“A
condição feminina e a mulher portuguesa nos seus diversos lugares”
foi tema de debate no Museu da Pedra. A sessão, moderada pelo
vice-presidente da Câmara Municipal, Pedro Cardoso, contou com a
participação do escritor Manuel Cidalino Madaleno, autor do livro
sobre “A condição feminina na Gândara (1880-1970)”, e da
pintora Maria Raquel Almeida, autora da exposição “Trajes
regionais e as mulheres do meu País”, que está patente no Museu
da Pedra desde o dia 9 de novembro.
Perante
uma plateia composta por utentes do projeto municipal Tardes
Comunitárias, o papel da mulher na sociedade, entre a segunda metade
do século XIX e a primeira metade do século XX, foi tema de
reflexão, em que as perspetivas históricas de Manuel Cidalino
Madaleno e de Maria Raquel Almeida complementaram a visão política,
a cargo do vice-presidente do Município, Pedro Cardoso.
Aos
dias de hoje, constatou o autarca, “apesar do muito andado,
ainda há um longo caminho a percorrer quando falamos de igualdade de
oportunidades e de promover a dignidade humana. “Construir uma
sociedade mais justa, humana e solidária implica eliminar todas as
formas de descriminação e desigualdades”, referiu. E para
provocar o debate deixou no ar diversas questões: “Será que é
com as quotas que se atenuam as desigualdades? Que papel têm ou
devem ter as políticas públicas nesta matéria? Como mudar
culturalmente esta realidade? A solução passa pela Educação?”.
Do
que Pedro Cardoso não tem dúvidas é que as mudanças que se impõem
devem merecer o “inconformismo” da sociedade civil e das
instituições, que não podem ficar indiferentes. “O papel da
mulher e a importância da participação em todas as esferas da vida
familiar, profissional, política, social, cultural e económica não
é feminismo, é um direito”, salientou.
Numa
perspetiva histórica, Manuel Cidalino Madaleno deu conta do papel da
mulher no período 1880-1970, aos olhos da imprensa local. Num
assinalável trabalho de investigação, o escritor revelou que “a
mulher era responsável pelo bom funcionamento da família e da
própria sociedade”. Por outras palavras, “se o marido ou
os filhos seguissem por maus caminhos, a culpa era da mulher que não
tinha cumprido o papel de mulher e mãe”.
Manuel
Cidalino Madaleno deu conta, a propósito, que o papel submisso a que
a mulher estava obrigada também se refletia na educação. “Em
1900, Cantanhede tinha 1.300 pessoas que sabiam ler, num universo de
30 mil, mas nenhuma era mulher”, revelou.
Já
Maria Raquel Almeida, autoria da exposição “Trajes regionais e as
mulheres do meu País”, adiantou que o seu trabalho resultou de
muitas histórias que ouviu, constatando que a desigualdade do género
“é algo que ainda está muito enraizado na nossa sociedade e,
por isso, muito difícil de mudar”. Para a pintora, “é
pela via da Educação que se pode mudar” o status quo.