segunda-feira, 12 de setembro de 2022
Mira teve este ano “uma das melhores épocas balneares de sempre”
No passado dia 10 de setembro, Biblioteca de Cantanhede acolheu a conferência O Desafio de Viver em Sociedade – A convivência como desafio
Mais de três dezenas de pessoas participaram no passado sábado, dia 10 de setembro, na conferência O Desafio de Viver em Sociedade – A convivência como desafio, numa sessão que decorreu no auditório da Biblioteca Municipal.
Sob coordenação de Carlos Ramos, formador do Curso de Filosofia do Ocidente e Oriente da Nova Acrópole e vice-diretor na Nova Acrópole em Coimbra, onde também é responsável pela dinamização de atividades na área de voluntariado ecológico e social, a iniciativa contou ainda com a presença de Pedro Cardoso, vice-presidente da Câmara Municipal, entre os inúmeros participantes.
Durante a iniciativa, o conferencista abordou temáticas relacionadas com o mundo atual e com as dificuldades que se colocam às sociedades de todo o mundo no decurso das suas vivências. Segundo o orador “é importante refletirmos acerca do nosso papel e como nos inserimos na sociedade, para que mais conscientes, possamos caminhar individualmente e coletivamente no sentido de um maior respeito, compreensão e união.” A este propósito, todos os presentes foram convidados a fazerem uma reflexão sobre o desafio que significa viver em sociedade e os caminhos que cada um pode percorrer para enfrentar as dificuldades que surgem à Humanidade.
As diferenças religiosas, raciais, sociais, culturais e de sexo, que são cada vez mais motivos de separação, diferenciação e marginalização social, deverão tornar-se possibilidades de crescimento pessoal e de aperfeiçoamento da humanidade. Indagar e conhecer as causas e os fatores que geram separação e conflito são de vital importância para uma vivência pacífica e enriquecedora.
Sobre a Nova Acrópole
A Nova Acrópole é uma associação cultural internacional sem fins lucrativos, que tem como missão promover atividades culturais e sociais nos mais diversos campos. Esta organização integra pessoas de todas as idades, etnias, níveis socioculturais e nacionalidades.
Fundada em 1957 pelo professor Jorge Angel Livraga Rizzi, em Buenos Aires, Argentina, a Associação Nova Acrópole tem-se preocupado, especialmente, com a formação filosófica dos jovens, adaptada à época atual, de uma forma independente e alheia a qualquer influência religiosa, política ou socioeconómica.
Atualmente, a Associação Cultural Nova Acrópole está presente em mais de 50 países do mundo, reunindo mais de quinze mil membros ativos e centenas de milhar de simpatizantes que se exprimem em mais de dezoito idiomas e representam uma vasta gama de confissões religiosas, origens étnicas e heranças culturais, oferecendo um magnífico exemplo de coexistência fraterna e mútua compreensão.
Centro de Juventude de Águeda junta jovens de vários países em ação de voluntariado
Portalegre | Montargil recebe brigada de sangue
No limite da região alto-alentejana, realizou-se a primeira colheita de setembro da Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Portalegre – ADBSP – em parceria com a Unidade Funcional de Imunohemoterapia da ULSNA.
O local do encontro foi o Centro de Saúde de Montargil (Ponte de Sor). O número de voluntários que aqui ocorreram cifrou-se nos 21.
A CURA DO SNS
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem feito correr tinta. Com a demissão da ministra da saúde em destaque.
A reforma do SNS vai para a frente. Parece adquirido. É um ‘murro na mesa’, barulhento, pois tem que ser ruidosa a discussão, porque também é aflitiva a situação.
A solução, ao que várias vozes indicam, passa por retirar a gestão do SNS ao Ministério da Saúde. E entregar a sua gestão a técnicos em organismo independente. Na prática, está a ser concluído que a Saúde é um assunto demasiado sério para estar na esfera de gestão dos políticos.
Pode dizer-se que os governantes que têm ocupado o ministério e que sempre geriram o SNS levam um ‘cartão vermelho’. E o rótulo de incapazes de gerir o setor público da Saúde.
Com mais discussão ou menos, concluiu-se que a gestão do serviço público de Saúde deve ser entregue a gestores profissionais e com autonomia própria. Vai ser a solução? Oxalá seja. Oxalá seja o remédio necessário para curar este paciente denominado SNS.
Pouco importa quem fica bem ou menos bem na fotografia. O que importa é que os portugueses tenham a sua preciosa saúde ao cuidado de quem saiba assegurar a eficácia do sistema.
Algumas são as vozes a garantir que não se trata da necessidade de mais meios ou dinheiro. O ministro das Finanças lembrou isso. São muitos os que afirmam que uma boa gestão dos recursos existentes é capaz de melhorar o que agora está caótico.
O nosso sábio povo diz que ‘o que está mal pior não fica”. Faça-se a profunda reforma, tal como anunciado. O paciente SNS não pode ser um cancro sem cura! E também não pode demorar na cura para bem da saúde dos portugueses.
EDUARDO COSTA, jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional
Destaque
“O paciente SNS não pode ser um cancro sem cura!”
Proença-a-Nova | ADCPN e GD Valverde vencem torneios triangulares em futebol de praia
A equipa de veteranos (masculinos) da Associação Desportiva e Cultural de Proença-a-Nova (ADCPN) e a equipa de seniores feminina do Grupo Desportivo de Valverde venceram os torneios triangulares de futebol de praia que a Associação de Futebol de Castelo Branco, em parceria com o Município de Proença-a-Nova, organizou no fim de semana de 10 e 11 de setembro no Campo de Jogos de Areia da Aldeia Ruiva. Para além do muito calor sentido este fim de semana, a exigência física do futebol de praia foi destacada por atletas de ambas as equipas. “Fisicamente é preciso muito mais esforço, o que não é fácil porque nós somos veteranos e começa sempre a custar um pouco mais”, referiu Américo Dias, da ADCPN, ressaltando a “boa experiência” deste torneio e a boa adaptação da equipa a um piso diferente daquele em que habitualmente joga.
Também Joana Santos, do GD Valverde, apontou as diferenças entre o futebol de praia e o futsal: primeiro temos o constrangimento da baliza que é maior, já é difícil quando é uma baliza de futsal, quanto mais uma de futebol de sete. E custa muito, não tem nada a ver com futsal, é muito exigente em termos físicos e técnicos. Mas como primeira vez foi muito positivo”. A treinadora do GD Valverde e selecionadora distrital de futsal feminino e de futebol de praia, Catarina Rondão, aproveitou para observar as jogadoras, já que está a ser preparada uma seleção feminina distrital de futebol de praia que irá defrontar a seleção feminina A de futebol de praia no âmbito do estágio que irá realizar na Aldeia Ruiva de 21 a 24 de setembro.
Relativamente aos torneios triangulares, na competição masculina, em veteranos, participaram as equipas da ADCPN, ACR Atalaia do Campo e GD Teixosense com os seguintes resultados: ADCPN 4 - 2 ACR Atalaia do Campo | ADCPN 8 – 4 GD Teixosense | ACR Atalaia do Campo 3 – 7 GD Teixosense. Nos femininos seniores, para além da equipa vencedora, jogaram ainda o Núcleo SCP de Castelo Branco e o Núcleo de Juventude de Proença-a-Nova: Núcleo SCP Castelo Branco 3 – 4 GD Valverde | Núcleo de Juventude 1 – 4 GD Valverde | Núcleo de Juventude 0 – 3 Núcleo SCP Castelo Branco.
Águeda | Ação de formação ensina a conduzir e operar tratores em segurança
SILVES ASSINALA DIA MUNDIAL DA LITERACIA EM PARCERIA COM A MULTIOPTICAS
Tocha | Herdeiros disponibilizam património artístico do pintor. Tocha vai ter um museu consagrado à vida e obra de Mário Silva
A Câmara Municipal de Cantanhede acaba de celebrar o protocolo que estabelece as condições para a constituição do Museu Mário Silva, na Tocha. Subscreveram o acordo, a presidente da autarquia, Helena Teodósio, os filhos do pintor, designadamente Mário Torres da Silva e Sandra Freitas Cardoso da Silva, na qualidade de herdeiros, juntamente com a mãe, e a Junta de Freguesia da Tocha, esta última enquanto entidade proprietária do imóvel onde vai ser instalado o novo equipamento cultural.
O objetivo é criar na Avenida D. João Garcia Bacelar (EN 109), numa zona contígua ao centro da vila, um espaço cultural que honre o valioso legado que o artista plástico deixou consubstanciado numa obra em que pintura assume particular relevância, mas que se estende por vários outros territórios artísticos, nomeadamente as artes gráficas (gravura, serigrafia e ilustração), a cerâmica, a escultura e a arte pública monumental.
Para a líder do executivo camarário cantanhedense “é um privilégio o Município de Cantanhede e a Junta de Freguesia da Tocha poderem dispor do valioso património artístico do Mestre Mário Silva, um pintor amplamente reconhecido, tanto pelo público como pela crítica nacional e até internacional. O potencial museológico desse património é imenso, como sabemos, e nós estamos naturalmente muito entusiasmados com o projeto que já estamos a desenvolver em torno dele, a partir da proposta arquitetónica elaborada pela Divisão de Estudos e Projetos para construção do edifício onde vai ser instalado o museu”, afirmou Helena Teodósio.
A autarca fez questão de “enaltecer o interesse e a atitude construtiva com que os herdeiros do Mestre Mário Silva acordaram a cedência do espólio, que vai ser dignificado não só com a exposição pública que merece, mas também com outras ações destinadas a evidenciar o indiscutível lugar de relevo que a sua obra ocupa no território das artes plásticas”.
Visivelmente agradado com o projeto de arquitetura que lhes foi apresentado, o filho do artista plástico, Mário Torres da Silva, sublinhou “a importância das valências educativas, artísticas e culturais previstas em espaços concebidos para o desenvolvimento de atividades, o que de facto corresponde àquele que era o desejo do meu pai, o desejo de que a sua obra servisse de estímulo para os mais novos e ajudasse a despontar novos talentos”.
Por seu lado, a filha do pintor, Sandra Freitas Cardoso da Silva, assinalou a qualidade da proposta arquitetónica e manifestou “interesse em ver a família envolvida no processo de musealização, sobretudo na organização das exposições, nomeadamente o meu irmão Mário Silva, porque de facto foi ele que mais acompanhou o trabalho do meu pai e portanto é quem melhor conhece todo o espólio”.
Por último, usou da palavra o presidente da Junta de Freguesia da Tocha, José Manuel Cruz, que enalteceu “o interesse e a disponibilidade da Câmara Municipal em investir na criação de um equipamento cultural que será uma grande mais-valia, não só para a Tocha, mas também para todo o concelho e a região. A Junta de Freguesia e, estou certo, toda a população, congratulam-se com a criação do Museu Mário Silva na Tocha, pois será um equipamento com condições para reforçar consideravelmente a atratividade da vila, além de estar dimensionado para desempenhar uma função estruturante ao nível da dinamização cultural local”, afirmou o autarca, destacando “o papel crucial do anterior presidente da Junta de Freguesia, Fernando Pais Alves, em todo o processo, e naturalmente também da família do pintor”.
O projeto elaborado pela Divisão de Estudos e Projetos do Departamento de Obras Municipais propõe a construção de um imóvel implantado numa parcela que no Plano de Urbanização da Tocha surge com uma parte identificada como equipamento de utilização coletiva e outra como área urbana complementar.
A obra deverá ser lançada a concurso brevemente para execução de um “edifício marcante no contexto em que está implantado e que, simultaneamente, permita resolver alguma desarticulação existente na frente urbana do local, quer em termos de cérceas, quer ao nível do distanciamento das construções confinantes relativamente ao eixo da via”.
Nesse sentido, o novo museu representará, do ponto de vista construtivo, uma certa rutura com a envolvente, mas com um recorte que, do ponto de vista arquitetónico e urbanístico, tende a mitigar o impacto visual das construções confinantes. De facto, a implantação da nova edificação foi definida de molde a fazer o remate de toda a frente urbana, ficando justaposta ao edifício existente a norte e desenvolvendo-se em forma de “L” através de uma transição gradual para a cércea dos outros imóveis, encostando às respetivas empenas a sul e a poente.
O projeto prevê a entrada na lateral/sul do edifício, onde surge uma pequena praceta que permite receber os visitantes, ao mesmo tempo que cria uma zona mais afastada da estrada facilitando desta forma a circulação e a aglomeração de pessoas junto da via.
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Aos jovens estudantes:
- No deslocamento de e para a escola circula sempre que possível acompanhado ou em grupo e evita passar em locais isolados ou com pouca luz;
- Nem sempre o caminho mais perto é o caminho mais seguro;
- Memoriza no telemóvel o número do Posto da GNR local, num dos números de marcação rápida;
- Espera pelos teus pais, por algum familiar ou amigo, dentro da escola;
- Na internet:Escolhe bem os conteúdos que publicas;
- Palavras-passe: não as deixes acessíveis, não as mostres a amigos, altera-as e usa diferentes para vários serviços;
- Se te sentires ameaçado na internet, pede ajuda a outra pessoa;
- Qualquer pessoa pode estar online. Não acredites em tudo o que te dizem ou mostram;
- Não te isoles. Se te acontecer algo perturbador online, denuncia.
- Sempre que tiveres um problema, informa os teus pais ou encarregados de educação ou pede ajuda a um professor ou a um auxiliar da escola.
Aos pais:
- Acompanhe o desenvolvimento escolar e as suas rotinas do seu filho;
- Ensine o seu filho a colocar o número do Posto da GNR local, num número de marcação rápida;
- Sempre que tiver conhecimento ou suspeita de que o seu filho ou colegas estejam a ser vítimas de ameaças, agressões ou outro tipo de crime, informe de imediato a GNR. A nossa ajuda poderá ser decisiva!
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Investigação da Universidade de Coimbra usa Inteligência Artificial para acelerar a descoberta de novos fármacos
Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) criou um modelo computacional inovador que pode vir a tornar mais rápido e menos dispendioso o desenvolvimento de novos fármacos para serem aplicados no tratamento de cancro, focados no contexto biológico da doença. Os resultados do estudo foram publicados na revista “Briefings In Bioinformatics”.
Considerando que a descoberta de um fármaco é um processo extremamente complexo, moroso e dispendioso, este trabalho, que resulta de uma colaboração entre a Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e a Faculdade de Farmácia (FFUC) da UC, teve como objetivo encurtar as etapas iniciais de desenvolvimento de fármacos, recorrendo à Inteligência Artificial (IA), através de métodos computacionais que consigam gerar compostos farmacologicamente interessantes de uma forma mais rápida e automatizada.
Para desenvolver o novo modelo, a equipa do Departamento de Engenharia Informática da FCTUC recorreu a técnicas de Machine Learning, designadamente Deep Learning – um método que utiliza redes neuronais artificiais. Estas estruturas permitem criar modelos inteligentes «através da mimetização da capacidade de aprendizagem dos modelos biológicos. Deste modo são capazes de identificar padrões embebidos em conjuntos de dados e, a partir daí, é possível obter modelos que geram novas estruturas moleculares e que preveem propriedades biológicas de interesse», explica Tiago Oliveira Pereira, primeiro autor do estudo, que faz parte do seu doutoramento, orientado pelos professores Maryam Abbasi e Joel P. Arrais.
Os investigadores utilizaram também o designado Reinforcement Learning (aprendizagem por reforço), que permite otimizar o modelo generativo durante a exploração do espaço químico existente. «À medida que o modelo gera novas moléculas, ele recebe uma recompensa, que será maior ou menor, dependendo do estado de otimização das propriedades dos compostos. Assim, ao longo deste processo de otimização, o gerador de compostos vai aprender a identificar as regiões do espaço químico que lhe permitam obter maior recompensa e melhores compostos», refere o investigador da FCTUC.
O modelo desenvolvido é inovador porque, explicam os autores, «é um modelo que combina informação química, através dos compostos, e biológica, por via de informação da expressão génica, de modo a encontrar moléculas promissoras na inibição do recetor e que não causem efeitos indesejados ao sistema biológico».
Com a colaboração do laboratório do professor Jorge Salvador da FFUC, foi possível aplicar o modelo num caso de estudo para a geração de compostos capazes de inibir a proteína USP7 (Ubiquitin specific protease 7). Esta proteína, sublinha Tiago Oliveira Pereira, assume um papel fundamental «na progressão de vários tipos de cancro e, atualmente, é vista como um recetor importante para o desenvolvimento de fármacos».
Os resultados obtidos nas experiências realizadas são altamente promissores, tendo o modelo demonstrado elevada capacidade para gerar moléculas potenciais inibidoras da USP7. «Mais de 90% das moléculas continham propriedades físicas, químicas e biológicas essenciais para que ocorra a interação com o recetor. Para além disto, verificámos que alguns compostos gerados pelo modelo apresentam semelhanças com fármacos anticancro ao nível dos seus grupos ativos, o que valida a abordagem implementada», relata Tiago Oliveira Pereira.
Apesar de ter sido validado com dados de cancro da mama, o novo modelo computacional pode ser aplicado a «diversos contextos em que se possam obter dados de expressão génica associados à progressão da doença», explica o investigador, adiantando ainda que os próximos passos da investigação vão incidir na melhoria da arquitetura implementada e na «definição de um conjunto de métodos de validação para filtrar as moléculas obtidas e, dependendo dos resultados, avançar para a síntese dos melhores compostos».
Este estudo foi cofinanciado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), pelo Programa de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) e por fundos europeus, através do projeto D4-Deep Drug Discovery and Deployment. O artigo científico está disponível: https://doi.org/10.1093/bib/bbac270.
Legenda da foto em anexo: da esquerda para a direita da foto_Joel P. Arrais (investigador principal), Maryam Abbasi (investigadora auxiliar) e Tiago Oliveira Pereira (primeiro autor do estudo).
Cristina Pinto
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AVISO » CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS ADVERSAS: CHUVA INTENSA E VENTO FORTE
Pro Júnior Europeu – Francisco Ordonhas 3.º em La Torche
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“Por que razão engordamos?”
"Os primeiros hominídeos evoluíram ao longo de milhões de anos alimentando-se do que a Natureza lhes dava: peixe, carne, ovos, bagas e partes aéreas das plantas. O desenvolvimento do cérebro humano terá sido favorecido por uma alimentação que fornecia essencialmente gorduras e proteínas extraídas dos animais que o homem primitivo caçava e pescava. A introdução em 1977 das novas orientações alimentares para os americanos, baseadas numa dieta rica em
carboidratos e pobre em gorduras, precisamente o oposto da alimentação que fizemos ao longo de milhões de anos, teve um efeito desastroso na nossa saúde. A obesidade, diabetes tipo 2, síndrome metabólica e cancro tem aumentado de forma galopante na população da maioria dos países ocidentais, atingindo valores nunca antes vistos.
De facto, é comum considerar que as gorduras saturadas são a principal causa de obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes, mas, na realidade, não há nenhum estudo que o comprove. Esta ideia de que as gorduras saturadas são o principal inimigo da nossa saúde cardíaca surgiu de um estudo realizado nos anos 50 do século XX sobre a relação entre o consumo de gorduras saturadas e a incidência de doenças cardiovasculares na população de dezenas de países. Todos acreditaram nas conclusões do autor desse estudo, Ancel Keys, e ninguém reparou que ele eliminara da sua estatística países como a Noruega e a Holanda, que, apesar de apresentarem consumos elevados de gorduras saturadas, tinham baixíssima incidência de problemas cardiovasculares. Por outro lado, eliminou também do estudo países como o Chile, que apesar de consumirem poucas gorduras saturadas tinham uma elevada incidência deste tipo de doenças. As conclusões, feitas à custa da manipulação dos resultados, ditaram as orientações nutricionais sobre as gorduras nas últimas décadas. Em particular, fizeram-nos temer as gorduras saturadas presentes nas carnes, lacticínios e ovos.
São numerosos os estudos que mostram que os carboidratos prejudicam mais a saúde do que as gorduras saturadas aumentando os níveis de açúcar e colesterol sanguíneo, e promovendo a diabetes tipo 2, as doenças cardiovasculares e o cancro. Tudo leva a crer que uma dieta bem formulada com baixo teor de carboidratos melhora a glicémia, o colesterol e os triglicerídeos do sangue e reduz os processos inflamatórios, evitando o recurso a medicação.
A Suécia foi o primeiro país ocidental a emitir orientações que rejeitam o dogma da dieta baixa em gorduras em favor da redução dos carboidratos e aumento das gorduras na alimentação. Essa mudança das orientações nutricionais seguiu-se à publicação de um estudo realizado pelo Conselho Sueco Independente de Avaliação das Tecnologias da Saúde, depois de rever 16.000 trabalhos científicos publicados até Maio de 2013. Daí resultou a proposta de uma nova pirâmide alimentar, recomendada desde 2013, onde os fornecedores de carboidratos como os cereais, tubérculos e leguminosas estão no topo e os legumes, com valores quase residuais deste macronutriente, são a base da alimentação.
Engordamos porque ingerimos demasiados carboidratos. Em vez de olharmos para os teores de gorduras dos alimentos, deveríamos antes olhar para o teor de açúcar e de outros carboidratos."
BIOGRAFIA
Ana Carvalhas é nutricionista licenciada pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. Iniciou a sua actividade no Departamento de Nutrição Infantil da Nestlé Portugal, colaborou com a McDonald’s na introdução da sopa nos seus restaurantes portugueses e fez parte, até ao final da época de 2014/2015, do Departamento Médico do Futebol Profissional da Académica de Coimbra.
Actualmente trabalha no Centro de Saúde Norton de Matos e dá consultas na Orisclinic, ambos em Coimbra. É autora do blog «Comer bem até aos 100» e da página de Facebook «Dieta para Sedentários». Colabora frequentemente com a revista Prevenir.
É membro da Ordem dos Nutricionistas (n.º 0626N).