O Presidente da República desejou hoje um 2020 “de esperança”, com um “Governo forte, concretizador e dialogante”, uma “oposição forte e alternativa” e pediu que se concentrem esforços “na saúde, na segurança, na coesão e inclusão”.
Este ano, e pela primeira vez, a mensagem de Ano Novo do Presidente foi transmitida a 1.890 quilómetros de Lisboa, a partir do Corvo, onde Marcelo Rebelo de Sousa festejou a passagem de ano.
O Presidente começou o discurso por usar, repetidamente, a palavra "longe". "Compromisso pelos que mais longe estão de nós". "Longe", porque vivem noutras regiões geográficas no mundo, mas também por se sentirem excluídos. "Longe porque vivem em pobreza, ou em risco dela. Ou sofrem desigualdades ou abusos".
"Para todos, mesmo todos, vai o meu abraço caloroso", afirmou. O mote da distância surgiu por Marcelo se encontrar no Corvo, a mais pequena ilha dos Açores.
"Um ano melhor é o meu voto amigo e o meu assumido compromisso".
2020 será o "começo de um novo ciclo, no Mundo, na Europa, em Portugal", que "tem de ser de esperança", continuou o Presidente, explicando de seguida o que "esperança" significa em cada um destes níveis.
"No mundo, esperança quer dizer superação das ameaças de guerras comerciais entre grandes potências, maior atenção ao apelo de António Guterres para as alterações climáticas, respeito dos direitos humanos, procura de paz".
Na Europa, esperança, para Marcelo Rebelo de Sousa, significa que os líderes trabalhem em prol do "reforço da unidade, não hesitem no combate climático, promovam crescimento e emprego", saindo "das suas torres de marfim".
Em Portugal, "esperança" implica um "Governo forte, concretizador e dialogante, para corresponder à vontade popular, que escolheu continuar o mesmo caminho, mas sem maioria absoluta". E uma "oposição também forte de alternativa ao Governo", com "capacidade de entendimento entre partidos quando o interesse nacional assim o exige".
"Concentremo-nos em 2020 na saúde, na segurança, na coesão e na inclusão, no conhecimento e no investimento", disse o Presidente, destacando as prioridades que precisam de ser cuidadas, tendo em conta os "escassos recursos".
As palavras de Marcelo Rebelo de Sousa para os portugueses destacaram ainda a necessidade de uma "justiça respeitada, atempada e eficaz no combate à ilegalidade e à corrupção", para que possa ser "criadora de confiança", o apoio às forças de segurança, e um poder local capaz de exercer a descentralização "com sensatez".
Esta é a quarta mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente, depois dos elogios e avisos de 2017, de ter pedido prudência em 2018 e “bom senso” em 2019.
Na sua primeira mensagem de Ano Novo, em 01 de janeiro de 2017, com o Governo minoritário do PS, e o apoio da esquerda, há pouco mais de um ano em funções, Rebelo de Sousa descreveu 2016 como o ano da “gestão imediata”, em que foram dados “pequenos passos” e desejou que o ano tivesse mais “crescimento económico”.
Um ano depois, fez um “balanço positivo” de 2017, mas lamentou o crescimento económico “tardio e insuficiente”, os cortes de financiamento em “domínios sociais”, a dívida pública “muito elevada” e a justiça lenta.
O ano de 2017 foi marcado pelos grandes incêndios florestais, em junho e outubro, que fizeram mais de 100 mortos, centenas de feridos e milhões de euros de prejuízos, no interior do país, o que levou o Presidente a dizer, no primeiro dia de 2018, que aquele tinha sido um ano “estranho e contraditório”, “povoado de reconfortantes alegrias e de profundas tristezas”.
“O passado bem recente serve para apelar a que, no que falhou em 2017, se demonstre o mesmo empenho revelado no que nele conheceu êxito. Exigindo a coragem de reinventarmos o futuro”, afirmou.
Em 2019, ano de três eleições (regionais na Madeira, europeias e legislativas), o Presidente apelou ao exercício do voto e considerou fundamental bom senso nessas campanhas, advertindo que radicalismos, arrogâncias e promessas impossíveis destroem a democracia.
As mensagens de Ano Novo do atual chefe de Estado têm sido curtas, com uma duração média de cerca de oito minutos.
Como é habitual, os maiores partidos com representação parlamentar, à exceção do PSD, têm previstas para hoje declarações para comentar as palavras do Chefe do Estado.
Madremedia c/ Lusa