Por Nelson R. Fragelli
Diante dos riscos da epidemia chinesa, o povo brasileiro vem se mantendo calmo e ordeiro, ao contrário de certa mídia e de muitos políticos, que se agitam e espalham o medo.
Em parte considerável dos homens públicos, o interesse próprio vem prevalecendo sobre a saúde da população, em particular da mais pobre. Como consequência, o desprestígio da classe político-partidária e da mídia não surpreende mais. Até mesmo falsificações de informações médicas e estatísticas hospitalares, divulgadas por órgãos oficiais, dão prioridade à politicagem, ao invés do combate ao vírus.
As ameaças externas, feitas a qualquer povo, sempre constituíram momentos de união nacional. Disputas internas eram temporariamente suspensas, enquanto governantes e governados uniam seus esforços para enfrentar as adversidades. Nos presentes dias, contudo, parte da mídia e velhacas facções políticas escarnecem dessa ingente necessidade; e, como verdadeiros sucessores de Calabar, estendem a mão ao inimigo externo, enquanto nos dignos brasileiros a sensatez paira acima dessa ignomínia. Por enquanto o fazem com pesar e contrariedade, que não tardará a se transformar em indignação incontenível.
O inimigo externo
O inimigo responsável pela disseminação do coronavírus — a China — vem manipulando a evolução da pandemia visando auferir vantagens econômicas e políticas, tanto internas quanto externas. No que diz respeito ao Brasil, os títeres da administração de Pequim têm procurado, com seu vírus e seu capital, tirar o maior proveito possível da situação criada. Movem-se desinibidamente nos corredores governamentais de alguns estados brasileiros, assinando contratos, vendendo e comprando, tornando-se inclusive participantes na gestão de empresas nacionais. “Aproveitar de tudo e de todos” — é assim que entendem e vão pondo em prática a expressão “negócio da China”.
Fiel à ideologia totalitária, com avidez de poder, a China vem manobrando para impor ao Brasil seu sistema de governo ditatorial, praticado desde os dias sombrios de Mao Tsé-Tung [foto acima]. Esse seria o “novo mundo” anunciado por futurólogos e filósofos políticos, cujos livros se multiplicam no mercado; segundo os quais as sociedades não serão mais as mesmas depois do vírus. Terão sido substituídas pelo “mundo chinês” — sem liberdade, e sobretudo sem fé — muito pior, portanto, do que o vírus atual e ainda outros que poderão surgir.
Perseguições à Igreja
Há tempos a China vem movendo impiedosa perseguição à Igreja Católica, herança das odiosas atrocidades comunistas praticadas atrás da “cortina de ferro”, na extinta União Soviética. Igrejas são demolidas, cruzes abatidas, sacerdotes e bispos encarcerados. Recentemente a cidade de Wenzhou, na província de Zhejiang, foi atingida por múltiplas destruições de edifícios religiosos. Não por acaso, pois Wenzhou era denominada a Jerusalém da China, precisamente em razão do número e beleza de suas igrejas. A partir de 2016, ali foram atacadas nada menos que 64 igrejas, e em alguns casos foram arrancadas apenas as cruzes no alto dos campanários. Mas, ao contrário do desejado, as perseguições não fazem senão aumentar o número de conversões, um dos principais temores do despótico e “sorridente” Xi Jinping [foto abaixo].
Não apenas fé faz tremer os autocratas, ditadores do Partido Comunista Chinês (PCC), que são especialmente autoritários e rigorosos quando se trata de reprimir as críticas à corrupção do governo. Basta ver sua impiedosa reação à sistemática e crescente oposição ao caudilhismo de Pequim, que em Hong Kong a população chinesa sustenta.
Programa a ser implantado no mundo
O PCC, segundo dita o catecismo comunista, deseja exportar para o mundo inteiro esse mesmo modelo de subserviência ao Estado. Nos países que pretende conquistar, conta com o apoio dos respectivos partidos comunistas e de esquerda; dos quintas-colunas e inocentes úteis, presentes nos mais diversos setores; dos grandes meios de comunicação social; e até mesmo de membros do clero progressista, sequazes da Teologia da Libertação. O Brasil, por sua extensão e riqueza, é especialmente cobiçado. Mas, na sua maior profundidade, a sanha dessas forças para tentar derrubar o atual governo anticomunista é devida à nossa tradição católica.
O toque sinistro de numerosas tubas midiáticas, que apregoam esse “novo mundo”, elogia dissimuladamente a entrada em cena desse “estilo chinês” de governo. Estilo que nada tem de novo, pois já foi enaltecido e praticado pelos utopistas anticristãos e comunistas de séculos passados: “Um mundo em cujo seio as pátrias unificadas numa República Universal não sejam senão denominações geográficas; um mundo sem desigualdades sociais nem econômicas, dirigido pela ciência e pela técnica, pela propaganda e pela psicologia, para realizar, sem o sobrenatural, a felicidade definitiva do homem — eis a utopia para a qual a Revolução nos vai encaminhando” (Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, parte I, cap. XI, 3).
Sob a máscara acobertadora do coronavírus (cuja epidemia foi denominada covid-19), mostra suas garras uma imensa transformação ideológica com forte aceno autoritário, valendo-se da oportunidade que se apresenta num ambiente de pânico. E desde já manuseia a espionagem eletrônica, a exemplo da que foi determinada em abril pelo governo de São Paulo: cada celular será rastreado a fim de controlar agrupamentos, e até mesmo simples reuniões de família.
Ocorrerá à China fazer entre nós o monitoramento de tal sistema espião? Experiência não lhe falta, pois há anos o pratica. E não parece sem propósito que ela se empenhe tanto para instalar a tecnologia 5G. Tal intromissão no cotidiano das pessoas tem tudo para estender-se velozmente a um controle mais amplo de movimentos, colocando nas mãos da autoridade central um poder nunca antes exercido — o de manipular a informação, difundir estatísticas e compor notícias geradoras de disposições psicológicas.
Embora com aparências de science fiction, assim se vão instalando de fato no Brasil delírios ditatoriais e escravagistas, como no primitivo e “inocente” big brother imaginado por George Orwell no seu livro 1984. Foi graças a esse supercontrole que a China escondeu, pelo menos desde novembro de 2019, o surgimento desse vírus devastador. E agora, implantados a morte e o pânico, eis que ela assume no panorama sua “missão” de se imiscuir profundamente na vida de cada povo e de cada pessoa. Este é, provavelmente, o momento esperado e oportuno.
É evidente que Pequim almeja o pior para todo o mundo ocidental, ou seja, a submissão ao seu regime comunista. Se os germes desse regime prosseguissem livremente seu desenvolvimento entre nós, como vinha ocorrendo desde a ascensão de Fernando Henrique Cardoso em 1995 (retraídos e parcialmente contidos a partir de 2013, quando manifestações multitudinárias contra o comunismo e a corrupção puseram fim à governança do PT), hoje poderíamos estar esmagados e gemendo sob o tacão chinês.
Há anos a China vem aperfeiçoando mecanismos de vigilância e dispositivos de controle de seus habitantes. No Ocidente já se fala em adotar o sistema chinês em seus respectivos países. Sob a máscara acobertadora do coronavírus os governos mostram as garras de uma imensa transformação ideológica com forte acento autoritário.
Irresponsabilidade culposa da China
Segundo o Prof. Luc Montagnier, prêmio Nobel de Medicina em 2008, a partir de um modelo inicial, podendo ter sua origem em morcegos, o coronavírus passou por manipulação de laboratório em Wuhan.
A covid-19 foi detectada em novembro do ano passado na cidade chinesa de Wuhan. Na feira de animais local, em dezembro, consta que um feirante fora identificado como seu portador. A notícia circulou, as famílias se amedrontaram, escolas se alarmaram. Mas o PCC não quer a circulação dessas notícias, e estabeleceu a censura das comunicações pela internet, pois a propagação de uma epidemia seria enorme fonte de desprestígio para o governo central.
As informações difundidas pela mídia sobre esse vírus parecem não ter limites. Sua propagação, modos de contê-la, o número de suas vítimas, eventuais remédios e vacinas circulam em avalanches. É preciso grande esforço de discernimento a fim de ponderá-las. Entre elas é preciso assinalar as declarações do Prof. Luc Montagnier [foto acima]. A descoberta do retrovírus causador da AIDS valeu-lhe em 2008 o prêmio Nobel de Medicina. Esse virologista francês fala, portanto, com conhecimento de causa. Segundo ele, a partir de um modelo inicial, podendo ter sua origem em morcegos, o coronavírus passou por manipulação de laboratório em Wuhan. Entretanto, o renomado professor não levanta hipóteses sobre a finalidade de tal manipulação.
No início de janeiro deste ano o perigo foi denunciado por oito médicos, entre os quais o Dr. Li Wenliang, que morreria infeccionado pouco depois. Todos eles foram imediatamente presos. Além de a Comissão Nacional Chinesa proibir qualquer publicação a respeito, o médico responsável, Dr. Wang Guangfa, afirmou que a doença estava sob controle e não passava de “leve pneumonia”. No dia 6 de janeiro já não se sabia o paradeiro do advogado Chen Qiushi, que havia difundido pela internet imagens dos superlotados e ineficientes hospitais de Wuhan.
Em meados do mês a epidemia não podia mais ser escondida, e forças policiais continuavam proibindo o acesso às informações, mantendo os jornalistas longe dos hospitais. O governo comunista cometeu então a irresponsabilidade criminosa de distribuir 200 mil convites para um banquete em Wuhan, comemorativo da entrada do ano novo lunar. Terminado o banquete, milhares de convivas regressaram aos seus respectivos lugares. O número de infecções foi tal, que Wuhan precisou ser isolada.
Xi Jinping ordenou pessoalmente a intensificação da censura na internet. A mesma ordem foi renovada em 15 de fevereiro. Delações passaram a ser pagas pelo governo. O Prof. Xu Zhangrun foi colocado em prisão domiciliar, por ter dado um parecer sobre a situação, no qual concluía que “a epidemia revela o cerne podre do regime chinês”. Simultaneamente à expulsão de jornalistas estrangeiros, o Departamento de Propaganda do Estado lançou comunicado louvando “a liderança extraordinária de Xi Jinping, característica dos chefes grandes e poderosos”.
Como essa desacreditada bajulação não moveu ninguém, o Ministério do Exterior acusou soldados norte-americanos de levar o vírus à China. O diário “Global Times”, órgão do PCC, cometeu em 22 de março a desfaçatez de negar que o vírus tenha se originado na China.
A agência de notícias “Asia News” noticiou o desaparecimento da Dra. Ai Fen, que em 30 de dezembro havia denunciado o surgimento do vírus. Há uma longa lista de desaparecidos, por terem criticado a inépcia do governo. Foi o caso do estudante Zhang Wenbin, da cidade de Shandong, que ousou queixar-se do “grande e poderoso chefe”. Ele foi preso “por perturbar a ordem pública”, e depois sumiu. Análogo destino tiveram numerosos intelectuais — como Xu Zhiyong defensor dos direitos humanos, Xu Zhangrun e He Weifang —, cujo “crime” foi o de inculpar o governo pela difusão da epidemia. A polícia política deu sumiço aos que viram e denunciaram o mal, impedindo-os assim de evitar a morte de incontáveis pessoas mundo afora.
Segundo declaração do Cardeal Charles Bo, Arcebispo de Yangon (no Myanmar, país fronteiriço com a China), o governo do PCC cerceou as notícias, censurou a internet, silenciou os denunciantes, aumentou a repressão. Querendo esconder sua vergonha, escondeu o mal; e quando o mal foi tardiamente revelado, os comunistas rejeitaram ajuda estrangeira. O governo chinês tornou-se assim responsável pela morte ou empobrecimento de milhões de pessoas em todo o mundo. Quantos pobres são hoje reduzidos à miséria, por terem cessado o trabalho ou mesmo perdido o emprego em razão dessas quarentenas?
Poltrões do Ocidente
Protegidas por trajes especiais, cientistas chinesas trabalham num avançado laboratório em Wuhan. Enquanto isso, cresce no Ocidente a desconfiança de que o coronavírus possa ter surgido de uma mutação proposital ordenada pelo regime comunista chinês.
Sessenta anos atrás, Plinio Corrêa de Oliveira advertia: “A China vai lentamente começando a intimidar e imobilizar os poltrões do Ocidente. A Rússia, cada vez mais, agrada, ilude e atrai os tolos. Uns e outros, poltrões e tolos, tendem a recuar, transigir, conciliar a todo custo. E, francamente, quando alguém tem de seu lado todos os tolos e todos os poltrões, pode jactar-se de dispor de uma esplêndida maioria” (A Revolução em 1960 – Catolicismo, janeiro/1960).
A indústria chinesa, movida pela tecnologia ocidental, começou a produzir e vender, a expensas do próprio Ocidente. Esse enriquecimento inicial resultou do trabalho escravo de uma população submissa. E o Ocidente, jactando-se ufano de suas liberdades, prestou-se a essa vergonha.
A “revolução cultural” de Mao Tsé-Tung se gabava então de manter a China como país campestre, sem maquinaria nem indústria. Depois, manipulada por outras mãos e movida pela tecnologia ocidental, ela começou a produzir e vender, a expensas do Ocidente. Esse enriquecimento inicial resultava do trabalho escravo de uma população submissa. E o Ocidente, jactando-se ufano de suas liberdades, prestava-se a essa vergonha. Esse esforço dos poltrões e dos tolos, enriquecendo o despotismo, marcou o início do sabujismo ocidental. Mas sabujos, tolos e poltrões tinham verdadeira avidez em submeter-se ao “tigre oriental”.
A atual epidemia é certamente um momento de reflexão. Dúvidas despontam por todos os lugares. Antagonismos saltam aos olhos. A perspicácia de nosso povo começa a ver as reais intenções escondidas além da cortina de bambu, e aos poucos se esvanece o ópio chinês, dando lugar a indagações: vale a pena negociar com um governo que mente? É sensato aliar-se à falta de escrúpulos?
O momento pede reflexão. Muita reflexão…
ABIM