domingo, 10 de julho de 2022
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Hospitais cancelam consultas e cirurgias para desviar médicos para as urgências
Cuidado com o calor: Há zonas onde as temperaturas passam os 40º C
- Aumentar a ingestão de água ou de sumos de fruta natural sem açúcar;
- Procurar ambientes frescos e arejados ou climatizados;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Evitar a exposição direta ao sol, principalmente entre as 11:00 e as 17:00;
- Utilizar protetor solar com fator igual ou superior a 30 e renovar a sua aplicação de 2 em 2 horas e após os banhos na praia ou piscina;
- Utilizar roupa solta, opaca e que cubra a maior parte do corpo, chapéu de abas largas e óculos de sol com proteção ultravioleta;
- Evitar atividades desportivas e de lazer no exterior que exijam grandes esforços físicos;
- Escolher as horas de menor calor para viajar de carro;
- Os doentes crónicos ou sujeitos a medicação ou dietas específicas devem seguir as recomendações do médico assistente ou do SNS24.
O abismo profundo da igreja de Satã descrito por um ex-membro
- Plinio Maria Solimeo
Odiar a Deus e amar o demônio é tão absurdo que só os mais empedernidos na magia negra chegam a tanto. Um bom número dos que, por diversão ou curiosidade, se entregam a práticas como tarô, ouija, tabuleiros falantes, Reiki, yoga e coisas do gênero, não sabem que o termo final de tudo isso é o culto do próprio demônio, com desfechos os mais inesperados.
O site católico espanhol Religiónen Libertad traz a esse propósito o depoimento de um ex-satanista, no qual ele descreve como entrou para uma igreja satânica onde se praticavam até sacrifícios humanos.
A iniciação
David Arias era um jovem mexicano de 16 anos que se mudou como tantos de seus conterrâneos para os Estados Unidos, indo morar em San Fernando, no vale de Los Angeles. Provinha de família católica não praticante.
No colégio, sob o pretexto de ensiná-lo a se comunicar com os espíritos, alguns de seus novos companheiros o introduziram na prática da tábua ouija, então muito generalizada entre os adolescentes, que “estão sempre buscando alguma novidade, e abertos por isso às experiências. Era assim fácil atraí-los, e logo prendê-los com o sexo ou com as drogas” — comenta.
No início Arias se entregou a isso como a um passatempo, considerando essa experiência como a de ir à noite aos cemitérios para vencer o medo. Aos poucos foi convidado a participar de reuniões “subterrâneas”, nas quais abundava a promiscuidade sexual e o abuso de drogas. Por fim, após um período de entrosagem, começou a participar da igreja de Satanás. O rapaz foi sendo levado a esse extremo de forma gradual e inconsciente.
No grupo em que estava, havia gente de todas as idades e raças, sendo ele um dos mais jovens a ser atraído. Muitos se vestiam com trajes informais, trabalhando como médicos, advogados ou engenheiros. Outros, porém, mais coerentes, se vestiam com o chamado estilo “gótico”, isto é, com um traje peculiar, completamente negro, com os lábios pintados da mesma cor.
Das missas negras aos sacrifícios humanos
Definindo um satanista como alguém que “rechaça, odeia e maldiz a Deus”, Arias comenta que o grupo ao qual pertencia era composto por cerca de 80 membros dirigidos por um “sacerdote” de Satanás. Eles se reuniam uma vez ao mês para celebrar missas negras.
Segundo Arias, embora os membros dessa seita satânica procurassem não chamar a atenção, eles “estavam envolvidos em uma ampla gama de atividades criminosas, do consumo de droga à violação de adolescentes, e inclusive de assassinatos”. É claro que a isso só chegavam os mais iniciados, pois entre os membros havia uma gradação.
Em primeiro lugar estávamos principiantes, os quais se limitavam a observar os diversos rituais. Vinham depois os membros mais experimentados, que já participavam dos sacrifícios de animais, como ratos e gatos. Pelo ritual, esses membros deviam beber o sangue das vítimas, enquanto proferiam maldições sobre determinadas pessoas que queriam prejudicar.
Finalmente vinham os líderes do grupo, que realizavam sacrifícios humanos. As vítimas podiam ser as adolescentes “descontroladas” ou — o que era mais comum — os bebês das mulheres do grupo que se engravidaram após terem sido violadas.
Por isso o processo de atração de novos membros tinha preferência pelas moças que pudessem engravidar, a fim de que seus bebês pudessem ser sacrificados em rituais satânicos.
A ação da graça
Como pôde David Arias romper com esse grupo adorador de Satanás, após fazer parte dele durante quatro anos? É um mistério da graça de Deus, que age quando e onde menos se espera.
Ocorreu que o rapaz, sem causa aparente, começou a ser trabalhado por uma graça divina, que o fazia sentir um vazio, uma falta de sentido, um desgosto pela vida que levava. Como esse sentimento ia num crescendo, certo dia, sem saber o que fazer, ele começou a caminhar a esmo, sem rumo definido pelas ruas. Deparou-se então com uma igreja católica, e resolveu entrar. Sentou-se em frente de um Crucifixo, e limitou-se a olhá-lo fixamente. Fez então uma pergunta a Deus: “Podeis oferecer-me algo melhor que Satanás?”.
Nesse instante, de modo inesperado, David começou a considerar o horror da vida que levava, e sentiu um desejo profundo de mudar radicalmente. Decidiu então abandonar a seita, embora isso fosse muito perigoso, pois os que dela se afastavam e contavam o que lá se passava eram ameaçados de morte.
O primeiro passo que deu para isso foi mudar-se do vale de San Fernando, onde vivia com a família, para San Bernardino, longe dos grupos satânicos. Voltou então à Igreja Católica e começou a freqüentar os Sacramentos. Casou-se, e hoje tem três filhos.
Conselhos aos desavisados
David Arias passou a dedicar seu tempo livre à evangelização sobre os perigos do ocultismo e do satanismo. Diz ele: “Os pais devem estar cientes daquilo que seus filhos estão fazendo. Hoje, as crianças têm acesso fácil a muitas coisas que lhes são prejudiciais” — como à internet, aos celulares, e aos aparentemente inocentes jogos de adivinhação, comuns em escolas.
Sobre a influência satanista em nossos dias, Arias cita apenas um: o aborto: “O Maligno quer sacrifícios humanos, e os abortos são sacrifícios” que agradam ao Pai da Mentira. Ele comenta que um dos membros de sua seita era um médico abortista.
Sobre os modos de lutar contra o poder infernal, ele mostra, com base na própria experiência, que um dos principais é o sacramento da confissão, ir regularmente à Missa e receber a Sagrada Comunhão, pois os satanistas também reconhecem que nela está realmente o Corpo de Cristo. É por isso que procuram roubar hóstias consagradas para suas missas negras. O ex-satanista indica também a importância da confissão frequente para se conservar na graça de Deus, tornando-se mais refratários à ação do demônio, e a recitação do Santo Rosário: “Quando alguém reza o Rosário, o Mal se assusta” – afirma.
David Arias vive sem medo das possíveis represálias dos satanistas com os quais conviveu: “O Senhor está comigo; com Ele não tenho nada a temer”.
ABIM
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Fonte:http://www.religionenlibertad.com/satanista-lider-catolico-david-arias-revela-los-secretos–53725.htm
Uma alma católica na Belle Époque parisiense
- Paulo Henrique Chaves
Fui presenteado com um livro sobre a vida de Elisabeth Leseur (1866-1914), parisiense da Belle Époque, serva de Deus, até então minha desconhecida. São quase 400 páginas sem ilustração, um gênero de leitura diferente dos meus habituais e um tipo de impressão pouco convidativo. No entanto, a capa me agradou.
Depois de folheá-lo, ver o autor e o índice, voltei à capa, ilustrada com uma ótima pintura da biografada. Uma senhora de meia idade, sentada em sua mesa de trabalho, trajada com um longo peignoir bordô contrastando com um veludo branco na gola e nos punhos, que sem dúvida ajudava compor a sua bela allure. Deixei-o sob os meus olhos enquanto lia dois outros livros.
Sem perceber, fui construindo o perfil psicológico dessa senhora: marcante personalidade, muito lúcida e inteligente, ar grave, mas sereno, educada e culta, com a axiologia em ordem, sem ilusão com o mundo que a cercava. Predicados, com certeza, fruto de uma vida de sofrimento resignado de uma alma católica.
Situação da sociedade na Belle Époque
Ao começar a lê-lo, dei-me conta de que seu marido, Félix, médico, era um ateu prático que a contrariava sobremaneira, de modo especial por suas ideias em relação ao catolicismo e à seriedade com que Elisabeth encarava a vida. Tentava de todos os modos minar a sua fé, passando-lhe livros de autores pouco recomendados que chegaram a lhe causar dúvidas metafísicas.
Oferecia-lhe muitas joias, convidava-a para uma vida social intensa e viagens contínuas. Tudo isso ela soube reger com resignação e cortesia para não se indispor com o marido, sempre oferecendo a Deus todo sacrifício pela conversão dele. Por sua formação, experiência e considerações, sabia que para fazer a vontade de Deus era preciso ter uma vida interior séria, o que estava nas antípodas do modo de ser de seus coetâneos.
Com efeito, observava ela, os cinemas, os chás, as danças, os automóveis e o telégrafo sem fio colocavam os seus contemporâneos em perpétua agitação, a ponto de as pessoas não quererem mais receber visitas em casa. Escrevendo a um amigo, discernia com nitidez que os maus exemplos provinham das classes superiores:
“É extraordinário até que ponto a sociedade está atacada por uma espécie de doença de São Guido moral, que não mais permite pensar e viver um pouco a sós. As amizades cada vez menos profundas e verdadeiras são abafadas pelas relações que correspondem bem ao imperativo de banalidades. Aquele que não defender o seu lar e o ser íntimo, será submerso, pois tudo acarreta uma diminuição moral”, observava.
Restituir ao lar a dignidade e a paz
Com fina percepção das mudanças sociais em curso — dir-se-ia imbuída de ideias contra-revolucionárias —, ressaltava: “Digo isto aos amigos, porque sei que entendem, mas quanta gente o pode compreender numa época em que se move sem agir, fala-se sem refletir, e em que se pensa o menos possível?” Elizabeth escreveu essas linhas em fins de 1903… O que diria ela hoje!
E dirigindo-se de modo particular aos católicos, acrescentou:
“Os sinceros devem reagir, restituir ao lar a sua dignidade e a sua paz. É preciso defendê-lo nesta Paris, onde os encontros são tão suspeitos; o aperto de mão tão fácil; onde se fecha os olhos com tanta indulgência a situações irregulares; onde a moda e as atitudes são tão ultrajantes como inconvenientes; onde sob pretexto de esporte ou camaradagem, rapazes e moças se reúnem à vontade, sem a vigilância dos pais, num desembaraço tão perigoso como sem distinção. Receosos de passar por retrógrados, e igualmente por covardia, eles abdicaram de sua autoridade”.
Ela dizia preferir mil vezes a vida calma, longe das agitações, que caem logo no vazio. Apontava o exagero no prazer da agitação, que poderia causar novas gerações ainda mais nervosas e superficiais. A distração tem limites, pois do contrário o próprio fundo da vida e seu fim serão desviados. Ora et labora. Para ela, “nesta vida todos somos culpados do bem que não fazemos”.
Má impressão que Leseur teve da Rússia
Outro ponto de seu discernimento recaía sobre a rápida industrialização. Deplorava a concentração do trabalho nas fábricas, que arrancava a mulher de seu lar e tornava o operário mais acessível a hábitos e doutrinas nocivas. Censurava o distanciamento das classes sociais, favorecidas por urbanizações como a Paris de Haussmann, separando bairros ricos dos pobres.
Preferia as classes sociais vivendo como outrora, mais perto umas das outras, conhecendo-se e entreajudando-se na troca amistosa de bons ofícios, pois elas já se ignoravam, o que necessariamente iria levar à luta de classes.
Entre as muitas viagens que fez com seu marido, uma foi à Rússia, em 1899. Em suas notas ela criticou o poder autocrático absoluto; a nobreza, receptáculo de todos os privilégios e que só pensava em gozar a vida; a burguesia rudimentar; os estudantes, pobres e com futuro miserável em ambiente de ideias revolucionárias; e, por fim, uma religião puramente exterior, na verdade, um meio político.
Observou que a religião russa, a ortodoxa, era despida de conteúdo espiritual, não passando de uma forma superior de polícia, e que os mujiques — camponeses e operários, aquele “pobre povo” — viviam na mais completa miséria, entorpecidos pelo álcool e por aquela falsa religião. Tudo, segundo ela, fazia pressentir a revolução comunista, que realmente ocorreu menos de vinte anos depois.
Acachapada por esse clima pesado, preferiu interromper a viagem. Ao sair da Rússia rumo a Istambul, sentiu-se aliviada, com a sensação de ter sido libertada: “Depois, o que dizer de um país onde tudo é vigiado, espreitado?” E concluiu: “Deixamos a Rússia sem saudades.”
Posição católica frente ao sofrimento
No âmbito espiritual, Elisabeth, de saúde muito débil, chegou a se perguntar se o sofrimento constituía um sacramento. Para ela, nada de grande se faz que não tenha por base o sofrimento e, ancorada em Santo Agostinho, viveu muito conformada com os dissabores próprios à existência terrena.
Chegou à conclusão de que Deus a queria mais Maria que Marta. Sentia-se satisfeita com o que lhe reservara na vida enquanto esperava a velhice, a qual, aliás, não chegou, pois faleceu aos 47 anos de idade. Ocupava seu tempo com a oração e a doença, uma via fecunda que lhe proporcionava muita tranquilidade de alma.
Tudo ela oferecia pelo bem das almas — de acordo com a doutrina da Comunhão dos Santos, da qual ela tanto gostava e difundia —, de modo particular pela conversão de seu marido, homem de coração duro. Além de uma vida de piedade intensa, deixou muitos escritos, como Jornal e Pensamentos de cada dia e Cartas sobre o sofrimento.
Tendo se desposado misticamente com o sofrimento, faleceu num dia 3 de maio, festividade do encontro da Santa Cruz.
Obteve a conversão do marido
Embora Deus a tenha privado da alegria de ver seu marido convertido, disse-lhe, ao se despedirem pela última vez, que não tardaria em mudar de vida e juntar-se a ela. Félix leu e releu enlevado os escritos, cartas e conselhos da esposa, converteu-se e abandonou o mundo, tornando-se padre dominicano. Ele é o autor do livro de que estou falando.
Para que o leitor faça uma ideia do alcance do pensamento e da ação de Elisabeth Leseur, depois de se tornar sacerdote, seu marido fez, em cinco anos, cerca de 400 conferências nas principais cidades francesas, belgas e suíças, com plateias de até duas mil pessoas, sem nunca tomar a iniciativa, mas sempre respondendo a pedidos.
Seus livros tiveram mais de 100 edições em vários idiomas. No Brasil, foram sete edições até 1931. Esta que li, mais recente, é cópia feita pela Editora da Misericórdia de uma dessas edições, prefaciada pelo renomado jesuíta Pe. Leonel Franca.
ABIM
Madre Paulina, a primeira Santa brasileira
Canonizada no dia 19 de maio de 2002, o Brasil, depois de 500 anos de História, viu sua primeira Santa ser elevada à honra dos altares. Sua festividade é celebrada pela Santa Igreja no dia 9 de julho.
Paulo Roberto Campos
Aencantadora cidade de Nova Trento (SC) não cessa de receber visitantes dos quatro cantos do Brasil. Caravanas afluem com frequência. Todos desejam conhecer a admirável vida de Santa Paulina, canonizada por João Paulo II, tendo sido beatificada pelo mesmo Pontífice, quando de sua visita ao Brasil, em outubro de 1991.
A referida cidade, de imigração italiana, a 100 quilômetros de Florianópolis, nestes dias vive repleta de peregrinos. Devotos percorrem os lugares onde a Bem-aventurada viveu. Muitos procuram pessoas que a conheceram e possam dar testemunho das virtudes que ela praticou em grau heróico; fiéis andam à busca de relíquias, rezam, agradecem e pedem graças à nova intercessora que todos temos agora junto a Deus, especialmente os brasileiros. Santa Paulina! Rogai por nós!
Um pouco de biografia
Amábile Lúcia Visintainer, segunda filha (dentre 14 irmãos) de Antonio Napoleone Visintainer e de Anna Pianezzer, nasceu em Vígolo Vittaro (Itália), em 16 de dezembro de 1865. Os Visintainer imigraram para o Brasil quando Amábile tinha apenas 9 anos. Cresceu no bucólico povoado — que recebeu o mesmo nome de sua terra natal — de Vígolo, em Nova Trento (SC). Aos 12, quando fez a primeira comunhão, iniciou sua obra de caridade: ensinava o catecismo às crianças da aldeia, visitava os enfermos, cuidava da limpeza da capela. Aos 25 anos, com permissão dos pais, deixou sua casa para dar início — auxiliada por uma amiga, Virgínia Rosa Nicolodi — à obra hoje conhecida no Brasil inteiro e em muitos países: a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, fundada pela santa madre no dia 12 de julho de 1890.
Desde a fundação, ela fora escolhida para ser a superiora, mas só em 1895 as jovens que se formaram em torno de Amábile receberam a aprovação do Bispo de Curitiba, Dom José de Camargo Barros.
Assim, fizeram os votos religiosos, e a jovem fundadora recebeu o nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus.
Terrível provação
Depois da fundação de sua obra em Vígolo e Nova Trento (SC), a Serva de Deus transferiu-se em 1903 para São Paulo, na colina do Ipiranga, onde iniciou a Obra da Sagrada Família, que cuidava de idosos e ex-escravos, os quais, com a abolição da escravatura em 1888, ficavam perambulando pelas ruas.
Em fevereiro de 1903, ela foi eleita Superiora Geral “ad vitam” (para toda a vida), mas seu governo durou apenas seis anos. Sua obra ia crescendo extraordinariamente, novas vocações surgiam, novas casas eram fundadas. Mas, a partir de 1909, Madre Paulina começou a ser perseguida e humilhada cruelmente. Pessoas estranhas, apoiadas por algumas religiosas, passaram a transmitir más informações ao então Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva. Devido a isto, o Prelado a demitiu das funções de superiora e proibiu-a de, no futuro, exercer qualquer cargo de mando na própria Congregação que ela havia fundado. Com heróico espírito de humildade, resignação e amor à obediência, ela nunca se revoltou contra essa injusta punição aplicada pela autoridade eclesiástica.
Tal vida santa, tal morte
De 1909 a 1918 viveu na Casa-Asilo de idosos, fundada por ela em Bragança Paulista (SP). Foram nove anos de uma pungente Via Crucis, na qual a Divina Providência ia acrisolando suas virtudes, purificando ainda mais sua bela alma no caminho do sofrimento. Perseguida e humilhada, não desanimou em seu apostolado, tudo aceitou por amor de Deus, por sua obra e pela santificação de suas filhas espirituais.
Madre Paulina, em 1918, foi chamada de volta à Casa Geral no bairro do Ipiranga, em São Paulo, com pleno reconhecimento de suas virtudes, para servir de exemplo às mais jovens da Congregação, das quais não era mais a Superiora, mas era venerada como fundadora. Foi um modelo de vida de piedade, de amor ao sacrifício e de constante assistência às Irmãs enfermas.
Em 1938 começa a padecer dores atrozes devido a uma diabete. Sofreu progressivas amputações, tendo, aos poucos, ficado cega. Morreu piedosamente aos 76 anos e seis meses, em 9 de julho de 1942, sendo suas últimas palavras as de sua habitual jaculatória: “Seja feita a vontade de Deus”.
A postuladora da causa
Tanto a beatificação como a canonização se devem, em muito considerável medida, aos esforços da Irmã Célia Cadorin, postuladora da causa, instaurada 23 anos após a morte de Madre Paulina, em 3-9-65.
Irmã Célia, que também levou a bom termo o processo de beatificação de Frei Antônio de Sant’Ana Galvão, é religiosa da Congregação fundada pela nova Santa, que teve o privilégio de conhecer pessoalmente quando tinha 13 anos.
Em entrevista exclusiva à revista Catolicismo, a Irmã Célia narrou interessantes episódios alusivos à beatificação de Frei Galvão (Vide Catolicismo, setembro/1998).
O processo de canonização
Antes de uma pessoa ser declarada santa, há um rigoroso processo em que se estuda minuciosamente toda sua vida, para certificar-se, sem qualquer sombra de dúvida — o que pode demorar décadas ou mais —, que ela tenha praticado em grau heróico as virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade) e as virtudes cardeais (Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança).
Há também necessidade da comprovação inequívoca de dois milagres operados por intercessão do novo santo. No caso de Madre Paulina, houve duas curas atribuídas a ela: a da Sra. Eluíza Rosa de Souza, em 1966, e a de uma menina acreana, Iza Bruna Vieira de Souza, em 1992. (Vide quadro abaixo).
A Santa Sé reconheceu que houve intercessão da Madre Paulina nessas duas curas, após ter submetido a comprovação a uma junta médica que implacavelmente examinou os casos cientificamente; após aprovação, seguiu o tema para análise de teólogos; depois a cardeais e bispos, para que também eles fizessem a análise. Finalmente — ficando evidenciado que as curas eram duradouras e completas — o processo seguiu para a apreciação do Papa, que lerá a bula de canonização no dia 19 deste mês de maio, em Roma.
Terminado o longo processo de 37 anos, Madre Paulina foi reconhecida como santa, suas virtudes foram proclamadas pelo mundo inteiro. Ela pode ser, então, cultuada pelos católicos dos cinco continentes, e todas as igrejas católicas poderão entronizar suas imagens nos altares.
Santa Paulina! Rogai por nós! E intercedei junto a Deus pelo Brasil — sua pátria adotiva — nesta situação caótica em que se encontra o nosso País, com sua população majoritariamente católica, da qual, infelizmente, muitos não praticam as virtudes ensinadas pela Santa Igreja.
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Fonte de referência: http://www.fides.orghttp://www.prodau.com.br/madre/http://www.ciic.org.br/fundadora/
OS DOIS MILAGRES COMPROVADOS
- Eluíza Rosa de Souza: Foi curada em 1966, sofrendo perda intra-uterina do feto no sétimo mês de gravidez, tendo na ocasião sofrido hemorragias. Desenganada pelos médicos, rezou pedindo a intervenção da Madre Paulina e sobreviveu. Obteve a cura instantânea e completa, estando internada no Hospital Maternidade São Camilo, de Imbituba (SC). Depois desse fato surpreendente, teve quatro filhos.
- Iza Bruna Vieira de Souza: Esta menina nasceu em junho de 1992, em Rio Branco (Acre), com um tumor cerebral do tamanho de uma maçã (hidrocefalia). Antes da operação para retirada do tumor, a mãe de Iza, Da. Mabel, colocou na mãozinha da filha uma foto de Madre Paulina. Após a cirurgia, teve convulsões cerebrais, tendo os médicos declarado que, se ela sobrevivesse, ficaria tetraplégica, cega, surda e muda. A avó da menina, Da. Zaira de Oliveira, disse confiante que estava rezando e pedindo a Madre Paulina que miraculasse sua neta. Batizaram a menina e, 20 minutos depois, ela melhorou repentinamente, alcançando a cura completa. A doença jamais voltou a se manifestar, nem deixou sequelas. Hoje goza de plena saúde.