Uma investigação das universidades do Minho e de Coimbra e do Hospital de Barcelos mostra que pessoas com doenças oftalmológicas que reportam um bom suporte social têm níveis mais baixos de ansiedade e depressão. O trabalho saiu agora na revista científica Clinical Rehabilitation (http://lnu.diva-portal.org/smash/get/diva2:1534185/FULLTEXT02.pdf) e teve apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
O estudo envolveu pessoas diagnosticadas com retinopatia diabética ou degeneração macular, duas das principais causas da cegueira nos adultos. Para surpresa dos investigadores, o suporte social revelou-se mais importante para a saúde mental dos pacientes do que a quantidade de visão preservada.
“Os resultados são inovadores, porque mostram que o risco de problemas psiquiátricos existe em doenças oftalmológicas, apesar de os pacientes terem visão suficiente para realizar de forma independente tarefas da vida diária, como conduzir o automóvel”, diz o coordenador do estudo, António Filipe Macedo, do Centro de Física da Escola de Ciências da Universidade do Minho e da Universidade de Linnaeus (Suécia).
Os cientistas acreditam que estes resultados possam ser explicados pelos níveis de resiliência psicológica. Isto é, pacientes com melhor suporte social têm maior capacidade para lidar com eventos adversos ligados à sua doença. “É provável que essas pessoas estejam mais seguras de como enfrentar problemas causados pela possível evolução da doença”, afirma António Filipe Macedo. Curiosamente, o estudo foi feito antes de pandemia, na qual se tem falado muito de suporte social face ao isolamento.
Apoio idêntico ao do doente com cancro?
O professor nota que alguém diagnosticado com doenças como o cancro é encaminhado para apoio mental, mas raramente se associa esse apoio no caso de doenças oftalmológicas. “O nosso trabalho chama a atenção disso – a pessoa pode precisar daquele apoio não apenas quando perde a visão, mas já antes, pois pode ser decisivo no seu bem-estar mental”, frisa.
Uma boa saúde mental ajuda nos efeitos de tratamentos oftalmológicos, pois afeta por exemplo a comparência às consultas e o controlo regular da doença. O estudo agora publicado abre portas para novas formas de prevenção de problemas psicológicos ligados com diagnósticos de retinopatia diabética ou degeneração macular relacionada com a idade. O trabalho envolveu ainda Laura Moreno, doutoranda em Optometria e Ciências da Visão na Universidade do Minho, o psicólogo Hugo Senra e a oftalmologista Natacha Moreno.
Gabinete de Comunicação e Imagem – Universidade do Minho
APImprensa
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