quarta-feira, 30 de março de 2022

Candidaturas a decorrer para o apoio anual às Associações mirenses

 O movimento associativo constitui uma das riquezas sobre as quais assenta a identidade cultural do Concelho de Mira, onde as coletividades e associações, para além do convívio que proporcionam nas comunidades, são também espaços de amizade, solidariedade, cooperação, humanismo e cidadania. São ainda os principais dinamizadores de atividades multifacetadas que garantem o acesso, a todos os munícipes, a experiências culturais e desportivas que, em muito, contribuem para a melhoria da sua condição de vida saudável, cultural e social, defendendo valores e património.

O reconhecimento do papel ativo de associações e coletividades, na diversidade das áreas de intervenção que abrangem, impõem um modelo de relacionamento e boa cooperação capaz de valorizar as iniciativas e dinamizar a sua intervenção direta, numa perspetiva de desenvolvimento integrado e sustentável do concelho, bem como, promover orgulhosamente o nome de Mira a nível nacional e até além-fronteiras.

Assim, reconhecendo a intervenção do Movimento Associativo Concelhio, como um parceiro estratégico determinante na promoção da qualidade de vida dos seus munícipes, de atração de visitantes e de divulgação do nome e da identidade concelhia, com evidentes repercussões no processo de desenvolvimento local, o Município de Mira definiu um conjunto de critérios que assegurem um melhor equilíbrio entre a racionalização dos recursos disponíveis e a eficácia das atividades desenvolvidas.

O Município de Mira pretende ir para além de uma cooperação limitada a respostas e apoios pontuais solicitados pelas Associações, disponibilizando um conjunto de auxílios e de meios, para dotar as estruturas associativas de melhor conhecimento e condições para a realização dos seus objetivos e necessidades.

Neste sentido, até ao dia 22 de abril de 2022, está aberto o período de apresentação de candidaturas ao Apoio Anual às Associações, no âmbito dos Critérios para Atribuição de Subsídio Anual às Associações do concelho de Mira.

Este apoio destina-se a organizações não-governamentais sem fins lucrativos, legalmente constituídas, com sede e intervenção no Concelho de Mira, com processo de registo no Município e que tenham a sua situação fiscal e perante a Segurança Social devidamente regularizadas, fazendo disso prova através de certidão ou outro documento julgado idóneo.

Évora | Principais assuntos em destaque na Reunião Pública de Câmara de 23 de março

 - A Câmara Municipal de Évora irá realizar a Feira de S. João 2022, assunto que constará da próxima reunião extraordinária agendada para a tarde de quarta-feira (30 de março).

- Transferência de Competências na Educação - do Município para os Agrupamentos de Escolas - e celebração de Contratos Interadministrativos para 2022 – Aprovada por unanimidade

- Cedência temporária de terreno à Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos da Freguesia de Senhora da Saúde (localizado na envolvente à sua sede) para concretização de projeto candidato ao Programa Bairros Saudáveis que visa a criação de área de lazer e descanso para utilização de toda a comunidade. – Aprovado por unanimidade

- Projeto da Área de Lazer Adjacente à sede da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos da Freguesia de Senhora da Saúde (Programa Bairros Saudáveis) – Aprovado por unanimidade

- 47 processos de gestão urbanística foram aprovados por unanimidade.

Voto de reconhecimento, apresentado pela CDU, à Comissão Executiva da candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura pela passagem da referida candidatura à 2ª fase de apuramento e voto de saudação à equipa de produção que garantiu a operacionalização da candidatura – Aprovado por unanimidade

 - A Proposta de Adesão à Rede Nacional de Municípios Amigos da Juventude, apresentada pelos Vereadores do PSD, foi enviada para parecer do Conselho Municipal de Juventude de Évora.

- Voto de pesar conjunto pelo recente falecimento de 3 trabalhadores da Câmara Municipal de Évora: Firmino António da Silva Direito (aposentado), Joaquim Afonso Panasqueira Daroeira (Divisão de Ambiente e Mobilidade) e Francisco de Jesus Lopes Coelho (Divisão de Obras Municipais, Água e Saneamento) – Aprovado por unanimidade

- Voto de saudação ao treinador Óscar Tojo, apresentado pela CDU, pelo recente convite da Federação Portuguesa de Futebol para integrar os quadros da equipa técnica da Seleção Nacional Masculina de Sub-21 com vista aos jogos de qualificação para o Europeu 2023 – Aprovado por unanimidade

 - Voto de Felicitação pelo Doutoramento Honoris Causa atribuído ao economista e professor universitário Jorge Braga de Macedo pela Universidade de Évora, apresentado pelos Vereadores do PSD – Aprovado por unanimidade

- Voto de Felicitação ao Jovem Piloto Frederico Peters (tetracampeão de Karting em Portugal e atual Campeão Nacional de Karting da categoria X30) pela sua distinção como Embaixador do Alentejo pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo – Aprovado por unanimidade

- Voto de saudação, apresentado pelo PS, ao jovem eborense Miguel Soares que é o novo Preparador Físico da equipa técnica liderada por Jorge Costa (ex-futebolista do Futebol Clube do Porto) no Club Sport Sfaxien (Tunisia) – Aprovado por unanimidade


Silves | FEIRA DO FOLAR VOLTA A ANIMAR SÃO MARCOS DA SERRA.


A XXIV Feira do Folar regressa a São Marcos da Serra de 15 a 17 de abril.
Dedicado a celebrar o Folar nas suas mais diferentes formas e sabores, este evento reúne diversos produtores tradicionais, que não fazem somente o folar, mas uma enorme variedade de produtos típicos, que vão desde os doces, aos licores e ao medronho, bem como uma série de outras produções. Organizado pelo Município de Silves, o certame conta com o habitual apoio da Junta de Freguesia local, da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de São Bartolomeu de Messines e São Marcos da Serra e da Região de Turismo do Algarve.

São Marcos da Serra é uma freguesia do concelho de Silves, conhecida pelas suas características serranas e pelo fabrico do pão e do “Folar”, o “bolo” mais tradicional da Páscoa que complementa qualquer mesa com o seu perfume a canela e erva-doce, decorado com ovos inteiros e feito a partir de uma massa levedada com fermento de padeiro. O objetivo passa por promover o interior do concelho e a cultura popular, designadamente da freguesia de S. Marcos da Serra, veiculando o saber fazer das gentes locais, as suas tradições, a gastronomia e o artesanato, envolvendo agentes e representantes da comunidade local.

Do programa fazem parte concertos, celebrações religiosas, grupos corais, ranchos folclóricos, bailes, jogos tradicionais, a exposição "Vamos ser Geoparque Algarvensis” (patente no Pólo de Educação ao Longo da Vida de São Marcos da Serra) e muita animação de rua.

O Município de Silves convida todos a desfrutar das iguarias, da música e da alegria que a Feira do Folar de São Marcos da Serra tem para oferecer.

Conheça toda a programação.

 

 

BIBLIOTECA MUNICIPAL DE SILVES PROMOVE A INICIATIVA “VAMOS TROCAR LIVROS?” NO DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL


A Biblioteca Municipal de Silves vai assinalar, no dia 2 de Abril, o Dia Internacional do Livro Infantil, através da iniciativa “VAMOS TROCAR LIVROS?”, dirigida ao público infanto-juvenil, com o objetivo de incentivar o hábito de leitura, através da troca voluntária de livros.

Se tem livros “adormecidos” na estante, traga-os e troque por outros. Venha à biblioteca e leve para casa um “novo” livro!

A efeméride do Dia Internacional do Livro Infantil é celebrada a partir de 1967, para homenagear o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, cujo aniversário do nascimento é assinalado a 2 de abril, chamando-se a atenção para a importância da leitura e para o papel fundamental dos livros na infância.

Participe na iniciativa com o/a seu/sua filho/a, temos uma mala de leituras à vossa espera!

Figueiró dos Vinhos | “Andarilhagens em Rede” – Edição de 2022 começa com apresentação do projeto “Memórias Terras de Monsalude”


“Andarilhagens em Rede” volta para a sua segunda edição durante o próximo mês de abril e, este ano, promete levar-nos a viajar pela magnificência do Património Cultural.

O evento é promovido pela Rede de Bibliotecas Terras de Monsalude, uma rede cooperativa entre os municípios de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande e respetivos Agrupamentos de Escolas, bem como o Centro de Formação da Associação de Escolas do Mar ao Zêzere (Cenformaz) e a Escola Tecnológica e Profissional da Zona do Pinhal (ETPZP), que partilham o objetivo de realizar um trabalho colaborativo entre as bibliotecas das instituições parceiras ao nível da organização, gestão e disponibilização de recursos de informação, bem como a concretização de ações para o desenvolvimento de competências de leitura e de literacias.
A programação de “Andarilhagens em Rede” 2022 contempla atividades dispersas pelos três concelhos organizadores, e inicia-se em Figueiró dos Vinhos, no dia 01 de abril, pelas 17h00 na Biblioteca Municipal Simões de Almeida (tio), com a apresentação de “Memórias Terras de Monsalude”, outra importante ação realizada pela Rede que contemplará a abertura da exposição referente ao projeto e a apresentação da nova página do “Memórias Terras de Monsalude”, onde se encontra o diverso material recolhido neste âmbito.

Figueiró dos Vinhos receberá, igualmente, a Exposição “Objetos com Memória”, de 01 a 30 de abril, na Biblioteca Municipal; e Contarilhagens, sessões de conto com os renomados talentos da narração oral, Luís Correia Carmelo e José Craveiro, dirigidas ao público escolar, geral e sénior, nos dias 04, 28 e 29 de abril respetivamente.

O programa detalhado de “Andarilhagens em Rede” – Figueiró dos Vinhos encontra-se disponível na página online e de facebook do Município e da Biblioteca Municipal Simões de Almeida (tio).

Entre os dias 9 e 17 de abril a Câmara Municipal de Porto de Mós promove o Festival Gastronómico do Cabrito e do Borrego.


Entre os dias 9 e 17 de abril a Câmara Municipal de Porto de Mós promove o Festival Gastronómico do Cabrito e do Borrego.
A realização do 3º Festival do Cabrito e do Borrego do Município de Porto de Mós tem como objetivos valorizar e divulgar estes dois produtos regionais, nas suas mais diversas formas e, simultaneamente, promover a culinária, como património cultural, e os respetivos estabelecimentos de restauração, procurando criar uma base de referência para o público que os procura.

Os restaurantes aderentes estarão devidamente identificados, através de um dístico na porta de entrada.

O Festival Gastronómico do Cabrito e do Borrego conta com a participação de 15 restaurantes, das várias freguesias do concelho.

Poderá consultar os restaurantes aderentes e os pratos disponíveis, no âmbito do festival no documento em anexo. Bom apetite!

Abertas inscrições nas provas para maiores de 23


O prazo para inscrição nas provas de avaliação de capacidade para a frequência dos cursos superiores da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) destinadas aos maiores de 23 anos decorre até ao próximo dia 14 de abril.

As candidaturas terão de ser submetidas através da plataforma InforEstudante, em https://inforestudante.ipc.pt/.

Mais informações relacionadas com as candidaturas encontram-se disponíveis no Portal da Escola, em http://portal.esac.pt.

“Falar de invasoras na Lagoa dos Teixoeiros” com alunos da EB 2,3 da Tocha

No âmbito do projeto “Semana da Floresta 2022”, o Gabinete Técnico Florestal do Município de Cantanhede promoveu esta semana, em parceria com os investigadores da Escola Superior Agrária de Coimbra, uma ação de sensibilização na Lagoa dos Teixoeiros, em que participaram 41 alunos do 9.º ano da escola EB23 da Tocha.

Esta ação teve como principal objetivo informar e sensibilizar a população escolar para os impactos das plantas exóticas invasoras nas espécies e habitats naturais, educando-os sobre como contribuir para minimizar os efeitos negativos destas plantas nos ecossistemas.

Para Adérito Machado, vereador da Câmara Municipal, estas ações “são bastante importantes para que todos os alunos possam refletir acerca das preocupações relacionadas com a preservação ambiental e equilíbrio das espécies”. O autarca alertou que “embora as espécies invasoras se apresentem como plantas ornamentais e bastante bonitas, habitualmente vêm de outras regiões do globo e ao chegar ao nosso país desenvolvem-se de forma descontrolada. Foi isto que aconteceu por exemplo com as Acácias, com a Erva-Pinheirinha e com muitas das outras espécies invasoras que existem em Portugal”.

Adérito Machado lembra que “iniciativas como a limpeza da Lagoa dos Teixoeiros refletem bem as nossas preocupações e o que pretendemos para o concelho, servindo para alertar não só a comunidade escolar, como também para toda a sociedade para a questão do equilíbrio ambiental, cada vez mais na ordem do dia”.

As espécies invasoras são uma das principais ameaças à biodiversidade a nível global. Em Portugal, de acordo com o Decreto-Lei n.º92/2019 de 10 de julho, estão listadas mais de 300 espécies exóticas invasoras, entre plantas e animais, como é o caso das acácias, das canas, do jacinto-de-agua, da erva-pinheirinha e da erva das pampas.

A atividade foi desenvolvida na Lagoa dos Teixoeiros, situada na freguesia da Tocha, e que integra o Sítio de Importância Comunitária (SIC) “Dunas de Mira, Gândaras e Gafanhas” da Rede Natura 2000 – Zona Especial de Conservação (ZEC), com o objetivo de contribuir para assegurar a biodiversidade, através da conservação dos habitats naturais.

Com uma área aproximada do espelho de água de 10 hectares, a Lagoa dos Teixoeiros tem sido particularmente confrontada com o progressivo desaparecimento de área aquática, a perda de profundidade por assoreamento, a poluição aquática, a ausência de estratégias de planeamento integrado e a desvalorização desta zona enquanto ecossistema de excelência, fatores que têm contribuído para a degradação deste sistema aquático, criando condições ao surgimento de outros problemas, como o desenvolvimento de diversas espécies exóticas aquáticas, que condicionam a diversidade dos ecossistemas e são responsáveis pelo desequilíbrio profundo das condições ecológicas.

Estes fatores levaram à integração desta lagoa no projeto “Prevenção, Controlo e Erradicação das Espécies Exóticas e Invasoras no território da CIM RC”, liderado pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, com o acompanhamento técnico da Escola Superior Agrária de Coimbra. O investimento ascende a 573.768,88€, cofinanciado em 85%, onde a comparticipação do Município de Cantanhede é de 26 331,53€.

O projeto que preconiza operações de controlo de plantas invasoras identificadas em meio aquático (e nas suas margens) nomeadamente Erva-Pinheirinha (Myriophlyum aquaticum) e Azola (Azolla filiculoides), teve início em abril de 2021, tendo abrangido uma área de 10.000m2. Foram removidos cerca de 850m3 de plantas invasoras, com recurso a um veículo anfíbio, operado por funcionários municipais tecnicamente habilitados da Divisão de Gestão Florestal e Recursos Naturais.

Este ano, no início de março, foram retomados os trabalhos de remoção de Erva-Pinheirinha, tendo em vista  limpeza total da Lagoa dos Teixoeiros, trabalho hercúleo, mas de importância vital para o equilíbrio deste habitat natural.

PJ deteve 25 pessoas em esquema de acesso ilegal a sistemas informáticos de empresas

 O ‘modus operandi’ do grupo consistia num esquema fraudulento conhecido por “CEO Fraud”, que envolvia o acesso ilegítimo aos sistemas informáticos das empresas. Mais tarde, acabavam por substituir a empresa na sua atividade comercial.

Polícia Judiciária deteve 25 pessoas numa investigação a um esquema fraudulento em que os envolvidos acediam aos sistemas informáticos de empresas e as substituíam na atividade comercial, num prejuízo total superior a 1,3 milhões de euros.

Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) explica que esta operação de combate ao cibercrime transnacional envolveu o cumprimento de 27 mandados de buscas domiciliárias e não domiciliárias nos concelhos de Lisboa, Cascais, Amadora, Almada, Setúbal, Loures, Espinho e Porto.O ‘modus operandi’ do grupo consistia num esquema fraudulento conhecido por “CEO Fraud”, que envolvia o acesso ilegítimo aos sistemas informáticos das empresas. Mais tarde, acabavam por substituir a empresa na sua atividade comercial.

Os arguidos, 20 homens e cinco mulheres, 10 de nacionalidade portuguesa e 15 de nacionalidade estrangeira, têm idades compreendidas entre os 20 e os 60 anos.

A investigação arrancou em meados do ano de 2020 e em causa estava “a prática reiterada de crimes de burla informática, acesso ilegítimo, falsidade informática, falsificação de documentos, branqueamento e associação criminosa”.

Na nota, a PJ recorda que durante o período da pandemia da covid-19, aproveitando o facto de as relações comerciais ocorrerem por via digital, os arguidos conseguiram aceder, pelas mais diversas formas, nomeadamente através de ‘malware’, às caixas de correio eletrónico das empresas.

“Substituindo-se às verdadeiras empresas, os suspeitos criaram vários endereços de correio eletrónico fraudulentos, alteraram dados de pagamento e induziram as vítimas a efetuar avultadas transferências monetárias, para contas bancárias por si controladas e que se destinavam ao branqueamento de capitais”, explica a PJ.

Paralelamente, criaram ‘websites’ que simulavam empresas já existentes e que se dedicavam à comercialização de produtos de proteção individual, como luvas de látex, fatos de proteção, máscaras cirúrgicas e álcool-gel. Após receberem o contacto das empresas interessadas, contactavam-nas por email ou telefone, fechando negócios com a condição da realização do pagamento antecipado.

Pinho confessa que usou “de uma habilidade” para esconder património

Avença mensal de 15 mil euros ia para a sociedade offshore Tartaruga Foundation. Ex-ministro diz ter pedido a Ricardo Salgado para parar com as transferências.

O ex-ministro Manuel Pinho terá confessado que usou “de uma habilidade” para não revelar o seu património quando foi para o Governo, continuando deste modo a receber uma avença mensal de cerca de 15 mil euros do “saco azul” do GES. De acordo com o Observador (acesso pago), em causa está uma explicação por escrito apreendida pelo Ministério Público no final de fevereiro.

Terão sido três os documentos apreendidos pelo Ministério Público, que revelam uma confissão sobre a avença do saco azul do GES. Num deles, lê-se: “Assumo que usei de uma ‘habilidade’ para não revelar totalmente o meu património quando entrei para o Governo. Não o devia ter feito, mas a contrapartida teria sido continuar a gozar de um lugar tremendamente bem pago e em que fazia pouco, usufruir de férias de luxo e viajar em classe negócios.”

Esse “lugar tremendamente bem pago” era o cargo de administrador executivo do Banco Espírito Santo e de outras sociedades do GES em Portugal e no estrangeiro. Pinho declarou ter recebido em 2004 e em 2005 cerca de 490 mil euros anuais, segundo a CNN Portugal. “Era mais importante servir o meu país e não tive alternativa”, escreveu. Ou seja, optou por ocultar o seu património no momento em que se tornou ministro da Economia, em 2005.

Assim, “antes de entrar no Governo”, criou “uma fundação, a Tartaruga, porque era uma forma ‘habilidosa’ de não ter de declarar as minhas poupanças no exterior, caso contrário não teria integrado o Governo”, escreveu Manuel Pinho. Essa para essa sociedade offshore, a Tartaruga Foundation, que iam as transferências mensais de cerca de 15 mil euros, cuja maioria Pinho diz desconhecer. “Não recebia extratos bancários”, justifica, afirmando mesmo que pediu a Ricardo Salgado para parar depois de ter assumido a pasta de Economia.

ECO

Alemanha prepara-se para racionar gás natural perante exigências de Moscovo

Berlim ativou a primeira fase de uma lei de emergência criada para enfrentar a crise energética, uma vez que a Europa se recusa a cumprir a exigência de Moscovo de pagar o gás natural em rublos.

Face à exigência de Moscovo para que a Europa pague o gás natural em rublos, o Governo alemão deu o primeiro passo formal para o racionamento de gás de forma a prevenir uma eventual interrupção das entregas da Rússia.

Na manhã desta quarta-feira, o ministro da Economia, Robert Habeck, ativou a “fase de alerta precoce” de uma lei de emergência de gás, criada para enfrentar a crise de energia, noticia o Financial Times (acesso condicionado/conteúdo em inglês).

A medida foi ativada depois de, na terça-feira, Moscovo ter dito que não “forneceria gás gratuitamente” ao bloco europeu, após os países do G7 terem rejeitado unanimemente a diretiva do Presidente russo, Vladimir Putin, que exigia pagamentos em rublos.

Segundo o também vice-chanceler alemão, a “fase de alerta precoce” foi ativada em antecipação à legislação russa, que entra em conflito com a denominação dos contratos de fornecimento a longo prazo em euros ou dólares. “Não aceitaremos uma violação [unilateral] de contratos“, reiterou Habeck, ressalvando que, por agora, os fornecimentos de gás a partir da Rússia estão a fluir normalmente.

Durante a “fase de alerta precoce” — a primeira das três fases da resposta de emergência da Alemanha –, uma equipa de crise do Ministério da Economia, do regulador e do setor privado alemão controlará as importações e o armazenamento.

Caso os fornecimentos de gás fiquem aquém das expectativas, e as tentativas menos severas de reduzir o consumo não funcionem, o Governo alemão cortará o acesso à rede de certas partes da indústria do país da rede e dará um tratamento preferencial às famílias.

A Alemanha, um dos maiores importadores de gás russo, está agora a importar mais GNL (gás natural liquefeito). Só nas últimas semanas, a quota de mercado da Rússia nas importações alemãs caiu de uma média de 55% para 40%.

Joana Abrantes Gomes e Flávio Nunes/ECO

Concurso de 10 milhões de euros para matas do Bussaco, Contenda e Mafra

O objetivo é "reduzir as vulnerabilidades do território, designadamente a perigosidade de incêndio rural". São verbas para "apoiar a 100% ações de arborização e de rearborização, de aproveitamento de regeneração natural, de controlo de espécies invasoras lenhosas, de gestão de combustível ou de construção e manutenção de infraestruturas florestais (rede viária, rede divisional e pontos de água)", segundo o Ministério do Ambiente.

O Ministério do Ambiente e da Ação Climática anunciou que estão desde hoje a concurso, dez milhões de euros de fundos europeus para redução do risco de incêndio nas matas nacionais do Bussaco, Tapada de Mafra e Herdade da Contenda.

Trata-se de fundos de coesão do programa de Assistência de Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa – REACT-EU alocadas ao Ministério do Ambiente e da Ação Climática, segundo um comunicado, que dá conta de que foi lançado hoje este aviso com um montante global de 10 milhões de euros.

Este montante destina-se a investimentos nas Matas Nacionais geridas pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas: na Mata Nacional do Bussaco [concelho da Mealhada, distrito de Aveiro], na Tapada Nacional de Mafra [Lisboa] e na Herdade da Contenda [concelho de Moura, distrito de Beja]", lê-se na nota do Ministério do Ambiente.

São verbas para "apoiar a 100% ações de arborização e de rearborização, de aproveitamento de regeneração natural, de controlo de espécies invasoras lenhosas, de gestão de combustível ou de construção e manutenção de infraestruturas florestais (rede viária, rede divisional e pontos de água)", segundo o Ministério do Ambiente.

O objetivo é "reduzir as vulnerabilidades do território, designadamente a perigosidade de incêndio rural".

Segundo o Ministério do Ambiente, no âmbito do REACT-EU já foram disponibilizados avisos com uma dotação global de 45 milhões de euros "para intervenções na dimensão de Resiliência dos Territórios face ao Risco", que "será reforçada com mais 20 milhões de euros no âmbito do exercício de reprogramação do REACT-EU".

Mais de meia centena de contadores de água furtados em Leiria e na Marinha Grande

Além da Marinha Grande, segundo informação dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Leiria remetida na segunda-feira à imprensa, na sexta-feira foram furtados seis contadores e uma tampa de saneamento, na Maceira e Barosa (Leiria) e na Marinha Grande.

Mais de meia centena de contadores de água foram furtados em Leiria e na Marinha Grande este mês, segundo dados hoje enviados à agência Lusa pelas entidades que gerem os respetivos sistemas.

Desde o dia 04 de março até ao dia de hoje, temos registo do furto de 47 contadores de água e oito grelhas de sumidouro/sarjeta”, afirmou o vereador da Câmara da Marinha Grande João Brito, que tem, entre outros, o pelouro da manutenção e conservação das infraestruturas das águas e saneamento.

Segundo João Brito, o município está a contabilizar os prejuízos, “não tendo ainda o apuramento do valor final”.

“Está a ser reunida a informação, para posterior comunicação formal às autoridades”, adiantou, referindo que os clientes que foram afetados pelos furtos contactaram a PSP que elaborou participações ou declarações “para cada um dos casos”.

Estas participações estão a ser remetidas à Câmara pelos clientes, continuou o autarca.

Questionado sobre quem suporta os custos da reinstalação de contadores, João Brito explicou que a autarquia “assegura apenas a instalação do contador novo”, sendo que a reparação da rede predial que eventualmente ficou danificada na sequência do furto “é da responsabilidade do cliente”.

O vereador apelou à população do concelho e aos clientes deste serviço que comuniquem “o eventual furto do seu contador ou de qualquer outro que tenham conhecimento, para que, numa primeira fase”, a Câmara possa “proceder ao fecho de água e, posteriormente, seja assegurada a instalação de um novo contador”.

João Brito pediu também que “os lesados façam chegar à PSP ou GNR toda a informação” que ajude na identificação dos autores dos furtos.

Entretanto, informação dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS)de Leiria remetida na segunda-feira à imprensa indicou que na sexta-feira foram furtados seis contadores e uma tampa de saneamento, na Maceira e Barosa (Leiria) e na Marinha Grande.

“Os custos reais ainda não foram contabilizados, mas por cada roubo de um contador de água os custos rondam os 130 euros, em média”, esclareceu a empresa, referindo que este valor é distribuído pelas perdas de água, recursos humanos necessários às reparações e substituições dos contadores e o custo dos equipamentos novos.

Os SMAS fizeram participação às autoridades e foi “ainda dado o alerta à Câmara Municipal da Marinha Grande”.

“Na maioria das situações, os custos [da instalação dos contadores de água] são assumidos pelos SMAS de Leiria. No entanto, quando os danos afetam também a instalação predial do cliente, poderá ser necessária a intervenção do próprio cliente”, justificou a empresa, que pediu à população para que “se mantenha vigilante” e apelou “à consciência de todos, no sentido de se dissuadir a reincidência destas situações”.

Leiria: Jovem de 19 anos detido como suspeito de dois fogos florestais

Presente a primeiro interrogatório judicial, o juiz de instrução criminal determinou que o arguido aguardasse julgamento em liberdade, condicionada a apresentação, três vezes por semana, a autoridade policial e a tratamento do seu estado de saúde, disse fonte da PJ.

Um jovem de 19 anos foi detido por ser suspeito de ser o autor de dois incêndios florestais que ocorreram perto da localidade de Ortigosa, no concelho de Leiria, anunciou hoje a Polícia Judiciária (PJ).

A detenção, fora de flagrante delito, feita pelo Departamento de Investigação Criminal da PJ, ocorreu na segunda-feira, 28 de março, refere a PJ.

Segundo o comunicado da PJ, o arguido "ateou os incêndios com recurso a chama direta, numa área essencialmente constituída por mato e eucaliptal", sendo que "a pronta intervenção dos bombeiros evitou que o incêndio se alastrasse, tomando maiores dimensões".

Presente a primeiro interrogatório judicial, o juiz de instrução criminal determinou que o arguido aguardasse julgamento em liberdade, condicionada a apresentação, três vezes por semana, a autoridade policial e a tratamento do seu estado de saúde, disse fonte da PJ.

Penitência ou Confissão, o Sacramento da misericórdia

O Profeta Natã (à dir.), adverte o Rei David. Pintura (1672) de Matthias Scheits (1630–1700).

  • Plinio Maria Solimeo

Um dos maiores sofrimentos que se pode ter nesta vida é o de sentir a consciência oprimida pelo peso dos pecados, sem ter consolação. Essa angústia é assim descrita no Salmo 37 pelo Real Profeta: “Vossa cólera nada poupou em minha carne, por causa de meu pecado nada há de intato nos meus ossos. Porque minhas culpas se elevaram acima de minha cabeça, como pesado fardo me oprimem em demasia. […] Ao extremo enfraquecido e alquebrado, agitado o coração, lanço gritos lancinantes” (Sl 37, 4-5-9).

O que levou David, o “ungido do Senhor”, a proferir tão lancinantes palavras de dor? Foi quando sentiu a mão do Deus todo-poderoso abater-se sobre ele por causa de um duplo crime.

Ociosidade e queda

No auge de sua glória, o Rei Profeta, em uma de suas campanhas contra os amonitas, em vez de ir como sempre comandar suas tropas, enviou o general Joab em seu lugar, permanecendo ocioso em Jerusalém. Ora, como a ociosidade é mãe de todos os vícios, ele passeava despreocupadamente pelo terraço de seu palácio, quando viu no terraço de uma casa próxima uma formosa mulher, Betsabé, que se banhava. Tendo a paixão subido a seu coração, mandou buscá-la e com ela pecou, mesmo sabendo que era esposa de um suboficial que no momento expunha sua vida por ele na guerra.

Ora, Betsabé concebeu, e mandou avisar o rei. Este, para dissimular as coisas, sob o pretexto de lhe pedir informações do campo de batalha, mandou que o marido voltasse da guerra, a fim de assim coabitar com ela e salvar as aparências. Mas o bravo guerreiro não quis o conforto do lar enquanto seus companheiros passavam os perigos e as privações da guerra. Permaneceu no átrio do palácio com outros soldados, sem ir ter com a esposa.

A paixão cega. O até então justíssimo David não encontrou outra saída senão mandar que Urias, esse suboficial dedicado, fosse colocado no lugar mais perigoso da batalha, onde certamente pereceria. Foi o que sucedeu, e David tomou então Betsabé por esposa.

Isso irritou o Senhor Deus das Vinganças, que enviou o profeta Natã diante do rei, para o increpar pelo duplo crime, apesar de tantos benefícios a ele concedidos pelo Criador. Dando-se conta do pecado cometido e tocado pela graça, David caiu de joelhos, clamando: “Pequei contra o Senhor”. Natã responde-lhe que ele fora perdoado, mas que, como punição, o filho desse adultério morreria (cfr. II Samuel, capítulos 11 e 12.)

Vestido então de saco, em jejum e prosternado no solo, David rezou do mais íntimo do coração: “Do fundo do abismo, clamo a Vós, Senhor. Senhor, ouvi minha oração. Que vossos ouvidos estejam atentos à voz de minha súplica. Se tiverdes em conta nossos pecados, Senhor, Senhor, quem poderá subsistir diante de Vós?” Não, isso não acontecerá porque “em Vós se encontra o perdão dos pecados, para que, reverentes, Vos sirvamos. Ponho a minha esperança no Senhor. Minha alma tem confiança em sua palavra” (Salmo 129, 1-5). E Deus lhe foi benigno: “Procurei o Senhor e Ele me atendeu, livrou-me de todos os temores” (Salmo 33, 5). Por isso, exclama: “Feliz aquele cuja iniquidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido” (Salmo 31, 1).

Nesse simples relato bíblico estão descritos em poucas e inspiradas palavras o alívio e a alegria verdadeiramente sobrenaturais que uma alma experimenta depois de uma boa confissão e de receber a absolvição de seus pecados.

“O poder de perdoar os pecados”

O Divino Redentor concedeu em várias ocasiões aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados. Primeiramente a São Pedro, quando o instituiu o chefe da Igreja: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 18-19). Um pouco mais tarde, Ele repetia essas mesmas palavras aos Apóstolos (Mt 18, 18).

Entretanto, Nosso Senhor foi muito mais explícito quando, aparecendo aos Apóstolos reunidos no Cenáculo logo depois da Ressurreição, disse: “Como o Pai me enviou, assim também Eu vos envio a vós”. Depois dessas palavras, soprou sobre eles, dizendo-lhes: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos (Jo 20, 21-23).

Portanto, está claro, por essas palavras do Divino Redentor, que os Apóstolos receberam o poder de perdoar os pecados. Mas não se tratou de uma prerrogativa pessoal, que desapareceria com suas mortes. Era um poder que lhes era conferido enquanto investidos de uma função oficial e, portanto, como uma instituição permanente na Igreja, não menos permanente que a missão de ensinar e de batizar todas as nações.

Em sua omnisciência, o Filho de Deus sabia que mesmo entre aqueles que receberam a Fé e o Batismo, muitos cairiam em pecado, tanto durante a vida dos Apóstolos como depois. Logo, necessitariam o perdão para serem salvos. O Divino Mestre teve portanto a intenção de que esse poder fosse transmitido pelos Apóstolos a seus sucessores, enquanto houvesse pecadores na Igreja. Quer dizer, até a consumação dos séculos, pois infelizmente isso ocorreria com os fiéis, mesmo depois de regenerados pelo Batismo, aperfeiçoados pelo sacramento da Crisma e alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo. Faz parte da humana fraqueza.

Em seu estudo O Sacramento da Penitência, no qual muito nos baseamos, o Pe. Edward J. Hanna argumenta que Nosso Senhor, nas palavras do Evangelho de São João (Jo 20,21-23) acima citadas, “reitera nos termos mais simples — ‘pecados’, ‘perdoar’, ‘reter’ — o que Ele tinha dito previamente em linguagem figurativa ‘ligar’ e ‘desligar’, de maneira que esse texto especifica e distintamente aplica ao pecado o poder de ligar e desligar”. Ora, prossegue o Pe. Hanna, Cristo concede-lhes esse poder “declarando que a missão dos Apóstolos é semelhante à que Ele tinha recebido do Padre e que Ele tinha cumprido: ‘Como o Pai me enviou…’. Assim, está fora de dúvida que Ele veio ao mundo para destruir o pecado, e que em várias ocasiões (Mt 9, 2-8; Lc 5, 20; 7,47; Ap 1, 5), explicitamente perdoou os pecados. Em consequência, perdoar os pecados deve ser também incluído na missão dos Apóstolos”.

Respondendo à objeção dos escribas de que “só Deus pode perdoar os pecados”, Ele dissera: “Que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os pecados te são perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, toma o teu leito e anda?’. Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho do Homem sobre a Terra, disse ao paralítico: ‘Eu te ordeno, levanta-te, toma o teu leito e vai para casa’” (Mc 2, 5-11; Mt 9, 2-7).

Nosso Senhor operou um milagre para mostrar que tinha poder de perdoar os pecados, e que esse poder podia ser exercido não somente no Céu, mas também na Terra. E foi essa prerrogativa que Ele transmitiu a São Pedro e aos outros Apóstolos.

Os protestantes e a confissão

Esse sublime poder recebido pelos Apóstolos de perdoar os pecados foi negado pelos protestantes, os quais “afirmam que penitência [ou confissão] era somente uma espécie de repetição do batismo; e, como [para eles] o batismo não efetua um real perdão do pecado, mas só uma

[espécie de]

cobertura do mesmo (o que se dá) somente através da fé, do mesmo modo, alegam, deve ser o caso com a penitência”. Assim, para eles, “a confissão é um sacramento supérfluo; ‘[pois] a absolvição é somente uma declaração de que o pecado é perdoado por meio da fé, e a satisfação é desnecessária, porque Cristo satisfez uma vez por todas por todos os homens’. Esta foi a primeira e generalizada negação radical do Sacramento da Penitência”, diz o Pe. Hanna. Uma falsa doutrina refutada e condenada pelo Concílio de Trento.

A proposição de Lutero — que foi mais longe ainda, ao afirmar que desse modo “qualquer cristão, mesmo uma mulher ou criança”, poderia dar a absolvição dos pecados na ausência de um sacerdote tanto quanto o faria um Papa ou um Bispo — foi condenada em 1520 pelo Papa Leão X na Bula Exsurge Domine e pelo Concílio de Trento (sessão XIV, c. 6.).

Cabe aos eclesiásticos ouvir confissões

Esse sublime Sacramento da Penitência ou Confissão, instituído pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, é exercido pelo Bispo ou pelo padre devidamente autorizado.

O fato de um sacerdote ter sido validamente ordenado não significa que ele esteja capacitado para ouvir confissões e perdoar os pecados. Pelo sacramento da Ordem ele tem poder para tal, mas não pode exercê-lo sem ter sido autorizado pelo bispo. Essa autorização é chamada faculdade.

É o que dispõe o Código de Direito Canônico: “Cân. 966, §1: Para a absolvição válida dos pecados, requer-se que o ministro, além do poder de Ordem, possua a faculdade de o exercer sobre os fiéis a quem concede a absolvição”.

A Santa Igreja dispõe que, num caso de perigo de morte, qualquer sacerdote, mesmo que não tenha licença do bispo, pode dar a absolvição a um moribundo, porque em semelhante circunstância a Igreja supre essa lacuna.

Ainda de acordo com as prescrições do Código, um sacerdote incardinado em determinada Diocese, e lá tendo faculdade de absolver dada pelo Bispo, pode ouvir confissões válida e licitamente em território de outra diocese, a não ser que o Ordinário local se oponha em algum caso particular (cfr. cân. 967 – § 2). Na prática, qualquer sacerdote autorizado a ouvir confissões pode fazê-lo por toda parte.

Antigamente, antes de ser autorizado a ouvir confissões, o sacerdote recém-ordenado costumava fazer um curso de Moral, para se tornar mais apto a exercer esse ministério. Hoje em dia praticamente qualquer sacerdote, pouco depois de sua ordenação, já recebe autorização para isso.

É preciso dizer que, como foi estabelecido pelo Concílio de Trento e se tornou o segundo Mandamento da Igreja, todo aquele que atingiu a idade da razão (normalmente os 7 anos de idade) deve se confessar ao menos uma vez por ano; e o terceiro Mandamento estipula que esse fiel deve comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição.

A confissão é feita a Deus na pessoa do padre

Entretanto, o que afasta muitos da confissão, é alegar a humilhação de ter que dizer com detalhes, a um outro homem como ele, todos os seus mais íntimos pecados. Não bastaria a pessoa dizer que se arrepende, sem ter que entrar em minúcias?

Dom Duarte Leopoldo e Silva desfaz esse erro em sua insuperável Concordância dos Santos Evangelhos. Diz ele que, para que o sacerdote possa perdoar os pecados, é necessário conhecer as disposições de cada um, que agrava ou atenua a falta cometida. Ora, “para que eles possam julgar dessas disposições, é necessário conhecê-las, e daí a necessidade da confissão”.

Entretanto, “também não basta uma confissão qualquer, em termos vagos e gerais, porque os Apóstolos têm que se pronunciar sobre cada um dos pecados a fim de julgá-los, de perdoá-los ou não, sempre conforme com as disposições do penitente”. Isso porque, “para pronunciar uma sentença de vida ou de morte, o juiz deve conhecer primeiramente a natureza do crime cometido, avaliar as circunstâncias agravantes ou atenuantes, ouvir as testemunhas, e depois decidir conforme a Justiça. Ora, só o pecador conhece a natureza da sua falta com todas as suas circunstâncias, é ele a única testemunha digna de fé, porque fala de si mesmo. Portanto, deve ser, ao mesmo tempo, réu, acusador e testemunha, confessando-se ao juiz para dele receber a sua sentença”.

Conclui o ilustre Arcebispo: “A confissão é, pois, um tribunal de misericórdia infinita e de tanta bondade que, mesmo quando o juiz não pode absolver por faltarem ao réu as condições indispensáveis para o perdão, despede-o com uma bênção, a fim de reanimar a sua coragem, e dispô-lo a receber oportunamente as misericórdias de Deus”.

Ademais, o penitente deve ter presente que não é o sacerdote quem perdoa o pecador no sacramento da confissão. Ele simplesmente empresta sua voz a Jesus Cristo.

Além disso, o sacerdote está obrigado, pelo sigilo sacramental, a guardar como segredo inviolável o que ouvir em confissão. Isso mesmo com o risco da própria vida ou bom nome, para salvar a vida de um outro, se intimado pela justiça ou mesmo para evitar qualquer calamidade pública. Ele não pode revelar algo ouvido em confissão, nem direta, nem indiretamente, isto é, por algum sinal ou ação, ou dando informação baseada no que conheceu na confissão. A única exceção possível é quando ele tem a permissão do próprio penitente de revelar algo que lhe disse em confissão. Sem ela, a violação do segredo da confissão seria não apenas um grave pecado, mas um sacrilégio. O sacerdote prevaricador, como dispunha o Concílio de Latrão, deveria ser deposto de seu caráter sacerdotal, podendo ser sujeito a uma perpétua penitência (outrora, encerrado num mosteiro).

Efeitos de uma confissão na alma do penitente

Os efeitos da boa confissão na alma do penitente verdadeiramente compungido, de acordo com o Terceiro Catecismo, é que ela “confere à alma a graça santificante com a qual são perdoados os pecados mortais e também os veniais que se confessaram e de que haja arrependido; comuta a pena eterna em temporal, da qual também é perdoada uma parte maior ou menor, conforme as disposições do penitente; faz reviver o merecimento das boas obras feitas antes de se cometer o pecado mortal; dá à alma auxílios oportunos para que não recaia no pecado, e lhe restitui a paz de consciência”.

Isso tudo é tão sublime, que não se pode senão ter certeza absoluta de que foi instituído pelo próprio Nosso Senhor para salvar os pecadores. Observa-se também que um dos frutos secundários, mas psicologicamente importante da confissão é, como diz o Catecismo, que ela “restitui a paz de consciência” para a pessoa atribulada.

Para concluir, seguindo São Tomás de Aquino, os teólogos dão as dezesseis qualidades que recomendam para uma perfeita acusação dos pecados: a “Confissão deve ser simples, humilde, pura, fiel, frequente, clara, discreta, voluntária, sem discussão, integral, secreta, com dor, pronta, forte, acusando e disposto a obedecer”.

ABIM

Ucrânia: história de uma Igreja mártir (3/3)

 Foto de capas de algumas edições da obra de Plinio Corrêa de Oliveira “A liberdade da Igreja no Estado comunista“. Nela o autor demonstra que é impossível a colaboração de católicos com regimes comunistas. Tal colaboração, defendida pelo clero progressista, visava impedir a resistência católica ao comunismo.

Concluímos hoje a publicação de uma séria de três matérias extremamente oportunas tendo em vista a guerra em curso no leste europeu. Elas foram publicadas em 1977 na Revista da TFP americana “Cruzade” e também no site
https://www.atfp.it/notizie/305-chiesa/2190-ucraina-storia-di-una-chiesa-martire.

A tradução é do portal português “Dies Irae”:
https://www.diesirae.pt/2022/03/ucrania-historia-de-uma-igreja-martir-13.html

Obstáculos e silêncios. O papel do Vaticano         

No ensaio A liberdade da Igreja no Estado comunista[1], Plinio Corrêa de Oliveira demonstra como, mesmo se um Estado comunista permitisse à Igreja a liberdade de administrar os sacramentos, seria imoral estabelecer uma relação com esse. A doutrina católica sobre a família e a propriedade privada faz parte do depositum fidei, e não é lícito à Igreja permanecer em silêncio sobre estas questões face aos erros do comunismo.         

Até ao início dos anos sessenta, o Vaticano alertava frequentemente os fiéis contra os erros do comunismo, chegando a condenar explicitamente a táctica da “coexistência pacífica”. Em 1945, o Papa Pio XII escreveu a encíclica Orientales omnes Ecclesias sobre a triste situação da Igreja na Ucrânia. Por ocasião dos mil anos do baptismo de Santa Olga de Kiev, dirigiu uma memorável Carta Apostólica a Mons. Slipyj, ainda na prisão, protestando contra a perseguição soviética. Por seu lado, o Kremlin, o Partido Comunista da União Soviética e o “Patriarcado” de Moscovo responderam atacando o Vaticano e a Igreja Católica. Isto mudou radicalmente com o advento de João XXIII e o aviamento da Ostpolitik.  

Para avaliar correctamente a Ostpolitik, é importante ter em mente as palavras do “Patriarca” de Moscovo Aleksej: «A Igreja Ortodoxa Russa apoia plenamente a política externa do nosso governo». Abundam as citações neste sentido da parte da liderança da IOR[2]. Falando ao Conselho Ecuménico de Igrejas, em Genebra, Pimen, sucessor de Aleksej, atacou duramente aqueles que criticavam a URSS, classificando-os como «cegos aos méritos do sistema socialista». Acrescentou que os males que afligiam o homem moderno estavam conspicuamente ausentes do sistema soviético[3].   

Em 1961, o clima começou a mudar. O líder russo Nikita Khrushchev enviou uma mensagem ao Papa João XXIII por ocasião do seu 80.º aniversário. A 7 de Março de 1963, o Pontífice recebeu Alexis Adjubei, genro de Khrushchev, em audiência no Vaticano. O então bispo, mais tarde cardeal, Johanes Willebrands, começou a preparar a participação dos bispos moscovitas no Concílio Vaticano II. Vários autores observam que esta participação foi aceite na condição de o Concílio não condenar o comunismo[4].

Por sugestão de Plinio Corrêa de Oliveira, em 1965, D. Geraldo de Proença Sigaud e D. António de Castro Mayer apresentaram ao Concílio uma petição, assinada por 454 Padres Conciliares, pedindo a explícita condenação do comunismo. O pedido foi simplesmente silenciado numa gaveta e nunca foi posto à votação[5]. Por outro lado, durante a Conferência Pan-Ortodoxa de Rodes, os próprios ortodoxos confessaram que Moscovo tinha definido como conditio sine qua non o silêncio do Concílio sobre o comunismo[6].  

Este foi o início de uma longa lista de concessões unilaterais por parte do Vaticano, no que viria a ser uma das vitórias mais impressionantes do comunismo soviético. Durante todo este tempo, Roma não disse uma única palavra a favor dos católicos uniatas ucranianos, que continuavam a ser brutalmente perseguidos pela sua lealdade… a Roma.    

Nikodim, metropolita ortodoxo de Leninegrado, teve o descaramento de declarar, contra todas as provas: «Na URSS, os crentes têm os mesmos direitos que todos os cidadãos». Num encontro ecuménico, em Leninegrado, sobre o “Pensamento social católico”, disse: «Hoje, a Igreja Católica aceita a forma de propriedade colectiva proposta pelo socialismo soviético»[7]. Parece claro que a URSS tinha interesse em favorecer a Ostpolitik, vendo-a como um instrumento para a difusão do pensamento socialista entre os católicos.     

Depois do Concílio, os contactos entre o Vaticano e a IOR intensificaram-se. Sob os auspícios do Papa Paulo VI, realizou-se, em 1975, um encontro ecuménico em Trento, em que participou Nikodim, na conclusão do qual foi assinada uma Declaração conjunta que equivalia a um apelo aos católicos para abraçarem o socialismo[8]. Pouco tempo depois, Paulo VI autorizou a celebração de uma liturgia ecuménica no túmulo de São Pedro, presidida pelo próprio Nikodim[9].         

Em 1971, Pimen foi eleito “Patriarca” de Moscovo. Na cerimónia de instalação, na presença do Cardeal Willebrands, falou em tom vitorioso, reiterando que Moscovo exigia a abolição definitiva da União de Brest e «o triunfante regresso dos uniatas à Igreja Ortodoxa». Willebrands, representante oficial do Papa Paulo VI, não levantou nenhuma objecção, nem houve qualquer protesto da Secretaria de Estado. Foi um claro exemplo de silêncio-consentimento.

Um outro facto clamoroso foi o tratamento reservado, em Roma, em 1972, a Mons. Vasyl Velychkovsky, bispo ucraniano consagrado na clandestinidade e nomeado, por João XXIII, Bispo Auxiliar de Lviv dos Ucranianos. Após anos passados nas prisões soviéticas, onde foi torturado de modo selvagem, foi libertado por motivos de saúde. Indo ao Vaticano, foi tratado como um simples sacerdote. Até o Osservatore Romano se referiu a ele como Padre Velychkovsky. Hoje sabe-se que Mons. Velychkovsky foi descoberto, preso e encarcerado através da intervenção directa de Filarete, exarca ortodoxo da Ucrânia, sem qualquer protesto por parte do Vaticano. Evidentemente, não se queria arranhar a Ostpolitik com Moscovo[10].   

Em 1971, Filarete presidiu, em Kiev, às celebrações para comemorar a “abolição” das Uniões de Brest e de Uzhhorod. Algumas semanas depois, celebrações semelhantes foram realizadas em Zagorsk (uma espécie de Vaticano da IOR, perto de Moscovo). Perspectivava-se o rápido desaparecimento da Igreja Católica na Ucrânia. Por ironia sardónica, foi em Zagorsk que se realizou, em 1973, um encontro ecuménico entre a igreja russa e o Vaticano sobre o tema “A Igreja num mundo em transformação”. Nem uma palavra sobre os católicos ucranianos…  

Desenvolveu-se uma verdadeira subjugação psicológica da Ostpolitik vaticana ao Kremlin, em detrimento da Igreja Católica na Ucrânia. Um exemplo característico foi o memorando escrito, em 1971, pelo Padre Paul Mailleux, da Congregação para os Ritos Orientais e Reitor do Pontifício Colégio Russicum, em Roma, em que se declarava contra a erecção de um Patriarcado católico em Kiev, porque «isto poderia ser considerado uma ingerência hostil nos assuntos internos da URSS»[11]. Entretanto, a polícia italiana descobriu uma rede de espionagem soviética no próprio interior do Pontifício Colégio Russicum. O Vaticano interveio rapidamente e o caso foi encoberto[12].         

Este zelo por parte do Vaticano para não irritar Moscovo não foi, contudo, correspondido pelo outro lado. Por exemplo, em 1969, a Basílica de Santa Sofia, na Via Boccea, em Roma foi consagrada na presença do Cardeal Josyp Slipyj. O metropolita de Leninegrado, Nikodim, foi a Roma, afirmando, já à chegada, que este acto era «contrário ao diálogo ecuménico» e «não deve ser repetido». Na mesma ocasião, reiterou a posição do “Patriarcado” de Moscovo: a Igreja Greco-Católica Ucraniana deveria ser eliminada[13].

Agindo nesta lógica, a IOR estabeleceu um vicariato metropolitano de Kiev para “governar” as paróquias ucranianas no Canadá e nos Estados Unidos, uma clara interferência dos russos nos assuntos internos das Igrejas no Ocidente[14]. Também significativo a este respeito foi o pedido do “Patriarca” Pimen ao Governo Federal alemão para reconhecer as igrejas ortodoxas existentes no território da Alemanha Ocidental como propriedade do Estado soviético[15].  

A subserviência do Vaticano a Moscovo, disposto a sacrificar a Igreja Católica ucraniana no altar da Ostpolitik, escandalizava até mesmo a imprensa laica. A própria revista Newsweek escreveu: «O Vaticano parece determinado a sacrificar cinco milhões de católicos de rito ucraniano na União Soviética»[16].     

Multiplicaram-se os contactos amigáveis entre o Vaticano e a IOR. A 13 de Julho de 1975, por exemplo, pouco depois de receber o ministro soviético Andrei Gromyko, Paulo VI recebeu calorosamente Nikodim, através do qual estendeu saudações a “Sua Santidade o Patriarca de Moscovo”, Pimen[17].   

Por outro lado, o Vaticano procurou criar constantemente obstáculos à vida interna da Igreja Católica Ucraniana no Ocidente, citando alegadas vantagens que os russos concederiam em troca. Quem também pagou a fatura foi o Cardeal Slipyj, prejudicado por constantes obstáculos ao seu trabalho pastoral. Mais de uma vez, o Vaticano chegou ao ponto de o proibir de sair de Roma para visitar as suas ovelhas noutros Países, como se fosse um prisioneiro.          

Esta trágica situação é também sentida pelos fiéis das catacumbas. Escreve The Ukranian Herald, que recolhe informações clandestinas: «Relatamos frequentemente exemplos de iniquidades perpetradas pelo regime contra os fiéis católicos de Lviv. O mesmo acontece em toda a Ucrânia Ocidental. A única coisa que não compreendemos é porque é que o Vaticano esqueceu parte ucraniana do seu rebanho maltratado por lobos ferozes»[18]. Curiosamente, muitos ortodoxos ucranianos mostraram simpatia para com os uniatas e apoiariam a constituição de um Patriarcado.

Com a Ostpolitik, a perseguição aos católicos ucranianos aumentou ainda mais. Informava, em 1969, o jornal clandestino The Chronicle of Current Events: «O número de sacerdotes presos e maltratados pela polícia aumentou muito. Estão previstas penas de prisão severas para qualquer pessoa que assista a uma Missa católica uniata». Numa reunião da IOR, o metropolita Filarete pediu ao governo soviético “medidas mais eficazes” para eliminar os restos da Igreja Católica na Ucrânia[19]. Numa reunião do Politburo do Partido Comunista da Ucrânia, o líder Valentin Malanchuk (mais tarde Secretário-Geral) lamentou-se de que a Igreja Católica uniata ainda não tinha sido completamente extinta[20].     

Um leão grita no deserto     

A Santa Igreja Católica e a Ucrânia têm um digno paladino na pessoa do Cardeal Josyp Slipyj. Após um longo silêncio que lhe foi imposto pelo Vaticano, o prelado decidiu falar. No Sínodo dos Bispos, em Roma, em 1971, declarou: «Os católicos ucranianos, que já sacrificaram montanhas de corpos e derramaram rios de sangue pela Fé Católica e pela sua fidelidade à Santa Sé, estão mesmo agora a sofrer uma terrível perseguição. Mas o que é pior é que não são defendidos por ninguém. Milhares e milhares de pessoas foram mortas. Outras foram deportadas para as regiões polares da Sibéria. Agora, porém, devido às negociações e à diplomacia, os católicos ucranianos, mártires e confessores, são postos de lado como testemunhas incómodas. Nas cartas e comunicações que recebo, os fiéis queixam-se: “Por que sofremos tanto? Onde está a justiça? A diplomacia eclesiástica rotulou-nos como impedimentos. O Cardeal Slipyj não faz nada pela sua Igreja!”. E eu respondo: o que é que posso fazer? Quando Pimen, o patriarca de Moscovo, declarou abertamente, num sínodo, que a União de Brest tinha sido anulada, nenhum dos delegados vaticanos presentes protestou»[21].    

Um apelo ao Ocidente         

Até agora, o Ocidente foi como um vasto deserto em que os gritos dos mártires ucranianos ressoaram em vão. Esta indiferença deve cessar. Os povos ocidentais têm a grave responsabilidade de se oporem ao comunismo. Uma análise atenta mostra que as nações prisioneiras, como a Ucrânia, constituem um elemento-chave naquela que é verdadeiramente uma luta global. Estas nações são o calcanhar de Aquiles do comunismo. Todavia, para os católicos, a questão da consciência é muito mais grave do que os problemas políticos. Os católicos têm a obrigação de ajudar os irmãos mártires por detrás da Cortina de Ferro. 

Tendo em conta o clamoroso silêncio de Roma, fazemos um apelo à opinião pública ocidental, e em particular à opinião pública católica, para protestar contra o que está a acontecer na Ucrânia. Da atitude da opinião pública ocidental dependerá o futuro da Ucrânia e do mundo.     

«Através de ti, minha Ruténia, espero converter o Oriente». Assim falou a Roma Católica, a Roma dos Santos e dos Mártires, a Roma eterna, pela boca do Papa Urbano VIII no acto de beatificação de São Josafat[22]. Rezemos pelos nossos irmãos ucranianos com as palavras de São Luís Maria Grignion de Montfort na Oração Abrasada: «A vossa divina lei é transgredida, o vosso Evangelho desprezado, abandonada a vossa religião; torrentes de iniquidade inundam toda a terra e arrastam até os vossos servos, a terra toda está desolada. Desolatione desolata est omnis terra; a impiedade está sobre um trono; o vosso santuário é profanado e a abominação chegou até ao lugar santo. Deixareis tudo assim ao abandono, meu justo Senhor, Deus das vinganças? Será que, no fim, tudo se tornará como Sodoma e Gomorra? Ficareis calado para sempre? Tudo continuareis a suportar para sempre? Acaso não há-de ser feita a vossa vontade, assim na terra como no céu, e não há-de vir o vosso reino? Acaso não mostrastes já antecipadamente a alguns dos vossos amigos uma futura renovação da vossa Igreja? Não se devem os Judeus converter à verdade? Não é isto que a Igreja aguarda? Não vos gritam todos os santos do céu: justiça, vindica? Não vos dizem todos os justos da terra: amen, veni, Domine? Todas as criaturas, até as mais insensíveis, gemem sob o peso dos inumeráveis pecados da Babilónia e pedem a vossa vinda para que todas as coisas sejam restabelecidas».     

ABIM

Através de Tradizione, Famiglia, Proprietà (originalmente escrito em 1977)     

1.ª PARTE | 2.ª PARTE


[1] Plinio Corrêa de Oliveira, La libertà della Chiesa nello Stato comunista, Il Tempo, Roma, 1963.

[2] H. Hoffman, “Comment les Chefs d’Églises préfèrent Cesar à Dieu”, Catacombes, n. 28, Janeiro de 1974.

[3] The New York Times, 18 de Setembro de 1973.

[4] Isto, que na altura do presente artigo (1977) era apenas uma hipótese, está agora plenamente demonstrado. Trata-se do Acordo de Metz, entre a Santa Sé e a igreja ortodoxa russa, assinado a 13 de Agosto de 1962, que comprometia a Igreja a não condenar o comunismo em troca da participação de bispos “ortodoxos” no Concílio.

[5] Gianfranco Svidercoschi, Storia del Concilio, Milano 1967, pp. 601-607.

[6] Georges Dejaifve, Civilità Cattolica, vol. IV, 1964, pp. 461-462.

[7]Catacombes, Maio de 1972.

[8] Ulisse Floridi, S.J., Mosca e il Vaticano, pp. 291-292.

[9]The Brooklyn Tablet, 17 de Julho de 1975.

[10] Vasyl Markus, Religion and Nationality – the Uniates of Ukraine, p. 110.

[11] Ulisse Floridi, S.J., op. cit., p. 293.

[12] Daria Kuzyk, Religious Genocide, Society for the Patriarchate, Londres 1976, p. 70.

[13] Eva Piddubechesen, And Bless thy Inheritance, Eric Hugo Co., Schenectady, N.Y. 1970, pp. 48-49 .

[14] Bohdan Bosiurkiw, “The Orthodox and the Soviet Regime in Ukraine,” Canadian Slavonic Papers, vol. XIV, n. 2, Toronto 1972, pp. 191, 211.

[15] “Manifesto of the Orthodox Action  Movement in Western Europe,” Catecombes, n . 32, 15 de Maio de 1974.

[16]Newsweek, 6 de Dezembro de 1971.

[17] L’Osservatore Romano, 4 de Julho de 1975.

[18] The Ukrainian Herald, n. 7-8, p. 159.

[19] “Die Ukrainische Kirche lebt”, Der Fels, Regensburg, n. 5, 1972, pp. 146- 149.

[20] Svoboda, Jersey City, 14 de Junho de 1975.

[21] Vistiy Rymu, Rik 9, n. 16-17, Roma Dezembro de 1971.

[22] Miroslav Zabunka e Leonid Rudnytzky, The Ukrainian Catholic Church: 1945-1975, p. 9.