Um total de 3.662 portugueses registaram-se na segurança social britânica no primeiro trimestre deste ano, um aumento significativo face aos meses anteriores resultante da normalização dos serviços públicos do Reino Unido.
No trimestre anterior, entre setembro e dezembro de 2020, tinham sido feitas 168 inscrições, e entre julho e setembro apenas 60, os números mais baixos em duas décadas.
Porém, o Ministério do Trabalho e Pensões britânico recomenda “cautela” para a forma como estes valores são interpretados por causa da perturbação que a pandemia de covid-19 teve nos seus serviços.
“O impacto das interrupções operacionais devido à pandemia de covid-19 será visível nos dados anuais por algum tempo”, avisa hoje na publicação dos dados trimestrais.
O registo na segurança social é um requisito para poder trabalhar e beneficiar do sistema de apoio social no Reino Unido e um indicador usado para calcular os fluxos demográficos para o país.
As medidas de distanciamento social e restrições no contacto em espaços fechados resultou na suspensão das operações do Número de Segurança Social (National Insurance Number, NINo) para a maioria dos candidatos desde meados de março de 2020.
O impacto foi mais sentido junto dos cidadãos da União Europeia (UE), que até ao final de 2020 não necessitavam de visto para trabalhar no Reino Unido, mas precisavam de passar uma entrevista presencial de verificação de identidade.
O Governo britânico justificou que foi necessário usar alguns dos funcionários para processar os pedidos de subsídios durante o pico da crise e que as pessoas elegíveis, como europeus, podiam começar a trabalhar temporariamente até obter o número de segurança social.
Entretanto, as entrevistas foram retomadas por vídeochamada e, desde abril, também são presenciais, permitindo ao Ministério do Trabalho recuperar parte do atraso acumulado ao longo dos 12 meses anteriores.
Mesmo assim, os 5.304 portugueses que se registaram entre março de 2020 e março de 2021 na segurança social britânica representam uma queda de 78% face aos 23.925 que se tinham inscrito no período anterior, entre março de 2019 e março de 2020.
A nível geral, registaram-se 72.495 europeus entre março de 2020 e março de 2021, menos 83% do que nos 12 meses anteriores.
Com o fim do período transitório pós-Brexit, desde 01 de janeiro que os cidadãos europeus deixaram de beneficiar de liberdade de circulação no Reino Unido para viver e trabalhar, estando sujeitos a um novo sistema de imigração que exige visto de trabalho.
Lusa