital que é complementado pela presença no Facebook (www.facebook.com/70ja), no Instagram (www.instagram.com/artigo70ja) e no Twitter (www.twitter.com/70ja).

A campanha irá desdobrar-se em diversas temáticas, de modo a comunicar de forma abrangente todas as áreas consagradas no artigo 70.º. A primeira temática que será trabalhada é a Participação Cívica, uma das áreas mais importante para a participação ativa dos jovens na sociedade.

Participar significa fazer parte de uma comunidade social e política, significa intervir socialmente e contribuir para o presente e o futuro do país, factos que a campanha 70 JÁ! pretende disseminar por todo o país, mostrando à juventude portuguesa que a participação de todos pode influenciar não só o rumo nacional, mas também o rumo pessoal de cada um.


Particularmente na Zona Centro todos os interessados poderão solicitar mais esclarecimentos nas Lojas Ponto JA do IPDJ de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu ou consultar o Portal da Juventude em: www.juventude.gov.pt

Aviso à População_ Perigo Incêndio Florestal

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1. Situação Meteorológica:
No seguimento do contacto com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) realizado hoje, 19 de abril, no Comando Nacional de Operações de Socorro (CNOS) da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), destaca-se para os próximos dias a existência de um cenário desfavorável em termos de incêndios florestais:
 Temperaturas máximas que poderão atingir valores entre os 28 a 30ºC na generalidade do território, situação que poderá manter-se nos próximos 3 dias;
Humidade relativa entre 20 a 30% na generalidade do território, não se prevendo que exista recuperação noturna;
 Para amanhã, 20ABR17, vento do quadrante leste nas regiões Norte e Centro. Nas terras altas poderão ocorrer rajadas até 70 km/h, situação que poderá estender-se até dia 22ABR17, data a partir da qual se prevê um desagravamento do vento;
 Índices de incêndio elevados a muito elevados nas regiões Norte e Centro.
2. EFEITOS EXPECTÁVEIS Em função da previsão da evolução das condições meteorológicas é expectável:
 Tempo quente e vento moderado a forte com permanência de condições favoráveis à eventual ocorrência e propagação de incêndios florestais.
3. MEDIDAS PREVENTIVAS A ANPC recorda que, de acordo com as disposições legais em vigor, para os locais onde o índice de risco temporal de incêndio seja superior ao nível ELEVADO, não é permitido (a):
 Realização de queimadas Para os locais onde o índice de risco temporal de incêndio seja superior ao nível MUITO ELEVADO, não é permitido (a):
 Realização de fogueiras para recreio ou lazer, ou para confeção de alimentos;
 Utilização de equipamentos de queima e de combustão destinados à iluminação ou à confeção de alimentos;
 Queimar matos cortados e amontoados e qualquer tipo de sobrantes de exploração;
 O lançamento de balões com mecha acesa ou qualquer outro tipo de foguetes;
 Fumar ou fazer lume de qualquer tipo nos espaços florestais e vias que os circundem;
 A fumigação ou desinfestação em apiários com fumigadores que não estejam equipados com dispositivos de retenção de faúlhas.
A ANPC recorda, ainda alguns cuidados a ter, face às condições meteorológicas previstas, na realização de trabalhos agrícolas e florestais, nomeadamente:
 Manter as máquinas e equipamentos limpos de óleos e poeiras;
 Abastecer as máquinas a frio e em local com pouca vegetação;
 Ter cuidado com as faíscas durante o seu manuseamento, evitando a sua utilização nos períodos de maior calor. A ANPC recomenda ainda a adequação dos comportamentos e atitudes face à situação de perigo de incêndio florestal, nomeadamente com a adoção das necessárias medidas de prevenção e precaução, observando as proibições em vigor e tomando especial atenção à evolução do perigo de incêndio para os próximos dias, disponível junto do sítio da internet do IPMA, junto dos Gabinetes Técnicos Florestais das Câmaras Municipais e dos Corpos de Bombeiros.

Fonte: AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO CIVIL
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO DE COIMBRA

BOAVENTURA: PARA QUE O FUTURO SEJA DE NOVO POSSÍVEL

E se o divórcio entre Democracia e Revolução estiver na origem dos tempos sombrios que vivemos? E se Democracia e Revolução puderem se amigar de novo?

Boaventura de Sousa Santos | Outras Palavras | Imagem: Robert Doisneau

Quando olhamos para o passado com os olhos do presente, deparamo-nos com cemitérios imensos de futuros abandonados, lutas que abriram novas possibilidades mas foram neutralizadas, silenciadas ou desvirtuadas, futuros assassinados ao nascer ou mesmo antes, contingências que decidiram a opção vencedora depois atribuída ao sentido da história. Nesses cemitérios, os futuros abandonados são também corpos sepultados, muitas vezes corpos que apostaram em futuros errados ou inúteis. Veneramo-los ou execramo-los consoante o futuro que eles e elas quiseram coincide ou não com o que queremos para nós. Por isso choramos os mortos, mas nunca os mesmos mortos. Para que não se pense que os exemplos recentes se reduzem aos homens-bombas – mártires para uns, terroristas para outros – em 2014 houve duas celebrações do assassinato do Arquiduque de Francisco Fernando e sua esposa em Sarajevo, e que conduziu à I Guerra Mundial. Num bairro da cidade, bósnios croatas e muçulmanos celebraram o monarca e sua esposa, enquanto noutro bairro, bósnios sérvios celebraram Gravilo Princip que os assassinou, e até lhe fizeram uma estátua.

No início do século XXI, a ideia de futuros abandonados parece obsoleta, aliás tanto quanto a própria ideia de futuro. O futuro parece ter estacionado no presente e estar disposto a ficar aqui por tempo indeterminado. A novidade, a surpresa, a indeterminação sucedem-se tão banalmente que tudo o que de bom como de mau estava eventualmente reservado para o futuro está a ocorrer hoje. O futuro antecipou-se a si próprio e caiu no presente. A vertigem do tempo que passa é igual à vertigem do tempo que pára. A banalização da inovação vai de par com a banalização da glória e do horror. Muitas pessoas vivem isto com indiferença. Há muito desistiram de fazer acontecer o mundo e por isso estão resignados a que o mundo lhes aconteça. São os cínicos, profissionais do ceticismo. Há, porém, dois grupos muito diferentes em tamanho e sorte para quem esta desistência não é opção.

O primeiro grupo é constituído pela esmagadora maioria da população mundial. Exponencial desigualdade social, proliferação de fascismos sociais, fome, precariedade, desertificação, expulsão de terras ancestrais cobiçadas por empresas multinacionais, guerras irregulares especializadas em matar populações civis inocentes – tudo isto faz com que uma parte cada vez maior da população do mundo tenha deixado de pensar no futuro para se concentrar em amanhã. Estão vivos hoje, mas não sabem se estarão vivos amanhã; têm comida para dar aos filhos hoje, mas não sabem se têm amanhã; estão empregados hoje, mas não sabem se estarão amanhã. O amanhã imediato é o espelho do futuro em que o futuro não se gosta de ver, pois reflete um futuro medíocre, rasteiro, comezinho. Estas imensas populações pedem tão pouco ao futuro que não estão à altura dele.

O segundo grupo é tão minoritário quanto poderoso. Imagina-se a fazer acontecer o mundo, a definir e controlar o futuro por tempo indeterminado e de maneira exclusiva para que não haja qualquer futuro alternativo. Esse grupo é constituído por dois fundamentalismos. São fundamentalistas porque assentam em verdades absolutas, não admitem dissidência e acreditam que os fins justificam os meios. Os dois fundamentalismos são o neoliberalismo, controlado pelos mercados financeiros, e o Daesh, os jhiadistas radicais que se dizem islâmicos. Sendo muito diferentes e até antagónôcos, partilham importantes características. Assentam ambos em verdades absolutas que não toleram a dissidência política – num caso, a fé científica na prioridade dos interesses dos investidores e na legitimidade da acumulação infinita de riqueza que ela permite; no outro, a fé religiosa na doutrina do califa que promete a libertação da dominação e humilhação ocidentais. Ambos visam garantir o controle do acesso aos recursos naturais mais valorizados. Ambos causam imenso sofrimento injusto com a justificação de que os fins legitimam os meios. Ambos recorrem com parificável sofisticação às novas tecnologias digitais de informação e comunicação para difundir o seu proselitismo. O radicalismo de ambos é do mesmo quilate e o futuro que proclamam é igualmente distópico – um futuro indigno da humanidade.

Será possível um futuro digno entre os dois futuros indignos que acabei de referir: o minimalismo do amanhã e o maximalismo do fundamentalismo? Penso que sim, mas a história dos últimos cem anos obriga-nos a múltiplas cautelas. A situação de que partimos não é brilhante. Começámos o século XX com dois grandes modelos de transformação progressista da sociedade, a revolução e o reformismo, e começamos o século XXI sem nenhum deles. Cabe aqui recordar, de novo, a Revolução Russa, já que foi ela que radicalizou a opção entre os dois modelos e lhe deu consistência política prática. Com a Revolução de Outubro, tornou-se claro para os trabalhadores e camponeses (diríamos hoje, classes populares) que havia duas vias para alcançar um futuro melhor, que se antevia como pós-capitalista, socialista. Ou a revolução, que implicava ruptura institucional (não necessariamente violenta) com os mecanismos da democracia representativa, quebra de procedimentos legais e constitucionais, mudanças bruscas no regime de propriedade e no controle da terra; ou o reformismo, que implicava o respeito pelas instituições democráticas e o avanço gradual nas reivindicações dos trabalhadores à medida que os processos eleitorais lhes fossem sendo mais favoráveis. O objetivo era o mesmo – o socialismo.

Não vou hoje tratar das vicissitudes por que esta opção passou ao longo dos últimos cem anos. Apenas mencionar que depois do fracasso da revolução alemã (1918-1921) foi-se construindo a ideia de que na Europa e nos EUA (o primeiro mundo) o reformismo seria a via preferida, enquanto o terceiro mundo (o mundo socialista soviético foi-se constituindo com o segundo mundo) iria seguir a via revolucionária, como aconteceu na China em 1949, ou alguma combinação entre as duas vias. Entretanto, com a subida de Stalin ao poder, a Revolução Russa transformou-se numa ditadura sanguinária que sacrificou os seus melhores filhos em nome de uma verdade absoluta que se impunha com a máxima violência. Ou seja, a opção revolucionária transformou-se num fundamentalismo radical que precedeu os que mencionei acima. Por sua vez, o terceiro mundo, à medida que se ia libertando do colonialismo, começava a verificar que o reformismo nunca conduziria ao socialismo, mas antes, quando muito, a um capitalismo de rosto humano, como aquele que ia emergindo na Europa depois da II Guerra Mundial. O movimento dos Não-Alinhados (1955-1961) proclamava a sua intenção de recusar tanto o socialismo soviético como o capitalismo ocidental.

Por razões que analisei na minha última coluna, com a queda do muro de Berlim os dois modelos de transformação social ruíram. A revolução transformou-se num fundamentalismo desacreditado e caduco que ruiu sobre os seus próprios fundamentos. Por sua vez, o reformismo democrático foi perdendo o impulso reformista e, com isso, a densidade democrática. O reformismo passou a significar a luta desesperada para não perder os direitos das classes populares (educação e saúde públicas, segurança social, infraestruturas e bens públicos, como a água) conquistados no período anterior. O reformismo foi assim definhando até se transformar num ente esquálido e desfigurado que o fundamentalismo neoliberal reconfigurou por via de um facelift, convertendo-o no único modelo de democracia de exportação, a democracia liberal transformada num instrumento do imperialismo, com direito a intervir em países “inimigos” ou “incivilizados” e a destruí-los em nome de tão cobiçado troféu. Um troféu que, quando entregue, revela a sua verdadeira identidade: uma ruína iluminada a néon, levada na carga dos bombardeiros militares e financeiros (“ajustes estruturais”), estes últimos conduzidos pelos CEOs do Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional.

No estado atual desta jornada, a revolução converteu-se num fundamentalismo semelhante ao maximalismo dos fundamentalismos acuais, enquanto o reformismo se degradou até ser o minimalismo da forma de governo cuja precariedade não lhe permite ver o futuro para além do imediato amanhã. Terão estes dois fracassos históricos causado direta ou indiretamente a opção prisional em que vivemos, entre fundamentalismos distópicos e amanhãs sem depois de amanhã? Mais importante que responder a esta questão, é crucial sabermos como sair daqui, a condição para que o futuro seja outra vez possível. Avanço uma hipótese: se historicamente a revolução e a democracia se opuseram e ambas colapsaram, talvez a solução resida em reinventá-las de modo a que convivam articuladamente. Por outras palavras, democratizar a revolução e revolucionar a democracia. Será o tema de próxima coluna.

*Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, diretor dos Centro de Estudos Sociais e do Centro de Documentação 25 de Abril, e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa - todos da Universidade de Coimbra. Sua trajetória recente é marcada pela proximidade com os movimentos organizadores e participantes do Fórum Social Mundial e pela participação na coordenação de uma obra coletiva de pesquisa denominada Reinventar a Emancipação Social: Para Novos Manifestos.

Aeroporto internacional de Maputo é “hub” do tráfico de cornos de rinoceronte para Ásia


No passado dia 29 de Março as alfândegas de Hong Kong apreenderam dois cornos de rinocerontes, no dia 7 de Abril foram apreendidos em Kuala Lumpur outros 18, todos passaram pela capital moçambicana. Moçambique voltou a ter uma população de poucas dezenas de rinocerontes, quatro deles foram abatidos por caçadores ilegais desde Janeiro. Porém na vizinha África do Sul, desde o início do ano até a semana finda, foram abatidos 137 rinocerontes no Parque Nacional Kruger cujos cornos foram cortados e há indícios que parte deles tenham sido transportados para Maputo de onde estão a ser traficados, a partir do aeroporto internacional de Mavalane, para a Ásia. Moçambique é um dos “hubs” do tráfico, nos últimos seis anos foram traficados 797,78 quilos de cornos de rinocerontes.

Quem tenha viajado a partir do principal aeroporto do nosso País sabe que a bagagem despachada para o porão é alvo de inspecção, primeira a chamada não intrusiva através de um dos vários scanners ali instalados e, caso se observe algum objecto suspeito, agentes da Polícia da República de Moçambique(PRM) assim como das Alfândegas abrem as malas e verificam o seu conteúdo. Procedimento similar acontece no terminal de carga assim como é aplicado a bagagem que é transportada na cabina do avião.

Acontece que apesar dessa fiscalização, que segundo uma fonte das Alfandegas “passa tudo a pente fino”, os traficantes continuam a fazer passar os seus produtos.

@Verdade apurou que os fiscais no aeroporto de Mavalane ganham cerca de 50 mil dólares norte-americanos em dinheiro vivo para não verem os conteúdos das malas dos traficantes.

Os cornos apreendidos na China, que pesam 2,5 quilos, foram enviados a partir do aeroporto internacional de Mavalene escondidos numa embalagem com castanha da caju.

Também os 18 cornos apreendidos na Malásia, pesando 51,4 quilos, chegaram a Kuala Lumpur através de um voo da Qatar Airways que transportou peças de arte despachadas a partir do terminal de carga do aeroporto da capital moçambicana.

Estes 53,9 quilos de cornos de rinocerontes têm valor comercial na Ásia estimado em mais de 5 milhões de dólares norte-americanos, onde existe a crença de que o mesmo tem propriedades medicinais e milagrosas.

Entre 2010 e 2016 foram traficados por Moçambique 797,78 quilos de cornos de rinocerontes

As autoridades de conservação estão a apurar, através de exames de DNA, a animais de que região pertenciam os cornos foram apreendidos contudo um fonte afiançou ao @Verdade que tudo indica que sejam resultado da caça ilegal no Parque Nacional Kruger que tem aumentado nos últimos dias com incursões de Moçambique para a Africa do Sul e de lá a saírem para o nosso território.

A fonte revelou que até a semana passada tinham sido abatidos 137 rinocerontes dentro do Parque Nacional Kruger e somente quatro, durante o mês de Janeiro, na zona moçambicana do Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo. Portanto grande parte dos cornos traficados este ano para a China e Malásia, a partir do aeroporto de Mavalane, terão sido cortados a animais na África do Sul.

Todavia a nossa fonte acrescentou ser irrelevante a origem dos cornos, o que é preocupante é que foram exportados através do aeroporto internacional de Mavalane um local onde a Administração Nacional das Áreas de Conservação(ANAC) não tem poder de intervenção, aí as autoridades são a Autoridade Tributária, através das Alfândegas, e a PRM.

Um relatório da Agência de Investigação Ambiental(acrónimo em inglês EIA) indica entre 2010 e 2016 foram traficados por Moçambique 797,78 quilos de cornos de rinocerontes, com valor de mercado a rondar os 80 milhões de dólares norte-americanos.

Grandes barões dos cornos de rinocerontes e do marfim apoiam as campanhas eleitorais do partido no poder

Entretanto um operador de uma das fazendas do bravio existentes na área do Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo(constituído pelo Parque Nacional do Limpopo em Moçambique, Parque Nacional do Kruger na África do Sul e o Parque Nacional do Gonarezhou no Zimbabwe) afirmou ao @Verdade que “estamos a perder o foco da caça furtiva, a caça furtiva não é pelo rinoceronte”.

“É por aquele animal ou qualquer outra actividade que rende muito dinheiro e rapidamente. Os que andam na caça furtiva geralmente também andam noutro tipo de actividade ilícita tráfico de carros, droga, é o crime organizado. O crime organizado não é porque odeia o rinoceronte se foco hoje está virado para este animal é porque é aquele que rende o valor mais alto. Isso significa que se o rinoceronte desaparecesse hoje eles iam caçar outra coisa, nós no Sul temos incidência no rinoceronte mas no Norte estão virados para os elefantes”, disse o nosso entrevistado que por razões de segurança não revelamos a sua identidade.

A fonte acredita que começa a existir mais vontade dos políticos na luta contra a caça furtiva afinal longe vão os tempos em que a penalização resumia-se ao pagamento de uma multa, “depois evoluímos para uma penalização, agora penalizam-se todos mas não basta, é preciso que estes instrumentos legais tenham efeito”.

“Os grandes barões dos cornos de rinocerontes e do marfim em Chókwe, Magude e Massingir são conhecidos, sabe-se quais são as suas mansões e os seus carros, apesar disso ninguém os prende. É o crime organizado que oleia onde tem de ser oleado, por exemplo quando chega a altura das campanhas eleitorais apoiam o partido no poder(Frelimo). Exige uma maior coordenação e interacção das estruturas que estão de uma ou de outra forma envolvidas no combate a estas coisas. Caça furtiva é um mal que tem de ser combatido, sem tréguas, por todos, administração da Justiça tem dados sinais positivos, houve tempo em que eram indiferentes”, revelou o nosso entrevistado.

Adérito Caldeira | @Verdade

Angola. PGR exige a Portugal desmentido sobre alegada recusa em colaborar


Angola diz que pedidos de inquérito a Manuel Vicente são “pura falácia” e pede à procuradoria portuguesa para repor a verdade.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) nega ter recebido qualquer documento por parte da procuradoria portuguesa para que Manuel Vicente fosse formalmente constituído arguido e interrogado, exigindo agora um desmentido sobre a alegada recusa das autoridades angolanas em cooperar com a justiça lusa.

Num ofício enviado pelo procurador João Maria de Sousa à congénere portuguesa Joana Marques Vidal, citado pelo jornal Público, considera-se “pura falácia” as notícias sobre uma alegada carta rogatória enviada por Portugal pedindo que Manuel Vicente fosse constituído arguido e interrogado, pelo que é exigido um “desmentido da PGR portuguesa, não apenas para evitar que se vilipendie o bom nome (…) de uma instituição congénere mas também porque se impõe o dever mortal de corrigir o que não corresponde à verdade”, lê-se no ofício com data de 28 de Março.

A situação remonta a Outubro do ano passado, durante a investigação a Orlando Figueira, no âmbito da Operação Fizz, quando as procuradoras, encarregues de perceber se o arquivamento de dois processos do ex-magistrado português tinham sido feitas a troco dinheiro, decidiram interrogar Manuel Vicente, o alegado autor dos pagamentos.

Como o vice-presidente vive em Angola, enviaram uma carta rogatória para Luanda, notificando-o da sua condição de arguido e pedindo a sua interrogação. Contudo, a missiva nunca chegaria a sair de Portugal e Joana Marques Vidal optou por questionar directamente o procurador angolano sobre a possibilidade de ouvir Manuel Vicente.

Dada a resposta negativa, Joana Marques Vidal optou por não enviar a carta, que acabaria por ser devolvida às procuradoras portuguesas. Com o encerramento do inquérito de acusação a Manuel Vicente, as duas procuradoras responsáveis pela investigação escreveram que não foi possível ouvir o vice-presidente angolano, “pese embora tenha sido expedida carta rogatória às autoridades judiciárias da República de Angola”.

É precisamente este ponto que João Maria de Sousa critica no ofício, lembrando que, de acordo com a lei portuguesa, é obrigatório interrogar os suspeitos antes de deduzir uma acusação.

No ofício há, porém, uma mudança na posição da PGR angolana, que agora mostra-se disponível para questionar o Tribunal Constitucional sobre a possibilidade de Manuel Vicente ser ouvido.

Rede Angola | Foto: Ampe Rogério/RA

FORTE COMBATE ÀS DOENÇAS TROPICAIS NEGLIGENCIADAS

Os líderes mundiais reafirmam comprometimento de pôr fim às doenças tropicais negligenciadas, citando avanços notáveis desde 2012. Para tal, governos e doadores privados prometem 812 milhões de dólares na cimeira de cinco dias que decorre em Genebra (Suíça).

Esta semana, líderes de governos, empresas farmacêuticas e organizações filantrópicas reuniram-se em Genebra numa cimeira de cinco dias para assumir novos compromissos aos esforços colectivos para controlar e eliminar as doenças tropicais negligenciadas (DTN).

O encontro coincidiu com o lançamento do Quarto Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as DTNs, mostrando progressos visíveis contra estas doenças debilitantes e um compromisso do Reino Unido para duplicar o seu financiamento para as DTNs.

A reunião ocorre cinco anos após o lançamento da Declaração de Londres sobre DTN, um compromisso dos sectores público e privado para atingir os objectivos da OMS para controle, eliminação e erradicação de 10 DTN. Naquela época, bilhões de tratamentos foram doados por empresas farmacêuticas e entregues a comunidades empobrecidas em quase 150 países, alcançando quase um bilhão de pessoas em 2015.

As DTN são algumas das doenças mais antigas e mais dolorosas que afligem as comunidades mais pobres do mundo. Uma em cada seis pessoas no mundo sofre de DTN, incluindo mais de meio bilhão de crianças. As DTN incapacitam, debilitam e perpetuam ciclos de pobreza, mantendo crianças fora da escola, pais fora do trabalho, e diminuem a perspectiva de seu desenvolvimento económico.

Um novo relatório da OMS, intitulado Integração das Doenças Tropicais Negligenciadas na Saúde e Desenvolvimento Globais, revelou que, mais do que nunca, pessoas estão a ser atendidas com as intervenções necessárias para as DTN. Em 2015, cerca de um bilhão de pessoas recebeu tratamentos doados por empresas farmacêuticas para pelo menos uma DTN, representando um aumento de 36% desde 2011, um ano antes do lançamento da Declaração de Londres. À medida que mais países e regiões eliminam as DTN, diminui também o número de pessoas que necessitam de tratamento, de 2 bilhões em 2010 chegou-se a 1,6 bilhão em 2015.

“A OMS tem observado um progresso sem precedentes na história, que colocou de joelhos pragas antigas como a doença do sono e a elefantíase”, disse Margaret Chan, Directora-Geral da OMS: “Nos últimos dez anos, milhões de pessoas foram resgatadas da invalidez e pobreza graças a uma das parcerias globais mais efectivas da saúde pública moderna”.

O relatório detalha o progresso ante cada doença, citando países e regiões que estão a alcançar metas de controle e eliminação para DTNs específicas.

Filariose linfática (LF, em Inglês, ou Elefantíase), atingindo a meta: No último ano, oito países (Camboja, Ilhas Cook, Maldivas, Ilhas Marshall, Niue, Sri Lanka, Togo e Vanuatu) eliminaram a LF, e outros dez países aguardam os resultados da fiscalização para verificar a eliminação. Graças aos fortes programas, o número de pessoas que requerem tratamento preventivo a nível mundial diminuiu de 1,4 bilhão em 2011 para menos de 950 milhões em 2015.

Mínimo histórico de casos de Tripanossomíase Africana (HAT, em Inglês, ou doença do sono): Em 2015, houve menos casos registados da doença do sono que em qualquer outro ano da história, com menos de 3000 casos em todo o mundo – uma redução de 89% desde o ano 2000. As tecnologias inovadoras de controle e diagnóstico de vectores, apoiadas por um número crescente de parcerias para o desenvolvimento de produtos, estão revolucionando o diagnóstico, a prevenção e o tratamento da doença do sono.

Diminuição de 82% em casos de Leishmaniose visceral (VL, em Inglês) na Índia, Nepal e Bangladesh: Desde 2008, os casos de VL nestes países diminuíram 82% devido às melhorias no controle de vectores, mobilização social de voluntários das aldeias, colaboração com outros programas de DTN e doação de medicamentos dos parceiros da indústria.

Doença do verme-da-Guiné aproxima-se da erradicação: Os casos de doença do verme-da-Guiné diminuíram de aproximadamente 3,5 milhões em 1986 a somente 25 casos humanos em apenas em três países (Chade, Etiópia e Sudão do Sul) em 2016.

Os governos e outros doadores anunciaram novos compromissos durante a cimeira para ampliar o alcance e o impacto dos programas de DTN em todo o mundo. A Fundação Bill & Melinda Gates garantiu 335 milhões de dólares de doações nos próximos quatro anos para apoiar um grupo diverso de programas de DTN focados no desenvolvimento e entrega de medicamentos, vigilância de doenças e controle de vectores. O compromisso inclui 42 milhões de dólares para apoiar a iniciativa de erradicação do verme-da-Guiné do Centro Carter, além de fundos dedicados a acelerar a eliminação da Doença do Sono Africana.

“As DTN são algumas das doenças mais dolorosas, debilitantes e estigmatizadas que afectam as comunidades mais pobres do mundo. É por isso que ajudamos a lançar a Declaração de Londres, um marco histórico que levou a um progresso significativo no tratamento e redução da disseminação das DTN e demonstrou o impacto que o sector público, o sector privado, as comunidades e as ONG podem ter quando trabalhando juntos”, disse Bill Gates, co-Presidente da Fundação Bill & Melinda Gates.

“Graças a esta parceria, estas doenças negligenciadas estão a receber agora a atenção que merecem, e menos pessoas têm que sofrer com estas condições tratáveis. Houve muito êxito nos últimos cinco anos, mas o trabalho ainda não está terminado. Nós estabelecemos metas ambiciosas para 2020 que exigem o compromisso continuado de empresas farmacêuticas, governos doadores e receptores e dos trabalhadores de saúde de linha de frente para garantir que os medicamentos estejam disponíveis e sejam entregues às pessoas de mais difícil acesso”.

O Governo da Bélgica também prometeu 27 milhões de dólares adicionais, divididos igualmente nos próximos nove anos, para a eliminação da doença do sono no República Democrática do Congo. Este montante será igualado nos próximos três anos pela Fundação Bill & Melinda Gates, estabelecendo uma plataforma para uma maior colaboração entre Bélgica, República Democrática do Congo e a ampla parceria de DTN.

Como parte de seu compromisso em eliminar a Tripanossomíase Africana, a Vestergaard comprometeu-se a doar 20% de seus insecticidas para pequenos alvos usados no controle da mosca tsé-tsé que transmite a doença, aumentando essa quantidade para até 100% nos próximos três anos à medida que a eliminação da doença é alcançada.

Estes compromissos baseiam-se no anúncio do Governo do Reino Unido no início da semana, no qual prometeu quase 450 milhões de dólares ao longo de cinco anos para apoiar os esforços mundiais de controle e eliminação das DTN.

O progresso na luta contra as DTN tem sido possível graças à doação em grande escala de medicamentos por parte de 10 empresas farmacêuticas. Nos cinco anos transcorridos desde a Declaração de Londres, as empresas doaram mais de 7 bilhões de tratamentos que, com o apoio dos parceiros, alcançam actualmente quase um bilhão de pessoas em cada ano. Estas doações, com um valor estimado de 19 bilhões de dólares entre 2012 e 2020, multiplicam muito o impacto dos investimentos dos doadores; a USAID estima que cada dólar investido na entrega das doações corresponde a 26 dólares em medicamentos.
Declaração de Londres

“A Declaração de Londres é um exemplo poderoso do impacto de parcerias de sucesso”, disse Haruo Naito, CEO da Eisai e um signatário original da Declaração de Londres: “Ao aproveitar os nossos recursos e focar um objectivo comum, já estamos a fazer progressos sem precedentes na direcção da eliminação destas doenças terríveis. O trabalho que estamos a fazer hoje é um investimento a longo prazo em um futuro mais saudável e próspero”.

Além das doações, as empresas farmacêuticas estão a trabalhar em parceria e com institutos de pesquisa para descobrir e desenvolver novas ferramentas para prevenir, diagnosticar e tratar DTN. Um relatório publicado hoje pela Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas colectou todo o escopo dos investimentos da indústria em P&D de DTN, incluindo:

Sanofi e a Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas estão a desenvolver um candidato a novo fármaco oral para a HAT, fexinidazol, que substituirá o actual regime misto oral-intravenoso de fármacos. O fexinidazol poderia representar um avanço terapêutico que apoiará os esforços de eliminação sustentável, segundo o objectivo para 2020 da OMS. Espera-se que este fármaco seja submetido a aprovação regulatória até o fim de 2017.

Várias empresas estão a trabalhar no desenvolvimento de formulações pediátricas de medicamentos contra as DTN, incluindo Bayer (nifurtimox, para a doença de Chagas), Merck KGaA (praziquantel, para a esquistossomose) e Elea/Mundo Sano (que estão a trabalhar com DNDi para desenvolver uma segunda fonte pediátrica de beznidazol, para a doença de Chagas), enquanto a Johson & Johnson (mebendazol, para vermes transmitidos pelo solo) desenvolveu uma nova forma mastigável de mebendazol, recentemente aprovada pelo FDA, para crianças muito jovens.

AbbVie, Bayer, Eisai, Johnson & Johnson e Merck KGaA fazem parte do Programa de Aceleração de Fármacos Macrofilacida, uma iniciativa focada em identificar e criar novos compostos fármacos que podem matar os vermes adultos que causam Oncocercose e Filariose linfática.

A Bayer está a trabalhar com a DNDi para desenvolver o emodepside, um novo tratamento oral para filariose linfática e cegueira dos rios.

A Eisai está a trabalhar para desenvolver o ravuconazol, um novo fármaco oral actualmente em fase de testes para a doença de Chagas, e está também em parceria com a DNDi para desenvolver o ravuconazol para combater o Micetoma.

A GlaxoSmithKline e a DNDi entraram em acordo para juntos buscarem o desenvolvimento pré-clínico de dois novos candidatos para o tratamento da leishmaniose visceral; os candidatos foram desenvolvidos pela colaboração entre a GSK e a Unidade de Desenvolvimento de Fármacos da Universidade de Dundee, este trabalho foi financiado pela Wellcome. O acordo para o desenvolvimento pré-clínico estará condicionado à assinatura de um acordo adicional.

Em 2015, Eisai, Shionogi, Takeda, AstraZeneca e DNDi lançaram o Acelerador de Descoberta de Fármacos DTN, um esforço de várias empresas para acelerar a descoberta de novos fármacos para leishmaniose e doença de Chagas. Em 2016, a Celgene Global Health também juntou-se ao projecto e a Merck KGaA anunciou que também se unirá ao consórcio.

Muitas empresas – incluindo AbbVie, AstraZeneca, Bayer, Bristol-Myers Squibb, Celgene, Chemo, Daiichi Sankyo, Eisai, Elea, Eli Lilly, GlaxoSmithKline, Johnson & Johnson, Merck KGaA, MSD, Novartis, Pfizer, Sanofi, Shionogi, e Takeda – deram à DNDi e outras organizações sem fins lucrativos o acesso às suas bibliotecas de compostos e/ou contribuem com seus conhecimentos científicos e técnicos para a DNDi e conduzem estudos clínicos e pré-clínicos para facilitar o desenvolvimento de novos medicamentos para combater várias DTNs.

A Gilead está a colaborar com o Departamento de Defesa dos EUA, Centros de Controle e Prevenção, e Institutos Nacionais de Saúde, assim como, com muitas instituições académicas para descobrir e desenvolver novos antivirais para patogenias muito infecciosas e doenças virais negligenciadas/emergentes, incluindo a dengue. O GS-5734, o agente de pesquisa mais avançado da Gilead, está a ser actualmente estudado em sobreviventes de Ébola.

As empresas também estão a trabalhar com seus parceiros para resolver os problemas na cadeia de suprimentos, desenvolvendo estratégias de programas e construindo capacidade local nos países para assegurar que os medicamentos, ferramentas e outras intervenções cheguem aqueles que mais necessitam.

Ainda que se tenha alcançado um tremendo progresso na redução da incidência das DTN, os objectivos globais de controle e eliminação não poderão ser alcançados sem um maior apoio financeiro, um maior compromisso político e melhores ferramentas para prevenir, diagnosticar e tratar as doenças. Esta semana, os parceiros da filantropia privada, os governos de países afectados e as associações intersectoriais comprometeram-se novamente a aproveitar seus respectivos recursos e experiência para preencher as lacunas críticas.

Apesar de cerca de um bilhão de pessoas terem sido tradas às DTN em 2015, é necessário mais financiamento para garantir que os programas de DTN cheguem a todas as pessoas e comunidades afectadas pelas doenças. A OMS estima que 340 milhões de pessoas na África subsaariana poderiam ser acolhidas com novos investimentos de 150 milhões de dólares anuais até 2020.

Folha 8