“É tão difícil e perigoso tentar libertar um povo que deseja viver na escravidão, quanto tentar escravizar um povo que quer viver em liberdade.” ~Niccolo Machiavelli
Você já percebeu a espessa camada de síndrome de Estocolmo na época atual ? você sente o cheiro de desgraça flutuando acima de uma cultura em declínio ? Você vê como as coisas são feitas por compulsão não por consenso? Você vê como a lei não protege sua liberdade, mas protege os poderes constituídos de você ser livre ? Você vê como a corrupção está sendo recompensada e a honestidade se tornou um auto sacrifício ?
Você percebe que mesmo votando para o menor dos males ainda assim está votando para o mal ? Você pode ouvir os gritos dos outros ratos na gaiola correndo em círculos, apesar de toda a raiva ?
“A poluição do meio ambiente é um reflexo direto da poluição psíquica interior de bilhões de indivíduos inconscientes que não assumem a responsabilidade por seu espaço interior.” ~Eckhart Tolle
Se você percebe isto então continue a ler com os olhos bem abertos e a se envolver de todo o coração. Se não, é hora de abrir os olhos, e, em seguida, se envolver de todo o coração.
A história da escravidão da humanidade até agora, é como a anarquista Emma Goldman definiu: “A religião é o controle da mente humana, a propriedade é o controle das necessidades humanas e o governo é o controle da conduta humana, que juntas representam a força da escravidão humana e todos os horrores que ela acarreta.” Vamos acabar com isso.
1. Propriedade
“Você é cativo de um sistema civilizador que te obriga a destruir o mundo a fim de viver. Você é cativo e fez o mundo cativo de você. Isso é o que está em jogo, não é ? O seu cativeiro e o cativeiro do mundo.” ~Daniel Quinn
A propriedade é um daqueles conceitos que aprisionam o cérebro se infiltrando em nós. É um choque do”eu preciso de um espaço que é meu, para sobreviver”, com “eu não vou viver para sempre então o espaço nunca será realmente meu.” Deliciosamente paradoxal. Deliciosamente absurdo. Nossas mentes vão de “isto é meu !” Queimando pela posse orgulhosa até “um dia eu vou morrer, por isso a minha propriedade é uma ilusão,” bruxa espiral do niilismo.
É deste modo que o conceito de propriedade está proporcionalmente entrelaçado com o conceito de mortalidade. E enquanto a maioria das pessoas estão inconscientemente vivendo suas vidas em negação de sua própria mortalidade, temos uma situação onde a propriedade se torna um processo de acumulação de orgulho egóico e atitude individualista sobrevalorizada. Pegue uma economia e uma cultura que colocam um preço sobre tudo na equação e você tem uma situação em que a maioria das pessoas têm uma visão insalubre do mundo onde tudo pode ser comprado, qualquer coisa pode ser usada e transformada em um produto, qualquer coisa pode ser mantida cativa e onde a propriedade é um senso de direito na cabeça das pessoas. É então que o controle das necessidades humanas está completo, transformando os homens em escravos utilizando a ilusão de sua propriedade: um tipo particularmenteinsidioso de escravidão conhecido como escravidão de dívida.
Solução: Contração
“Dois por cento das pessoas pensam, três por cento das pessoas pensam que elas pensam e noventa e cinco por cento das pessoas preferem morrer do que pensar.” ~George Bernard Shaw
Como vamos enquadrar este círculo aparentemente não enquadrável ? Primeiro de tudo, precisamos ter certeza de que estamos nos “dois por cento das pessoas que pensam” citado por Shaw. É muito fácil permanecer na ignorância. É confortável apenas seguir o fluxo da visão de um status quo do mundo baseado em propriedade dos noventa e cinco por cento que preferem morrer do que pensar. A capacidade de pensar fora da caixa é rara por um motivo: a verdade dói muito. Com efeito, se a ignorância é a felicidade, parece que o conhecimento é dor. Especialmente quando se trata de estar bem informado sobre a nossa própria mortalidade e, portanto, consciente do ultimato da hipocrisia de propriedade e posse.
Mas tudo bem. Ao invés de ceder a dissonância cognitiva. Ao invés de permanecer hipócrita. Ao invés de se tornar niilista. Ao invés de chafurdar no auto derrotismo. Vamos virar o script. Vamos inverter a lógica. Vamos virar a mesa. Vamos chegar a um acordo com a nossa própria mortalidade e seguir um estado de honrar nosso espaço com uma consciência existencial de que todos nós vamos morrer e que isto é bom. Tudo bem que a propriedade é uma ilusão. Tudo bem que a propriedade é apenas temporária. Tudo bem que não há permanência. Não há problema em abandonar a ideia de que qualquer coisa pode ser possuída. Tudo bem você ter um espaço, um lugar ou uma coisa apenas por um momento fugaz de tempo. A pergunta final é: você vai escolher ser saudável (tratando seu espaço como sagrado e interligado) ouinsalubre (tratando seu espaço como profano e desconectado), com o seu endividamento ?
2. Governo
“É mais fácil encontrar pessoas preparadas para governar a si mesma do que pessoas aptas a governar os outros.” ~Lord Acton
Aqui está o argumento da estatista em poucas palavras: Como nenhum de nós está apto a governar a nós mesmos, devemos votar em algumas pessoas que não estão em condições de governar a si mesmas para nos governar até que possamos governar a nós mesmos, assim como elas não governam a si mesmas. Hã, o que ? É a tautologia final: as pessoas são más, por isso precisam de um governo formado por pessoas que são más, por isso precisamos de um governo formado por pessoas que são más… Você entendeu a ideia. Raciocínio circular clássico. Fomos condicionados a acreditar que as pessoas no governo estão de alguma forma aptas para governar, embora no fundo, todos nós sabemos que a única pessoa que elas estão aptas a governar é elas mesmas. E mesmo isso é discutível.
Isto está totalmente errado: Nós somos uma nação de pessoas descontentes e ignorantes até sobre as causas subjacentes a respeito de porque nós estamos descontentes e à forma como o sistema é insalubre. Nos tornamos completamente imersos na nossa dependência sobre o estado doentio que nem mesmo podemos “ver a floresta de árvores”. Nós não precisamos de um governo para cuidar de nós. Nós não precisamos ser governados por pessoas que não sabem nada sobre nós. Nós nem sequer precisamos de um presidente, nós só fomos condicionados a pensar que precisamos.
Governo, tal como está, é um panela gigante de água em ebulição lenta. As pessoas governadas são como as rãs ignorantes que apreciam a criatura que esquenta o fogo para confortá-las. Agora coloque a panela sobre um calor elevado de rico-obtêm riqueza-enquanto-pobre-obtêm- pobreza, misture muita dissonância cognitiva, coloque um traço do anti-intelectualismo e nacionalismo extremo, polvilhe um pouco de conversa-suja-anti-hippie de um lado com alguns-balbuciando- necessidade-do-governo e você tem uma receita para o autoritarismo desejado, populista-amoroso, pessoas co-dependentes do estado que acredita que de alguma forma as pessoas não podem governar a si mesmas então precisam votar para outras pessoas que também não podem governar a si mesmas os conduzir. Ding ding ding ! Solução: Não precisamos de mestres, ou governantes ou presidentes, ou rainhas, ou imperadores. Nós precisamos aprender a nos liderar.
Solução: Anarquia
“Tenha o seu próprio pensamento independente. Seja o jogador de xadrez, não a peça de xadrez.” ~Ralph Charell
O que o mundo precisa é de mais auto domínio, não mais obediência. A democracia através da anarquia será sempre superior à democracia através da plutocracia. Nosso problema não é necessariamente que temos muitas leis ruins, é que temos demasiado pessoas obedecendo-as cegamente. Precisamos de mais pessoas tomando consciência suficiente da corrupção do estado e pessoas o suficiente dispostas a praticar a desobediência civil, então estas leis ruins simplesmente vão se desintegrar. Para começar elas não significam nada por causa de um contrato social. Como Mark Passio disse: “seguidores de ordens são as pessoas que mantêm o sistema de escravidão funcionando.” Não siga cegamente as leis ruins. Aprenda-as como um profissional para que possa quebrá-las como um mestre.
Para pensar: Sua imaginação foi sequestrada por um condicionamento cultural fundamentalmente corrupto: a falsa ideia de que precisamos do governo para prosperar como espécie. Nós podemos ter regras sem governantes. Através de liderança de baixo para cima (as pessoas aprendendo a se conduzir) ao contrário da liderança de cima para baixo (pessoas obedecendo líderes). De fato, podemos realmente ter regras mais saudáveis sem governantes quebrando-as furtivamente para tentar manter o seu próprio poder. Além disso, a liderança de baixo para cima da anarquia impede o poder de qualquer um se tornar corrupto e muito menos de corromper absolutamente.
Então, liberte a sua imaginação da prisão do “esta é a forma como as coisas são.” Temos que construir a partir do zero, estabelecer modos saudáveis, sustentáveis e interdependentes de auto governo. Será uma maratona, não uma corrida rápida. Nós vamos ter que lutar contra o poder corrupto. Nós vamos ter que brigar com as ovelhas co-dependentes do governo com medo de descartar sua pele. Nós vamos ter que inverter o script com uma revisão constitucional completa. Claro, é mais fácil dizer do que fazer. Mas, como Spinoza disse uma vez: “Todas as coisas excelentes são tão difíceis quanto elas são raras.”
3. Religião
“Você não acredita realmente, você só acredita que você acredita.” ~Samuel Coleridge
Qual é a função da religião ? Apresentar o inexplicável como o impossível, para roubar as mentes dos que não pensam ou não querem pensar. A religião tenta forçar nossa mente para transformar mitos misteriosos em fatos indiscutíveis. Ao invés de permitir os mitos pertencerem aos reinos misteriosos onde nossa imaginação pode jogar, a religião transforma-os em fatos terríveis com agendas perigosas que acabam causando ansiedade desnecessária no mundo real. A religião atrofia a criatividade. Ela encolhe o nosso órgão da imaginação. Como Deepak Chopra disse: “O melhor uso da imaginação é a criatividade. O pior uso da imaginação é a ansiedade.” É desnecessário dizer que a religião é um mau uso da imaginação.
Não devemos ser muito duros com nós mesmos quando se trata de religião. Assim como a maioria de nós foi condicionado a ser dependente do estado, a maioria de nós foi condicionado a seguir uma religião. Por isso, provavelmente a melhor forma de abordar o assunto é com uma atitude semelhante a de Guy Harrison: “Odeio a crença, amo o crente.” Às vezes, tudo o que precisamos fazer para colocar as coisas em perspectiva é tomar uma respiração profunda e perceber que somos um espécie muito jovem e confusa nos aperfeiçoando em um Universo antigo.
Solução: Espiritualidade.
“A crença é uma ferida que o conhecimento cura.” ~Ursula K. Le Guin
Onde a religião se agarra, a espiritualidade deixa ir. Onde a mente religiosa está fechada pela crença, a mente espiritual está aberta pela maravilha do conhecimento. Pensadores espirituais são aqueles que estão dispostos a usar sua mente sem preconceito e não temem compreender as coisas que se chocam com a sua própria maneira de pensar. Eles são livres para serem criativos, para pensar nos preconceitos do passado, em oposição à mente religiosa que não aceita questionamentos e está sujeita à tirania da crença.
“No momento em que você diz que qualquer ideia de sistema é divino, quer se trate de um sistema de crença religiosa ou uma ideologia secular, no momento em que você declara um conjunto de ideias para ficar imune à crítica, sátira, escárnio, ou desprezo, a liberdade de pensamento torna-se impossível.” ~Salman Rushdie
Para pensar: Nas forças da espiritualidade, Deus e Não deus não são opostos, eles são simplesmente duas maneiras de olhar para a mesma força, a unidade da impermanência é tanto o construtor como o destruidor, tanto a vida como a entropia, tanto o existencialista como o niilista, tanto o teísta como o ateu e a espiritualidade engloba tudo como potencial de experiência para o observador astuto de mente aberta.
No final, todos nós estamos predispostos ao condicionamento cultural. Estamos todos sujeitos a sermos submetidos. Estamos todos propensos a sermos enganados. Estamos todos passando os movimentos de ser um macaco nu falível imaginando que é um deus blindado infalível. A tentativa e erro de tudo isso é árdua na melhor das hipóteses e existem prisões e armadilhas em abundância, mas se podemos abordar as questões centrais do nosso tropeço em propriedade, governo e religião com coragem, senso de humor e capacidade de sacrificar a auto importância, então talvez possamos tornar a viagem um pouco mais imaginativa e Deus me livre, um pouco mais agradável.
©Gary ‘Z’ McGee
Origem: wakingtimes
Tradução e Divulgação: A Luz é Invencível