O
Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede prossegue este fim
de semana com três espetáculos, dois dos quais são estreias. O
Grupo de Teatro S. Pedro (Cantanhede) inicia a sua participação no
certame no próximo sábado, 29 de fevereiro, às 21h30, no auditório
do Centro Paroquial de S. Pedro, em Cantanhede, onde vai apresentar
“Fado – Tributo a uma Diva”, um musical de Dulce Sancho e Sónia
Silva. A peça começa por apresentar quadros representativos de uma
breve história do fado até 1920, ano do nascimento de Amália
Rodrigues, a personagem central, sobre a qual se estrutura uma trama
recheada de pormenores pessoais menos conhecidos. É um franco
tributo a quem muito contribuiu para o estatuto de relevo que o fado
adquiriu enquanto expressão cultural de uma certa portugalidade,
estatuto esse que esteve na origem do seu reconhecimento como
Património Imaterial da Humanidade. “Um espetáculo com muita
música e, acima de tudo, com muito sentimento”, garante a
produção.
Também
no sábado, igualmente às 21h30, o grupo Teatro Cordinha d’Água
cumpre a sua jornada de itinerância no salão multiusos da Fundação
Ferreira Freire, em Portunhos, onde vai representar duas peças
adaptadas por Olga Resi. O espetáculo começa com uma dramatização
de “No fundo do (a)mar” inspirada em “A Menina do Mar”, de
Sophia de Mello Breyner Andresen, propondo uma reflexão sobre a
questão do bullying. Segue-se “(Des)embarcados”, comédia
baseada no Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, que retrata o
regresso do “Anjo” e do “Diabo” a Portugal, desta vez no ano
de 2019. O encontro destas personagens com certas figuras motiva
conversas elucidativas sobre os valores – ou a falta deles! – que
prevalecem na sociedade.
No
domingo, 1 de março, às 15h30, é a vez de o Grupo de Teatro da
Associação do Grupo Musical das Franciscas estrear na sua sede uma
peça da autoria de Dora de Jesus. Trata-se de uma revista com vários
quadros que junta no palco a representação, a música e a dança,
retratando acontecimentos nacionais e internacionais da atualidade
num registo alegre a que não falta a crítica de costumes e a sátira
política e social.
Sobre
o Grupo de Teatro S. Pedro
Nascido
do grupo Coral Litúrgico da Paróquia de Cantanhede, em 2005, com a
realização dos primeiros ensaios, o Grupo de Teatro S. Pedro juntou
o gosto de cantar e o gosto da representação com a dedicação à
causa da Igreja local e preparou a sua primeira apresentação para a
inauguração do Centro Paroquial S. Pedro, em junho de 2006.
Tratou-se
de um musical intitulado “Festa na Aldeia” que contou
maioritariamente com elementos do grupo litúrgico e do Grupo de
Jovens de Cantanhede e cujo primeiro objetivo era angariar fundos
para o referido Centro. Dada a grande aceitação por parte do
público da cidade e do concelho, integrou, em 2007, o IX Ciclo de
Teatro Amador de Cantanhede, organizado pela Câmara Municipal.
Em
2008 participou no X Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede com o
musical “J.C. Ontem, Hoje e Sempre” que reapresentou na edição
anterior com os devidos ajustes. Em 2009, levou a palco “Recordar…
e viver…”, no ano seguinte representou “Tributo ao passado” e
em 2011 “De malas feitas”. Em 2012, participou no Ciclo de Teatro
com a peça “Uma história com fado”, no ano em que o mesmo foi
classificado pela UNESCO Património Imaterial da Humanidade. Depois
de um breve interregno, retoma a sua participação no Ciclo de
Teatro em 2014 levando a palco “Eu não desisto de ti”; em 2015
interpretou “É sórrir", no ano seguinte encenou “Coragem
de sonhar” e em 2017, no ano em que se assinalou o centenário das
aparições de Fátima o grupo interpretou “Do céu à terra”,
seguindo-se nos anos posteriores “Da Mouraria a Alfama” e “O
Pátio das Cantigas”, numa adaptação para teatro.
Fazem
parte deste grupo cerca de 25 atores, jovens e adultos e é sua
orientadora Maria Dulce Sancho, autora dos textos com que o grupo se
apresenta, não dispensando todas as colaborações dos elementos do
Grupo.
Sobre
o Grupo de Teatro da Associação do Grupo Musical das Franciscas
Remonta
a largos anos atrás o envolvimento da população das Franciscas nas
atividades das artes de palco, havendo dados que referem
representações de 1931 como uma atividade bem expressiva da
comunidade local, que com grande brio preparava as diversas atuações
públicas. Esta prática manteve-se até 1960, sensivelmente, ao que
se seguiu um período menos ativo.
Mas
a paragem foi meramente pontual, pois a vontade, a arte e o engenho
que caracteriza as gentes das Franciscas não tardou em voltar a
manifestar-se, tendo a atividade teatral sido recuperada por volta de
1970, permanecendo em plena expressão até ao ano de 2002. O Grupo
de Teatro da Associação do Grupo Musical das Franciscas foi um dos
pioneiros no Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede que o Município de
Cantanhede iniciou em 1998.
Posteriormente,
por dificuldades várias, voltou a ausentar-se em algumas edições,
mas regressa agora, que está concluída grande parte das obras da
sede social, com motivação acrescida e renovada dos seus corpos
sociais.
Conforme
referem os responsáveis, o grupo volta a aparecer em cena com
pujança e vontade de fazer perdurar o legado cultural herdado de
outros tempos e que se mantém com a predisposição natural da
população das Franciscas para a representação teatral.
Sobre
o Teatro Cordinha d’Água
Este
grupo de teatro existe há diversos anos, fazendo parte integrante do
Rancho Folclórico “Os Lavradores” de Cordinhã, fundado em 19 de
outubro de 1978 por iniciativa do pároco da freguesia, chamado
Fernando, e de um grupo de pessoas convidadas para o efeito, entre
elas o músico Arsénio Cavaco. Cinco anos depois, mais propriamente
no dia 17 de fevereiro de 1983, foi legalizado por escritura pública
no Cartório Notarial de Cantanhede e publicado no Diário da
República III Série, n.º 81 de 8 de abril de 1983 como Associação
Cultural e Recreativa, denominada Rancho Folclórico de Cordinhã.
Este
rancho esteve em atividade 15 anos consecutivos seguindo-se um breve
interregno de cerca de três meses. Posteriormente reiniciou a sua
atividade com a designação de Rancho Folclórico "Os
Lavradores” de Cordinhã, que ainda hoje mantém.
O
grupo de teatro tem estabelecido diversas parcerias: com a Câmara
Municipal de Cantanhede, com a Junta de Freguesia de Cordinhã e com
o Inatel.
Em
outubro de 2019, foi criada uma Comissão responsável pela
dinamização deste grupo de teatro, pretendendo alargar as suas
atuações para além do Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede. Para
tal, atua-se, neste momento, no sentido de estabelecer parcerias com
outros grupos, nomeadamente com o Grupo de Teatro “A Fonte”, de
Murtede e levar as suas apresentações a outras localidades, dentro
e fora do concelho.
Na
sequência do que sucedeu em 2018, as crianças têm sido uma aposta
forte deste grupo, focando-se na formação de novos (e jovens)
atores.