sexta-feira, 10 de setembro de 2021
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AVEIRO | “CULTURA PERTO DE SI”: EDIÇÃO DE FIM DE SEMANA CANCELADA - Luto Nacional pelo falecimento de Jorge Sampaio
As edições deste fim de semana da iniciativa “Cultura Perto de Si” foram canceladas devido ao cumprimento do Luto Nacional, devido ao falecimento do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio. Assim os espetáculos previstos na sexta-feira para Aradas (10 de agosto), no sábado para Esgueira (11 de setembro) e no domingo em Nossa Senhora de Fátima (12 de setembro).
Os espetáculos serão remarcados para data e hora futura, garantindo a CMA a sua maior e melhor divulgação pelas populações das respetivas localidades.
O “Cultura perto de Si” é um programa da Câmara Municipal de Aveiro que desde 2018 tem por missão promover, divulgar e descentralizar a cultura no Município de Aveiro, bem como, simultaneamente, criar laços entre as instituições envolvidas e a comunidade, cimentando redes de itinerância e troca de experiências culturais.
Artes no Canal com alterações
Pelo mesmo motivo a programação de animação prevista no programa do Artes no Canal – Mercado de Fusão, deste sábado, 11 de setembro, foi cancelada. O Artes no Canal mantém a sua realização, mas sem lugar a performance artística e musical em barco moliceiro, como tem sido hábito.
Declaração de pesar pelo Falecimento e Luto Nacional em memória de Jorge Sampaio
Com profundo pesar, a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) endereça a todos os Familiares, Amigos e Cidadãos as nossas sentidas condolências, pela morte na manhã desta sexta-feira, 10 de setembro, do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, manifestando a CMA um público Voto de Pesar pelo seu falecimento.
Jorge Sampaio foi um homem altruísta que dedicou a sua vida à causa pública, facto que nos merece o nosso maior e melhor reconhecimento, e que nos serve de exemplo na persecução da defesa de causas e valores comuns à sociedade e ao desenvolvimento do País.
Por tudo isto e por toda a sua Vida, em nome da Câmara Municipal de Aveiro escrevi e assino este Voto de Pesar, em honra à Vida e à Memória de Jorge Sampaio, ficando a nossa sentida homenagem, o nosso profundo reconhecimento e agradecimento.
José Ribau Esteves
Presidente da Câmara Municipal de Aveiro
Alcançar a igualdade de género é fundamental para a reconstrução de economias e sociedades
Por Aline Fernandez
“Alcançar a igualdade de género é fundamental para a sobrevivência do planeta e a reconstrução de economias e sociedades mais sustentáveis e prósperas”
A Mary Kay Inc. completa 58 anos e continua a apoiar o empoderamento económico das mulheres e a igualdade de género através de uma série de compromissos e parcerias marcantes em todo o mundo.
Foi em 1969, seis anos após abrir as portas, que Mary Kay Ash atribuiu o primeiro Cadillac cor-de-rosa às cinco Diretoras Top de Vendas Independentes. Neste mesmo ano teve início a construção da primeira fábrica da Mary Kay em Dallas, Texas (EUA).
De um investimento de 5.000 dólares em 1963, nasceu a Mary Kay Inc. que se tornou numa das maiores empresas de venda direta de produtos do cuidado da pele e de maquilhagem em todo o mundo. Mary Kay Ash, a fundadora, começou na década de 1960 a criar um legado de empoderamento feminino. Mary Kay dedicou a sua vida a apoiar outras mulheres e a ajudá-las a despertar o seu potencial. Ao criar empreendedoras e ao fazer com que todas as mulheres se sintam importantes, Mary Kay Ash encorajou, motivou e inspirou todos à sua volta.
Passados 58 anos da sua fundação, celebrados a 13 de setembro, a Companhia de cosmética presente em cerca de mercados em quatro continentes mantém o seu compromisso de uma marca criada por uma mulher e feita para mulheres ao manter-se uma defensora global do empoderamento e do empreendedorismo das mulheres. Recentemente, reforçou o seu compromisso com o avanço da paridade de género ao lançar um documento de posição a dar as boas-vindas à Estratégia de Igualdade de Género da Comissão Europeia para 2020-2025 e ao juntar-se às Lideranças Globais das Coalizões de Ação da Geração Igualdade.
O documento de posição ecoa a estratégia da União Europeia sobre a igualdade de género. De acordo com a UE: “A Estratégia apresenta objetivos políticos e ações para fazer progressos significativos até 2025 em direção a uma Europa com igualdade de género. O objetivo é uma União onde mulheres e homens, raparigas e rapazes, em toda a sua diversidade, sejam livres para seguir o caminho que escolheram na vida, tenham oportunidades iguais de prosperar e possam igualmente participar e liderar a nossa sociedade europeia.”
“Leis discriminatórias, preconceitos e estereótipos de género, violência contra mulheres e raparigas – todas essas são questões globais e devem ser abordadas em parceria com os setores público e privado e organizações da sociedade civil em todo o mundo”, afirma Julia Simon, Diretora Jurídica e de Diversidade na Mary Kay. “Alcançar a igualdade de género é fundamental para a sobrevivência do planeta e a reconstrução de economias e sociedades mais sustentáveis e prósperas”.
Em julho deste ano, a Mary Kay também se juntou ao Programa “Drivers of change” no Fórum Geração Igualdade em Paris, França, que foi realizado de 30 de junho a 2 de julho. Vinte e seis anos após a Declaração de Pequim, o Fórum Geração Igualdade, convocado pela ONU Mulheres e coorganizado pelos governos do México e da França, foi o “momento mais crítico numa geração para investir na igualdade de género e acelerar o impulso para a segurança e liderança das mulheres e oportunidade económica [1].”
Julia Simon participou de um painel intitulado “Construir uma Estratégia Transformativa para Aquisições com Perspetiva de Género”, com o objetivo de criar consciência sobre as barreiras desproporcionalmente complexas e interconectadas no empreendedorismo feminino e promover aquisições com perspetiva de género. Globalmente, 1 em cada 3 empresas são propriedade de mulheres [2], mas as mulheres ganham apenas 1% dos gastos com aquisições de governos e grandes corporações [3]. Os palestrantes partilharam perceções e conselhos concretos comprovados pela sua própria jornada sobre como implementar uma estratégia de GRP (Painel de Reconhecimento de Género).
No Fórum de Paris, a Mary Kay também se juntou a quatro das Coalizões de Ação da Geração Igualdade por meio de compromissos políticos, programáticos e de defesa de direitos: Direitos Económicos e Legais; Ação Feminista pela Justiça Climática; Violência de género e Inovação e tecnologia. Cinquenta mil pessoas virtualmente conectadas no Fórum que reuniu 1.000 pessoas comprometidas, registou US$ 40 mil milhões em investimentos para a igualdade de género como forma de apoio a um plano de cinco anos para agir pela igualdade em seis áreas de ação.
Estes compromissos são os mais recentes de uma série de esforços de defesa da Mary Kay em apoio ao empoderamento económico das mulheres e à igualdade de género em reuniões de alto nível em todo o mundo, juntamente com os seus parceiros da Organização das Nações Unidas e parceiros estratégicos locais. Listámos aqui outros exemplos:
- A 16 de março de 2021, Deborah Gibbins, COO da Mary Kay, juntou-se à reunião de igualdade de género do Pacto Global da ONU para discutir como a Mary Kay capacita mulheres empresárias em cerca de 40 mercados. Gibbins destacou os dados recentemente divulgados pelo Banco Mundial [4] revelando que, em média em todo o mundo, as mulheres têm três quartos dos direitos legais dos homens. Desafiou ainda as empresas a posicionarem-se contra as discriminações legais e a defenderem mudanças para preencherem as lacunas para que as mulheres possam alcançar o seu potencial máximo. O evento reuniu mais de 5.000 pessoas do setor empresarial, das Nações Unidas, dos estados-membros e de organizações da sociedade civil de mais de 100 países, com 75% dos participantes a representar o setor privado.
- A 24 de março de 2021, paralelamente à Comissão sobre o Status da Mulher (CSW65), Gibbins participou de um painel organizado pelo Women's Empowerment Accelerator (WEA) intitulado "Mulheres que lideram a recuperação económica através do empreendedorismo", onde estacou a necessidade de parcerias do setor público-privado para ajudar a formar um ecossistema favorável para mulheres empresárias. Criado pela Mary Kay em colaboração com cinco agências da ONU – ONU Mulheres, Pacto Global da ONU, Centro de Comércio Internacional, Organização Internacional do Trabalho e Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas –, o Women’s Entrepreneurship Accelerator foi apresentado como um exemplo do impacto único da multiparceria para acelerar a mudança.
- De 26 de março a 4 de abril, Edita Szabóová, Diretora-Geral da Mary Kay República Checa e Eslováquia, partilhou comentários na Conferência do Dia da Igualdade Salarial, onde enfatizou a importância de “as mulheres apoiarem as mulheres” e destacou o trabalho da Mary Kay na criação de mulheres empreendedoras através de formação, liderança e orientação. “Quando as mulheres se unem, podemos alcançar coisas extraordinárias para o benefício das mulheres e da humanidade em geral. Porque sabemos que se levantarmos uma, levantamos todas. Basicamente, a Mary Kay desenvolve e forma empreendedoras que, por sua vez, criam os seus próprios negócios e escrevem as suas próprias histórias e legado para as suas filhas”, disse Szabóová.
- De 15 a 16 de junho de 2021, na Cúpula de Líderes do Pacto Global da ONU, Deborah Gibbins falou na sessão principal do palco "Mulheres na Sustentabilidade: Inovar no Mundo de Homens", defendendo as mulheres empresárias como modelos necessários para a economia e a sociedade. Também enfatizou a missão crítica do Women’s Entrepreneurship Accelerator, iniciado pela Mary Kay em conjunto com cinco agências parceiras da ONU. O Accelerator comprometeu-se a educar e capacitar cinco milhões de mulheres empresárias nos próximos 10 anos. “O empreendedorismo feminino terá um papel fundamental no sucesso da recuperação da pandemia. É por isso que a missão do Women’s Entrepreneurship Accelerator é tão oportuna. E é por isso que as mulheres empresárias precisam de uma estrutura dessa magnitude”, disse Gibbins. A Cúpula anual reuniu virtualmente mais de 25.000 líderes de negócios, governo, ONU e sociedade civil para fazer um balanço do progresso e conduzir uma ação coletiva para aliviar a crise climática, a pandemia global, as disparidades económicas e as desigualdades sociais.
- A 6 de julho, em Ecaterimburgo, na Rússia, a Mary Kay ingressou na Feira Internacional de Comércio Industrial INNOPROM-2021, a principal plataforma industrial, comercial e de exportação da Rússia. Palestrante convidada num painel organizado pela ONU Mulheres intitulado “Programas da ONU Mulheres para a Promoção e Desenvolvimento do Empreendedorismo Baseado em Género”, a Mary Kay destacou a importância crítica das estratégias de compras com perspetiva de género e enfatizou que a pandemia também traz uma oportunidade única de avançar com ações e apoiar os negócios das mulheres em todo o mundo.
[1] https://forum.
[2] World Bank (2020). Enterprise Surveys, World Bank Gender Data Portal citado pelo World Bank Blogs (2020) Women entrepreneurs needed – stat!
[3] Vazquez and Sherman (2014). Citado pela ONU Mulheres (2017) The Power of Procurement: How to source from women-owned businesses.
[4] Women, Business and the Law, 2021. Um relatório conduzido em 190 países.
Morte do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio
ALIANÇA COM AVEIRO SUSPENDE EVENTOS DE CAMPANHA
A Aliança com Aveiro (PSD/ CDS-PP/ PPM) informa que cancelou todas as atividades de Campanha que tinha agendadas de hoje até à próxima segunda-feira, devido à morte, esta manhã, do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio.
Aos seus Familiares ficam as nossas sentidas condolências, manifestando um público Voto de Pesar pelo seu falecimento e associando-se ao Luto Nacional decretado pelo Governo.
Homem Notável, Jorge Sampaio foi servidor de muitas causas públicas e dos seus concidadãos, desenvolveu ao longo da sua vida um trabalho de cidadania ativa e solidária, num exercício exemplar de vida.
A Aliança com Aveiro, irá reagendar as referidas ações de Campanha e prestar informação pública sobre as novas datas dessas ações.
Idosos revivem os tempos das Vindimas na ESAC
Novo Inquilino na Casa do Cinema de Coimbra & Cinema Fora de Portas
O mês de Setembro tradicionalmente é um mês de retoma da actividade, trazendo consigo várias novidades. Na Casa do Cinema de Coimbra não é diferente. Depois de no quente mês de Agosto termos revisitado alguns dos clássicos do cinema de horror, apresentamos em Setembro um mês pleno de diversidade e ofertas cinematográficas entre a exibição, com um novo inquilino na Casa: a Nitrato Filmes e a realização do 1.º Ciclo “Cinema Fora de Portas”, até à formação conhecendo “As Mulheres fazem Cinema!” de Mark Cousins e o curso de verão “Montagem e Autoria” orientado por Miguel Mira, com palestras de Afonso Cruz, José Filipe Costa e Jerónimo Rocha. As novidades continuam com os cine-concertos que abrem caminho para a 3.ª mostra Programa! Ação.
Nuno Espírito Santo vence prémio de melhor treinador do mês da Premier League
O técnico português Nuno Espírito Santo, a cumprir a primeira temporada no Tottenham, foi eleito melhor treinador da liga inglesa de futebol durante o mês de agosto, anunciou hoje o organizador da competição.
Com o técnico luso no comando, a equipa londrina iniciou a ‘Premier League’ com três vitórias, incluindo sobre o campeão Manchester City, todas por 1-0, liderando isolado a prova.
"É um privilégio e estou muito agradecido. É assim que queremos trabalhar juntos. Queremos esforçar-nos para melhorar. É um privilégio receber este prémio", disse Nuno Espírito Santo, em declarações divulgadas pela ‘Premier League’.
Na corrida ao galardão de melhor de agosto, o treinador, de 47 anos, bateu o espanhol Rafa Benítez (Everton), o escocês David Moyes (West Ham) e o alemão Thomas Tuchel (Chelsea).
O prémio de melhor jogador foi para o avançado Michail António, que apontou quatro golos nas primeiras três jornadas.
No ‘Championship’ (segundo escalão), o prémio de melhor treinador do mês foi também para um português, com Marco Silva, do Fulham, a ser eleito.
“Estou satisfeito por receber o prémio. É um reconhecimento do trabalho coletivo que todos realizaram no clube. A minha equipa técnica, os jogadores e todos os que trabalham no Fulham esforçaram-me muito. Mas, isto é apenas o início da campanha”, disse o técnico, de 44 anos.
Marco Silva somou quatro vitórias e um empate nas primeiras cinco jornadas da prova e divide e liderança do ‘Championship’ com o West Brom, ambos com 13 pontos.
No Fulham, atuam os portugueses Domingos Quina, Ivan Cavaleiro e Fábio Carvalho.
Lusa
CENTRO DE MARCHA E CORRIDA DE SILVES TEM INSCRIÇÕES ABERTAS PARA NOVA ÉPOCA DESPORTIVA
O Centro de Marcha e Corrida de Silves (CMMCS) inicia mais uma época desportiva no dia 14 de setembro. Este centro, dinamizado pela Câmara Municipal de Silves (CMS), através do seu setor de Desporto, tem como objetivo prestar apoio técnico a todos os interessados na prática das atividades de marcha e corrida.
O seu trabalho é dirigido a todos os munícipes que, praticam ou pretendem iniciar este tipo de atividade – marcha e/ou corrida, e que pretendam ser aconselhados de modo a tirar mais proveito do seu treino diário com objetivos que se podem prender com os mais variados aspetos, como a perda de peso, melhoria da condição física, tonificação muscular, melhoria da técnica de corrida ou a motivação e superação pessoal.
Para o efeito, serão dinamizadas as seguintes modalidades:
» Marcha – Silves Runner: Ciclovia do parque da cidade (ponto de encontro: receção das piscinas municipais de Silves) à terça e quinta-feira, entre as 16h00 e as 18h00 e à quarta-feira, entre as 09h30 e as 11h00;
» Corrida – Silves Runners : Ciclovia do parque da cidade (ponto de encontro: receção das piscinas municipais de Silves) à terça e quinta-feira, entre as 18h30 e as 20h00.
Para além das referidas atividades são lançados desafios mensais e registo dos parâmetros das sessões de treino através de aplicação digital. Adicionalmente, o CMMCS irá promover, junto dos seus participantes, atividades de (re)descoberta por todo o concelho, através do património natural, social e cultural, que engloba o Aspirante Geoparque Algarvensis, a Rota da Laranja e a Área Marinha Protegida de Armação de Pêra, numa aventura pelos seus próprios meios.
Os interessados poderão aderir a esta iniciativa em qualquer altura do ano (de setembro a julho), devendo fazer a sua inscrição em https://www.cm-silves.pt/pt/
De referir que o CMMCS tem o apoio do Programa Nacional de Marcha e Corrida, do IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude) e da Federação Portuguesa de Atletismo.
O telefone 282 440 271 ou email desporto@cm-silves.pt são os contactos do Setor de Desporto da CMS, localizado nas Piscinas Municipais de Silves, disponíveis para o esclarecimento de informações adicionais.
Começou mais cedo que esperava
O atentado em Cabul vitimou mais de 170 pessoas
- Péricles Capanema
Os norte-americanos não fugirão da dor. Em 17 de agosto último postei no meu blog artigo intitulado “Saturação funesta”, análise primeira, no calor dos fatos, da retirada norte-americana do Afeganistão (está na rede). Nele afirmava eu no primeiro parágrafo para deixar bem claro: “Provocada pelo cansaço, a retirada vergonhosa dos Estados Unidos do Afeganistão significou a derrota do forte sonhador pelo fraco fanatizado. Um calafrio de insegurança percorreu de alto a baixo a coluna vertebral de todos os aliados dos Estados Unidos na região. A opinião pública dos Estados Unidos, no geral, cansou-se da guerra do Afeganistão. Bateu o desalento. Não aceita mais sacrifícios. Em especial, os contribuintes, que lá enterraram cerca de 2 trilhões de dólares. Tudo isso estrila nos ouvidos da classe política. Lamento supor, desejaria que acontecesse o contrário, mas os norte-americanos não fugirão da dor. Não vai demorar, despencarão multiplicados os sacrifícios sobre o povo dos Estados Unidos em decorrência da presente atitude do governo de Washington. De passagem, o maior e mais importante campo de batalha de momento e nos meses futuros não estará no Afeganistão, mas no interior da opinião pública norte-americana. Ali se estará decidindo em larga medida o futuro próximo do povo afegão. E até dos aliados dos Estados Unidos, se não da própria nação do norte.”
Despencarão multiplicados os sacrifícios. Errei feio no prazo que estimava, em parte por otimismo, acho. E houve gente que achou meu texto um pouco pessimista. É, a vida ensina. Imaginava que os sacrifícios prenunciados viriam, mas pensava que não eram iminentes. Precisavam ser imediatos? Foram e o fato soa como aviso. Em 26 de agosto, antes da evacuação completa das tropas, marcada para cinco dias depois, atentado monstruoso próximo ao aeroporto esbofeteou os Estados Unidos.
Valhacouto de celerados. Vamos adiante. No artigo citado, escrevi: “O Afeganistão será de novo santuário de organizações terroristas que ali se prepararão para atacar países do Ocidente”. Santuário é palavra adequada, digamos, quase um eufemismo, ainda que seja corrente a palavra entre jornalistas com a acepção de lugar de refúgio onde o fugitivo não pode ser alcançado. Para o caso afegão seria melhor, pois mais próximo do real, empregar valhacouto de celerados. O Afeganistão está hoje lotado de organizações terroristas que se aliam, brigam entre si, preparam atentados, roubam, sequestram, vendem ópio, cobram “pedágios”, enganam e despertam ilusões lá e fora de lá. Parte delas, motivos religiosos e étnicos, ainda recebe doações provenientes de países do Golfo. É o para nós misterioso mundo das seitas muçulmanas. Entre tais organizações terroristas se alteia o ISIS-K (Estado Islâmico no Khorasan, braço do antigo Estado Islâmico, mais precisamente, em inglês, Islamic Stateo fIraq and Syria – Khorasan). Tem, e é natural, as doutrinas e métodos do Estado Islâmico que anos atrás atormentou populações enormes em parte da Síria e do Iraque e do qual hoje, derrotado militarmente, os militantes se abrigam no Afeganistão. Ninguém sabe à vera, com objetividade, como estão as relações do ISIS-K com os talibãs — se boas, ruins, aliados de ocasião, se o grupo tem permissão ou não dos talibãs para perpetrar atentados. Quando muito, suposições plausíveis é do que se dispõe. E agora o fato novo, o atentado.
Atentado nas imediações do aeroporto. O ISIS-K por meio de um homem-bomba realizou atentado nas proximidades do aeroporto de Cabul, matando (até o momento em que escrevo), 14 militares norte-americanos, ferindo 18, assassinando no total mais de 170 pessoas, entre as quais crianças e mulheres. O atentado provocou o maior número de baixas para as forças dos Estados Unidos desde 2011, quando 31 militares morreram em queda de helicóptero. O crime pavoroso, pelo caráter prenunciativo e desafiante, caracterizando nova derrota na política exterior do governo Biden, abriu feridas. Deixou claro, uma vez mais, que a evacuação se dá em ambiente convulsionado, inseguro e de provocação acintosa à maior potência militar do planeta, que parece não ter condições de proteger nem seus próprios homens. O norte-americano médio, empurrado pela lógica, fica diante da encruzilhada: derrotismo ou reação. Cabeça erguida ou cabeça abaixada e envergonhada.
Palavras melancólicas. O presidente Joe Biden reagiu com discurso duro, embora melancólico. Não prometeu contra-atacar e vencer, não acenou com vitória, não mostrou determinação de acabar com o terrorismo no Afeganistão. Assegurou uma coisa, continuar fazendo a retirada em curso de maneira ordeira e segura: “Estes membros das forças armadas entregaram suas vidas. Foram heróis. Heróis que se engajaram em uma missão perigosa e altruísta para salvar a vida de outros. São parte de um esforço de transporte aéreo e de evacuação. As vidas que perdemos hoje são vidas entregues para o serviço da liberdade, dos outros e dos Estados Unidos. Aviso aos que perpetraram este ataque: não perdoaremos, não esqueceremos, vamos caçá-los e pagarão. Os terroristas não nos deterão. Não interromperão nossa missão. Continuaremos a evacuação.” Soou aquém do necessário.
Impacto na opinião pública dos Estados Unidos. Dizia acima, o cenário mais importante da crise afegã não está no Afeganistão, é a opinião pública nos Estados Unidos. Ali se decidirá o caso. Pela primeira vez na administração Biden, o número dos que aprovavam o presidente (46,9%) passou a ser menor do que a porcentagem dos que o reprovavam (49,1%). Prestígio caindo. Pode ser que os norte-americanos estejam em número crescente desagradados com os rumos da política externa. Não há como negar, foram chocantes a fraqueza, a indecisão e a desorientação manifestadas pelo governo nos últimos acontecimentos. A saudável reação do público, talvez já se expressando nos índices de reprovação, é um raio de esperança. Para os afegãos. Para os Estados Unidos. Para nós.
ABIM