O observatório Gemini South no Chile captou a primeira prova direta de um exoplaneta a ser engolido por uma estrela semelhante ao nosso Sol, na fase final da sua vida.
Os astrónomos conseguiram ver uma estrela moribunda semelhante ao Sol a engolir um planeta fora do nosso sistema solar, dentro da nossa galáxia. E acreditam que esta pode ser uma amostra do destino final da Terra daqui a cerca de 5 mil milhões de anos, quando o nosso Sol moribundo se expandir até engolir o nosso mundo.
Ao estudar inúmeras estrelas em vários estágios de sua evolução, os astrónomos conseguiram entender o ciclo de vida das estrelas e como elas interagem com os seus sistemas planetários circundantes à medida que envelhecem.
Esta investigação publicada na Nature confirma que, quando uma estrela semelhante ao Sol se aproxima do fim da sua vida, expande-se entre 100 a 1.000 vezes o seu tamanho original, acabando por engolir os planetas na sua órbita próxima.
Calcula-se que tais fenómenos ocorram algumas vezes por ano em toda a Via Láctea - que tem pelo menos cem mil milhões de estrelas e provavelmente o mesmo número de planetas -, mas é a primeira vez que os astrónomos apanham este evento em flagrante.
Um evento cataclísmico a 13.000 anos-luz de distância
Com o poder do Gemini South Adaptive Optics Imager (GSAOI) no observatório Gemini South, parte do International Gemini Observatory, os astrónomos detetaram a primeira prova direta de uma estrela moribunda a expandir-se até engolir um planeta, num evento apelidado ZTF SLRN-2020.
Aconteceu com uma estrela na Via Láctea a cerca de 13.000 anos-luz da Terra, na constelação de Águia, e muito provavelmente é um evento idêntico ao que virá a acontecer à Terra, a Mercúrio e a Vénus quando nosso Sol começar a morrer dentro de cerca de cinco mil milhões de anos.
À medida que o nosso Sol e estrelas parecidas se aproximam do fim das suas vidas, começam a esgotar a sua principal fonte de combustível, o hidrogénio. Isso faz com que os seus núcleos se contraiam e suas camadas externas se expandam e arrefeçam É durante essa fase de estrela "gigante vermelha" que crescem entre 100 a 1.000 vezes o seu diâmetro original, engolindo os planetas na sua órbita próxima.
Estas observações fornecem uma nova perspetiva para o estudo de milhões de estrelas na nossa Via Láctea que já consumiram os seus planetas”, diz Ryan Lau, astrónomo do NOIRLab e coautor deste estudo, publicado na revista Nature.
Estima-se que esta estrela tinha entre 0,8 e 1,5 vezes a massa do nosso Sol, enquanto o exoplaneta engolido tinha uma a 10 vezes a massa de Júpiter.
Agora que conseguiram determinar como se manifesta este fenómeno, os astrónomos podem melhorar as métricas para procurar eventos semelhantes que estão a acontecer noutras partes do cosmos. A interpretação deste tipo de eventos fornece também pistas para compreender a evolução e os destinos finais dos sistemas planetários, incluindo o nosso.
Acho que há algo de notável nestes resultados sobre a transitoriedade da nossa existência. Ao fim dos milhares de milhões de anos da vida de nosso Sistema Solar, os nossos momentos finais provavelmente serão concluídos num flash final que dura apenas alguns meses”, diz Ryan Lau.
SIC Notícias/
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