♦ Péricles Capanema
| Sede da UNASUL em Quito, um moderno prédio (elefante-branco) que torrou e torra milhões de dólares para não fazer nada, a não ser promover interesses dos países bolivarianos e seus aliados. Seus funcionários, completamente ociosos, para passar o tempo ficam o dia inteiro na internet. |
A América Latina, por obra sem graça de seus movimentos de esquerda, continua objeto da troça no mundo mais civilizado e especialmente de gente direita. Agora vamos a exemplo inaudito que se arrasta anos afora. Existe por aqui (excluo no caso a América Central e o México) um disparate [verdadeiro negotium perambulans in tenebris] chamado União das Nações Sul-Americanas (Unasul) [acima, foto da sede]. Guarde o nome, Unasul, pode ser que deixe de existir daqui a pouco, não tem nenhuma importância.
Vou apresentá-la melhor. Da Unasul participam, ou participavam, 12 países; ia dizendo 12 patetas: Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Peru, Chile, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia e Brasil (para vergonha nossa). Já existia desde 2004 uma altissonante Comunidade Sul-americana de Nações, da qual brotou em 2008, gestada por hierofantes da política, à frente dos quais Hugo Chávez. Entre outros, Lula, Nestor Kirchner (depois a mulher), Evo Morales, Rafael Correa, Tabaré Vásquez (depois José Mujica), Michelle Bachelet. Lustroso plantel, embora de padrão terceiro-mundista. O bruxo-mor da estrovenga sempre foi o coronel Hugo Chávez [na foto abaixo, ao lado de Lula da Silva, numa reunião da Unasul]. O grande objetivo, fazer frente à influência norte-americana na região. Em agosto de 2009, esbravejava Chávez: “Chegou a hora da América do Sul, a hora da Unasul, confiamos na capacidade política de nossa nascente união para enfrentar agora essa ameaça [a influência dos Estados Unidos] que compromete o futuro de nossas repúblicas, o futuro de nossos povos e o futuro de toda a humanidade”. O futuro da Venezuela, bem entendido, não estava comprometido pelos delírios bolivarianos. Nos últimos anos, 2,2 milhões de venezuelanos deixaram o país, fugindo da fome e da ditadura, buscando futuro em outras regiões não flageladas pelo bolivarianismo.
Em abril passado, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru finalmente anunciaram que deixariam de participar da Unasul. Não dava mais seguir fingindo que a tal estrutura não é um disparate dos pés à cabeça. Iam se reunir, formar comissões, emitir comunicados, coisas assim, tomar atitudes. Já estamos em agosto e quase nada.
A Colômbia forçou os acontecimentos, deixou a lenga-lenga, deu o bom exemplo de como as coisas devem ser feitas. Em resumo, apressou o passo, comunicou aos demais e lerdos participantes da maluqueira chavista: “Estou fora”.
Mergulhemos nos fatos recentes. Ivan Duque, o novo presidente colombiano, havia prometido durante a campanha tirar a Colômbia desse ambiente tóxico. Preto no branco, não admitia mais seu país “cúmplice da ditadura venezuelana”. Explicou: “Sou a favor de que a Colômbia se retire da Unasul, não podemos pertencer a uma organização que foi criada por Chávez para legitimar o seu regime e foi uma grande promotora, por seu silencio, de uma ditadura. Parte da tragédia que se vive na Venezuela se deve à grande indiferença dos países latino-americanos”.
Se não for, paciência. A Colômbia tomará sozinha a atitude. Grande avanço. Pelo menos um país da América do Sul deixa de fazer papelão feio diante do mundo. Nem todos entre nós escolheram a apatia no pântano do retrocesso.
Fonte: ABIM
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