quinta-feira, 12 de novembro de 2015

CARACTERÍSTICAS DAS IGREJAS QUE CRESCEM

CARACTERÍSTICAS DAS IGREJAS QUE CRESCEM

As igrejas que mais crescem possuem, pelo menos, três características comuns: uso intenso de modernas ferramentas tecnológicas, forte liderança pessoal e uma poderosa marca institucional. É claro que existem outras características, mas quero me deter nestas três e reflectir sobre os riscos que elas representam para o futuro da igreja.

A revolução tecnológica da segunda metade do século 20 e deste início de século 21 mudou o cenário religioso. A busca pela excelência funcional e por uma comunicação eficiente ocupa o topo das prioridades de muitas igrejas. Possuímos tecnologia para um bom planeamento estratégico, música de excelente qualidade, projectos de crescimento eficientes.

O problema é que a tecnologia tem o poder de substituir aquilo que Deus faz por aquilo que é feito pelo homem. Vivemos o risco de um perigo semelhante ao que Paulo percebeu na igreja de Éfeso, cujos crentes, segundo o apóstolo, tinham aparência de piedade e no entanto lhe negavam o poder. Ter uma boa música, não nos torna, necessariamente, adoradores. Um bom planeamento estratégico não tem o poder de transformar mentes e corações. Projectos eficientes não fazem de nós verdadeiros discípulos de Cristo.

Igreja bem estruturada não é sinónimo de comunhão. A crítica à Igreja de Laodicéia é de que ela era rica e abastada e não precisava de coisa alguma. Inclusive de Deus. A tecnologia vem se tornando um substituto para a fé. Mas essa eficiência não substitui o poder transformador do evangelho. Precisamos perguntar: é possível discernir o que Deus está fazendo? O primeiro risco que a igreja enfrenta hoje é o da negação de Deus. Não a negação de sua existência, mas do seu poder.


Uma segunda característica comum é a forte liderança pessoal. A liderança forte, bem como a tecnologia, em si, não constitui um problema. O risco está naquilo que nem sempre é percebido. Se a tecnologia traz o risco de uma igreja sem Deus, a liderança forte traz o risco de uma igreja sem netos ou bisnetos. Hoje, o que mais atrai os fiéis a uma igreja, além de sua funcionalidade, é o carisma de seu líder.

Ao ser perguntado pela igreja que frequenta, a resposta mais comum é "a igreja de fulano de tal". Essa liderança confere uma posição de destaque ao membro desta igreja. A pergunta é: igrejas assim sobreviverão à uma segunda ou terceira geração? Sobreviverão depois que seus grandes líderes saírem de cena? Sabemos que algumas Mega igrejas na América do Norte entraram em rápido declínio na segunda geração de líderes.

O velho problema da igreja de Corinto se repete: uns são de Paulo, outros de Apolo, outros de Pedro e alguns chegam a dizer que são de Cristo. O personalismo intensifica o narcisismo, que muda o objecto da adoração. Tanto na política como na igreja, a figura forte de um líder compromete o futuro. Vive-se um apogeu glorioso seguido por um rápido vazio e declínio.

A terceira característica é a forte marca institucional, que a torna atraente. Aqui vejo dois perigos. O primeiro diz respeito à busca por relevância. Porém, o que precisa ser relevante, a igreja (instituição) ou o evangelho de Cristo? É possível ser relevante e, ao mesmo tempo, comprometido com a verdade? Sem o evangelho e sem a verdade, qualquer esforço para ser relevante se mostrará, cedo ou tarde, totalmente irrelevante. A imagem que Paulo usa é a do tesouro em vasos de barro.

Não é o evangelho de Cristo que desperta o interesse de muitos para a igreja hoje, mas a própria igreja com seus métodos, programas, música e tecnologia. Isso não é necessariamente ruim. Nem sempre as pessoas serão atraídas pelos motivos mais nobres. O problema é que o vaso vai se transformando não só na porta de entrada, mas num fim em si mesmo. Quanto mais atenção se dá ao vaso, menor valor terá o evangelho.

O outro perigo é a perda da consciência de ser povo de Deus, Corpo de Jesus Cristo. Algumas igrejas que crescem rapidamente atraem uma quantidade considerável de cristãos frustrados com suas igrejas de origem, que ali chegam como a última alternativa institucional de sua jornada cristã. Envolvem-se com paixão, adquirindo uma forte identidade com aquele grupo em particular. O problema é que não são mais capazes de se verem como parte do povo de Deus em uma determinada região ou cidade, mas apenas como povo de Deus de uma igreja particular. É a negação do "povo de Deus" e a afirmação perigosa de uma elite religiosa superior.

CUIDADOS NO CRESCIMENTO

O desafio do movimento moderno de crescimento de igrejas requer alguns cuidados. O primeiro é o de preservar Deus como Deus na igreja. A tecnologia pode nos ajudar em muitas coisas, mas não transforma o coração e a mente caída do ser humano. Só seremos relevantes enquanto permanecermos envolvidos pelo que é eterno. Podemos usar os recursos modernos, mas precisamos nos assegurar que o que virá pela frente serão vidas transformadas pelo poder do evangelho de Jesus Cristo e não consumidores de programas e entretenimento religiosos.

O segundo cuidado é reconhecer a virtude da humildade. O testemunho de João Batista era: convém que ele cresça e que eu diminua. Este deve ser o espírito de qualquer líder. Jesus advertiu seus discípulos em relação ao risco do poder quando disse que entre os grandes e poderosos deste mundo, o maior manda nos menores. No entanto, disse ele, entre vocês não será assim. Quando a admiração por um líder diminui a devoção a Cristo, é sinal de que o espírito desta era já nos capturou.


O terceiro cuidado é compreender que fomos baptizados num corpo. Somos o povo de propriedade exclusiva de Deus. Adoramos a Deus em uma comunidade local, grande ou pequena, mas o Deus que adoramos fez uma aliança com seu povo do qual somos parte. O precioso tesouro foi confiado a um vaso de barro. Seja este vaso grande e inovador, ou pequeno e discreto, o que importa é o tesouro confiado a ele, sempre. Se a relevância pertencer ao vaso, o tesouro será negado à humanidade. É o Corpo de Cristo, todo ele, que revela a glória do cabeça da Igreja.

Os riscos do crescimento são invisíveis, mas muito grandes. Construir uma casa sobre a areia sempre foi uma opção atraente e sedutora. Mas formar discípulos fiéis e obedientes de Jesus Cristo, ensiná-los a guardarem seus mandamentos e obedecê-los, integrá-los em uma comunidade de adoração e serviço sacrificial, sempre foi uma tarefa difícil, lenta e trabalhosa.

Porém, quando vierem as tempestades e os vendavais testando o valor da fé, esta igreja, edificada sobre a rocha, testemunhará a glória da verdade redentora de Jesus Cristo.

Fonte:http://blogdopcamaral.blogspot.com.br/2013/08/crescimento-das-igrejas-tres-armadilhas.html


Apelos falsos para a dádiva de sangue

Apelos falsos para a dádiva de sangue

Circula na internet, há vários anos, um e-mail com um pedido de sangue B- para a Inês, aluna do 12.º de Pinhel, para efectuar um transplante de coração. Pedimos a todos que não reencaminhem este e-mail, pois ele é falso. Nenhuma da informação constante é verdadeira. O IPST, IP tem mecanismos próprios para accionar a reposição de determinado componente sanguíneo, sempre que é solicitado por uma Unidade Hospitalar. Apesar deste pedido ser falso, lembramos que a auto-suficiência em componentes sanguíneos é fundamental para que os doentes possam ter mais e melhor vida. Uma unidade de sangue tem apenas a validade de 42 dias, pelo que é desejável que as dádivas sejam efectuadas de forma regular ao longo de todo o ano. Há sempre alguém que precisa de si. Dê Sangue e Salve Vidas. Partilhe esta mensagem junto dos seus familiares e amigos. Obrigado.
Português do Sangue e da Transplantação, IP.

Comentário: não podemos deixar de repudiar e denunciar os apelos falsos à dádiva de sangue, que são lançados na internet, facebook, por e-mails e via SMs.
A única entidade que legalmente o pode fazer é o IPST, nem sequer as associações devem correr esse risco, apesar de estarem integradas nas comunidades e conhecerem as realidades.
No entanto, considerando que existem diversas épocas do ano em que as dádivas de sangue sofrem reduções, as associações em parceria com o IPST reforçam as Campanhas de Sensibilização a fim de motivar as pessoas saudáveis a doarem sangue, é completamente diferente.
Quando o leitor encontrar alguém a divulgar folhetos, afixar cartazes, ou outras acções de promoção, essa pessoa está cumprir com o seu dever cívico, está convidando as pessoas para doarem sangue, com indicação do local onde se devem dirigir ou está a decorrer uma sessão de recolhas de sangue.
Para os que vivem em Aveiro ou arredores, podem consultar o site: www.adasca.pt , ali  encontrarão os locais e horários onde a ADASCA realiza as suas sessões de dádiva.


J. Carlos

Tributo Solidário

Tributo Solidário

Numa Democracia como a nossa, os apoios sociais que o Estado dá a quem necessita são uma função essencial. A justiça social é ajudar quem precisa. Podemos discutir modelos e modalidades de apoio social, mas nunca ouvi um dirigente político afirmar que o Estado não deve apoiar os mais desfavorecidos. E ainda bem, pois todos queremos uma sociedade mais equilibrada, mais justa e sem pobreza. 

A solidariedade e a justiça social são fundamentais para ajudar as famílias e os cidadãos que, por qualquer razão, ficam desprotegidos. Aqueles que perderam o emprego, aqueles que não o conseguem, não podem ser excluídos. A riqueza gerada por todos também deve ser utilizada para dar resposta a estas situações, evitando ao máximo o aparecimento do fenómeno da exclusão social.

Hoje, fruto da crise económica, assistimos a muitos dramas familiares. A classe média portuguesa é das mais sobrecarregadas fiscalmente em toda a Europa (cerca de 38% do rendimento) e existem cada vez mais os “novos pobres”, que mais não são do que famílias com trabalho, mas cujo rendimentos não chegam para pagar as facturas do fim do mês. E fruto da crise, assistimos (e bem) à proliferação de apoios sociais a agregados familiares que perderam os seus rendimentos.

A solidariedade que o Estado dá (e bem) a quem precisa, pode, e deve, ter um retorno. Os apoios sociais não podem contribuir para a quebra da auto-estima de quem passa pelo drama do desemprego. Não pode, nem deve, contribuir para o baixar de braços, para o acomodar com a situação. Os apoios sociais devem ajudar a combater a emergência, mas não podem conduzir a uma situação de dependência das pessoas. As pessoas têm de ser úteis à sociedade. Por isso entendo bem e defendo a proposta de Passos Coelho da criação de um Tributo Solidário. Não se trata de retirar ou diminuir apoios a quem precisa. Trata-se, sim, de criar condições para que esses beneficiários da nossa solidariedade tenham a oportunidade de devolver essa solidariedade com trabalho social. É uma forma de manter as pessoas activas, com sentimento de utilidade para com a comunidade, reforçando a sua auto-estima. Não queremos que as pessoas se institucionalizem no desemprego. Queremos ajudar a resolver o problema, ajudar a reagir e aproveitar as imensas capacidades que essas pessoas têm para poderem ajudar a sociedade em muitas áreas. Dar e receber, é disso que se trata.

Este é um caminho diferente e inovador, sobretudo mais justo, do que aquele que temos percorrido até hoje.

Emídio Guerreiro

(Opiniões do meu arquivo)



Usar só sangue nacional dava para pou-par um hospital por ano

Usar só sangue nacional dava para poupar um hospital por ano

O presidente da Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Santa Maria da Feira defende que se o Estado deixasse de comprar plasma estrangeiro e tratasse o sangue nacional pouparia o suficiente para construir um hospital por ano.

"Estes alertas que se vêm ouvindo sobre o desperdício do sangue doado já se ouve desde que existe a nossa associação", declarou à Lusa Serafim Reis, presidente da instituição que este fim-de-semana comemora os seus 20 anos de actividade.
 
"Nós temos meios para tratar o nosso sangue, que é dos mais seguros do mundo e muito procurado", observou esse responsável. "Mas muitas vezes esse plasma não tem sido tratado como devia porque temos contratos de compra ao estrangeiro e, assim, não justifica fazer o investimento técnico cá em Portugal".

Serafim Reis diz não saber avaliar se há "condições políticas para isso, mas acredita que o país tem "capacidade técnica" para investir no tratamento do seu próprio plasma e garante: "Se deixarmos de o comprar ao estrangeiro e tratarmos o nosso, poupamos o suficiente para construir quase um hospital por ano".

Para o presidente da Associação de Dadores do concelho da Feira, este é "um assunto muito sério" e deve merecer a "máxima atenção" por parte das autoridades, que devem "meter mãos à obra de uma vez por todas" para evitar o desconforto crescente entre a comunidade que doa sangue.

"As pessoas vão às colheitas generosamente, a maior parte delas são dadoras por motivos puramente altruístas e, depois, claro que não gostam de ouvir que o seu sangue foi deitado ao lixo", explica. "Se a situação se mantiver, isto torna-se numa bola de neve e, um dia destes, podemos dar por nós a precisar de sangue e a não ter".

Serafim Leite lamenta que, sendo a colheita de sangue um trabalho realizado por voluntários, esses estejam limitados a "pregar no deserto, sem que a sua voz tenha peso nenhum", mas acredita que "os governantes podem esclarecer a população o mais rapidamente possível sobre o que têm pensado para o futuro".

"As pessoas aparecem nas colheitas, sentem-se inseguras, fazem perguntas e nós não sabemos responder", reconhece esse responsável. "É tempo de os governantes perceberem que as centenas de milhares de dadores de sangue portugueses merecem outro trato, outro respeito", assegura.


Fonte: JN de 23-06-2011 

NB: há notícias que raramente se perdem com o passar do tempo, esta é uma das tais, continua com a sua genuinidade, na medida em que pouco ou nada mudou..

Vamos dar um pouco de nós – Dádiva de Sangue

Vamos dar um pouco de nós – Dádiva de Sangue

No próximo dia 18 de Novembro entre as 16 horas e as 20 horas, a ADASCA vai realizar mais uma sessão de colheitas de sangue no seu Posto Fixo, localizado no 1º. Andar, Loja G, do Mercado Municipal de Santiago, localizado na Rua de Ovar, anexo ao Hospital Veterinário de Aveiro.
 
Este bem precioso, que todos os dias permite salvar vidas, não é fabricável artificialmente, pelo que o único modo de o garantir passa pela doação benévola, corajosa e altruísta.

Todas as pessoas saudáveis, com mais de 18 anos e menos de 65, com peso igual ou superior a 50 Kg são potenciais dadores de sangue.

A Dádiva de Sangue não deve ocorrer em jejum, nem durante o período correspondente à digestão, período de pelo menos 2:30 horas após a hora da tomada a refeição.

Nessa tarde, o primeiro passo a dar é o preenchimento de uma ficha onde é feita uma identificação completa. De seguida, é realizado um exame médico, ao qual devem ser dadas respostas sinceras, cujo conteúdo jamais será divulgado.

Posteriormente é feita a doação, com material esterilizado e utilizado uma única vez. Por fim, é disponibilizada uma pequena refeição, tipo lanche.

Naquela tarde, estarão reunidas todas as condições humanas, técnicas, logísticas, entre outras, cuja utilidade dependerá da sua preciosa presença. Para tal não deixe de comparecer e convidar os seus familiares e amigos a vir também.

Por muitos que sejam, nunca é de mais!


Nessa tarde, o primeiro passo a dar é o preenchimento de uma ficha onde é feita uma identificação completa. De seguida, é realizado um exame médico, ao qual devem ser dadas respostas sinceras, cujo conteúdo jamais será divulgado.

Posteriormente é feita a doação, com material esterilizado e utilizado uma única vez. Por fim, é disponibilizada uma pequena refeição, tipo lanche.

Naquela tarde, estarão reunidas todas as condições humanas, técnicas, logísticas, entre outras, cuja utilidade dependerá da sua preciosa presença. Para tal não deixe de comparecer e convidar os seus familiares e amigos a vir também.

Por muitos que sejam, nunca é de mais!

Outras datas podem ser vistas através do Site: www.adasca.pt
 Telef: 234 095 331 (Posto Fixo da ADASCA)




Universidade de Coimbra e o Portugal dos Pequenitos criam bilhete conjunto

Universidade de Coimbra e o Portugal dos Pequenitos criam bilhete conjunto


A partir de agora, e durante a época baixa, vai ser possível visitar dois dos principais pólo turísticos de Coimbra a um preço reduzido. A Universidade de Coimbra e o Portugal dos Pequenitos juntaram-se para criar um bilhete conjunto, que inclui o acesso aos dois locais, com um desconto de sete euros. O bilhete conjunto custa 12 euros, para adultos e dez euros para séniores e vai ser válido durante todo o inverno até o final de março.

A entrada na UC inclui visitas ao Paço das Escolas – Biblioteca Joanina, Capela de São Miguel, Sala dos Capelos, Sala de Armas, Sala do Exame Privado e Prisão Académica. Já no Portugal dos Pequenitos, a entrada inclui acesso a todo o parque.



Vergonha


O poder, em sentido lato, é dominado crescentemente por pessoas que não sentem nem têm vergonha.
Há muita gente com vergonha da falta de vergonha que por aí impera. A vergonha é um dissuasor de comportamentos sociais pouco éticos. A falta dela conduz ao "vale tudo", e cada um de nós fica a saber que a simples chamada de atenção pública para um problema não é suficiente. Ou seja, ficamos impotentes perante a falta de vergonha, pois não basta denunciar as situações.
Um dia, em Montargil, uma senhora pobre e de muita idade dizia-me que a sua família eram pessoas de muita vergonha. Foi-me dito há mais de um quarto de século e nunca mais ouvi tal expressão, que não conhecia mas também nunca esqueci. O que ela queria dizer é que, sendo pessoas de muita vergonha, eram pessoas honestas. É a expressão acabada da vergonha como dissuasor ético de quem vive em comunidade.
No passado recente, apenas há alguns anos, uma gafe ou apenas um pequeno escândalo eram suficientes para um ministro se demitir. Foi assim quando houve dúvidas (sublinhe-se, aliás, que não foram confirmadas) sobre um pagamento de sisa por António Vitorino. Ou quando Carlos Borrego contou uma anedota de mau gosto (e que todos já conhecíamos) sobre as pessoas que morriam no hospital de Évora. Um ministro que meteu uma cunha para a filha entrar em Medicina, logo que se soube, demitiu-se. Em todos os casos eram pessoas de muita vergonha.
Lembro-me, quando em cargos públicos, de reler os meus discursos com a ideia de que poderiam ser lidos pelos meus alunos ou colegas de Faculdade. E sempre pensar que teria vergonha se eles pensassem que eu dizia uma coisa na Faculdade e outra no Parlamento ou numa entrevista a um jornal. Eram intervenções políticas e, como tal, nunca seriam uma aula, mas nos raciocínios económicos subjacentes não podiam contradizer o que tinha aprendido e ensinava.
Pelo facto de sermos um país pequeno e com uma pequena elite, em que todos se conhecem, a vergonha, quando existe, é um dissuasor moral muito eficaz. Para toda a vida nos recordaremos de pessoas públicas envolvidas em simples casos, muitas vezes sem fundamentação, ou em casos de incumprimento de obrigações fiscais ou pequena corrupção (a grande corrupção não parece existir em Portugal, a avaliar pelo número de condenações em tribunal). Ou seja, o simples facto de todos nos conhecermos, e de estarmos condenados a ver-nos regularmente nas mais diversas ocasiões, leva a que, quando há vergonha, as pessoas em serviço público cumpram a lei e as regras da decência nas nomeações e na gestão da coisa pública. Muitos cumpriam (e continuam a cumprir) por imperativo de consciência, mas outros o faziam por simples vergonha de serem descobertos. Esta parte está a acabar.
Nesse sentido, penso que Portugal era menos corrupto há dez ou quinze anos do que é hoje em dia. Aliás, os indicadores internacionais de percepção da corrupção colocam neste momento Portugal numa situação vergonhosa. Por falta de vergonha de muitos agentes políticos.
Como se chegou aqui? Penso, mais uma vez, que é o resultado do mau funcionamento da justiça aliado a uma comunicação social sensacionalista. A falta de resposta e a morosidade por parte da justiça e da investigação é embaraçante e conduz à impunidade. Quem não tem vergonha fica sem sanção. Por outro lado, uma imprensa e uma televisão populistas e em busca desesperada de audiências fazem o resto. A população não acredita no que lê e no que ouve e, por outro lado, acusa-se e condena-se sem provas e sem direito a defesa, no tribunal da populaça.
O defunto semanário O Independente ainda começou bem, mas rapidamente acusou, julgou e puniu sem ouvir o réu. Lembro-me de o ter deixado de comprar (e ler) por volta de 1992, quando me apercebi da pulhice que estavam a fazer a um amigo. O Independente foi, em muitos casos, uma escola de mau jornalismo que, para nossa infelicidade, fez escola. Há, como é óbvio, ainda muitas excepções entre a classe dos jornalistas que, crescentemente, apenas confirmam a regra.
A acusação publicada e permanente de pessoas, com casos e com pseudocasos, leva a que as pessoas de vergonha se afastem da causa pública. É um fenómeno de selecção adversa, pois, pelos constantes vexames públicos, cada vez mais, só pode exercer cargos políticos quem não sentir vergonha. E quem não sente vergonha é porque não tem vergonha. É mau, mesmo muito mau, para a democracia e para todos nós.
Como é possível que os casos dos sobreiros, da cova da beira, do freeport, da universidade independente, da face oculta, dos contentores, dos projectos engenheirais, do bpn, da tvi-pt, dos submarinos não passem de pequenos incidentes (e por isso os escrevo com letra minúscula)? São casos que atravessam (quase) todos os partidos e nada se sabe e nada acontece. E o pouco que acontece é anos e anos tarde demais e muitas vezes envolto numa neblina que apenas confunde e nada esclarece.
A justiça e a comunicação social têm um problema sério. E nós temos um problema grave. O poder, em sentido lato, é dominado crescentemente por pessoas que não sentem nem têm vergonha. Os que ainda têm vergonha terão vida política curta, no actual estado de vivência democrática.

Luís Campos e Cunha, Professor universitário
PÚBLICO, 20 de Agosto de 2010

NB: artigo do meu arquivo, que decorridos estes anos de publicação continua actualíssimo.