As organizações de extrema-direita Forza Nuova e Campo Nacional Radical promoveram na cidade italiana a «primeira operação europeia para a segurança». Grupos antifascistas manifestaram preocupação.
Patrulhas e caminhadas «com vestimentas negras» ao longo da praia, e uma foto de grupo no local onde no ano passado duas raparigas polacas foram violadas, na cidade costeira de Rimini, foram algumas das actividades levadas a cabo, na semana passada, pelos fascistas italianos da Forza Nuova (FN) em conjunto com os polacos do Campo Nacional Radical (ONR, na sigla em polaco).
A iniciativa, organizada pela secção local da FN e caracterizada como a «primeira operação europeia para a segurança», decorreu durante cinco dias, entre 5 e 9 de Julho, e, além dos «patrulhamentos», contou com conferências e encontros entre os grupos de extrema-direita. Numa nota de imprensa, citada pelo periódico Il Fatto Quotidiano, a FN diz que «as nossas praias e os nossos parques […] viram a assídua presença dos patriotas polacos e italianos».
Fascistas disfarçados de «patriotas»
Mirco Ottaviani, coordenador regional da FN na Emília-Romanha, lamentou que tivessem sido seguidos de perto pela Polícia e, em declarações à Euronews, valorizou a «bela agitação mediática» gerada pelo encontro entre fascistas polacos e italianos.
Em seu entender, tratou-se de «uma iniciativa simbólica num tempo limitado», que foi «mal interpretada». Acrescentou, no entanto, que não «foi um evento isolado» e que «se irá repetir ao longo do Verão», tendo ambos os grupos mais acções planeadas.
Quanto à proximidade com os polacos do ONR, afirmou que «está cada vez mais forte no Leste [da Europa], onde temos alcançando grande êxito ultimamente». «Há uma mudança em curso na Europa», disse.
Marcada por slogans xenófobos e pelo enaltecimento da supremacia branca, do anti-semitismo e da islamofobia, a mobilização, de que o ONR foi um dos principais promotores, foi descrita pela TV estatal polaca como uma «grande marcha de patriotas».
Propaganda, repúdio e preocupações
Várias organizações antifascistas italianas expressaram de imediato o seu repúdio e a sua preocupação com estes patrulhamentos, que visam sobretudo cidadãos estrangeiros, e, segundo refere Il Fatto Quotidiano, causaram grande impacto as fotos «dos militantes vestidos de negro», em fila, na praia.
O presidente da Câmara de Rimini, Andrea Gnassi, disse que as autoridades competentes tomaram nota do caso e estão a adoptar as medidas necessárias, mas desvalorizou a agitação mediática em torno destes «camisas negras»: é «uma farsa em camisa negra de dez tipos que fugiram de casa e se puseram em fila para fazer uma selfie fascista».
Giusi Delvecchio, presidente da Associação Nacional de Partisans Italianos – fundada nos anos 40 por participantes na resistência ao regisme fascista –, também disse acreditar que estas actividades são, em grande medida, um «golpe publicitário». «Fecharam-se num hotel e saíram à socapa para tirar fotos quando não havia ninguém para os ver e depois lançaram-nas no Facebook como propaganda», declarou à Euronews.
Não deixou, no entanto, de se mostrar preocupado, sobretudo pelo envolvimento de um grupo fascista estrangeiro.
Por seu lado, o assessor para a Segurança do Município de Rimini, Jamil Sadegholvaad, sublinhou que da extrema-direita não vem nada de bom e, referindo-se a esta «aliança com os polacos» na cidade da Costa Adriática, lembrou que esteve ao lado das raparigas agredidas o ano passado. «Não precisamos cá de nazis polacos ou da FN», frisou.
Fonte:abrilabril